Hogwarts e o Mistério do Cristal Maldito — Vol 1 escrita por Linesahh


Capítulo 71
Capítulo 70 — Desfecho


Notas iniciais do capítulo

Yo!!! Boa noite para todos! Aqui vai mais um capítulo!



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 A Ala-Hospitalar nunca esteve tão convidativa.

Após o turbilhão de acontecimentos perigosos e reveladores que decorreram no Pátio das Doze Torres, Iris, Louisa, Emily e Matt foram encaminhados para a Ala-Hospitalar.

Embora ainda fosse alta madrugada (a madame Clirony se encontrava em um sono pesado em uma maca quando apareceram), a Ala constava com uma mesa lotada de comidas e bebidas. Os assados pareciam ter acabado de sair do forno, o cheiro impregnado pelo ar fazendo os estômagos das quatro crianças roncarem em sincronia.

O prof. Dumbledore os acompanhou até lá. Os alunos não sabiam, mas fora ele quem conjurou toda aquela comida segundos antes de passarem pelas portas. O homem via nitidamente o quanto os grifinórios pareciam cansados e com fome depois da madrugada intensa que tiveram. 

Todos sentaram-se em alguns leitos e puseram-se a atacar as iguarias. Emily ficou sendo examinada pela madame Clirony, que havia acordado abruptamente ao vê-los ali.

Embora a garota já estivesse com os ferimentos curados, o prof. Dumbledore insistiu para que a mulher desse uma última checada para ver se estava tudo em ordem.

Não demorou muito e logo o diretor Dippet apareceu.

O velho estava evidentemente cansado e fatigado com a longa noite que tivera. O transporte do prof. Marshall havia sido mais complicado do que planejavam, pois o homem não parou de se debater até ter sido obrigado a tomar uma Poção do Sono.

Além disso, ainda tivera de escutar inúmeras censuras dos aurores que, embora não dissessem com todas as letras, claramente o criticavam por não ter visto a verdadeira essência do professor que havia contratado.

Houve, então, uma longa discussão na Ala-Hospitalar.

O prof. Dumbledore e o diretor Dippet pediram para que os grifinórios explicassem em detalhes tudo o que sabiam sobre a história do Cristal e do prof. Marshall, desde o início do ano letivo até aquela noite em que tudo foi esclarecido.

Devia ter levado mais de duas horas até que contassem tudo (as inúmeras garrafas de água acima da mesa farta tinham um propósito, afinal). Não ocultaram nada, revelaram até os mínimos detalhes.

No fim, o prof. Dumbledore pareceu ficar perdido em divagações, digerindo tudo o que havia escutado. O diretor coçou a nuca, evidentemente desnorteado com o tanto de informações e planos desconhecidos que estavam sendo executados debaixo de seu nariz.

— Vocês deviam ter contado tudo desde o princípio. — Dippet olhou-os com nítida reprovação. Tirando Emily, que não sabia de nada, os outros três se encolheram um pouco, claramente culpados. — Várias situações desagradáveis poderiam ter sido evitadas se tivéssemos conhecimento do que vocês sabiam.

— Armando, meu bom amigo. — o prof. Dumbledore o olhou com calma. — Acho que eles já estão cansados o suficiente. Tiveram uma noite cheia. Deixemos as censuras para amanhã. O fato é que o sr. Marshall enganou a todos nós. E se não fosse pelas atitudes nobres e, creio eu, assombrosamente corajosas desses quatro jovens, as coisas teriam sido muito piores. Eles merecem todos os créditos. — os olhos azuis dele cintilaram para os grifinórios.

Todos os quatro inflaram de orgulho ante tal comentário vindo de tão admirável professor.

Dippet suspirou, exausto.

— Sempre consegue reverter a minha concepção, Alvo.

O professor de Transfiguração lançou um sorriso divertido para o superior e amigo.

— Quanto acha que eles merecem? Mais de cinquenta, certamente.

O diretor levantou os olhos para o teto, pensativo.

— É, hum... Acho que... — suas rugas ficaram mais evidentes quando ele franziu o cenho. — Oitenta pontos bastam. — deu o veredicto.

Os quatro piscaram, atônitos.

— Oitenta pontos?! — Matt parecia estar embasbacado.

— Para cada um. — o diretor Dippet deu um raro sorriso ao ver a reação escandalizada dos alunos: Louisa levou as mãos à boca de espanto; Matt disparou inúmeros fogos dourados para o alto em comemoração; Iris engasgou-se com a asinha de frango que estava comendo...

... E Emily permaneceu quieta, tímida como sempre.

Era muita notícia boa para uma única noite.

— Caramba, trezentos e vinte pontos! Nós já ganhamos o Campeonato das Casas! — Matt gritou, eufórico.

Um pequeno sorriso repuxou-se nos lábios do prof. Dumbledore.

— Confesso que me é muito conveniente o fato de todos os quatro pertencerem à Grifinória... — comentou com leveza e nítida satisfação.

Após a empolgação baixar, o diretor e o professor anunciaram que os quatro passariam a noite lá, apenas para observação. Antes que os dois se retirassem, Louisa não se conteve em fazer uma pergunta:

— Prof. Dumbledore, o Marshall disse para nós que você era o único que parecia desconfiar dele. Você, por um acaso, sabia de alguma coisa? — sua voz saiu um pouco tímida, considerando que era uma indagação um tanto intrometida.

O professor apenas esboçou um simples sorriso. Aprumou a capa verde-esmeralda que trajava, respondendo de forma natural:

— Sou do lado dos que acreditam que a intuição sempre nos diz a verdade, não importa a situação em que estejamos. Sempre acreditei na minha. — deu-lhes as costas, não sem antes acrescentar em tom enigmático: — E já digo que normalmente ela nunca falha.

 

[...]

 

Os meses passaram, e muitas coisas aconteceram (e se resolveram) sob os tetos de Hogwarts.

Foi com alegria e festa que o castelo recebeu a notícia do St. Mungus de que Clara Green, a primeira criança cristalizada, já tivera seu corpo liberto do cristal no qual estava enjaulada e que agora estava em processo de recuperação no hospital bruxo.

Felizmente, os médibruxos, depois de muitos testes e pesquisas, conseguiram criar um antídoto muitíssimo mais eficaz para converter as cristalizações, utilizando uma fusão de Acácias e Alagasianas.

O lado ruim é que a reversão demorava alguns meses até que estivesse totalmente concluída.

Os locais cristalizados por todo o castelo também já estavam recebendo atendimento com a mesma mistura de plantas (o zelador Rancorous exigiu que sua sala nas Masmorras fosse a primeira a receber o tratamento, pois não aguentava mais dividir o espaço de sua sala reserva no 2° andar com uma legião de fantasmas que iam descansar na ala vizinha, local conhecido como “profundezas da morte”).

Pelo que todos ficaram sabendo, após ter sido levado para o Ministério da Magia e passado por um intenso julgamento, o prof. Marshall fora condenado e conduzido diretamente para a temida fortaleza de Azkaban, onde passaria longos anos tendo suas esperanças sugadas pelas criaturas que lá viviam.

Ninguém teve notícias de Conan, a fiel corujinha do professor, depois daquela noite em que ela abandonou o castelo em meio à piados sofridos. Alguns diziam tê-la visto rondando os arredores da Floresta Proibida; outros já alegavam terem sidos bicados por ela durante a noite (como sempre, pessoas querendo chamar a atenção com historinhas inventadas).

Mentira ou não, uma coisa era certa: Conan não voltaria a pisar nos terrenos de Hogwarts tão cedo.

Quanto às Doze Torres, os grifinórios não perderam tempo em perguntar o verdadeiro objetivo delas e, também, o que eram aquelas criaturas que lá viviam. O diretor Dippet e o prof. Dumbledore apenas explicaram brevemente que lá era um local privado apenas para professores, e que, basicamente, servia de depósito para guardar peças raras, as quais eram protegidas pelos guardiões das torres. Foi com certo pesar e mínimo alívio que receberam a notícia de que aquele lugar seria lacrado para sempre, para não ter riscos de desencadear outra grande confusão no castelo.

De toda forma, os alunos se divertiram muito no jantar que se sucedera os acontecimentos nas Doze Torres: o diretor Dippet, todo sem jeito, fizera um pronunciamento elucidando à todos sobre a traição do professor de D.C.A.T, e, de quebra, ainda se desculpou pelas desconfianças que havia perdurado em relação à prof. Picquery depois do acidente com Sebastian.

A mulher apenas fizera uma expressão de “Eu não falei?”, antes de se levantar em meio a risos divertidos e puxar um diretor Dippet envergonhado para uma dança no meio do Salão Principal. 

(A aura de inveja masculina que pairou pelo recinto foi tão pesada que até mesmo os fantasmas tiveram de se retirar aos bandos de volta para seus alojamentos — onde quer que eles fossem).

O prof. Lukar também fora inocentado quanto ao caso do lustre que se desprendera da parede e que quase atingira os grifinórios; afinal, como o próprio prof. Marshall revelara, ele foi o verdadeiro culpado disso.

Com os nervos baixados graças ao fato de não ter mais nenhum pedaço de Cristal Maldito rondando suas cabeças, os alunos voltaram-se totalmente para a situação do Campeonato de Quadribol (que não ia lá uma maravilha para a Grifinória).

Embora Griselda Milles tivesse se recuperado dos ferimentos que sofrera no incidente com Andy Stimers, nem seus maiores esforços e, diga-se de passagem, nata performance nos jogos que se seguiram no decorrer do Inverno, foram suficientes para que a Grifinória conseguisse alcançar a Sonserina nas pontuações.

Como era de se esperar, os sonserinos não tiveram misericórdia em humilhar, zoar e debochar de todas as outras casas quando sua vitória foi anunciada.

Stravon, capitão do time, explodiu milhares de fogos de artifícios pelas arquibancadas, todos apresentando a imagem gloriosa de uma serpente engolindo um leão, águia e texugo de uma só vez.

Nos próximos dias, diversas guerrinhas foram travadas entre as três casas perdedoras e a campeã Sonserina (todas contendo coisas como: afogamentos em sopas apimentosas, Diabretes da Cornualha escondidos dentro de mochilas e inúmeras azarações lançadas sobre pobres desavisados).

Quanto aos quatro grifinórios que presenciaram toda a trama e, de toda forma, foram os verdadeiros heróis de toda a história, passaram a serem vistos como tipos de “famosidades” em Hogwarts durante algumas semanas (principalmente pelo fato de terem impulsionado — e muito — os pontos da Grifinória no placar das casas).

Todos foram muito assediados e “pegos emprestados” para narrarem repetidas vezes o que de fato acontecera naquela noite ilustre (o que de certa forma ajudava a desmentir os boatos que giravam o castelo sobre o prof. Dumbledore ter decepado a cabeça do prof. Marshall e depois tê-la colado de volta no pescoço do homem com um único finite).

Pela primeira vez, Louisa estava sendo vista com outros olhos por muitas pessoas que antes consideravam um ultraje estarem na mesma presença que ela.

Até mesmo Zoe Hill e Suzanne Roowar tentaram, ao menos um pouco, serem gentis com ela (Louisa desconfiou ainda mais sobre esse fato quando viu as duas discutindo arduamente para ver quem levaria uma torta de caramelo para ela no jantar em que o diretor anunciara os “heróis” de toda a história do Cristal Maldito).

Contudo, nem todos foram convencidos em relação à “desprezível-Northrop”, e ainda continuaram lhe virando a cara e dizendo que o fato de Louisa ter ajudado contra o prof. Marshall não passara de apenas coincidência.

Em todo caso, era ao menos reconfortante uma parte do castelo estar realmente mudando suas opiniões sobre Louisa. Fora um grande impulso para que as coisas fossem melhorando cada dia mais.

Iris, apesar da atenção em excesso, não negava os pedidos dos colegas para que narrasse tudo o que acontecera naquela fatídica noite; até mesmo se empolgava na hora de contar, exagerando um pouquinho nos detalhes...

... Após começar a se cansar dos “pombos-famintos” — como os nomeou —, a ruiva decidiu criar um tipo de pedágio como recompensa: “Um galeão a cada pergunta feita”!).

Matt era o mais receptivo nesse quesito. Ele negou a sugestão de Setrus e Derek para que fizesse igual a Legraund e cobrasse por suas informações privilegiadas. Contava o que as pessoas queriam saber sem restrições, mostrando-se gostar particularmente da atenção feminina (assim como todo garoto bobalhão).

Após todos os acontecimentos conturbadores, e a enfim liberdade que Hogwarts experimentava longe do Cristal, o garoto parecia ter sossegado nas artimanhas e pegadinhas e somente se focado nos estudos. A ausência de seu parceiro Billy era usada como principal motivo para sua mudança de comportamento.

Emily, por outro lado, estava assustada com tudo. Nunca havia falado com tanta gente em sua vida ou recebido tamanha atenção.

Era tão esquisito que tinha vontade de sair correndo e se esconder debaixo da cama a cada figura que a parava no corredor para lhe parabenizar por sua “rara-coragem”.

Somente uma única pessoa não parecia estar nadinha satisfeita em como as coisas se decorreram...

E essa pessoa era Anne Crystal.

A garota estava sendo verdadeiramente “linchada” por todos os alunos de Hogwarts. Os comentários que correram pelo castelo sobre Anne ter dedurado os grifinórios para o prof. Marshall estavam-na perseguindo por semanas a fim.

Ninguém suportava um dedo-duro. Mas um dedo-duro que ajudara um traidor já era demais da conta!

O pior de tudo era que Anne nem conseguia se defender dizendo que não sabia que o professor de D.C.A.T era do mal. Uma vez que cometera aquele terrível erro, já estava condenada para sempre.

A raiva que sentiam dela era tanta que durante os primeiros dias depois que todo o caso fora resolvido, Anne tivera que trocar mais de cinquenta vezes as mudas que cultivava na janela de seu dormitório (todas as manhãs um grupo de garotos lançavam venenos e feitiços para destruí-las vindos lá embaixo, dos terrenos).

Até mesmo suas colegas de dormitório viraram-lhe a cara. Nem mesmo Emily falava mais com ela.

Anne sentia-se cada dia mais frustrada com aquela injustiça, e seu ódio por Louisa e Iris só aumentava cada vez mais. Começava a nutrir uma raiva descomunal de Emily e Matt também, por ambos também estarem sendo “venerados” pelos colegas.

Isso tudo a fazia quase surtar. Literalmente.

Em sua defesa, Emily, ao menos pelo resto do ano, não queria mais se envolver com Anne Crystal por conta do último encontro que as duas tiveram.

Anne era uma pessoa egoísta e arrogante. Embora se sentisse mal em deixá-la enfrentar toda a raiva alheia dos alunos, Emily achava que ela bem que merecia passar por um momento difícil... 

Talvez ela mudasse um pouco a forma como tratava as pessoas depois de uma dura dessas. Só talvez.

Emily não esperava que as coisas pudessem ficar ainda melhores até o final do ano letivo, mas ficaram.

E tudo por causa de uma carta que recebera de seu pai duas semanas antes de regressar para casa.

“Minha filha”

“Espero que esteja tudo bem por aí. Espero que se encontre com saúde. Eu... Eu ficarei esperando sua chegada em nossa casa”.

“Até breve, papai”.

— Eu não falei? Tudo irá se acertar entre vocês dois. — Rúbeo Hagrid falou com voz verdadeiramente feliz enquanto lia a curta carta que Emily lhe oferecera numa tarde ensolarada perto dos canteiros de abóboras do sr. Ogg.

Emily, não querendo criar expectativas, comprimiu os lábios.

— É, mas... Foi uma carta bem rápida. Não sei se tudo estará bem entre nós...

Hagrid balançou a cabeçona, fazendo seus cabelos cobrirem-lhe parte dos olhos. Ele afastou as mechas desgrenhadas com impaciência para o lado.

— Isso mostra que ele está hesitante. Dá para ver seu nervosismo nas palavras... — ele devolveu-lhe a carta. — Ele está querendo dar o primeiro passo, criar uma aproximação entre vocês. Meu pai fazia algo parecido quando brigávamos e ele queria que eu o tirasse de cima da estante... — um brilho saudoso preencheu seus olhos, assim como uma fina tristeza em suas íris escuras. — Aposto que no Expresso ele ficará muito feliz em revê-la. — tentou animá-la.

Emily inclinou a cabeça, esperançosa.

— Espero que sim... Muito obrigada por ser meu amigo, Hagrid. — sorriu timidamente para o homem grande que virara seu confidente mais próximo nos últimos meses.

O rosto rosado e infantil dele pareceu ficar emocionado.

— Eu que devo agradecer por ter ganhado uma boa amiga. Era muito solitário antes... Só o prof. Dumbledore conversava comigo. Ele sempre está ocupado, mas arruma tempo para saber como estou. Um grande homem... — ele mostrou intensa admiração. — Bem, agora se apronte para o jantar, pois já estamos nos demorando muito aqui fora. Ainda tenho que ajudar o sr. Ogg a colher algumas couves-de-bruxelas...

Ambos fizeram caretas, como se dissessem “Arre! Couve-de-bruxelas é nojento!”, e seguiram seus caminhos às risadas...

 

[...]

 

— Pelo jeito seus talentos vão além de perguntas difíceis, hein?

Louisa Northrop encarou pensativamente Victor Black, logo ao lado.

Meditando rapidamente suas palavras, ela acabou as levando como um elogio; August fora muito menos receptivo há alguns dias... Louisa ainda lembrava-se nitidamente do ódio em sua voz quando ele simplesmente lhe xingara de “lunática”.

Voltou a olhar para frente, mirando contemplativamente o magnifico Lago Negro. O vento que soprava forte por vezes fazia gotículas de água molharem suas botas.

— Pois é... — foi tudo o que conseguiu dizer.

Percebendo sua clara e “curiosa” distração, o garoto virou-se com um sorriso irônico.

— Oras, vamos, Louisa... — falou como se dissesse nas entrelinhas “largue de ser uma chatonilda”. — Você se deu muito bem. — ele voltou a jogar mais um punhado de cogumelos envenenados lago adentro. — Conseguiu “dar uma de corajosa” como vários palermas da Grifinória, e, de vantagem, conquistou o respeito de todo mundo. Talvez o chapéu estivesse certo em te mandar para lá. — deu de ombros.

Franziu o cenho. Agora sim perguntava-se se devia levar aquilo como elogio.

— Eu não diria que seja assim... — alegou, sincera. — Minha reputação ainda precisará de mais tempo para melhorar... E acho melhor parar de dar esses cogumelos para ela. — alertou.

Seus olhos acompanharam um dos últimos fungos que cortaram os ares. Antes mesmo de bater na água, grossos tentáculos negros surgiram, fisgando-o e voltando a afundar para as profundezas.

Victor lhe olhou sem entender, se preparando para jogar mais um punhado dos cogumelos.

— Oras, por quê? — lançou mais alguns. — Dizem que causam enjoo a Lula Gigante... E que o vômito dela já cobriu um quarto da floresta ao redor. — achou graça.

Louisa se esforçou para desviar a atenção da cena tamanha aloprada. Era melhor do que continuar a insistir.

O garoto pareceu não se importar.

— Mas aquele Marshall era um idiota. — começou o novo assunto de forma corriqueira. — Francamente, quem em santa consciência consegue ser atrasado por míseros pirralhos do primeiro ano?

A expressão de Louisa não foi boa.

— Você fala como se fosse muito mais velho... — protestou, incomodada. — E para esclarecer as coisas, ele não devia ser tão habilidoso em momentos alterados. Era...

— Muito amador? — Victor completou. — É, também acho.

A menina acenou, olhando-o mais reservadamente agora.

— E você tem mesmo certeza de que não ouviu para quem ele...?

— Não, não ouvi. — ele se adiantou a responder. — E chega de querer dar uma de auror. Só Merlin pra saber para quem aquele homem patético estava trabalhando.

Louisa concordou novamente, mas agora de má vontade.

Minutos atrás, havia pedido detalhes da ocasião em que o garoto fuxicara uma conversa do ex-professor Marshall sobre suas reais intenções em Hogwarts.

Victor foi direto. Explicou apenas que algumas semanas antes do ano letivo começar, conhecera Marshall por acaso, quando o homem estava conversando algo com um de seus irmãos mais velhos. Intrigado com o rumo que o diálogo estava tomando, ele acabou ouvindo demais, fazendo Marshall dar-lhe um “esporro” mais tarde — juntamente com August e Sebastian.

Infelizmente para Louisa, Victor lhe contara que nem mesmo Marshall devia conhecer de fato seu “chefe” — de acordo com as frases soltas que ele escutara do homem com seu irmão, Marshall dava a entender que não sabia para quem estava trabalhando...

Suspirou. Não conseguiria mais nenhuma informação útil sobre aquele assunto. Pelo menos Marshall havia sido preso, o que já era um consolo.

Fechando de vez aquele assunto, focou-se em outro interesse particular.

— Ei, ouvi dizer que sua sobrinha nasceu há uns meses... — comentou. — Me disseram que é uma menina. Deu tudo certo, sabe, ela nasceu bem?

O garoto sorriu, bem humorado.

— Tão saudável quanto uma Black deve ser. E você precisava ver como Cygnus¹ está se comportando agora. — confidenciou. — Sempre dizendo que: “Ah, mas eu fui o primeiro irmão a casar e ter filhos, a casa devia ser minha e de Druella², blá, blá, blá...” — sua voz, mesmo sarcástica, de repente seguiu com um leve tom de rancor. — Que idiota. Todo mundo sabe que no fim a “Muy Nobre casa dos Black” ficará para Walburga. Papai a adora.

Assentiu. Estava ali uma verdade incontestável.

Num lapso de observação, Louisa teve a leve impressão de que os tentáculos da Lula Gigante já não apareciam há um tempo para fisgar os cogumelos que o garoto ainda jogava...

... Contudo, não deu a devida atenção.

Virou o rosto para o garoto.

— Mas Walburga³ demorará a cas...

— Droga, protego! — Victor gritou de repente, a fazendo pular de susto.

Isso porque, naquele momento, explodiu diante deles — mais precisamente na barreira em que o sonserino conjurou — uma tonelada de um líquido verde, grosso, gosmento e tudo o que Louisa poderia achar de mais ruim na face da Terra.

Nem precisava dizer que a menina caiu sentada por conta do “segundo” e belo susto.

Estufou as bochechas, contendo um possível vômito. Levou a mão à boca; estava verdadeiramente agradecida por continuar limpinha e intacta graças a barreira, e com certeza não precisava de um outro “acidente” para sujar suas vestes de verdade.

Victor abriu um largo sorriso ao começar a ouvir os gritos ao longe, segurando as gargalhadas enlouquecidas: pelo jeito o vômito da Lula Gigante conseguiu alcançar algumas vítimas.

— Vem, Louisa! — ele ergueu-lhe por um dos braços, ansioso. — Não podem ver que fomos nós!

Tentou protestar e dizer que ele causara tudo aquilo sozinho (os cogumelos venenosos estavam logo ali para provar), mas não conseguiu, sendo arrastada daquele jeito.

Quando estavam longe o suficiente — com Louisa arfando como alguém que se recuperasse de um semi-infarto — a menina balançou a cabeça, completamente descrente.

— Por que você tem sempre que fazer essas coisas? — indagou com verdadeira sinceridade.

Ele a olhou, um sereno sorriso preenchendo seu belo rosto.

— Oh, você me conhece... — deu-lhe alguns “tapinhas consoladores” nos ombros. — Adoro me divertir, você sabe... É um dos principais motivos para você apresentar um nítido desagrado na minha presença, não é mesmo?

Afastou-se irritada. Sua paciência esgotava-se rápido com todo aquele jeito “zombador” com que ele falava.

— Você não tem malas a fazer? — buscou um jeito de fazê-lo se retirar, insinuando-se nada contente. — Me admira o fato de estar aqui fora brincando...

O olhar do garoto continuou a dar a impressão de que conversava com uma garota de cinco anos.

— Bem lembrado... — mirou o castelo ao longe. — Talvez eu aproveite a oportunidade para finalmente avisar a nossa querida Charlotte que, infelizmente, Simux confundiu as pérolas daquele colar chique dela com frutinhas silvestres... É, não vai ser nada bonito. — sorriu. — Vou lá.

Louisa revirou os olhos quando ele deu-lhe as costas. Victor era tão sem-noção...

Contudo, lembrou-se de uma informação que sua mãe estava pedindo há um tempo.

— Ei, espere. — o chamou. — O nome da sua sobrinha — explicou. —, qual colocaram?

Após alguns segundos, ele pareceu lembrar do que ela estava falando.

— Ah, sim — seu rosto iluminou-se de uma espécie de admiração. — Bellatrix Black. — pronunciou. — Lindo nome, não?

Dito isso, ele deu-lhe as costas.

Louisa permaneceu parada por um tempo. Olhou para o céu, contemplando sua cor azul cristalina.

“Sim...”, pensou, divagante. “Realmente é um belo nome.”


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Notas finais do capítulo

♥ CURIOSIDADES ♥

Cygnus Black¹ — Pai de Bellatrix, Andrômeda e Narcisa. Casou-se com Druella Rosier.

Druella Rosier² — Mãe de Bellatrix, Andrômeda e Narcisa. Casou-se com Cygnus Black.

Walburga³ — Irmã de Cygnus e Alphard Black. Futura mãe de Sirius e Régulo.

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Sim, lindo nome… vai ser uma ótima pessoa, essa Bellatrix kkkkk

Sentiram clima de final? Psé, agora só falta o último capítulo e o Epílogo! Sim, estou emocionada (。•́︿•̀。)

Espero que tenham gostado, e esperem que ainda não acabou! Ainda há muito o que ser dito ^_^

Malfeito, feito. Nox.



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