Hogwarts e o Mistério do Cristal Maldito — Vol 1 escrita por Linesahh


Capítulo 56
Capítulo 55 — Resolvendo as Diferenças


Notas iniciais do capítulo

Surpresa!!!
Olha só quem apareceu! É claro que eu não deixaria de passar aqui para dar um capítulo novo de presente de Natal! A propósito: FELIZ NATAL À TODOS! ♥ ♥

Esse capítulo foi, de longe, um dos mais emocionantes que já escrevi. Preparem-se.

Boa Leitura ♥



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/787916/chapter/56

♠ Iris Legraund ♠

 

— Por que escolheu este lugar?

Louisa fez a pergunta após pararem na metade da Ponte Coberta. Sua expressão estava neutra, com um tom de mínima curiosidade.

Iris colocou as mãos nos bolsos, olhando para os terrenos cobertos de neve no horizonte abaixo. Um vento frio as envolvia, mas isso não era problema por ambas estarem bem agasalhadas.

Ajeitou o cachecol, evitando um pouco o olhar de Louisa.

Encolheu os ombros.

— É quieto e calmo. Ninguém vem aqui.

— Então suponho que não seja uma conversa para ouvidos alheios. — ela concluiu.

— De preferência, não. — virou-se finalmente para ela. — Digamos que não seja um assunto agradável para nenhuma de nós. E não me refiro ao Cristal Maldito.

Louisa piscou, primeiramente parecendo um pouco confusa.

... Em seguida, sua estatura mudou minimamente, assumindo uma aura um tanto tensa.

As duas não falaram nada por um tempo.

Louisa com certeza não seria a primeira a se pronunciar, em decorrência de seu repentino silêncio. Iris, por outro lado, encontrava-se muito nervosa, suas mãos começando a suar por debaixo das luvas. Apertou-as como forma de se acalmar um pouco.

"Como começar essa conversa?...", perguntou a si mesma.

Não era uma situação fácil. Iris temia deixar suas emoções falarem mais alto e acabar perdendo o controle, como sempre acontecia quando era pequena nas ocasiões em que seus pais acidentalmente comentavam sobre aquele dia.

Encarou Louisa, tentando definir o que estaria se passando pela cabeça da garota. Era incrível como, de alguma forma, tinham uma ligação. Uma ligação que Iris preferia não ter, mas que existia de toda forma.

Finalmente, Louisa quebrou o silêncio, sua voz cortando os ares gélidos contendo finíssimos e quase imperceptíveis flocos de neve:

— Você já ouviu falar, não ouviu?

Seu tom não foi de pergunta, e sim, uma afirmação. O rosto de Louisa estava sem emoção, como se tivesse sido derrotada por algo.

Iris fechou as mãos com força em seus bolsos, sentindo uma sensação amarga na garganta. Entretanto, não permitiu que a Northrop tivesse ciência do claro avalanche presente em seu interior.

Perguntou em tom calmo:

— O que te faz pensar isso?

Louisa baixou os olhos e, diferente de Iris, não escondia o quanto o provável assunto a atingia. Ela apertava as mãos compulsivamente uma na outra, seu rosto apresentando sinais infortunados.

Ela engoliu em seco.

— Às vezes... — começou. — Você me olha da mesma maneira que os outros do castelo. — ergueu os olhos para Iris. — Isso dura apenas alguns segundos, contudo, o suficiente para que eu perceba o motivo.

A voz dela estava trêmula, parecendo se esforçar para dizer cada palavra. Iris, porém, não se prendeu a isso, olhando-a com atenção.

Acenou, dizendo finalmente as santas palavras:

— É, Louisa. Quero falar sobre o Orfanato CroumstSaid.

Dizer aquele nome foi mais difícil do que escutar da boca de Anne Crystal na noite de Natal. Sentiu como se seu coração tivesse sofrido uma dolorosa e aguda pontada.

Louisa começou a respirar rapidamente. Ela deu-lhe as costas e apoiou-se na sacada da ponte, suspensa sobre o abismo. Baixou a cabeça em direção ao chão.

Por um momento, Iris achou que ela iria vomitar.

Ao aproximar-se um passo, parou abruptamente ao escutar um soluço sufocado.

— L-Louisa... — murmurou, estarrecida. — Você está... chorando?

Não sabia se aproximava-se, pois tinha receio de fazer tal coisa. Louisa parecia se esforçar para conter os soluços, limpando as faces com auxílio das luvas. Virou-se para Iris, e seu rosto, outrora pálido pelo frio, estava agora tomado pela vermelhidão.

— E-Eu... Eu não... — sua voz ia sendo quebrada pelos pequenos e incontidos soluços. — Eu n-não posso... Eu... Não consigo...

E, finalmente, ela caiu no choro.

A garota abaixou-se no chão de madeira da ponte, colocando o rosto entre as mãos, seu corpo se sacudindo com as lágrimas que desciam irrefutavelmente.

Iris estava chocada.

Esperava tudo, menos aquilo. Esperava que Louisa ficasse chateada, esquiva e que até mesmo se recusasse a falar sobre o assunto do orfanato.

Esperava que fosse ela a cair no choro, e não a Northrop.

A situação repentina acabou por deixar-lhe sem uma reação imediata. Louisa continuava chorando à sua frente, e Iris não movera um único músculo desde o início. Não sabia o que fazer. 

Depois de alguns minutos, a voz de Louisa saiu abafada contra suas mãos:

— Desde... Desde aquele dia, a minha vida mudou para sempre. Arruinou minha família, arruinou tudo. — falou com dor extremamente sincera.

Iris assumiu uma expressão séria. Sua voz soou neutra:

— Pode apostar que sim, Louisa. Aquele dia também mudou toda a minha vida. Nada nesse mundo faz com que eu esqueça daquela manhã...

Louisa ergueu o rosto lentamente. Seus olhos estavam vermelhos e levemente inchados, mas deu-se para distinguir um brilho de confusão presente neles ao direcioná-los para Iris.

— O que... o que está dizendo? — após alguns segundos de silêncio, sua expressão clareou-se. — Não me diga que você... você estava lá...? — indagou num fio de voz.

Iris assentiu.

— Sim... — suspirou, desviando o rosto para baixo. — Infelizmente.

Louisa a olhava com a boca entreaberta. Sentada no chão da ponte, encostada na grade de madeira, ela estava mais frágil e mais desgastada que nunca. Iris nunca a vira daquela maneira tão... vulnerável.

... Uma sensação de piedade adentrou-lhe o peito ao vê-la daquele jeito. O que aconteceu no orfanato há quase sete anos nitidamente a afetava tanto quanto afetava Iris. Isso fez com que ela se lembrasse do princípio que a motivara ir ali. E não era nada relacionado à culpar ou ofender a Northrop.

Estava ali para conversar e... principalmente... desabafar.

Precisava fazer aquilo, agora mais do que nunca.

Aproximou-se de onde Louisa estava, tomando lugar ao seu lado, encostando-se sobre a estrutura dura da grade e fixando o olhar para frente. Dobrou os joelhos, apoiando os braços acima deles. Reconhecia ser uma posição "inapropriada para uma dama", como diria sua avó, mas, no presente momento, era a última coisa com a qual se importava.

Louisa continuava a lhe encarar com surpresa e choque. Não abrira a boca até o momento. Iris desconfiava que ela estava mantendo um certo respeito, esperando que começasse a falar.

Respirou fundo, finalmente juntando forças para que sua voz saísse:

— Eu tinha quatro anos quando me mudei com meus pais para aquela cidade. Ficamos poucos meses apenas... não daria para continuar lá depois do que aconteceu. — olhou-a rapidamente, voltando a fixar o horizonte visível pela fresta entre as grades à frente. — Eu frequentava o orfanato regularmente, quase toda semana. Minha mãe mandava levas de roupas para as crianças de lá, e eu sempre a acompanhava. — explicou.

Louisa a ouvia atentamente, os olhos fixos em seu rosto.

Iris umedeceu os lábios ressecados pelo frio, criando muita coragem para continuar.

— Acabei me afeiçoando ao lugar, e todos os dias, depois da escola, ia brincar com as outras crianças durante a tarde. Meus pais não achavam muito apropriado... — fez uma pequena careta. — Mas eles não conseguiam me impedir, principalmente porque o orfanato ficava apenas a poucas quadras de distância da nossa casa. E também tinha... — engoliu em seco. — ... Tinha um garoto que acabou se tornado muito importante... para mim. — sentiu um bile subir-lhe a garganta e, por um momento, achou que quem ia acabar vomitando era ela.

Respirou entrecortadamente, passando a mão pelo rosto. Não conseguiria falar. Sentia sua garganta ir se fechando lentamente, deixando-a quase sem ar.

A voz de Louisa, então, soou baqueada:

— Você... Não precisa falar disso se não quiser, Iris. — disse baixo.

Balançou a cabeça.

— Não... eu preciso falar... não posso mais segurar isso. — fechou os olhos, buscando se acalmar.

Lembrou-se vagamente das inúmeras sessões que seus pais lhe levaram durante meses e meses sem fim depois daquele incêndio. Era uma tortura completa e se recusava a falar qualquer coisa. Perdera a conta de quantas vezes fugiu dos consultórios.

Mas, agora, mais do que nunca, viu que tinha de tirar aquilo de dentro de si. Tinha que drenar todo aquele veneno que a corroía por anos a fim.

Por muito tempo pensou que nada daquilo mais a afetava. Contudo, deu-se conta amargamente de uma coisa: as cicatrizes podem ser cobertas pelo véu do tempo, mas nunca definitivamente fechadas. Elas continuariam lá para sempre.

... Entretanto, você pode fazer algo para pelo menos diminuí-las.

Contou tudo para Louisa. Desde o início, quando conhecera Charlie, até o momento em que o perdeu naquele fatídico dia. Confidenciou várias das conversas que tivera com o garoto, muitas falando sobre o futuro.

Contou que Charlie dizia querer ser um explorador de fósseis quando crescesse (paleontólogo), e que acreditava firmemente que encontraria um esqueleto de um tiranossauro inteiro, se tornando extremamente famoso por isso.

Contou sobre as diversas pegadinhas que ambos faziam contra os valentões do orfanato, derrubando leite estragado em suas cabeças e deixando bolinhas de gudes espalhadas diante das portas para que eles escorregassem feito bobocas ao saírem. No final, sempre davam um jeito de contornar a história e fazer com que eles levassem à culpa de tudo.

Por fim, começou a narrar aquela manhã em que tudo foi por água abaixo.

— Nove e quarenta e três. — falou. — Lembro nitidamente de uma mulher gritando na janela de casa ao ver a fumaça: "Incêndio, incêndio! Em plena nove e quarenta e três da manhã!". — riu com desprezo. — Aquela senhora adorava um espetáculo...

Louisa apenas a olhava em silêncio, não se pronunciando até então. Tinha uma expressão mortificada no rosto.

— O tempo é tão injusto. — falou, sem emoção. — Apenas cinco minutos se passaram após eu ter deixado ele entrar de volta no orfanato, talvez nem isso... — cerrou os punhos. — Eu... eu deveria ter conversado um pouco mais, poderia ter entregado aquela droga de blusa com desenho de dinossauro um pouco depois... — sua voz foi saindo falha. — E-Eu... poderia ter evitado que ele se fosse...

— Iris... — Louisa começou a falar, contudo, Iris ergueu uma mão, pedindo para que ela parasse.

— Por favor... eu preciso terminar. — disse em tom rogativo.

Esperou alguns segundos para se recompor, segundos esses que pareceram horas. Finalmente, conseguiu abrir a boca:

— Foi tudo muito rápido. — contou. — Quando o cheiro começou a se propagar e a fumaça foi se expandindo pelos ares, o orfanato já estava quase completamente envolto ao fogo. Eu voltei correndo para lá. Lembro de ver pessoas gritando e chorando, uma das cuidadoras que conhecia de vista estava desesperada, implorando para que alguém fizesse algo. Os bombeiros estavam lá e tentavam controlar as chamas. Era uma visão terrível.

Imagens quase vívidas preenchiam sua visão. Cores vermelhas, pretas e cinzentas por toda parte. O cheiro insuportável de enxofre. Os gritos, os choros, as sirenes. Tudo parecia estar de volta agora.

— Lembro de ter corrido na direção da entrada dos fundos, por onde Charlie havia entrado. Um homem me parou, me pegou no colo e me afastou dali. Eu parecia um bicho nos braços dele. Arranhei cada centímetro de sua pele até que me soltasse. Corpos já estavam sendo retirados de dentro da construção e sendo colocados no chão.

Lembrou-se de ser quase impossível reconhecer alguém. Estavam completamente sujos de fuligem e a maioria apresentava queimaduras graves e irreversíveis. Lençóis eram estendidos sobre eles, para não perturbar quem estava por perto.

— Corri pela fileira de corpos, tentando encontrá-lo. — sua voz saía extremamente baixa agora, e Louisa teve de se inclinar um pouco para escutar com clareza. Iris olhava fixamente para frente, parecendo reviver aquela lembrança com nitidez. — E então eu vi. Bem em frente, sobre os escombros de uma parede que havia desabado. — estendeu a mão, como se a cena estivesse diante dela. — A manga colorida da blusa, a gola azul e o desenho agora quase carbonizado que apresentava a figura do dinossauro estampado na frente...

Lágrimas quentes haviam começado a cair por seu rosto, criando um contraste com o vento gélido que envolvia suas faces.

Enfim, estava desabando.

— E-Eu... eu fiquei paralisada por um segundo. — sufocou um soluço, respirando fundo para continuar. — Quando me dei conta de quem era ali, me aproximei em passos bambeantes, querendo ver com meus próprios olhos, querendo acreditar que... — sua voz morreu, sendo substituída por soluços incontíveis.

De repente, sentiu sua mão ser encoberta por outra. Não teve coragem de levantar o rosto, que havia afundado nos joelhos. Louisa apertou sua mão como forma de dar-lhe apoio.

Aquele simples gesto simbolizou uma ligação mais forte do que imaginava.

Ainda com a cabeça baixa, continuou, quase sem forças:

— ... M-minha mãe chegou e me puxou para trás, impedindo que eu fosse até ele. Eu tentei sair dos braços dela, em vão. Ela me afastou dele, e eu só tentava me desvencilhar, Charlie precisava de mim... — balbuciou. — Gritos horríveis cortavam o ar, gritos tão altos e tão desesperados que eu nunca tinha escutado em toda a minha vida... até que reparei que eles saíam de mim. — sua voz saiu num sussurro.

Não conseguiu mais pronunciar uma única palavra. Ficou ali, chorando e tremendo, pelo o que pareceu horas.

Sentia todas aquelas lembranças, vozes, imagens... Todas irem deixando seu interior, como se estivessem sendo levadas por uma correnteza e sugadas por um buraco interminável. Era como se as trevas fossem se dissipando e a luz começasse finalmente a tomar espaço em seu coração.

Depois de um tempo, o choro foi se acalmando. Parou de tremer e os soluços diminuíram. Louisa continuou segurando sua mão.

Estava leve. Uma sensação que não sentia há muito tempo.

Levantou a cabeça lentamente. Louisa se remexeu ao seu lado, em alerta. Depois de alguns segundos clareando a visão, olhou-a nos olhos pela primeira vez desde que chegaram ali.

Verdadeiramente grata.

— Obrigada. — falou apenas.

Louisa tinha uma expressão infeliz no rosto. Sorriu sem alegria.

— Como você pode me agradecer sabendo que um membro da minha família fez tudo isso que você acabou de me falar?

Iris a olhou calada, não conseguindo formular uma resposta imediata.

Louisa continuou:

— Desde aquele dia nunca mais meus pais e eu fomos vistos com bons olhos. Já não éramos muito adorados pela sociedade bruxa, por causa das ideologias que vários dos Northrop, tirando meu pai, possuíam. Agora somos odiados. Todos lembram da minha família com o incêndio do orfanato preso na retina. — ela balançou a cabeça, olhando para o teto da ponte.

Iris permaneceu calada. Sabia que agora era a vez de Louisa desabafar.

— Foi um primo do meu pai que fez isso. — ela contou. — Ele era muito jovem na época, e seguia o que Grindelwald falava com todas forças. Mas nunca imaginaríamos que ele faria algo assim. Incendiar um orfanato trouxa, com inúmeros inocentes...

— Os jornais disseram que havia sido um espião alemão que fez aquilo, para honrar sua pátria. — Iris falou baixinho. — Disseram que foi uma explosão, mas... — franziu o cenho. — Agora que me ocorre... Não ouvi explosão nenhuma.

— Porque foram confundidos, Iris. Todos que estavam lá foram confundidos para manter o Estatuto de Sigilo. — Louisa explicou, cansada. — Vocês foram levados a achar que era realmente uma bomba.

— Me pergunto quantas mentiras mais já fomos levados a acreditar durante toda a história por causa dos bruxos. — falou com amargura.

— Mas sempre foi preciso fazer assim, Iris. — Louisa a olhou séria. — Sempre houve o risco de outra guerra estourar entre os bruxos e os trouxas... — ela estremeceu. — Mas, continuando; depois que meu primo de segundo grau fez isso, ele foi preso imediatamente pelos aurores.

Iris não sabia o que eram esses "aurores", mas não fez objeções, pelo menos por agora.

— Meu pai cortou ligação com toda a família dele depois disso. Eles achavam o feito do meu primo uma verdadeira inspiração. — ela disse com extremo nojo. — Lembro que minha mãe chorou por duas semanas inteiras quando viu os jornais, mostrando o incêndio. Não entendi nada na época, mas... com o tempo, fiquei confusa com as pessoas que, por vezes, nos acusavam de assassinos. Minha mãe dizia para não dar ouvidos. Contudo, conforme fui crescendo, isso foi me perseguindo. Desde o início, sabia que seria vista com maus olhos em Hogwarts, e não foi diferente. Todos me culpam, todos culpam meus pais... — ela então olhou para Iris, com um brilho de curiosidade em suas orbes safiras. — Menos você.

Iris manteve-se calada.

— Você, Iris... — ela falou com voz extremamente baixa. — Você, acima de todos, que tem motivos verídicos para me odiar... por quê? Por que não me odeia? Por que desde o começo quis se aproximar de mim, mesmo depois de descobrir sobre tudo isso? Por que, Iris? — Louisa perguntou com tom de urgência. Estava nítido o quanto ela necessitava ouvir a resposta.

Iris pensou um pouco, observando o horizonte. A neve havia parado de cair. O céu continuava branco como o leite.

Finalmente encontrou a resposta que ela mesma buscara em seu interior durante todo aquele tempo.

— Porque eu possuo olhos, Louisa. Olhos que veem o certo e o errado. Que veem o bem o mal. Desde o início, eu sabia que você não era uma má pessoa, mesmo com todos dizendo o contrário. Você não é como Charlotte, Glória, e nem como os outros garotos... você é boa, Louisa. — foi sua vez de pegar na mão dela. — E nada disso foi culpa sua. Nem dos seus pais.

Os olhos de Louisa se encheram de água novamente. Ela puxava o ar rapidamente, e sua mão tremia de emoção.

A Northrop então fez algo que Iris nunca imaginou que faria:

Envolveu-a em um abraço.

Iris ficou um pouco desorientada à princípio, mas logo retribuiu o gesto, vendo que precisava daquilo tanto quanto ela.

— Obrigada. — ela disse simplesmente. Não precisava de mais nada.

Separaram-se.

— Bem... — Iris esfregou as mãos. — Vamos entrar agora, ou acabaremos congeladas aqui. — brincou.

— Sim... é melhor. — Louisa assentiu.

Ambas se ergueram. Iris sentia-se finalmente livre, como se um peso de quinhentos quilos tivesse lhe deixado para sempre. Observou Louisa, e desconfiava que o mesmo parecia ter acontecido com ela.

Percorreram a ponte, rumando para a porta que dava acesso ao Pátio do Relógio. Antes de entrarem, Louisa chamou sua atenção.

— Sabe... Eu sempre tive receio e um certo medo dos trouxas, pela guerra sangrenta que aconteceu entre o meu mundo e o seu. — ela então lhe olhou. — Achava que todos vocês eram como narram os contos: maus e egoístas. Mas... você é legal, Iris. Você também é uma pessoa muito boa. — deu um leve sorriso.

Sorriu de volta.

— Fico feliz que ache isso. — falou com sinceridade. Espreguiçou os braços, que estavam um tanto rígidos pelo tempo que passou com eles dobrados sobre os joelhos. — E o amuleto, hein? — voltou ao assunto importante que deixaram de lado por um tempo. — Será que os garotos já pararam de discutir?

Louisa encolheu os ombros.

— Suponho que sim. Mas concordo com o Sánchez. Podemos investigar as torres sem a ajuda do amuleto, não precisamos fazer do sumiço dele uma tempestade.

Iris negou com a cabeça, decidida.

— Não, não. Precisamos sim do amuleto, Louisa. E tenho certeza absoluta de que está com Anne Crystal.

Ela lhe olhou de canto enquanto as duas passavam pelas portas; uma lufada de ar quente e aconchegante as envolveu agora que estavam no interior do castelo.

— E como vai provar isso?

Fez um gesto rápido com a mão.

— Muito simples: vamos pegá-lo de volta. — sorriu, então, maleficamente. — Mesmo que seja preciso recorrer à força física.

Louisa fez uma careta.

— Você já está pensando em brigar? De novo? Eu escutei os comentários da intriga de ontem entre você e a Crystal...

Iris revirou os olhos.

— Aquilo não foi nada... não consegui dar um mísero soco. Não chegou nem perto de uma briga de verdade.

— Hum... — Louisa ergueu as sobrancelhas. — Ouvi dizer que as brigas estilotrouxas são bem dolorosas...

Iris riu.

— Garanto que são bem mais satisfatórias do que as de varinhas. Pelo menos transpassa a verdadeira sensação de vingança feita com as próprias mãos. — olhou-a de canto. — Devia testar qualquer dia desses com a Hevensmith...

Louisa arregalou os olhos.

— Não mesmo! É selvagem e extremo demais... nunca conseguiria.

— Ah, Louisa, que isso. — Iris fez um gesto impaciente. — Eu te ensino a dar um belo gancho. É simples e eficaz!

— "Gancho"? — Louisa indagou, escandalizada. — Está só piorando, Iris!

Iria explicar com paciência o que realmente era um "gancho", quando seus olhos voltaram-se para algo no chão a apenas alguns metros dali.

— Ei. O que é aquilo? — apontou.

As duas se aproximaram, curiosas.

Era um livro. Um livro roxo e brilhante. Finíssimo e pequeno, perfeito para guardar no bolso. Ao Louisa tornar o lado da capa visível, as duas exclamaram em choque.

Diante de seus olhos, o título da obra, feito em letras grandes e brilhantes, exibia:

"Cristal Maldito — Origem e Poderes"


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Não sabem o quão feliz estou por essas duas terem finalmente se acertado ^-^ Foi uma longa jornada, mas no fim valeu à pena. Espero que tenham se emocionando tanto quanto eu com esse capítulo, era um dos que mais estava ansiosa para postar e, olha só! Foi perfeito para o dia de Natal!

Desejo boas festas à todos, e uma virada de ano tranquila e cheia de esperanças para o próximo ano que vem aí. Vamos torcer para que toda essa loucura vivida no decorrer de todo esse ano se resolva definitivamente. Rezem para que as pessoas tenham bom senso e amor uma pelas outras, pois é com base nisso que tudo irá começar a melhorar.

Bem, é isso. Nos vemos ano que vem!

Malfeito, feito. Nox.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Hogwarts e o Mistério do Cristal Maldito — Vol 1" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.