Hogwarts e o Mistério do Cristal Maldito — Vol 1 escrita por Linesahh


Capítulo 55
Capítulo 54 — Sumiço


Notas iniciais do capítulo

Boa noite, bruxinhos!
O capítulo de hoje será bem desesperador!

Boa leitura ♥



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♠ Iris Legraund ♠

 

O problema começou a partir do momento em que Iris abriu a gaveta do criado mudo ao lado da cama. Estranhamente, ela havia acordado cedo naquela manhã e, por não querer ficar mofando na cama esperando o tempo passar, decidiu tomar um banho e descer.

Após gastar um bom tempo lavando seus cabelos — estes, mesmo limpos, ainda encontravam-se com uma espessura levemente rígida —, vestiu o uniforme e rumou em direção ao criado-mudo a fim de pegar a escova de Zoe. Com certeza não faria mal ficar com ela por mais um tempinho...

Entretanto, a mais completa confusão desencadeou-se ao abrir a gaveta de madeira do móvel ao lado da cama.

Ou melhor: um susto da parte Iris.

A escova cor-prata de Zoe continuava ali, intocada, na mesmíssima posição em que Iris a deixara antes de deitar-se na noite anterior.

Mas o amuleto não.

Sua mente custou a assimilar o que uma situação daquelas — onde um objeto desaparece de uma hora para outra — realmente significava.

... E exatamente por isso, Iris pôs-se a se mexer no segundo seguinte: revirou as gavetas, inspecionou o chão abaixo do móvel e da cama, verificou seu malão e o interior de seus sapatos; chacoalhou lençóis, travesseiros e tudo que tivesse de vestimenta até ter enquadrado cada centímetro de seu espaço no quarto por inteiro.

E tudo isso de forma "levemente" desesperada.

"Não, não, não, não....", pensava, começando a ficar verdadeiramente aflita enquanto jogava seus vestidos pendurados no armário sincronizadamente por cima do ombro, buscando captar algum sinal da cor do amuleto, nem que fosse a corrente...

... Ainda assim, não encontrou nada.

— Louisa! — entregando-se de vez ao desespero que lhe atingia, correu até a cama da colega, chacoalhando a pobre coitada freneticamente.

A garota acordou assustada.

— I-Iris! — a voz de Louisa tremeluziu por ter acabado de despertar, contudo, o som voltou ao normal após a menina tossir. — O que foi?

— O amuleto! — sussurrou forte e rapidamente, temendo acordar as outras. — Ele sumiu!

Os brilhantes olhos-safiras de Louisa se arregalaram.

— O quê? — ela começou a puxar as cobertas para o lado. — Como assim sumiu?

— Não sei, eu... — Iris engoliu em seco, secando a testa; estava suando frio. — Sumiu, evaporou. Simplesmente desapareceu!

Após essas palavras, obviamente Iris passou os próximos dez minutos assegurando a uma Louisa cética que possuía a mais absoluta certeza de que estava muito bem acordada e que tinha sim feito uma busca minuciosa do amuleto pelo quarto.

Mas, pelo jeito, sua famosa "palavra de honra" não valia nada na concepção da Northrop, que continuou a insistir numa procura inútil por longos minutos.

Louisa finalmente teve de desistir após se cansar de "revirar" tudo que via pela frente.

Embora extremamente angustiada, Iris conseguiu constar que o verbo "bagunçar" não estava no vocabulário de Louisa — a garota, durante toda a procura, retirou os pertences e vestimentas calma e cuidadosamente dos lugares. Iris, num lapso de impaciência, teve de impedi-la quando ela tentou recolocar os casacos de volta aos cabides.

Finalmente, Iris a puxou pelo braço, descendo para a Sala Comunal. Não havia sentido permanecerem no dormitório.

"O que fazer, o que fazer...?", mordeu os lábios.

Infelizmente estava de mão atadas, não tinha a menor ideia de qual atitude tomar.

O jeito seria esperar o dia realmente começar...

 

[...]

 

— ¿Cómo es que perdiste el amuleto?! — Billy Sánchez exclamou alto, completamente chocado.

Iris o encarava com singela confusão. Piscou repetidas vezes e virou-se rapidamente para Matt.

— Eu não entendo essa língua. — apontou para Billy como se ele fosse uma criatura de outro mundo. — O que ele disse?

Sánchez não pareceu nada feliz, e saiu praguejando mais coisas em espanhol, evidentemente irado. Nessas horas, Iris até mesmo agradecia o fato de não compreender as palavras que saíam de sua boca.

Matt, embora agitado pela revelação que Iris fizera há um minuto, buscou paciência para clarear sua dúvida.

— Ele perguntou como você conseguiu perder o amuleto. — traduziu.

— Eu não perdi... — Iris retrucou, nervosa. — Não faço ideia como...

— Se ele não está mais em sua posse, então podemos sim considerá-lo como perdido. — Matt a interrompeu. Ele tentou soar irritado, mas via-se claramente que a preocupação estava ganhando peso em seu interior.

Louisa não dizia nada. A garota estava parada perto de uma carteira de madeira que tinha algumas lascas despontando de sua superfície escura. Os quatro grifinórios encontravam-se em uma sala de aula qualquer — Billy e Matt tendo sido praticamente arrastados até lá pela ruiva.

Afinal, Iris precisava de um lugar reservado para soltar a bomba.

E ela, definitivamente, não foi bem recebida.

— Mas e agora?! — Matt jogou-se em um dos assentos, inclinando-se sobre a mesa, as mãos repousadas nos cabelos como se sentisse uma enorme dor de cabeça. — Como iremos prosseguir? Estávamos tão perto...

Iris sentiu-se a pior pessoa do mundo.

Ainda que não quisesse admitir, devia ter sido mais cuidadosa em relação ao amuleto...

... E, mesmo que não falassem em voz alta, via-se claramente que os meninos estavam pensando exatamente a mesma coisa.

— A questão agora é descobrir quem o pegou. — relembrou Louisa, um tanto cautelosamente. Na visão de Iris, a garota não demonstrava desespero, raiva ou qualquer grande preocupação com a situação. Na verdade, o sumiço do amuleto parecia ser algo que ela já esperava. — Se formos analisar os suspeitos mais prováveis, poderíamos considerar o tal de "ele", não? — ela encolheu os ombros. — Até onde sabemos, é a única pessoa que certamente deveria estar procurando pelo amuleto...

— E pelo jeito deve ter encontrado. — Billy entortou a boca amargamente.

— Não... — Iris murmurou de repente, franzindo o cenho.

Uma luz acendeu-se em sua cabeça.

Levantou os olhos rapidamente ao lembrar de algo importante.

— Não! Pode ter sido outra pessoa que tenha pegado! — revelou agitada.

Matt, que ainda parecia imensamente frustrado, olhou-a sem muito entusiasmo.

— E quem seria essa pessoa?

— Anne Crystal. — pronunciou com voz verídica. — Só pode ter sido ela! Há alguns dias, flagrei-a analisando o amuleto com as próprias mãos, e mais: ela estava apresentando um nível de interesse nitidamente perceptível enquanto olhava-o.

— Por Dios, no creo... — Billy gemeu em completa lástima. — Não me diga que você deixou o amuleto em cima de algum glorioso pedestal com uma placa dizendo: "Aqui está um raríssimo, sinistro e misterioso objeto que por acaso serve para encontrar o pedaço escondido do Cristal. Pode pegá-lo, não está à venda" em um lugar qualquer, deixou, Legraund? — ele olhou-lhe desacreditado. — Como, em nome de Merlin, você pôde permitir que a peor persona posible tivesse acesso ao amuleto?

Antes que Iris pudesse retrucar que jamais faria uma idiotice daquelas de propósito, e que o verdadeiro tapado da história era ele por especular algo tão idiota assim, Matt tomou a palavra, ainda bastante amargurado.

— É, com certeza foi a Crystal... — ele batucou os dedos na mesa, nervoso. — Ah, mas que situação! E agora? Como iremos investigar toda aquela área enorme das doze torres? E sem o amuleto?

O silêncio reinou por alguns segundos.

Iris viu Billy abrir e fechar a boca três vezes antes de expor:

— Miren — ele começou, um pouco mais calmo e concentrado. —, acho que, talvez, não é preciso transformarmos isso em um problema tão catastrófico assim... — falou categórico. — Sentimos o amuleto esquentar perto das doze torres, não sentimos? Então o pedaço do Cristal está dentro de alguma delas. Isso já é o bastante para começarmos a procurar em uma de cada vez. — ele deu de ombros, como se tentasse amenizar o clima tenso e desesperançoso que foi criado.

Contudo, não demorou muito para que Matt discordasse do ponto de vista do amigo.

— Está maluco, Billy? É extremamente arriscado andarmos por lá sem termos a menor noção da localização exata do Cristal Maldito. — ele levantou-se. — Seria a maior idiotice que já teríamos feito. Precisamos do amuleto. — declarou firme.

Billy encarou-o torto.

— Como assim, hermano? "Maior idiotice"? — repetiu, como se o único grande idiota no momento fosse Matt. — Já fizemos coisas muito mais perigosas do que isso. Não me diga que está com medo...

Desde pequena, Iris notava que quando aquele tipo de insinuação era feita sobre algum menino, devia tratar-se de uma "ofensa-gravíssima-contra-a-masculinidade".

E com Matt não foi diferente.

O rosto do garoto avermelhou-se como se fosse pimenta quase que instantaneamente.

— Não diga idiotices, Billy! — falou bravo. — Que eu me lembre, não fui eu quem se escondeu debaixo da saia da tia por causa de uma mísera mão com dedos de trasgo que ficava andando pelos móveis...

— Eu só tinha seis años, meu caro amigo. — Billy levou a discussão adiante. — E para sua informação, eu tinha me enfiado debaixo da mesa...

— Ah, e a "mesa" por acaso é exatamente onde se situa as pernas da sua tia? — Matt relembrou, sarcástico.

Iris suspirou. Eles estavam com um baita problemão para resolver e aqueles idiotas só pensavam em suas próprias besteiras...

Cansou-se daquilo.

Deu meia volta, já prevendo que, daquela pequena "reunião", não sairia mais nada de bom ou produtivo.

Após sair da sala, nem bem deu dois passos antes de sentir alguém vir a seu encalço.

— Iris — "Ah, é só a Louisa", pensou ao vê-la, continuando a andar. —, eu queria dizer que não precisa sentir algum tipo de peso na consciência ou algo semelhante... — Iris atentou os ouvidos automaticamente, prestando extrema atenção na outra. — Poderia ter sido qualquer um que tivesse perdido o amuleto. Acontece.

De repente, uma enorme sensação de "Ela está me fazendo de idiota ou o quê...?" recaiu sobre Iris.

Parou e virou-se para a menina de cabelos claríssimos, aderindo um semblante duvidoso, confuso e desconfiado.

— O quê?

Louisa lhe olhou sinuosamente.

— Eu... Bem — ela pigarreou. —, estou dizendo que você não teve culpa...

Iris continuou com os pensamentos embaralhados indo e vindo em sua mente, olhando para Louisa como se estivesse pela primeira vez tentando realmente descobrir qual era a intenção dela.

Como era de se esperar, Iris não teve muitos frutos. Por isso, a única declaração que conseguiu fazer foi:

— Eu não entendo você.

Louisa franziu o cenho, sem entender. Mas Iris percebeu que ela havia ficado singelamente incomodada.

— Como... — ela começou, porém, refez a pergunta: — Por que diz isso? — indagou por fim.

Iris mostrou-se ainda mais suspicaz...

Mas resolveu ir em frente.

— Oras, não é óbvio? — abriu os braços. — Uma hora você age de uma maneira, para depois agir de outra completamente diferente. — falou na defensiva. — Como agora por exemplo: ontem estava sendo a maior chata comigo, e de repente está aqui, me consolando. — expressou a grande confusão que sentia. — Eu não entendo você.

O rosto de Louisa assumiu uma expressão nada boa imediatamente.

A menina prensou os lábios.

— E você acha que eu te entendo, Legraund? — perguntou, quase furiosa. — Para você saber, eu tinha reconhecido que fui sim um pouco injusta ontem. Mas você parece reclamar de tudo! Tanto nos momentos em que eu pareço te incomodar, mesmo não sendo de propósito, assim como nas ocasiões em que pretendo me desculpar. — ela pareceu frustrada. — Olhe, não se preocupe — ela ergueu a mão. — , não precisa tentar me entender. Quando toda essa história do Cristal Maldito terminar, poderemos finalmente seguir nossos próprios caminhos, assim como procurar pessoas que nós realmente consigamos compreender.

Após dizer isso, Louisa saiu batendo o pé.

Normalmente Iris também sairia da mesma forma, praguejando sobre o quanto aquela garota era mimada...

... Só que, naquele momento, apenas sentiu cansaço e um sentimento de erro por sua atitude.

Porque Louisa até que tinha razão.

Iris podia não compreendê-la, mas isso não queria dizer que Louisa não se encontrava na mesma situação.

E em relação à própria Iris.

Foi bombardeada por diversas incertezas e dúvidas, todas relacionadas diretamente com aquele assunto — assunto esse que Iris prometera não abordar novamente nunca mais em sua vida.

... Contudo, viu que era hora de se render ao medo, a preocupação e a dor que aquele dia, aquele tenebroso dia, ainda lhe causava até hoje.

Estava na hora de colocar tudo para fora. E com a pessoa que mais tinha relações próximas com tudo aquilo, mesmo que indiretamente.

Teria a tão esperada e definitivamente difícil conversa com a Northrop.

Conversa essa que narrava como um familiar de Louisa, que possuía seu mesmo sangue, tirou a chance de outra pessoa construir esse laço, mesmo que em forma de sentimentos, com sua futura família.

Fazendo um esforço sobrehumano para ignorar o orgulho, o que era algo bem difícil, Iris foi atrás da garota, pegando em seu braço.

— Espera aí, Louisa. — a outra se virou, ainda desagradada. Iris buscou se acalmar, evitando por perder os "bons-modos". — Acho que nós... Não. — se corrigiu. — Ouça: precisamos resolver essa situação entre nós duas. — esclareceu por fim.

Louisa permaneceu lhe mirando de forma estressada, mas mostrou-se prestar atenção.

— Como assim?

Iris desviou a cabeça para outra direção, comprimindo os lábios.

Sentiu seu peito ir sufocando lentamente.

— Olhe, eu... Eu tenho que te contar sobre... — alguns alunos passaram pelo corredor, fazendo a voz de Iris morrer. Fechou os olhos, buscando inspiração. — Já sei. — olhou para Louisa. — Vamos para outro lugar. Siga-me.

Enquanto ia rumando para o local fixado em sua mente, escutando os passos cautelosos de Louisa logo atrás, respirou fundo, preparando-se para a conversa que, de longe, prometia ser a mais difícil de sua vida. 


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Notas finais do capítulo

Acertou, hein, Gabriel? Realmente alguém roubou o amuleto, hehe Agora saber quem foi que é a questão. O que vocês acham?

E finalmente teremos a tão esperada conversa entre Iris e Louisa! Glória, irmãos! Aleluia! O que será que vai sair dessa conversa? Reconciliação? Briga?

Nos vemos no próximo capítulo ^-^

Malfeito, feito. Nox.



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