Hogwarts e o Mistério do Cristal Maldito — Vol 1 escrita por Linesahh


Capítulo 54
Capítulo 53 — Louisa, a "Vilã"


Notas iniciais do capítulo

Só pelo título já dá pra ver que esse capítulo não vai ser coisa boa...
Capítulo dedicado à você, Gabriel ♥
Boa leitura!



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♠ Iris Legraund ♠

 

Em meio à um silêncio sepulcral, um grito horrorizado e estridente cortou o Pátio de Transfiguração:

— Não!! Por Deus, alguém tire ele daí! Por favor!!!

Suzanne Roowar chorava em completo desespero. Seus joelhos fraquejaram, fazendo-a cair no chão nevado.

Uma figura altiva, então, impôs-se diante de todos. Era o prof. Dumbledore. O homem aparentava estar centrado ao mesmo tempo em que uma parcela de evidente preocupação e confusão jaziam presentes em suas íris azuis. Ele não tardou em sacar a varinha das vestes. Apontou-a diretamente na direção do boneco de neve onde Setrus estava preso há exatos dois minutos.

— Finite. — ele pronunciou.

Os alunos resfolegaram e suspiraram em alívio. Com o prof. Dumbledore salvando a pátria, nada poderia dar errado...

... Ou talvez sim.

O boneco continuava intacto, sem apresentar nenhuma reação de que iria se desintegrar e libertar Setrus. Os queixos gerais caíram em descrença. Como era possível um feitiço de Alvo Dumbledore dar errado?!

O rosto do professor continuou calmo, entretanto, um fio de ligeira seriedade e curioso compreendimento varreu sua expressão. Iris o observou murmurar algumas palavras inteligíveis antes de apontar a varinha novamente para Setrus, sua voz saindo com intensa autoridade agora:

— Finite!

Deu certo. O boneco se desmanchou num piscar de olhos.

Derek Hawley quase chorou de alívio ao ver o amigo ressurgir da fumaça esbranquiçada; contudo, teve de tomar uma atitude rápida ao ver que este estava inconsciente: amparou-o desajeitadamente nos braços.

Gritos de alívio e comemoração varreram os alunos. Todos se embolaram ao redor dos dois garotos, preocupados e curiosos para ver o estado do Fisheer; no entanto, o prof. Dumbledore mandou-os se afastar na mesma hora.

— O sr. Fisheer precisa de espaço, todos para trás. — ele adentrou o grupo com imponência. Pela primeira vez ele estava cem por cento sério. — O levarei imediatamente até a Ala-Hospitalar. A brincadeira acabou. Todos para o dormitório imediatamente.

Ninguém ousou retrucar.

 

[...]

 

A Sala Comunal estava lotada.

Depois que as aulas terminaram, todos os grifinórios se juntaram na torre, a maioria tendo ouvido os boatos assustadores do que acontecera na aula de Transfiguração. Iris estava de pé ao lado da poltrona em que Derek Hawley se encontrava. Muitos colegas rodeavam o garoto, que parecia imensamente baqueado.

— Eu não sei o que houve... O boneco simplesmente não quis desaparecer. — ele explicava repetidas vezes aos que chegavam para questionar.

Iris tinha uma sensação engraçada presa ao peito, como se estivesse escondendo alguma coisa... E que todos não tardariam a descobrir...

E ela estava certa.

— Quem foi o responsável por enfeitiçar a bola de neve que atingiu o Fisheer por último? — Mirela Allen perguntou com interesse.

O silêncio reinou.

Anne Crystal, por fim, foi quem o quebrou.

— Lembrei! — ela estalou os lábios. — A bola de neve veio da dupla Legraund e Northrop! Louisa quem estava enfeitiçando a neve, se não me falha a memória... — a insinuação na voz dela ficou evidente até para o mais lerdo retardatário.

Todos os olhos voltaram-se para Iris, no meio do aglomerado, e para Louisa, parada perto da lareira, longe de todos.

Pimba. Era exatamente essa a preocupação que rondava sua mente desde o início.

— O quê? — a voz de Iris saiu automaticamente. Logo, balançou a cabeça em negação. — Isso não tem absolutamente nada a ver....

— E como pode ter certeza? — Anne retrucou, um sorriso luminoso abrindo-se em seu rosto. — Ninguém sabe o que um Northrop pode fazer para conseguir o que quer. Uma só vítima não deve ser nada demais comparado ao que fizeram no passado.

Ao ver que a maioria ia concordando com o ponto de vista da Crystal, Iris sentiu seu peito afundar. Sua respiração ficou rápida. Com o canto dos olhos, viu uma figura de cabelos quase brancos desaparecer silenciosamente para o dormitório.

Aparentemente, Louisa não queria comprar briga naquele dia.

... O que não era o caso de Iris.

— Você faz ideia do que está insinuando, Crystal? — sua calma começava a ir embora. — Como pode ser tão injusta? O que ela fez para você odiá-la tanto?

— Garotas, sem brigas, por favor... — Mirela Allen tentou amenizar o clima.

— Mas a Crystal não está de toda forma errada. — Nathan Warris interrompeu a discussão, incomodado. — Essa família tem sim uma coisa muito errada... Não acho que seja coincidência. Para mim, a Northrop, assim como todos os seus "queridos" familiares — disse com nojo. —, são todos da mesma laia.

— Nathan, é uma boa hora para você fechar a matraca... — Mirela censurou.

Anne soltou uma risada de escárnio.

— Vocês nascidos-trouxas são mesmo muito tapados...

Mirela ergueu as sobrancelhas.

— Como é?

Anne não fez-se de rogada.

— Vocês sabem que o mundo não-bruxo foi tão afetado pelos Northrop quanto o mundo bruxo. E mesmo assim agem como se Louisa fosse uma inocente. — ela fez expressão de desagrado, suas próximas palavras saindo com intenso veneno: — Tenho certeza de que suas atitudes seriam opostas se algum pai, mãe ou irmão seus estivessem naquele orfana...

Iris não se segurou. Empurrou Anne com força, fazendo-a cambalear e ser amparada por Suzanne Roowar e Darlan Couston.

— Cale essa maldita boca! — gritou em completa fúria.

Pela primeira vez, Anne parecia estar assustada. Ela tentou balbuciar um pedido de desculpas, o que só fez com que Iris sentisse ainda mais raiva dela. Cerrou o punho; contudo, não teve a chance de afundá-lo no olho de Anne por ter sido detida.

— Iris, pare. — Matt Ryman segurou seus pulsos. Ele a olhava extremamente sério. — Não piore as coisas.

Iris não soube dizer o que exatamente foi responsável pela calmaria iminente em seu interior. Talvez tenha sido a voz grave dele, ou a intensidade nos olhos verdes, ou simplesmente o fato de ter sido a primeira vez que o ouvia pronunciar seu primeiro nome...

... Ou talvez fosse o fato de Minerva McGonagall ter chegado naquele instante, com sua estatura fria e autoridade altamente nítida, fazendo todos se calarem em uníssono.

— Chega de brigas. Agora. — a voz dela foi tão resoluta e determinada que não demorou nem meio segundo para ter o completo controle da situação.

... É. Esse detalhe com certeza foi o responsável pela calmaria súbita da ruiva.

Iris, num gesto brusco, fez com que o Ryman a largasse. Levou as mãos ao rosto por poucos segundos. Agora que a raiva havia passado, apenas sentia cansaço e arrependimento com a situação.

A voz da monitora adentrou seus ouvidos:

— Apenas não as levo para o zelador Rancorous pelo motivo de compreender que estão com os nervos à altura pelo incidente de hoje à tarde.

Iris fez gestos afirmativos com a cabeça, os olhos fixos no chão. Não queria ver Anne tão cedo.

— Viu o Fisheer na Ala-Hospitalar, Minerva? — Couston indagou, retornando ao assunto mais imediato.

A garota suspirou.

— Vi o prof. Dumbledore o levando até lá. Não se preocupem, ele já está acordado e bem. — tratou de complementar, aliviando Derek e Suzanne. — Apenas me intrigou a conversa que ouvi do prof. Dumbledore com o prof. Hughes... — ela franziu o cenho. — Ele disse algo sobre o Cristal Maldito.

Exclamações altas preencheram a Sala Comunal.

— Isso é sério?!

— O Cristal fez aquilo com o Setrus?

— O que mais você ouviu?

Minerva tentou acalmar os colegas, dizendo que não tinha certeza de nada, somente repetiu que ouviu eles falando do Cristal.

— Apenas não sei de que forma ele teve um envolvimento nisso. — ela encolheu os ombros. — Ninguém quer nos contar nada... — seus olhos esverdeados se estreitaram. — Mas que algo muito errado está acontecendo, isso ninguém pode negar.

Com isso, todos passaram o resto da tarde criando mil hipóteses, das mais mirabolantes, sobre o pedaço do Cristal Maldito. Onde ele estava (a maioria votou nas cuecas do zelador Rancorous), o que fazia (isso todos já sabiam) e quem seria a próxima vítima cristalizada (15% votaram em Charlotte Hevensmith; 15% August Lestrange; 20% Victor Black; e 50% em Louisa Northrop).

Iris passou todo o tempo sentada em frente à lareira, mirando as brasas fixamente, sem interesse em participar das conversas. Finalmente a hora do jantar chegou. Enquanto todos iam saindo pela porta do retrato, Iris, depois de uma intensa divagação, decidiu ver como Louisa estava lá em cima.

Adentrou o quarto de forma cautelosa, afinal, talvez a garota já estivesse dormindo...

No entanto, encontrou Louisa sentada em sua cama, bem acordada. Seus olhos estavam fixados em uma foto que tinha em mãos. Aparentemente, não havia reparado que Iris estava presente.

Aproximou-se silenciosamente. Conseguiu ver, num vislumbre, o que a foto exibia. Haviam três pessoas gravadas: uma mulher idêntica a Louisa, só que adulta, um homem muito atraente, e uma garotinha pequena de cabelos claríssimos e olhos azuis-safira.

A família de Louisa.

Como todos os retratos do mundo bruxo, este se movia. Louisa e os pais pareciam estar em um jardim muito florido em pleno verão. Pareciam radiantes. Aquele dia, decididamente, havia sido bom.

Pela primeira vez, Iris viu um sorriso sincero e luminoso no rosto de Louisa enquanto esta, anos mais jovem, olhava para os pais radiantes, um de cada lado. Ela parecia ter sido uma criança muito alegre.

Sabendo que era errado invadir a privacidade dos outros, Iris pigarreou. Louisa foi arrancada de seus pensamentos, guardando a foto com rapidez em seguida.

— O que quer, Legraund? — a voz dela estava baixa e amargurada.

Iris ficou um pouco sem jeito. Ela devia ter chorado...

— Só queria chamá-la para o jantar. — disse.

Louisa soltou uma risada sem emoção.

— Para ouvir mais acusações? Que sempre sou a vilã da história? Agradeço, mas prefiro ficar aqui.

Iris resolveu ser direta; de nada adiantava fingir que estava tudo bem.

— Olhe, Louisa, você não deve levar à sério o que eles dizem... — suspirou. — Se você sabe que é inocente, nada mais import...

— Chega, Iris! Já chega disso! — ela levantou-se, alterada. — Não aguento mais fingir que está tudo bem! Que sou forte, que não me importo com o que dizem, porque eu me importo sim! — lágrimas inundaram seus olhos— É muito difícil viver em um lugar que todo mundo te despreza. Você não sabe o que é isso. Eu estou cansada, farta de tudo... — ela então baixou os olhos para o chão. — ...Eu só quero ir para casa.

E foi aí que Iris viu que não tinha vez para falar.

Do que adiantaria? Louisa estava certa. Suas palavras não iriam mudar absolutamente nada.

Ela quem era a odiada.

— Bem... — desviou os olhos, não sabendo bem o que dizer. — Errr... Estou com fome. Até. — saiu do quarto.

Já na metade das escadarias, rumando até a Sala Comunal, parou e afundou o rosto nas mãos.

— Você é péssima, Iris Legraund. Péssima.

Depois daquele dia horrível, tinha esperanças de que só uma coxa de frango extremamente suculenta pudesse fazer tudo melhorar.

 

[...]

 

Uma hora mais tarde, Iris encontrava-se na cama.

Havia comido pouco e logo subiu para o dormitório em seguida. Louisa já estava dormindo, o que era um alívio. Havia sido um dia cheio. Iris sentia que sua cabeça precisava urgentemente descansar. Contudo, ainda tinha que pensar nas descobertas do dia de hoje. O pedaço escondido do Cristal Maldito estaria mesmo dentro de uma daquelas doze torres?

E se estivesse? O que fariam depois?

Até agora não tiveram uma única pista de quem poderia ser esse tal de "ele". Os sonserinos não revelavam nada, pois não podiam (Louisa tivera de explicar pacientemente para Iris que quando se é alvo de um feitiço da Língua-Presa, é impossível abrir o bico em certas situações), e ninguém dera falta de nenhum amuleto desaparecido até agora.

... Claro que havia a alternativa de essa pessoa não querer se revelar, principalmente se possuísse más intenções em relação ao pedaço do Cristal Maldito.

O primeiro passo era investigar as Doze Torres e localizar de uma vez por todas esse artefato que estava causando dor de cabeça em todos desde o início do ano letivo. E ainda tinham que fazer isso logo, o mais rápido possível, antes que o Cristal decidisse fazer uma nova vítima. Iris tinha receio de não conseguir controlar o desespero se visse mais alguém sendo pego...

"É isso", decidiu. Esticou-se para guardar a escova prateada de Zoe na gaveta do criado mudo. "Irei propor que investiguemos aquela passagem das torres amanhã mesmo!".

Levantou-se por alguns segundos. Olhou-se no espelho. Estava mais pálida que o habitual e seu cabelo estava completamente horrível por causa da neve de mais cedo. O lavaria no dia seguinte.

Sentou-se novamente na cama, pegando o amuleto que havia repousado acima de seu travesseiro após ter retirado o casaco ainda há pouco.

Estava gelado. A letra "O" grifada em tinta verde fluorescente resplandecia lindamente. Pelo seus cálculos, mais uma semana e a sequência terminaria de novo...

Ou, pelo menos, acreditava que seria assim novamente.

Analisou-o por alguns segundos. Era apenas um objeto comum, mas dava-se para sentir um poder distinto que emanava dele. Sua habilidade em localizar o pedaço do Cristal era algo extremamente surreal, considerando que todos procuravam pelo artefato escondido há meses.

Não era coincidência. Alguém havia programado esse amuleto. Estava procurando pelo Cristal Maldito.

— À quem você pertence?... — murmurou para o nada.

Guardou-o na gaveta, juntamente com a escova de Zoe. Normalmente o deixava consigo na cama, guardado dentro de algum bolso do pijama. Entretanto, decidiu deixá-lo ali por aquela noite.

Deitou-se e cobriu-se até o pescoço, verificando se seus pés estavam devidamente cobertos pelo fofo tecido carmim. Seus olhos logo pesaram. Uma brisa gélida adentrou o quarto, tomando um caminho reto até o rosto de Iris. Olhou para o lado e viu que a janela estava entreaberta.

Não pôde deixar de resmungar. Já estava bem quentinha em sua cama...

A preguiça falou mais alto. Virou o rosto para o outro lado, a fim de não ser atingida pela brisa gelada de Inverno. Suzanne, frienta que só ela, com certeza fecharia a janela no momento em que pusesse os pés no quarto, o que não devia demorar...

Fechou os olhos e finalmente entregou-se ao sono que necessitava mais que os batimentos cardíacos que a mantinham viva.

Dormiu muito bem, como há muito tempo não dormia.

... Iris nem ao menos desconfiava que tudo iria por água abaixo no momento em que acordasse no dia seguinte.


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Notas finais do capítulo

Por quê? Por que não deixaram a Iris socar a cara da Anne???? PELO AMOR!!!! Eu queria tanto presenciar esse momento, buáaaaa!!!
kkkkkkkkk choradeiras às partes, o que acharam do capítulo? Pobre Louisa, não é? Sempre é com ela...
O que será que irá acontecer na manhã do dia seguinte? Alguém aí tem alguma ideia? Diga pra mim ^-^

Malfeito, feito. Nox.



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