Hogwarts e o Mistério do Cristal Maldito — Vol 1 escrita por Linesahh


Capítulo 52
Capítulo 51 — Uma Aula Peculiar




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♠ Iris Legraund ♠

 

Iris ficou feliz de não ter ido se trocar após saírem daquela passagem que levava às doze torres. Afinal, um pouco mais tarde, ela e sua turma tiveram aula de Transfiguração no Pátio de Transfiguração novamente, e suas vestes ficariam imundas com a leve nevasca de qualquer maneira.

Todos encontravam-se animados. Essa atitude era quase lei nas aulas de Transfiguração, ainda que suas empolgações não estivessem diretamente relacionadas à matéria em si, e sim, ao prof. Dumbledore.

Naquele dia, o professor finalmente decidiu terminar com as aulas de transfigurar palitos em agulhas e anunciou que passariam para uma nova e mais difícil etapa: transformar pequenas caixinhas de madeira em relógios de bolso.

Não foi complicado para que todos deduzissem que aquela tarefa deveria ser dificílima e extremamente complicada (principalmente para os que haviam deixado vestígios de madeira em seus palitos/agulhas — Setrus e Zoe eram um exemplo bastante favorável); no entanto, aceitaram o desafio com altivez.

... E, como sempre, não demorou muito para que os praguejos e xingamentos começassem a ecoar pela área aberta do pátio coberto pela neve que alcançava os tornozelos dos alunos, as sibilações perdendo-se no vento gelado.

Iris, por outro lado, não estava nem um pouco interessada na tarefa, o que era decididamente raro de se acontecer — sobretudo em uma aula do prof. Dumbledore.

Pronunciou o feitiço "Horologium" algumas poucas vezes; contudo, não deveria estar prestando de fato muita atenção, pois notou que passara os últimos cinco minutos apontando a varinha para uma pedra.

Mas ela não podia se culpar. Seus pensamentos estavam longe, perdidos na investigação de mais cedo.

O amuleto realmente esquentara. Ele anunciou a provável localização do pedaço do Cristal Maldito, que devia estar alojado em uma daquelas Doze Torres...

Sentia-se elétrica e empolgada demais para pensar em outra coisa. A ânsia de voltar lá e explorar mais e mais a consumia por inteira. Queria que fossem o mais cedo possível, talvez naquele dia mesmo depois da aula de Transfiguração, isso se seus companheiros de equipe aceitassem, é claro...

— Vejo que parece estar tendo dificuldades com a tarefa de hoje, srta. Legraund. Gostaria de receber outra exemplificação?

Iris levou um pequeno susto ante a interrupção de seus pensamentos, virando-se e se deparando com a figura bondosa do prof. Dumbledore.

Ficou um pouco sem jeito. Sempre que o professor estava perto demais ou se dirigia a sua pessoa, Iris tinha aquela nítida sensação de que era apenas um mero ser insignificante na presença de um deus.

— Não é necessário, prof. Dumbledore... — enrubesceu um pouco. — Apenas não estou num bom dia para enfeitiçar. — deu de ombros.

— Não é muito difícil de compreender, devo ressaltar — ele falou. — Ouvi dizer que possui um gênio bem forte em competições, srta. Legraund, o que pode explicar o fato de a senhorita sentir-se um pouco entediada em tarefas mais amenas. O prof. Lukar comentou com todos sua performance na aula de Voo algumas semanas atrás. Acredito que possa se tornar uma ótima jogadora de Quadribol.

Iris não pôde deixar de olhá-lo surpresa. A sinceridade na voz do professor foi real, deixando-a entre dúvidas. Nunca havia pensado nessa possibilidade.

"Mas deve entender que nem sempre temos o que desejamos. — ele continuou. — A derrota é tão importante quanto a vitória em nossas vidas, pois nos tornamos mais fortes ao passarmos por elas e transformá-las em ensinamentos para alcançarmos o triunfo futuro."

Iris não compreendeu ao certo o que ele quis dizer — o professor tinha uma dicção que desorientava qualquer um —; contudo, um fato ficou nítido:

Ele sabia de alguma coisa.

"Derrota", "vitória", "triunfo futuro"... Por que falaria em forma de metáforas?

Iris apenas acenou, escolhendo manter-se na completa ignorância.

— Certo, eh... Obrigada pelas... Elucidações. — disse respeitosamente.

Antes que pudesse se retirar, porém, o prof. Dumbledore a deteve.

— A propósito, deixou isso cair, srta. Legraund.

Iris sentiu o coração falhar uma batida ao ver o amuleto pendurado nos dedos do professor, balançando de um lado para outro, como se dissesse: "Alôou, estou aqui!".

Um intenso nervosismo assolou-lhe por inteira. Como diabos havia deixado aquela droga cair?!

— Er... N-não, quer dizer, sim, isso é meu! — embolou-se, estendendo a mão rapidamente. — Não reparei em sua queda. Agradeço pela gentileza. — seu sorriso saiu tenso.

Desejou que o professor entrega-se logo o amuleto, antes que algum de seus "parceiros-de-investigação-ao-Cristal-Maldito" visse que ela deixou que alguém soubesse da existência do objeto precioso.

... Principalmente tratando-se de um professor.

Iris sabia que se o prof. Dumbledore desconfiasse de alguma forma das utilidades do amuleto, teria de dá-lo a ele na mesma hora. E sabia que ele levaria-o diretamente ao diretor Dippet que, com certeza, iria querer manter sigilo total...

... O que, no vocabulário de Hogwarts, queria dizer "da conta de todo mundo".

Isso deixaria o tal de "ele" a par da situação, o que poderia resultar em tentativas de essa pessoa misteriosa querer obter o amuleto de volta.

E isso não podia acontecer em hipótese alguma.

Os segundos em que o prof. Dumbledore passou analisando curiosamente o amuleto pareceram uma eternidade para Iris.

— Hum... Um objeto interessante, devo dizer. Peculiar de muitas formas... — ele comentou. Finalmente, ele devolveu-o para a garota, que escondeu um suspiro de alívio.

... No entanto, pensou ter visto os olhos azuis do professor cintilarem levemente ao dar uma última olhada no amuleto antes de entregá-lo.

— Obrigada novamente, professor. — agradeceu, colocando o amuleto imediatamente na segurança de seu bolso.

— Não tem de quê. — ele sorriu, cortês. — Apenas tome cuidado com o que deixa cair por aí, srta. Legraund. Existe o risco de desencadear incidentes desagradáveis. — dizendo isso, ele acenou e se afastou, indo ver seus outros colegas que tentavam enfeitiçar as caixinhas.

Iris ficou alguns segundos parada no mesmo lugar, tentando digerir as últimas palavras do professor.

E, novamente, teve aquela sensação de que o homem desconfiava de alguma coisa em relação ao que ela e seus colegas estavam aprontando...

... Ou talvez fosse apenas coisa de sua cabeça. O prof. Dumbledore poderia ser excêntrico, às vezes.

Olhou para a esquerda, focalizando Louisa em sua visão. A garota estava perto de algumas pedras altas, o reflexo de um relógio perfeito cintilando em suas mãos. Aparentemente (como de costume), Louisa não tivera problemas com o novo feitiço.

Aproximou-se dela.

— Hey, Louisa. — a garota virou o rosto em sua direção um pouco surpresa. Quando parou em sua frente, Iris conseguiu sentir a intensidade do ar baixar, como se a atmosfera tivesse ficado levemente pesada.

A conversa que haviam tido no dormitório no dia da cristalização de Sebastian ainda incomodava a cabeça de ambas, evidentemente.

Iris acabou por desviar os olhos para outra coisa que não fosse o rosto da Northrop, visando o relógio em sua mão.

— Vejo que já conseguiu cumprir a "missão". — comentou. — Estou bem atrasada, pelo jeito. — passou a caixinha amadeirada de mão em mão, encolhendo os ombros.

Louisa apenas fez um meneio com a cabeça.

— Não é muito complicado. Achei até mais fácil que o da agulha...

"Claro que achou...", sacudiu com a cabeça levemente, escondendo a expressão de ludíbrio.

— Bem — decidiu ir ao assunto principal. —, continuaremos com a investigação mais tarde? — perguntou, exprimindo ansiosidade.

Louisa fez cara de dúvida.

— Hum, não sei... Talvez seja cedo demais. Mesmo que o prof. Marshall não tenha suspeitado de nada, acho que é melhor esperarmos um pouco.

Iris não escondeu a insatisfação.

— Oras, todos combinamos que é melhor não perdermos tempo. Por mim, iríamos logo depois da aula. — encolheu os ombros. — Perguntarei aos garotos o que eles acham... — deu uma rápida olhada na direção deles, adquirindo instantaneamente uma expressão aborrecida. — ... Contudo, ao que parece, eles talvez não deem muita atenção...

Ambas voltaram os olhos para Billy e Matt. Estes pareciam estar em mais uma de suas novas competições: ver quem transfigurava mais caixinhas de madeira em relógios, não se importando em utilizar as caixinhas da maioria dos colegas (com autorização destes ou não).

Emily Parker foi uma das "felizardas". A garota pareceu ficar extremamente lamuriada ao sua peça ter sido "pega emprestada" por alguns minutos (como prometera um Sánchez bastante pilantra, por sinal) e agora estar em posse dos dois garotos, que exibiam suas conquistas com satisfação.

O prof. Dumbledore acabou por não notar esse pequeno episódio. Aparentemente, ele estava ocupado demais observando uma mini montanha de neve particularmente redonda, localizada um pouco longe dali, absorvido em divagações.

Iris voltou o olhar entediado para Louisa, que observava Zoe Hill se desmanchar em lágrimas após sua caixinha se tornar a mais nova vítima da competição dos meninos. Louisa mantinha uma expressão incomodada em seus finos traços.

— E então? Acho que a decisão caberá a nós. O que me diz? — chamou a atenção da Northrop, que precisou de alguns segundos para compreender sobre o que Iris estava falando.

— Ah... Bem — ela piscou um pouco embaralhada. —, acho que devemos esperar, assim como disse antes. Além disso, se o Cristal está mesmo lá, temos que tomar um certo tipo de cuidado. Vic... — ela engasgou-se por um momento, mas logo continuou: — Victor disse que sente um ar estranho naquelas bandas... — disse em um tom mais baixo, desviando o olhar para o chão.

... Só então Iris deu-se conta que Louisa ficara um pouco... retraída ao falar sobre o Black.

Exatamente como todas as vezes em que o nome de algum dos sonserinos (principalmente Victor e August) eram mencionados.

Não conseguiu conter um comentário que guardava já há algum tempo em sua mente:

— Sabe uma coisa que eu acho estranha? — ergueu as sobrancelhas para ela. — O fato de você ter insistido com tanta resistência para não ter que falar com Victor Black... — inclinou a cabeça para o lado, analisando-a atentamente. — ... e depois ter feito isso de uma hora para a outra, sem nenhum de nós termos te obrigado. Sabe, o que estou querendo dizer é que não entendo nem um pouco você, Louisa.

A garota entrou instantaneamente em modo defensivo. Iris conseguiu até mesmo sentir um muro sendo erguido à sua volta.

— O que está querendo insinuar, Legraund? — ela indagou, incomodada.

— E lá vamos nós retornar com os tratamentos formais, não é mesmo, Northrop? — bufou. — O que estou dizendo é que você fala diversas coisas, mas acaba fazendo exatamente o contrário no final. Não entendo você. — repetiu com mais ênfase.

Louisa fechou a cara, seus olhos adquirindo um brilho frio.

— Está me chamando de hipócrita?

O tom dela saiu altamente ameaçador, mas Iris não intimidou-se.

Ergueu o queixo.

— Se a carapuça serve. — falou suavemente.

A boca de Louisa abriu-se em indignação.

— Repita isso. — disse entredentes e Iris notou que ela levou a mão ao interior do casaco.

Fez o mesmo, sentindo a varinha roçar nas pontas de seus dedos. Não a pegou de imediato, apenas preparou-se caso tivesse de ser rápida; afinal, Louisa não era nenhuma lerda, principalmente na arte de azarar.

Olhou bem no fundo dos olhos dela, e conseguiu sentir as chamas de ódio que eram trocadas em ambos os olhares.

Sorriu.

— Se. A. Carapuça. Serve.

Viu o punho de Louisa se fechar dentro do bolso. Preparou-se instantaneamente para defender-se, a varinha a meio caminho de ser retirada de sua capa...

... Quando, instantaneamente, o prof. Dumbledore surgiu entre as duas.

O homem sorria bem humorado, não dando indícios de ter notado uma pré-briga-violenta-mortal-nem-um-pouco-agradável entre as duas alunas, anunciando alegremente:

— Tive uma ideia estupenda! Venham todos aqui, juntem-se! — ele gesticulou com elegância para que todos se aproximassem.

O resto da turma agrupou-se no local em que antes era apenas ocupado por Iris e Louisa, a confusão e curiosidade estampada na face de cada um.

"Isso, aproximem-se, aproximem-se! — o professor acenou animado. — Senhores Ryman e Sánchez, por gentileza, façam o favor de devolver esses relógios muito bem transfigurados, devo acrescentar, para seus devidos donos."

— Como esperado do prof. Dumbledore. — Anne Crystal disse cheia de si enquanto Matt devolvia-lhe o relógio.

— Assim como é sempre esperado contarmos com você para assumir o papel de "dedo-duro", Crystal. — o garoto retrucou, aproveitando que o professor não estava olhando. Alguns risinhos maldosos soaram ao redor.

— Pois bem, todos guardem seus pertences, e peço que fiquem apenas com as varinhas em mãos. — o prof. Dumbledore pediu, esfregando as palmas com animação. — Creio que este seja um clima desagradável para que vocês tenham uma aula prática, então por que não deixar as coisas mais divertidas? Faremos uma brincadeira que lembro de jogar como se fosse ontem, uma muito famosa quando tinha a idade de vocês. Chama-se "Nevasca¹".

Ninguém esboçou reação empolgada, denunciando para Iris que aquela realmente não devia ser uma brincadeira atual para a juventude bruxa.

O professor continuou:

"Jogávamos nos meses de Inverno, como nos encontramos agora. Assemelha-se às "guerras de bola de neve" que as crianças trouxas costumam brincar, mas possui suas diferenças. Primeiro: vocês jogarão em duplas. Lembro-me que sempre podia contar com meu fiel e próximo amigo, Elifas Doge². Ele não gostava muito das partidas, pois alegava que a neve fazia mal às suas espinhas, além de ter passado a maior parte do primeiro ano com catapora... Mas isso não vem ao caso. — ele abanou a mão. — Bem, como estava dizendo, a "Nevasca" é jogada em duplas, e o objetivo é ser a última dupla a sobrar em batalha, usando como estratégia essencial a parceria. — ele frisou. — Bem, usemos como exemplo a dupla...

Iris suspirou em intensa insatisfação. A última coisa que pensava em fazer era bancar a "parceira-fiel", principalmente se fosse com alguém como...

— ... Ah, já sei! Srta. Legraund e srta. Northrop, um passo à frente, por favor. — o prof. Dumbledore pediu.

Na mesma hora, Iris sentiu aquela sensação desagradável de um soco na boca do estômago. Olhou para Louisa, e a expressão da garota revelava que ela deveria ter sentido exatamente o mesmo.

Inúmeras coisas passaram por sua cabeça, assim como soluções para não ter que ser parceira de Louisa. Pelo amor! as duas quase haviam entrado em um confronto mortal e agora teriam que ser as "parceiras-perfeitas"?!

Antes que qualquer uma pudesse protestar, o professor foi mais rápido, começando logo com a exemplificação.

— Pois bem, as duas, por gentileza, estendam os pulsos.

Louisa, obediente como sempre, não demorou para atender ao pedido. Iris, por outro lado, ainda encontrava-se em um estado de relutância cruel, perguntando-se se diria, ou não, alguma coisa.

No fim, acabou por ceder.

O prof. Dumbledore apontou a varinha no ponto central de ambos os pulsos das garotas, e logo Iris sentiu uma leve energia perpassar por suas veias.

Não pensando bem, levantou o braço, tentando ver se algo mirabolante acontecera...

— Opa!

De repente, Louisa se desequilibrou, quase caindo para cima de Iris. O professor interceptou a queda.

Compreendeu.

— Ah... Você "amarrou" nossos pulsos, professor? — usou as aspas pelo motivo de não haver de fato uma corda, e sim, um tipo de força mítica agindo em torno de seus pulsos.

Ele assentiu.

— Exato, srta. Legraund. Por isso a dupla deve ter uma boa sincronização, sem puxar ou se afastar demais de seu parceiro, ou episódios como o de agora ocorrerão constantemente. Agora, próximo passo. Cada uma de vocês terá uma tarefa distinta: ataque e defesa. Uma só poderá atacar enquanto a outra só poderá defender. Apenas isso. Se por um acaso tentarem trocar de tarefas, a magia que as une cuidará disso; ou seja, tornando o ato impossível.

Derek Hawley se adiantou.

— É, prof. Dumbledore... O que exatamente será usado para o "ataque" e que também terá de ser "defendido"?

O professor sorriu.

— As bolas de neve, é claro. — ele estalou os dedos e, ao fazer isso, repentinamente, toda a neve à volta deles foi transmutada para formatos de bolas de neve, a maioria maior que a palma de Iris.

Todos olharam em volta admirados. Deveria haver centenas de bolas de neve espalhadas pelo Pátio de Transfiguração.

— E essas não são bolas de neves comuns, pois, como sempre acreditei, uma pequena mudança faz muita diferença para que algo que consideramos normal ou tedioso, torne-se muitíssimo mais cativante. — o professor continuou. — Alguém desejaria ser a "cobaia"? — falou com um sorriso brincalhão.

Instantaneamente dezenas de mãos se ergueram no ar, e uma tagarelice sem tamanho tomou seu início.

— Eu, eu! Me escolhe!

— Não, não escolhe ele, professor, eu quero ser o primeiro!

Finalmente, uma voz entrepôs-se às demais, vinda de uma figura que tomou a frente — pulando literalmente sobre as cabeças de seus colegas — e ajoelhou-se frente aos pés dos professor.

Essa atitude dramática não poderia vir de ninguém diferente de Setrus Fisheer.

— EU! Eu serei o escolhido pelo prof. Dumbledore! Está gravado no destino!

Iris balançou a cabeça atordoada. Ele nem ao menos sabia o que aquelas bolas de neve poderiam fazer...

— Bem, não vejo outra empolgação e energia maior que a sua para a tarefa, sr. Fisheer. — o professor bateu palmas. — Pois bem, um passo à frente, e peço que os demais se afastem um pouco.

Setrus parecia bem feliz em ver todos darem cinco passos para trás, com certeza satisfeito em ser o centro das atenções. Principalmente na presença de Alvo Dumbledore!

— Se prepare, sr. Fisheer.

Após o aviso, o professor fez uma grande bola de neve flutuar frente ao rosto do garoto. Com rapidez, a bola adquiriu um impulso e chocou-se contra o nariz de Setrus.

Ploof!

Exclamações explodiram ao redor, seguidas de gargalhadas.

Setrus era um perfeito boneco de neve.

Seu corpo havia sumido após ser engolido pela fumaça branca, surgindo um boneco no lugar do corpo, uma cenoura no lugar do nariz e passas no lugar dos olhos e boca.

Isso durou apenas cinco segundos, e logo a neve desfez-se em pó num passe de mágica (literalmente). Em seguida, um Setrus totalmente branco fez-se visível.

Iris esperava qualquer outra reação vinda do garoto, porém, o que viu não estava sequer cogitado em sua mente:

— DEMAIS! Pode fazer de novo?! — Setrus pediu, pulando de empolgação. — Por favor, por favor!!

O professor balançou a cabeça, num misto de admiração e divertimento.

— Terá a chance de ser um boneco de neve diversas vezes se assim desejar, sr. Fisheer. Agora, voltando às senhoritas... — ele olhou para Louisa e Iris. — Entenderam o que devem fazer? Uma atacará os competidores com a neve, exatamente como fiz, e a outra terá de defender ambas das bolas de neve. Haverá uma troca de tarefas entre um espaço de tempo, mas vocês saberão a hora certa. — ele piscou.

O olhar de Iris encontrou o de Louisa num determinado momento, e as duas viraram os rostos em direções opostas imediatamente.

... Pareciam ter feito um contrato mudo de expressar aborrecimento uma para com a outra durante todo o "joguinho".

— Vocês aprenderam o Protego, não? Acredito que o prof. Marshall já o passou para vocês... — o prof. Dumbledore indagou.

Toda a turma trocou olhares embaraçados e tensos. Fizeram um meneio em conjunto com as cabeças, deixando como resposta um claro: " Mais ou menos...".

— Na verdade, já faz umas aulas que o prof. Marshall está ensinando esse feitiço, mas, bem... — Zoe Hill franziu o cenho. — Acho que tempo é o nosso problema crucial. — frisou, e todos acenaram concordantemente.

O professor os olhou com atenção por um segundo, como se absorvesse as palavras com interesse.

— É mesmo? Bem, mas acredito que o básico já sirva para esse jogo. Faremos um teste... — ele voltou-se para Iris e Louisa. Uma bola de neve pôs-se a flutuar diante delas num piscar de olhos. 

Nesse momento, Iris admitiu que se não fossem pelos reflexos de Louisa, teria se tornado um adorável boneco de neve assim como Setrus. A Northrop estendeu a varinha em forma de defesa à sua frente, bloqueando a bola de neve com uma barreira invisível. A fumaça branca explodiu em todas as direções.

— Vejo que a srta. Northrop está dominando esse feitiço com perfeição. — o professor elogiou. — Agora sabemos quem está incumbida da tarefa de defesa.

"Agora entendi por que não tive reação... Estou com o ataque", Iris pensou consigo mesma.

O professor voltou-se para Iris.

— Srta. Legraund, se puder fazer o favor de demonstrar...

Nem bem ele terminou a frase e cerca de meia dúzia de bolas de neve dispararam como bombas na direção do professor. Ele bloqueou todas sem o uso da varinha, mas a reação geral foi de espanto.

Iris mesma nem tinha visto seu braço se erguer ou quando pronunciou o Wingardium Leviosa em seguida. Foi quase como um instinto.

— Oh, vejo que estão animadas... — o professor comentou com satisfação. — Pois bem, todos agora formem suas duplas, a brincadeira vai começar!

Não demorou muito e logo todos estavam com seus parceiros e devidamente em posições. Anne estava com Emily (essa se encontrava nervosa, como sempre); Billy com Matt; Setrus com Derek; Suzanne com Zoe...

Nada fora do comum...

Ah, sim! Apenas uma dupla em especial que desejava mais ser inimiga do que aliada.

O que poderia dar errado?


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Notas finais do capítulo

♥ Curiosidades ♥

Nevasca¹ — Brincadeira Bruxa Original. Como bem foi explicado pelo tio Dumby, essa brincadeira só pode ser feita em dias de neve. As crianças se separam em duplas, e um fio invisível prende seus pulsos durante toda a brincadeira. Uma irá atacar as outras duplas com bolas de neve, fazendo-as virar bonecos-de-neve por cinco segundos, enquanto a outra deverá protegê-los com um "protego". Se a dupla for atingida mais de cinco vezes, perde.

Elifas Doge² — Elifas foi um dos poucos amigos íntimos de Dumbledore. Se conheceram no primeiro ano em Hogwarts, e continuaram com amizade até depois de saírem. Após a morte de Dumbledore, Elifas escreveu um obituário em sua homenagem no Profeta Diário.

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Pessoal, não estou com muito ânimo hoje. Meu gatinho foi morto ontem por um cachorro na frente de casa, e não estou com cabeça para muita coisa. Me sinto muito triste, só quem já perdeu bichinho sabe a dor...

Bem, espero que tenham ao menos gostado do capítulo, e que no próximo eu esteja melhor.

Malfeito, feito. Nox.



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