Hogwarts e o Mistério do Cristal Maldito — Vol 1 escrita por Linesahh


Capítulo 5
Capítulo 4 — Encontro Indesejado


Notas iniciais do capítulo

Olá, bruxinhos e bruxinhas! Mais um capítulo para vocês se entreterem nessa quarentena!

Boa Leitura e até as Notas Finais ♥



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Louisa Northrop

 

O apito do trem soou alto por cima da imensidão de vozes que preenchiam inteiramente toda a plataforma. Os olhos de Louisa circundavam todo o ambiente; para qualquer lugar que olhasse haviam pessoas e mais pessoas, de todas as idades. O lugar estava completamente cheio.

— Parece que chegamos na hora certa, não? — sua mãe afagou os cabelos por conta da ligeira brisa forte que passou, olhando para tudo sorrindo com contentamento, voltando-se ao marido.

— Com certeza! — ele assentiu divertido.

Louisa não conseguia escutar muito bem o que eles diziam, os falatórios do local estavam altos demais. Por um momento conseguiu avistar a parte da frente do trem, que logo voltou a ser encoberta pelo amontoado de pessoas que passavam por ali.

Sentiu o toque da mãe no ombro, percebendo que começariam a andar. Haviam acabado de passar pela parede da estação trouxa, King’s Cross, que dava passagem até o expresso de Hogwarts. Por já ser acostumada com manifestações mágicas de vários tipos, não se podia dizer que ficara muito impressionada em passar de uma parede para outra.

Louisa foi indo na frente, sentindo os pais lhe acompanharem logo atrás. Desviava e se espremia sem jeito no amontoado de pessoas ao redor, não sentindo-se muito confortável.

Via vários jovens por ali, muitos já com as vestes pretas da escola, e outros com roupas normais. Decidiu já ir vestida adequadamente, pois não queria ter de se trocar depois.

Dos vários alunos que se encontravam uniformizados, conseguia ver que a maioria já possuía o símbolo pertencente a uma das quatro casas de Hogwarts estampado no peito da roupa, observação que lhe fez engolir em seco. Para qual casa iria?...

Espantou esses pensamentos ao avistar a parte do trem na qual estava se dirigindo, onde estava situada uma das várias portas de entrada.

Agora que estava mais perto, notou que vários alunos entravam e saiam animados, indo se despedir dos pais. Pareciam tão felizes...

Louisa achou o trem bastante bonito quando alcançou enfim a porta de entrada, decidindo manter-se um pouco de lado para não ficar na frente de ninguém. Mal se locomoveu para a esquerda, e um garoto pulou para dentro do trem do nada, lhe fazendo desequilibrar e gritar de susto pelo fato de ele ter usado seu ombro como meio de tomar impulso no salto.

— Opa! — ele olhou-lhe rapidamente. — Foi mal... — parecendo ter visto algo por cima do ombro, o semblante do garoto mudou para apavoramento, e ele logo desapareceu para dentro.

Antes mesmo que Louisa pudesse se recuperar do tremendo susto, uma mulher rechonchuda apareceu ao seu lado, colocando a cabeça para dentro do trem, parecendo procurar por alguém selvagemente.

Não fora mistério nenhum que se tratava da mãe do menino, e que ela definitivamente estava bem brava...

— SETRUS FISHEER! — ela gritou bem alto, atraindo olhares assustados de toda a região, especialmente os de Louisa, que estava bem ao lado. — Devolva agora minha carteira, menino! Não me obrigue a entrar!... — ela ameaçou com os dentes cerrados.

Como o garoto não pareceu dar sinal de vida, Louisa pensou que a mulher desistiria; mas, qual não foi sua surpresa quando ela realmente dobrou o corpo para frente e desapareceu para dentro do trem!

Ficou olhando meio apreensiva, perguntando-se onde seus pais estariam numa hora daquelas, e se o garoto ficaria bem, pois não desejaria estar na pele dele naquele momento...

Não tardou muito para que a mulher saísse para fora, com o menino sendo arrastado pela orelha logo atrás.

— Me desculpe, por favor, mamãe... Ai! — ele gritou ao ela apertar ainda mais forte.

— Você vai ver só uma coisa, espere até chegarmos no seu pai, ah, espere só! — ela foi o puxando para longe, e as pessoas que assistiam toda a cena abriam espaço afim de não ficarem no caminho daquela mulher tão raivosa...

Louisa piscou impressionada. Por um momento pensou em sair dali e achar outra porta de entrada que não ocorresse outro acontecimento tão maluco... Foi quando seus pais enfim apareceram ao seu lado.

— Oh, querida, você está aí... — sua mãe falou. Louisa viu seu pai deixando o carrinho com suas coisas parado próximo de onde estavam. A mulher parou a sua frente, olhando satisfeita para o trem (pelo visto não haviam assistido a pequena confusão). — Hum, que nostálgico... — ela murmurou, voltando os olhos sorridentes para si. — Vai ser muito divertido, você vai ver!

— Não tenho a menor dúvida. — seu pai ficou ao seu lado, e Louisa percebeu que ele estava com a gaiola de sua coruja em mãos. — Despeça-se dela, querida, acho que é melhor ela ir voando atrás do trem.

— Mas... — observou sua amada coruja dentro da gaiola, que parecia bem animada com toda agitação do ambiente. — E se a Alva não souber o caminho? — o olhou.

— Ah, ela saberá com certeza. — ele sorriu. — Você é a dona dela, e ela te seguirá aonde quer que for. Eu apenas desejaria que ela não fosse no trem, pois Alva não parece estar com nenhuma vontade de viajar presa. — ele apontou para alguns jovens que já se punham a abrir as gaiolas de suas corujas, deixando-as voarem livres. — Tenho certeza de que ela adoraria ir pelo ar. Eu sempre fazia isso com a minha coruja nos tempos de escola.

— É mesmo? — Louisa olhou para as várias corujas que circulavam pelo local, muitas já parecendo tomar o rumo que deviam seguir institivamente. Encarou novamente a sua própria.

Já tinha Alva há anos, pegou-a quando era ainda um filhote. Por não ter nenhum amigo para quem pudesse endereçar cartas, ela praticamente nunca serviu em campo. Alva passou todos aqueles anos apenas circundando as áreas abertas de sua casa, e só. Era nítido o quanto ela estava animada para se juntar às outras corujas pelos céus...

— Tudo bem. — se aproximou, abrindo o ferrolho da gaiola. — Nos vemos quando chegarmos. — sorriu, afagando a cabeça dela, recebendo uma bicada carinhosa. A coruja então abriu as asas e alçou voo, parecendo mais radiante que nunca.

Mirou-a até perdê-la de vista. Virou-se novamente aos pais, agora sentindo o peito afundar. Era hora de entrar, mas não sentia vontade e nem coragem para aquilo.

— Tchau, querida... — sua mãe foi a primeira a lhe abraçar bem forte, sussurrando perto de seu ouvido. — Dará tudo certo, você vai ver. — beijou com leveza sua bochecha.

Não pôde evitar de olhá-la tristemente quando se separam, virando-se para seu pai.

— Tchau, papai... — respirou fundo, indo rapidamente na direção dele e deixando-se ser abraçada. Apertou os olhos bem forte, querendo extrair toda a essência calorosa dele. Por um momento teve vontade de chorar, mas sabia que aquilo não seria o certo a se fazer.

Sentiu os dois adultos se entreolharem preocupados, mas aquilo não importava. Seu pai apenas lhe apertou mais forte e disse:

— Tchau, minha filhinha... — afastou-se, lhe dirigindo um sorriso consolador. — Logo mais viremos te buscar. — afagou gentilmente seus cabelos.

Sentindo-se abalada, como sabia que ficaria, Louisa respirou fundo enquanto o observava retirar a mala do carrinho, perguntando-se se realmente daria tudo certo.

Enquanto seu pai já colocava a mala para dentro da entrada do trem, Louisa teve a atenção chamada por sua mãe, que parecia ter visto algo ao longe:

— Veja querido — o chamou. —, não são os Lestrange ali? — ela apontou para sua direita, certamente na direção onde eles se encontravam.

Louisa alarmou-se na mesma hora.

"Os Lestrange?", olhou para onde sua mãe indicou; contudo, por ter muitos adultos no caminho não conseguiu os localizar. Não importava; definitivamente não queria vê-los naquele momento.

— É verdade... — seu pai também virou-se para olhar. — Vamos lá falar com eles...

"Essa não...", Louisa virou-se repentinamente aos dois.

— Tudo bem, já vou indo então. — subiu rapidamente no trem, sendo parada pelo aperto de sua mãe em seu braço, lhe fazendo virar para trás e dar de cara com o rosto surpreso dela (reação causada certamente por seu súbito acesso de energia para entrar).

— Calma querida, não que ir falar com eles também? — perguntou. Louisa tentou inventar alguma desculpa, mas sabia que ela ficaria magoada, então apenas gesticulou que não, baixando a cabeça. Ela ficou por um momento sem saber o que dizer, até falar baixinho: — Querida, eles não estão com raiva de você por causa daquilo... — lhe tranquilizou. — Já faz quase um ano...

— Não... Acho melhor não. — olhou-a de maneira embaraçada, suplicando para que ela não insistisse mais. — É melhor eu entrar...

A mulher manteve os olhos presos sobre os seus por mais alguns segundos. Por fim, suspirou derrotada.

— Tudo bem, se você prefere assim... — virou-se ao marido. — Vamos lá, querido. Se cuide, filha. — acenou, abrindo um sorriso emotivo. Também deveria estar sofrendo pela sua partida...

Decidida a não se demorar muito, apenas se despediu mais uma vez, e finalmente entrou no trem.

Primeiramente deparou-se com um corredor completamente lotado e com altas vozes, uma mais elevada que a outra. Alunos entravam nas cabines uns dos outros e trocavam doces e utensílios mágicos (Louisa quase ficou surda quando uma garota acabou derrubando uma espécie de cilindro com alguns pequenos furos, no que revelou ser, com a batida, um apito estrondoso, com diferentes notas soando em volumes culminantes).

Depois daquilo, Louisa ficou um pouco bamba demais para continuar puxando a mala, decidindo se apoiar na parede lateral para se recompor. Passados alguns minutos, voltou a caminhar.

Buscava achar alguma cabine vazia por aquele vagão, mas todas se apresentavam lotadas. Isso poderia ser um castigo por não ter entrado logo no trem...

"Talvez mais para frente eu possa encontrar...", se equilibrou na ponta dos pés, observando a porta que levaria ao vagão seguinte.

Teve de encostar na parede novamente para não ser atropelada por uma garota raivosa que corria atrás de um garoto mais velho — aparentemente ele havia estourado algo pegajoso sobre a cabeça dela, pois o líquido estranho cobria boa parte de seu cabelo. Louisa teve uma repentina familiaridade com aquele "brinquedo" asqueroso...

No vagão seguinte, as primeiras cabines que encontrou continuavam um pouco cheias, mas decidiu que se não encontrasse nenhuma mais acessível até o final do corredor, entraria em uma que percebeu estar levando apenas duas garotas.

Passando por um menino que aparentemente passava mal, pois se encontrava debruçado no chão (Louisa até pensara em ajudá-lo, mas ele já tinha amigos fazendo isso), parou bruscamente ao avistar um pouco ao longe, um garoto mais velho, parado do lado de fora de uma cabine aberta. Ele evidentemente esperava por alguém, pois não parava de mirar os dois cantos do corredor.

... Aquilo não teria sido nada demais se Louisa não conhecesse o garoto.

"Sebastian Rosier¹...", franziu o cenho, virando um pouco a cabeça de modo que pudesse olhar pela vidraça quem mais estaria dentro da cabine atrás dele.

Não conseguiu ver muita coisa (se encontrava um pouco longe), mas arqueou os olhos surpresa ao avistar inconfundíveis cabelos loiros pertencentes a uma garota que conhecia muito bem, e que definitivamente desejava não encontrar no presente momento...

"Essa não...", Louisa virou-se de costas, voltando pelo caminho que fizera, torcendo para que o garoto não voltasse os olhos para aquela parte do corredor. Com certeza todos eles estavam juntos ali dentro...

Sem cerimônias, arrastou a porta da cabine das duas garotas que ainda se encontravam sozinhas, entrando juntamente com a mala. Não importava se estava tão perto assim da cabine deles — aquele era o único lugar que poderia se sentar.

"Ufa, essa foi por pouco", suspirou aliviada. Realmente a última coisa que queria era topar com algum deles antes mesmo de o trem partir...

Ainda imersa em pensamentos aliviantes, mal reparou que, com sua entrada, interrompera a provável conversa que as duas garotas estavam tendo, pois estas permaneceram caladas, olhando-lhe com certa curiosidade.

De repente, percebeu que sua entrada um tanto "rápida demais" não fora um dos atos mais educados. Logo tentou reverter seu erro.

— Oh, perdoem-me, não reparei que... — com os olhares ainda interessados das duas, Louisa notou que as palavras acabaram por evaporar de sua cabeça. — Vocês... Se importam? — gesticulou de forma que perguntasse se poderia se acomodar nos assentos.

A que estava sentada ao lado da janela, com cabelos curtos e escuros, logo abriu um sorriso amigável.

— Claro que não, por favor, sente-se. — indicou educadamente o lugar logo a frente.

Louisa acenou levemente com a cabeça em agradecimento, caminhando até o canto do banco, pois preferia ficar ao lado da janela. Sabia que seria uma viagem demorada, pelo que seus pais comentaram consigo, então se entreter observando a paisagem poderia ser uma boa opção.

Já sentada, colocou a mala em frente aos pés, ajeitando as vestes negras do uniforme, pois depois de passar no meio de um emaranhado de gente, obviamente acabou por amassá-las um pouco, mas nada que fosse muito "grave".

Após desamassar os pontos atingidos, Louisa levantou os olhos para frente, vendo que as duas garotas se encontravam novamente em uma conversação amigável.

Pelo pouco que conseguiu escutar, Louisa deduziu que elas haviam se conhecido naquele mesmo dia, pois contavam informações de suas próprias vidas, assim como seus gostos.

— Hogwarts deve ser incrível! — a mesma garota que pediu que se sentasse suspirou sonhadora. — Lembro que meu irmão mais velho não parava de falar tudo o que fazia por lá, quando voltava nas férias. — contou animada. — Admito que até sentia um pouco de inveja dele, mas agora já não é mais preciso, pois aqui estou eu, ingressando finalmente na minha vida acadêmica!

A outra garota, de pele escura como café e longos cabelos cacheados, concordou eufórica; parecia ainda mais entusiasmada do que a outra. 

— Concordo plenamente! Sabe — ela afastou a franja para o lado de modo que não cobrisse seus olhos. —, eu nunca fui familiarizada com essas coisas de "magia" até um mês atrás. Meus pais ficaram pasmos quando um moço esquisitíssimo bateu na nossa porta, anunciando em seguida que eu era uma bruxa! Achei que ele estivesse brincando, e até ameacei jogá-lo do penhasco perto da minha casa, caso aquilo se tratasse de uma brincadeira. — a amiga riu bem humorada, enquanto Louisa levantou as sobrancelhas surpresa com aquela última parte. — Mas felizmente era tudo verdade, e cá estou eu, pronta para aprender tudo sobre magia!

E assim a conversa das duas foi se estendendo da mesma forma: cada uma contando relatos, juntamente com as emoções que sentiam com todo aquele momento maravilhoso.

Àquela altura, a cabine recebeu mais alguns jovens, que se ocupavam mais em ler do que conversar. Louisa desconfiou que, diferente daquelas meninas, estes não pareciam ter tanta familiaridade assim uns com os outros...

— ... E você? — teve a atenção inesperadamente chamada por uma das meninas. — Está animada para conhecer Hogwarts? Após te observar um pouco, penso que fará o primeiro ano assim como nós...

Demorando um pouco para responder, por ter sido pega de surpresa pela pergunta da garota, Louisa conseguiu apenas assentir levemente.

— Ah... — pensou sobre a indagação feita, sabendo muito bem da resposta, porém buscou responder o óbvio. — Sim, estou bastante animada...

As duas garotas se entreolharam um pouco perdidas em como continuar uma interação amigável. Certamente o evidente desânimo que Louisa devia estar transpassando naquele momento devia ser deveras perturbador para elas.

Mas não era realmente culpada de ter problemas em se relacionar com pessoas desconhecidas e, pelo o que conseguiu perceber, boazinhas como aquelas meninas. Sempre foi assim. E tudo pelo motivo de os jovens com quem se acostumou a conviver desde pequena se tratarem do oposto da maioria que via pela primeira vez.

Após uma ligeira pausa de silêncio, a garota de cabelos curtos voltou a falar.

— Bem... — começou. — Você não parece se tratar de alguém que não possui familiaridade com a magia. — sorriu. — É mestiça também? — perguntou.

Louisa hesitou um pouco pelo assunto puxado. Quando elas haviam começado a se dirigir a si, agradecera bastante que não terem perguntado seu nome de primeira, mas agora a conversa estava se encaminhando para aquela direção em particular...

— Eu...

Um barulho alto, vindo da porta da cabine foi-se ouvido, chamando a atenção de todos ali dentro. Logo em seguida a porta foi aberta bruscamente, uma voz alterada irrompendo por ela:

— Saia da minha frente você, seu patife! — uma garota (que certamente se dirigia a alguém no corredor), a responsável por abrir a porta, virou a cabeça para dentro, passando os olhos rapidamente pelo espaço. — Ah. — ela falou com tédio. — Cabine errada.

No momento em que Louisa escutou a tão conhecida voz, e avistou de relance os cabelos loiros da garota, teve de se segurar para não lamentar em voz alta.

Pelo jeito o método de não ter passado pela cabine dela não funcionou em nada... Aparentemente em qualquer lugar que fosse, aquela garota trataria de lhe encontrar.

Instintivamente, Louisa encostou-se no banco, virando a cabeça para o lado de modo que pudesse focalizar somente a estação, que agora estava com poucas crianças...

... Mas, como sempre, já era tarde demais.

— Olhe só quem está aqui!... — os escuros olhos de Charlotte Hevensmith² pousaram sobre seu rosto, fazendo um enorme desgosto crescer dentro de seu interior. Detectara um pouco de surpresa em sua voz, revelando que ela também não esperava lhe encontrar por ali... — Ora essa, querida prima. Não vai me cumprimentar?

Louisa virou o rosto para ela, vendo que todos olhavam na direção da porta com ligeira desconfiança, certamente já imaginando quais seriam as intenções daquela garota aparentemente arrogante.

Charlotte lhe sorria cinicamente, e Louisa sabia exatamente o que ela faria. Embora a aparência dela tivesse mudado um pouco, pois não a via fazia um tempo, percebeu nitidamente que o comportamento continuava o mesmo.

— O que é isso, priminha? — ela perguntou em tom debochado, parecia estar se divertindo com tudo aquilo. — A minha cabine está logo ali. — ela apontou o indicador levemente para sua esquerda. — Estamos todos lá, por que não vem falar com seus próprios amigos, Northrop?

Pronto. Com aquela única palavra, Charlotte conseguiu com que todos na cabine (menos uma das meninas a frente que, por se tratar de uma nascida-trouxa, obviamente não entendera muita coisa) expressassem grande surpresa em seus semblantes, os olhos se direcionando imediatamente para sua pessoa.

Sentindo uma mistura de surpresa, raiva e derrota, Louisa mirou nos olhos da garota que continuava parada na porta, que agora sorria com extrema satisfação.

Olhou-a como quem perguntasse em terrível cansaço: "Para quê fazer isso?...", no que ela fez um simples dar de ombros, logo recuando para trás.

— Bom, qualquer coisa estamos logo ao lado. — ela piscou, antes de empurrar a porta para o lado, finalmente a fechando.

Louisa, ainda encarando o ponto por onde ela se fora, perguntou-se mentalmente o que ela ganhava fazendo essas coisas... E mal percebeu que continuava a ser o centro das atenções. Com um único olhar seu, todos trataram de desviar os rostos na mesma hora, mas, mesmo assim, havia conseguido captar um mesmo sentimento em cada um deles: a sensação de criminalidade que começavam a transpassar em relação a si.

Encarando as duas meninas à sua frente, percebeu que a mesma que havia lhe feito as perguntas, agora mantinha um olhar estranho em sua direção, enquanto a outra expressava confusão com o que havia acabado de acontecer.

Louisa suspirou pesadamente, agora sim decidindo que o melhor a fazer seria ficar olhando a janela pelo resto da viajem.

Charlotte havia conseguido fazer exatamente o que queria. Louisa sempre soube perfeitamente bem sobre seus "gostos", que eram oposto aos seus, e desconfiava que por conta disso nunca havia se dado bem com ela.

A família Northrop e Hevensmith sempre foram amigas, o que resultou na apresentação das duas garotas. Sempre lhe irritava as ocasiões em a garota lhe chamava de "prima", pois ela fazia aquilo quando tramava exclusivamente algo contra si.

Realmente possuíam parentesco (eram primas distantes), mas aquilo, em sua opinião, não significava nada, e suspeitava que na de Charlotte também não.

De repente, lembrou-se da conversa que tivera na noite anterior com a mãe, quando ela dissera que acharia bom se fosse escalada para a Sonserina. Certamente Charlotte iria para lá, pois era o primeiro ano dela também, o que lhe causou ainda mais repulsa em ir para a casa ambiciosa.

Ter de conviver diariamente com pessoas que praticavam atitudes como aquela, com certeza não seria nada bom...

"E agora irá acontecer exatamente o que eu temia", puxou o ar com infelicidade. Não precisava olhar para saber que os cochichos que começaram a preencher a cabine tratavam-se exclusivamente sobre ela.

Todos lhe olhariam e falariam a mesma coisa quando descobrissem a que família pertencia...

— Uma Northrop, hein... — um garoto ali próximo sussurrou, levantando as sobrancelhas para uma outra garota ao seu lado.

"Sim...", Louisa pensou, tentando prender a mente e a visão sobre um casal na estação que estavam um pouco adiante, acenando para um filho que certamente retribuía da janela. "Uma Northrop...".


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Notas finais do capítulo

♥ Curiosidades ♥

Sebastian Rosier¹ — Personagem original. Sebastian seria mais como um primo distante do Rosier da época de Tom Marvolo Riddle em Hogwarts. Para quem não sabe, Tom Riddle estudou em Hogwarts de 1938 á 1945 (ano em que Grindelwald foi derrotado).

Charlotte Hevensmith² — Personagem original. Assim como os Northrop, os Hevensmith são uma família puro sangue inventadas por nós; contudo, possuem ligações distantes ou aproximadas com as famílias puro sangues conhecidas.

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QUEM ACHOU ESSA CHARLOTTE UMA QUENGA LEVANTE A MÃO E DIGA "EU!".

Pois é, gente, como sempre em toda geração irá existir um projeto de "Draco Malfoy" para infernizar a vida do povo. Mas não fiquem tão tranquilos assim, pois Charlotte Hevensmith não será a única pessoa intragável no castelo, aguardem as surpresinhas que preparei para vocês, hehe *-*

Espero que tenham gostado desse capítulo, e, PRINCIPALMENTE, espero que tenha deixado vocês com uma pulga atrás da orelha e estejam se perguntando: "O que HÁ de errado com essa família Northrop??".

Vocês irão descobrir. No futuro.

Até o próximo!

Malfeito, feito. Nox.



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