Hogwarts e o Mistério do Cristal Maldito — Vol 1 escrita por Linesahh


Capítulo 44
Capítulo 43 — Uma Nova Luz


Notas iniciais do capítulo

Yo, bruxinhos! Voltei com mais um capítulo fresquinho!!

Serei rápida, pois estou na casa da vovó e aqui meio que a internet é "controlada". Tem horário pra tudo: comer, limpar, rezar e, por último, mexer na internet (Oooobaaaa ;-;)

Percebi que são raras as vezes em que agradeço a vocês, leitores, por todo o apoio que dão a mim e minha parceira. Sério, nós não imaginávamos que a obra ganharia um retorno tão bom, principalmente aqui no Nyah, que já foi uma plataforma mais ativa anos atrás. Obrigada por cada favorito, acompanhamento, visualização, cada um deles é muito importante para nós. Sem contar os comentários!! Um mais lindo que o outro, eu me emociono muito com cada palavra escrita por vocês, principalmente as da Corvinal01 e do SuperAdventurer323; sério, vocês são os melhores leitores que um autor/a poderia querer ♥

Bem, é só isso. Obrigada a todos vocês (isso inclui os fantasminhas, é claro kkkk a presença invisível de vocês conta bastante para mim, que estou sempre de olho ^-^)

Sem mais delongas, boa leitura ♥ Nos vemos nas notas finais!



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♠️ Iris Legraund ♠️

 

— Ryman, aqui já está bom, ninguém vai nos ouvir... — Iris Legraund revirou os olhos, emburrada e impaciente.

— Prevenir-se nunca é demais. — Matt Ryman voltou-se para ela. — Pois bem, dê-me aqui o amuleto, Legraund. Quero examiná-lo.

Iris retirou o objeto hexagonal do bolso e o estendeu para ele, segurando a correntinha negra. Enquanto Matt se entretinha em analisar meticulosamente o amuleto, olhando-o de diferentes ângulos, Iris desviou os olhos para os vastos terrenos cobertos de neve, uma fina nevasca presenteando as copas das árvores com floquinhos brilhantes e reluzentes.

Ajeitou o cachecol vermelho e dourado que trajava, cobrindo as partes expostas do pescoço. Esfregou as mãos freneticamente. Embora usasse luvas exageradamente grossas, o frio ainda era cortante em suas palmas.

— Não havia necessidade de sairmos realmente do castelo. — reclamou. — Está muito frio...

— Não está tendo atitudes de uma verdadeira investigadora, Legraund. — o garoto ironizou, os olhos ainda atentos ao amuleto. — Hum... É, realmente tem um fecho aqui... — ele franziu o cenho. — Mas não consigo abrir...

Iris voltou a atenção para o conjunto de salas de estufas logo ao lado. O prof. Beery costumava os levar lá no começo do ano; contudo, agora que o Inverno havia chegado com toda sua magnitude, as aulas decorriam-se nas estufas dentro do castelo. O vidro transparente permitia ver tudo lá dentro. Analisou distraidamente algumas plantas exóticas verdes-escuras com linhas vermelho-sangue e corpo coberto de espinhos (deviam ser Aerósficas ou Aresfóricas... Iris não recordava-se do nome exato).

Voltou a atenção para Matt, que havia retirado as luvas para conseguir maior precisão a fim de abrir o amuleto.

— Vai se zangar à toa. — avisou. — Ele não abre, não importa o que se faça. Acredite, já tentei de tudo.

— Mas isso não faz sentido. — Matt disse contrariado. — Se colocaram esse mecanismo é porque ele serve para alguma coisa...

Iris deu de ombros, como quem dizia: “Se realmente serve, ele aparentemente não quer colaborar”.

Uma lufada de ar gélido os atingiu, e Iris encolheu-se ainda mais contra a parede da sala da estufa, abraçando o próprio corpo. Esperava que aquela “pequenainvestigação-ao-amuleto-desconhecido” (como Matt nomeara) terminasse logo, pois, se ficasse por mais um minuto ali fora, com certeza pegaria uma gripe.

Logo depois da extensa troca de informações que Iris e Louisa tiveram com os garotos no Pátio de Transfiguração, o Ryman não quis perder tempo: pediu para que Iris o acompanhasse até um lugar reservado, a fim de ver o amuleto com maior minuciosidade.

Embora soubesse que não era muito seguro deixar o amuleto exposto e visível, arriscando que algum olhar indesejado e interessado recaísse sobre ele (principalmente o do suspeito anônimo que ainda não possuía identidade), Iris disse ao garoto que era uma atitude um tanto exagerada os dois irem até o lado de fora do castelo só para fazer aquilo.

Contudo, aparentemente, Matt era tão fissurado em investigações quanto ela — e olha que Iris não era uma completa leiga no assunto; já havia pesquisado centenas de técnicas de espionagem nos livros que pegava emprestado nas bibliotecas. De toda forma, ela não teve escolha senão segui-lo.

— Você havia dito alguma coisa sobre letras, certo? — ele ergueu os olhos para ela. — Isso que está gravado na parte de cima do amuleto... Um “L”, ao que parece.

Iris atentou-se cem por cento a conversa agora, pois estivera esperando pacientemente por essa parte. Desencostou-se da parede de vidro e aproximou-se alguns passos dele, querendo ter uma boa visão do amuleto.

— Sim, bem, pelo menos hoje é um “L”. — ele lançou-lhe um olhar questionador, e Iris tratou de completar: — Muda todos os dias. Ontem, por exemplo, era um “T”.

— E o que significa?

— ... Eu iria fazer essa mesma pergunta a você. — lançou-lhe um sorriso autêntico.

Matt pareceu ficar encucado, retirando os flocos de neve do casaco e passando a mão pelos cabelos; estes tão cheios de neve quanto as copas das árvores.

Iris deu uma rápida olhada em seu próprio cabelo, vendo que estava igualzinho ao de sua avó: totalmente grisalho. Nem mesmo os fios mais avermelhados tiveram chance contra a neve.

O Ryman ficou pensativo por alguns segundos, evidentemente concentrado.

— Você... — ele começou incerto, alternando o olhar recaído sobre o amuleto para o rosto dela. — Já pensou que isso pode ser uma sequência?

Iris balançou a cabeça negativamente.

— Não... — olhou para o amuleto e, de repente, viu que aquela suposição poderia ser muito boa. — Será? Bem, então você está se referindo a um conjunto de letras que podem formar um tipo de...

— Código? Sim. — ele acenou. — Algo que nos permita abrir o amuleto e ver o que tem dentro. Desde que o pegou, você se lembra de toda a cronologia de letras até agora?

— Sim. — Iris assentiu. Olhou rapidamente ao redor, procurando e buscando por um... — Achei! — anunciou para si mesma, pegando um grande graveto soterrado na neve. — Essas foram as letras que apareceram até agora. — com movimentos ligeiros, mas precisos, começou a desenhar no chão coberto por neve:

“R, M, O, T, L”.

Matt analisou a sequência com atenção.

— Rmotl... — ele pareceu ficar desapontado. — Bem, não é o que eu denominaria como informativo...

— Ainda vão aparecer mais. — Iris lembrou. — E talvez esteja apenas... Embaralhado?

— Pode ser. Prefiro acreditar na teoria. — Matt sorriu. — Talvez tenhamos que esperar um tempo buscando outras alternativas para abrir ou, se formos mais pacientes, aguardar a sequência terminar para então decodificarmos as letras.

— Acho que a segunda opção será a mais viável. — Iris comentou. Olhou novamente para as letras gravadas na neve e, pensando um pouco melhor sobre esse detalhe da sequência, uma dúvida lhe ocorreu. — Mesmo que descubramos esse código... Como faremos um “comando” para que o amuleto abra? Não há nenhum botão ou alavanquinha...

Matt pareceu ficar um tanto confuso com sua pergunta.

— “Alavanquinha”... — ele murmurou como se fosse a primeira vez que pronunciava a palavra, mas logo tratou de responder. — Hum, bem, há muitas maneiras na verdade, Legraund... Mas isso nos leva a um ponto de incógnitas e, possivelmente, cheio de fracassos.

— Como assim? — inclinou a cabeça para o lado.

Ele observou a estufa à esquerda, e Iris imaginou que as Aresfóricas (ou Aerósficas — ainda não sabia ao certo qual era o nome daquela planta intimidadora) talvez fossem seu foco central. Matt deveria estar decidindo como explicar o que quisera dizer com “fracassos”.

— Olhe, talvez consigamos, ou não, abrir esse amuleto. Mas tudo depende de como o nosso suspeito deve ter projetado ele.

Iris o ouvia com atenção, imaginando aonde ele queria chegar.

— Continue.

— Mesmo que descubramos o código, se o amuleto responder somente ao seu dono, não poderemos fazer grande coisa. — Matt deu de ombros.

Iris levantou as sobrancelhas, impressionada.

— Um objeto consegue diferenciar isso?

— Ah, sim... Uma voz específica, um toque específico, uma essência específica... Ou até mesmo uma magia específica. — ele falou em tom sério.

— Hum... Me interrompa se estiver errada: você está dizendo que talvez esse amuleto “responda” apenas ao seu dono, e que, mesmo se esperarmos a sequência de letras acabar e descubramos esse tal… Código, pode não valer de nada? — colocou uma mão no queixo. — Ou seja... Essa pista é completamente inútil? — apontou para o amuleto que ele ainda segurava, não conseguindo conter a decepção em sua voz.

— Não diria que é “totalmente inútil”. — Matt massageou a nuca. — Acredito que esse objeto não seja comum... — ele olhou pensativo para o amuleto. — Não sei, é uma impressão que tenho. Acho que ele é mais importante do que achamos. E que possui uma certa preciosidade. — falou com ligeira tensão, o que não passou despercebido por Iris.

— O que quer dizer? — indagou, olhando-o atentamente.

— O que quero dizer é que não podemos perdê-lo em hipótese alguma. Quem quer que tenha deixado ele no corredor cristalizado do 1° andar deve estar procurando-o por toda parte. Temos que ficar atentos. — ele disse com firmeza.

O tom dele despertou um singelo medo em Iris, como se só agora ela se tocasse do quão importante aquele objeto poderia ser. E pensar que estivera carregando uma bomba dessas consigo há uma semana...

Era, no mínimo, assustador.

Endireitou-se, visando não deixar transparecer nenhum requisito de preocupação em seu rosto.

— O que sugere que façamos, então?

Ele deu um meio sorriso, como se tivesse achado sua pergunta humorística (Iris não entendeu o motivo). Matt foi passando o amuleto de uma mão para outra enquanto se aproximava dela, assumindo uma estatura mais descontraída. Por um milésimo de segundo, Iris viu-se pensando em como os olhos dele pareciam ainda mais verdes com o contraste da neve ao redor.

O garoto, depois de uma pausa, enfim respondeu:

— Esperar. Apenas isso. Vamos ver como as coisas vão se desenrolar... Ou se pelo menos algo de diferente acontece com o amuleto nos próximos dias. Apenas fique de olho. — ele lançou o objeto para Iris, que o pegou sem dificuldade.

— Tudo bem. — o guardou consigo, sentindo-se de certa forma satisfeita com os esclarecimentos daquela tarde.

Embora não quisesse admitir, não pôde evitar olhá-lo com certa admiração. Acabou soltando o que estava em seus pensamentos antes mesmo que percebesse o ato:

— Sabe... Você possui certa dominação na arte de investigar. Tem uma mente aberta e ampla, que aponta para vários caminhos... — colocou as mãos nos bolsos, acrescentando com simplicidade: — É um dom.

Matt pareceu ficar meio sem jeito.

— Já me disseram isso uma vez. Bem, deve ter alguma coisa a ver com o meu... — a voz dele morreu de repente, como se alguém tivesse lançado um feitiço de mudez em sua garganta. Iris ergueu os olhos para ele, mas Matt pareceu evitar o contato. Ele pigarreou: — Acho que é apenas uma questão de lógica. Nada mais. — disse de modo evasivo.

De alguma forma, Iris sentiu que o ar ficou um pouco pesado e mais cortante do que já estava. Em todo caso, preferiu “acreditar” na resposta do garoto.

— Entendi. Hora de voltar. — indicou o castelo cerca de dezenas de metros de distância.

— Sim, já estou me sentindo congelado o suficiente. — ele brincou, e Iris ficou um tantinho aliviada pela tensão do assunto de antes ter baixado um pouco. — Nunca havia pensado que ter outros “parceiros” de investigação fosse ser tão produtivo. Você e a Northrop foram verdadeiros “achados”.

— E considerando que tudo que descobrimos foi por obra do acaso... É, até que ficamos à frente de você e do Sánchez. — sorriu convencida. Balançou a cabeça, fazendo os flocos de neve presos em sua extensa cabeleira derreterem e diminuírem de quantidade.

— Muita gente se perguntou o que vocês duas estariam tramando juntas nas últimas semanas... Para ser sincero, pensei em um milhão de coisas, mas nada que tivesse a ver com o Cristal Maldito.

Iris revirou os olhos.

— Parece que ninguém têm nada importante para fazer...

— Não nos culpe, Legraund. — ele olhou-a com certo estranhamento. — Alguém se filiar com um membro da família Northrop... Bem, não é algo que dê para se ignorar. Não depois do que houve com...

— Uhum, já entendi. — o cortou, não querendo em hipótese nenhuma escutar sobre aquele assunto, ou todo o seu dia seria completamente arruinado. Suspirou. — Você sempre tem que voltar à questão do meu jeito de ser...

— Sinto muito se a ofendi. — ele ergueu as mãos na defensiva. — Só acho que...

De repente, passos e vozes foram escutados, brecando a frase de Matt instantaneamente.

Ambos entreolharam-se sem reação no início, enquanto o som dos “convidados indesejados” ia se intensificando. Iris supôs que eles surgiriam a qualquer momento por detrás da estufa situada à esquerda deles.

Em um movimento brusco, mas silencioso, Matt a puxou para detrás de um monte de neve que devia ter dois metros de altura (com certeza o sr. Ogg, com ajuda daquele homem gigante, o tal Hagrid, devia tê-lo feito quando retiraram o acúmulo de neve da frente das portas de entradas das estufas).

Iris acabou raspando o braço sobre a parede de neve quando se desequilibrou, o que acabou causando um mínimo avalanche, entretanto, de tamanho suficiente para que ela e Matt ficassem cobertos de neve da cabeça aos pés.

... Isso tudo devia ter se passado em meio segundo — meio segundo esse que os salvou de serem pegos pelas figuras desconhecidas.

O que, no fim, acabou por ter sido uma tremenda jogada de sorte, pois essas tais “figuras” tratavam-se de ninguém mais, ninguém menos, que August Lestrange e Sebastian Rosier.

— ... Acho que agora não haverá mais problemas, não é, August? — a voz do Rosier soou exatamente do outro lado da pilha de neve onde Iris e Matt estavam escondidos. — Com certeza o prof. Kettleburn não irá reparar que entramos no quartinho dos Amassos, não é? O que você acha? — o garoto parecia estar decididamente ansioso, seu falatório incessante despertando de imediato a impaciência de Iris.

... E, aparentemente, a de August também.

— Chega de paranoia, Sebastian! Não, o professor não vai reparar... — o Lestrange bufou. — Nem o conheço direito, mas é nítido o quanto ele é distraído, principalmente pelo fato de o alojamento das criaturas estar facilmente acessível... E os créditos com certeza dão-se ao olho que falta na cara dele. — zombou.

— O prof. Kettleburn não é de todo mal... — Sebastian comentou. — Ele assusta às vezes quando apresenta uma nova criatura, sim, mas até que é empolgante. Faz sempre parecer que será um Dragão Norueguês! E as aulas dele são até que interessantes...

— Tão interessantes que você esquece uma simples tarefa de alimentar seu Amasso. — August retrucou com certo divertimento. — Francamente, Sebastian. Eu, que nem ao menos faço essa aula, sei de mais coisas do que você...

— Bem, mas não é de propósito... Às vezes me distraio com a paisagem. — Sebastian argumentou chateado.

Iris conseguia escutar as arrastadas de pés na neve, indicando que eles deviam estar parados a alguns metros dali. À princípio, desejou que os dois sonserinos seguissem logo seus caminhos — embora parecesse, ficar sentada naquele chão e coberta de neve fofa não era lá uma maravilha completa por conta do frio imenso que fazia — para que, assim, ela e Matt pudessem sair logo dali.

... Contudo, seus ouvidos aguçaram-se ao notar que a conversa estava tomando um novo e intrigante rumo:

— Não tem nenhuma das “tarefas especiais” para hoje, certo? — Sebastian indagou com nítida insatisfação.

— Não que eu saiba. — August respondeu com indiferença.

— Sabe... Estive pensando sobre o assunto. — o Rosier começou, parecendo incomodado. — ... E acho que não devíamos estar nos preocupando com isso! Tudo é por culpa do jeito enxerido do Victor. Ele quem começou essa história toda.

— Que eu me lembre você também apresentou alto nível de curiosidade em relação ao assunto, Sebastian. — August replicou.

— É... Mas isso foi no início. — Sebastian murmurou. — Eu só queria ter um ano normal, e não ficar com isso assombrando as minhas costas. Não estou nem aí para esse Cristal Maldito e não quero mais saber de me meter nos assuntos daquele cara. Até Victor não parece estar tão empolgado quanto antes.

O olhos de Iris cruzaram-se com os de Matt após a revelação do Rosier.

— Não estamos nos metendo... Apenas soubemos de informações que não deveriam ter sido vazadas. É o preço a se pagar. — o Lestrange falou, e Iris tinha certeza de que ele dera de ombros no final da frase.

— Ele disse que não quer ser incomodado nos próximos dias... Como se nós três não tivéssemos feito nada além de atrasá-lo. Está ainda mais desagradável de uns tempos pra cá... — Sebastian comentou insatisfeito. — Mas é até bom não precisar se preocupar com isso nesses dias, pois é um saco fazer o que ele manda...

— Sebastian, já chega, feche o bico! Está louco? — August o repreendeu de repente. — Não pode falar nesses assuntos em ambiente aberto... Vai acabar nos colocando em apuros uma hora ou outra. — censurou.

— Ah, é mesmo... — o Rosier soltou um riso nervoso, parecendo se envergonhar de suas reclamações um tanto altivas. — Vamos entrar, está congelando aqui fora... — o som dos passos começou a soar, denunciando que eles puseram-se a andar. — Ei, olha. — o garoto falou de repente. — Tem umas letras estranhas na neve... “R, M, O, T, L...”, o que será?

Iris sentiu seu rosto empalidecer.

Matt cerrou os dentes, olhando para o graveto — com o qual Iris desenhara na neve minutos antes — jogado à seus pés. “Maldição...”, foi o que ele provavelmente praguejou em silêncio.

Felizmente, August parecia estar impaciente para sair daquela fraca nevasca, e logo chamou o amigo:

— Venha, Sebastian, com certeza deve ser obra dos primeiranistas que não sabem escrever sequer uma frase coerente...

Logo, os passos dos sonserinos ficaram cada vez mais distantes, até que se tornaram completamente inaudíveis.

Matt checou se tudo estava seguro para que saíssem detrás do monte de neve e fez um sinal afirmativo para a garota. Iris sentia a adrenalina pulsar em cada uma de suas veias, a cabeça girando com tantas informações inesperadas e reveladoras.

— Você ouviu? Eles estão mesmo dentro de algum esquema relacionado ao Cristal Maldito! — retirou a neve das vestes com agitação.

— Além de termos confirmado que há realmente alguém por trás de toda essa história! — Matt acrescentou, tão animado quanto ela. — Parece até obra do destino termos vindo aqui fora, Legraund!

— Tenho que admitir que de fato parece. — sorriu, esfregando as mãos ansiosa. — Vou fazer questão de esfregar na cara de Louisa que estive certa sobre esses sonserinos o tempo todo... Ah, é mesmo! Louisa e Billy precisam saber o que acabamos de escutar imediatamente! — voltou-se para ele um tanto elétrica.

Estranhamente, Matt manteve o olhar fixado em algo atrás de Iris um milésimo de segundo antes de voltá-lo na direção dela.

Ele abriu um largo sorriso.

— É uma grande coincidência. Billy acabou de pedir para o encontrarmos na Sala Comunal.

Iris fez expressão ligeiramente confusa.

— Como você sabe?

Matt fez um gesto simples com a mão.

— Eu sei de tudo. Vem, vamos logo! — falou, e os dois trataram de sair correndo para dentro do castelo.

 

[...]

 

Nunca havia sido tão difícil entrar na Sala Comunal.

Iris e Matt tiveram de ouvir uma longa reclamação de Mister Narciso sobre como eles estavam imundos e descabelados. Ele, ainda por cima, alegou que a sujeira deles poderia ser contagiosa e que não queria ter sua beleza-deslumbrante arruinada por “dois-trasgos”.

(Iris, então, lembrou-o educadamente de que ele estava dentro de um quadro, ou seja, seria impossível sujá-lo de qualquer forma, e, o mais importante: ele estava morto).

Depois dessa o Mister Narciso não pôde fazer nada além de deixá-los passar após dizerem a senha “Eu Amo o Mister Narciso” — Iris e Matt acabaram tendo uma pequena discussão para ver quem diria aquilo — e, por fim, caiu num alto choro.

Ao entrar na Sala Comunal, os olhos de Iris logo recaíram-se automaticamente no canto da sala onde estava menos cheio, avistando de imediato Billy, que andava de um lado para o outro claramente ansioso, e Louisa, que permanecia quieta sentada na mesa ao lado.

Iris fez um sinal para Matt indicando que os dois estavam logo ali, pois o garoto parecia estar ocupado recusando uma oferta de Setrus Fisheer. Aparentemente, o Fisheer o chamava para grudar alguns brinquedos gelatinosos em formato de caranguejos no teto da sala, para mais tarde soltá-los na cabeça de Suzanne Roowar.

Após Matt dizer que ficaria para a próxima (contudo, pedindo a Setrus que guardasse um caranguejo para ele), ambos foram rapidamente até os dois colegas.

— Por qué tardan tanto?! — Billy tinha uma expressão emburrada. — Demoraram bastante, o que aconteceu? A Legraund prendeu os cabelos no corrimão das escadas outra vez?

Iris sentiu-se avermelhar como um pimentão. Não pôde deixar de ficar irritada. Aquele “fatídico-acidente” havia acontecido no começo do ano letivo; contudo, parecia que ainda tratava-se de um episódio bastante memorável para o Sánchez.

... Mas não podia ser diferente. Afinal, fora ele quem tivera de soltá-la e ajudá-la a se levantar depois de Iris ter rolado escada abaixo todo o 2° andar — acidente que deu-se pelo desequilíbrio patético do garoto enquanto ele puxava suas mechas presas com toda a força.

Matt inclinou a cabeça, um sorriso divertido surgindo em seus lábios. Ele havia sido um dos que assistiram de camarote o “incidente-da-ruiva-presa” (como fora nomeado pelos alunos). Iris foi alvo de chacotas durante duas semanas inteiras depois daquilo.

— Isso com certeza seria mais interessante, mas sinto dizer que não. Estávamos lá fora, por isso a demora. — Matt explicou, zombeteiro.

Antes que Iris pudesse retrucar algo, Billy tomou a palavra:

— Biene! — exclamou com altivez. — Eu os chamei aqui porque estava pensando que devíamos começar a planejar o que fazer, sabe, qual será nosso próximo passo. — sussurrou. — E então, vocês têm alguma ideia?

Iris e Matt se entreolharam, a animação transparecendo na hora. A menina voltou-se para os outros dois.

— Fico feliz em informar que temos um novo caminho de raciocínio!

Louisa, que até o momento só os observava quieta, pareceu ter a curiosidade e atenção atiçadas ao ouvir aquilo.

Billy arqueou os olhos.

— Juram? Mas o que aconteceu?

Matt, então, explicou rapidamente os detalhes da conversa que haviam escutado entre o Lestrange e o Rosier. Felizmente, não precisaram ser muito discretos, pois aparentemente a gracinha que Setrus orquestrara para Suzanne dera certo, e agora o garoto tentava fugir das investidas agressivas da menina, que perseguia-o com uma perigosa bota preta em mãos, os caranguejos gelatinosos escorregando pelo seu cabelo e rosto.

A intriga atraía a atenção da maioria dos alunos por ali, que riam alto.

Ao fim da explicação, Billy foi o primeiro a apresentar algum opinião, completamente chocado.

— Quer dizer que o Black, Lestrange e Rosier estão envolvidos de cabeça nessa... — ele olhou ao redor. — Maracutaia? — sussurrou.

Iris pensou um pouco.

— Bom, acho que não de cabeça. Mas eles estão sim com algum dedo envolvido, isso não dá para negar.

— E parece que não voluntariamente. — Matt ressaltou. — Ao que tudo indica, eles não aparentam estar felizes com o tal de “ele”... E isso me leva a dúvida: será que o dono do amuleto está obrigando-os de alguma maneira?

Louisa balançou a cabeça negativamente, o cenho franzido como se algo naquela história lhe incomodasse.

— Não... Eles não costumam hesitar em se meter em assuntos ruins... Mas deduzo que devam ter ficado aborrecidos com esse “ele”. Afinal...

— Espera um poco. — Billy a cortou. — Achei que você havia dito que não era próxima o suficiente para conhecê-los assim tão bem... — ele olhou-a atento, sem esconder a nítida insinuação.

Louisa ficou extremamente tensa depois dessa. Gaguejou:

— E-eu...

— Ei, mas não podemos descartar que esse envolvimento pode ter se tratado de algo acidental. — Iris apressou-se em voltar ao foco da conversa; não queria que Louisa se sentisse desconfortável. — O Lestrange falou nitidamente que eles ouviram algo que não deveriam, e por isso agora estão pagando o preço.

— E isso volta a hipótese de que eles estejam sendo... — Matt limpou a garganta; normalmente ele fazia isso quando estava raciocinando. — Não digo obrigados, mas sim mandados a fazer algumas coisas de vez em quando, embora não gostem disso... O que o Rosier disse mesmo? — olhou para Iris. — “Tarefas-Especiais”?

— Isso. — Iris acenou. — Mas ainda não temos informações suficientes para saber a identidade do nosso suspeito misterioso... Ah, se ao menos o Rosier e o Lestrange tivesse citado o nome... — olhou para cima em um gesto lamentoso.

Ficaram em silêncio por algum tempo, cada um pensando nas providências que deveriam tomar por conta daquela conversa valiosa que conseguiram escutar.

Apenas Louisa parecia ter se desanimado um pouco — mirava a lareira ao longe com um ar distante.

— Espere aí. — Billy tirou a mão da frente da boca, o olhar concentrado. — Talvez haja um jeito de recebermos informações sobre o suspeito da boca de um desses caras. — ele se referiu aos sonserinos.

Matt de um sorriso impróspero, demonstrando logo de cara que não achava a solução do amigo uma boa ideia.

— É, mas... Eles nunca nos diriam nada, Billy. — gesticulou óbvio. — Principalmente o Black e o Lestrange; eles podem ser babacas, mas todos sabem que são bastante reservados quando querem, além se serem bem espertos...

Tiveram de concordar com Matt. Realmente não conseguiriam nada perguntando diretamente.

A não ser que...

— Sebastian Rosier. — todos voltaram-se atentos para Iris, que continuou: — Ele é meio burro, não é? — indagou. — Inalcançável quando está perto dos amigos, mas...

— Alcançável quando está longe. — foi Louisa quem completou, a voz baixa e impressionada. Ela levantou o olhar. — Uma boa observação, Legrau... Quero dizer, Iris.

Iris sorriu, virando-se para os meninos. Pelo pouco que conhecia deles, com certeza já deviam estar imaginando mil ideias diferentes em suas cabeças.

... E não foi diferente.

Após parecerem se decidir, Billy e Matt se olharam com um largo sorriso, anunciando sincronizados:

— Temos um plano!


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Notas finais do capítulo

NOVO ALVO: SEBASTIAN ROSIER!

Psé, gente, parece que nossos grifinórios irão armar seu primeiro plano para descobrir a identidade do tal "ele". Quem será essa figura? Um aluno? Um professor? Um quadro? Um fantasma? Em Hogwarts tudo pode acontecer, afinal. Deixe aí a SUA teoria pra eu saber ;)

E eu SEI que vocês pensaram besteira quando o Sebastian falou "quartinho dos Amassos" hehe
*fazendo aquela carinha*
Pra quem não sabe, amasso é uma criatura mágica semelhante a um gato. Muitos bruxos podem ter um amasso de estimação; contudo, para os que moram em bairros trouxas, eles devem obter uma licença por causa da aparência diferente da criatura que pode despertar estranhamento nos trouxas.

E agora? Qual será o "plano brilhante" da vez para pegar o Rosier? Alguém aí têm alguma ideia?

Vejo vocês nos comentários, estou ansiosa para saber o que estão achando desses capítulos com ar mais "investigativo" ^-^ Apareçam, fantasminhas, ainda há tempo para nos tornarmos bons amigos ♥

Ah! E essa é semana de postagem dupla, ok? Terça tem mais ^-^ (já vou avisando que o horário da postagem será incerto, pois, como já disse lá em cima: aqui na casa da vovó nunca sabemos quando poderemos ir para a internet ;-;).

Até terça!

Malfeito, feito. Nox.



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