Hogwarts e o Mistério do Cristal Maldito — Vol 1 escrita por Linesahh


Capítulo 36
Capítulo 35 — Noite de Natal


Notas iniciais do capítulo

Helloooo, my friends!!!
Vamos nos animar porque é NOITE DE NATAL EM HOGWARTS!!! Muita comida, música ruim, gente insuportável e legal... Padrão, bruxinhos, padrão ^-^

Ahhh, antes que eu me esqueça, vocês viram nos quadros de notícias as novidades sobre o novo site do Nyah? Parece que está caminhando conforme os trilhos e logo teremos completo acesso à ele, pois vai virar um aplicativo! Eu gostei bastante das mudanças que anunciaram, principalmente sobre as imagens para colocar nos capítulos (nas outras plataformas em que posto a fic em todo início de capítulo há imagens; contudo, aqui é bem difícil de colocar). Acredito que eles farão um trabalho incrível! Mas por enquanto vou continuar nesse daqui até tudo estiver cem por cento pronto!

Pois bem! Irei dedicar esse capítulo para meus amáveis leitores, Corvinal01 e SuperVillain323 (eita que você gosta de mudar de nicks, hein, Gabriel, hehe). Dedico a vocês por sempre estarem aqui me apoiando e me trazendo muita felicidade com seus comentários engraçados e gentis, muito obrigada a vocês dois ♥

Acho que já falei demais kkkk Fiquem agora com o capítulo ;)

Boa Leitura e até as Notas Finais ♥



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/787916/chapter/36

♠ Iris Legraund ♠

 

O aroma das iguarias que exalava de toda Hogwarts estava, sem palavra melhor, divino.

Iris Legraund estacou completamente ao passar pelas portas do Salão Principal e ver adentrar em sua retina tamanha fartura de alimentos espalhados e devidamente organizados nas quatro grandes mesas.

Quando estava descendo para o jantar de Natal, Iris esperava que houvesse apenas uma pequena celebração com quantidades razoáveis de comidas, considerando que a maior parte dos alunos haviam ido embora...

... Entretanto, ela estava redondamente enganada.

A ceia que haviam preparado era suficiente para alimentar uma cidade inteira por uma semana. Haviam diversos assados como perus, costeletas, carnes-recheadas, galinhas-da-angola e peixes; uma imensa variedade de saladas contendo alface, agrião, tomate, pepino, espinafre, couve, repolho, rabanete; e, por fim, todo tipo de bebida que se possa imaginar: sucos naturais de maçã, laranja, uva, limão, melancia, o famoso suco de abóbora que era a especialidade de Hogwarts, assim como também vários tipos de chás e cafés (Iris só não sabia que tipo de criatura beberia aquilo em um jantar daqueles).

Ela podia jurar que escutara o estômago de todos os colegas que chegaram no salão roncar em sincronia. Iris sentiu água na boca só de imaginar-se pegando um pedaço daquelas costelas recheadas de cebolas caramelizadas e ervas frescas...

O salão também estava magnífico. As árvores brilhavam em tons dourados e prateados, como cristais, e as velas que flutuavam haviam adquirido uma cor mais forte e aconchegante; cada fileira soltava uma luz esmeralda em intervalos rápidos, voltando a irradiar normalmente em seguida. Pareciam estar dentro de um presépio.

A mesa dos professores, a única em sentido horizontal situada no fundo do glorioso recinto, já encontrava-se com seus devidos pratos e taças cheias; a maioria dos professores já estavam sentados em seus lugares, todos trajados com muita elegância — o prof. Dippet era quase invisível por detrás do grande peru postado à sua frente, porém, ainda dava-se para identificar seus chumaços de cabelo-branco despontados para cima.

Os alunos que haviam ficado para passar o Natal em Hogwarts começaram a tomar seus lugares nas mesas com imensa alegria. Iris agradeceu ao fato de não haver tantos integrantes da Grifinória ali, pois, assim, poderia pegar o que quisesse e quando quisesse...

... Contudo, o prof. Dumbledore levantou-se e esquadrinhou os estudantes espalhados pelo salão, um a um. Em seguida, um amável sorriso acendeu-se em seus lábios.

Ele limpou a garganta:

— Permitam-me pedir com verdadeiro decoro que todos se reúnam para mais perto de nossa mesa. — ele fez um movimento com os braços, num gesto cortês e ao mesmo tempo bem-humorado que indicava as regiões onde os professores jantavam. — Não acho que seja necessário sentarem-se de acordo com suas casas; misturem-se e fiquem todos juntos! Afinal, hoje é Natal, e não há nada melhor que celebrarmos essa data especial como uma grande família! Não é mesmo, Armando? — ele virou-se para o Dippet.

O diretor espiou por cima do peru. Seus olhos velhos e enrugados observaram os alunos durante vários segundos; estes aguardavam uma permissão num misto de impaciência e desconforto.

Por fim, ele fez apenas um meneio descontraído.

— Sim, sim... É claro, Alvo... Acho que por essa noite não tem problema, apenas não quero que eles se acostumem, sabe como é...

Iris deu de ombros e seguiu para a ponta da mesa da Grifinória que ficava ao lado da dos professores. O prof. Beery, de Herbologia, e o prof. Lukar, de Voo, lançaram um olhar divertido na direção de Dumbledore, que se sentara com imensa satisfação após ver todos os alunos das quatro casas reunirem-se em uma só mesa (embora alguns ainda reclamassem à contragosto: “Por que tem que ser na mesa da Grifinória?”).

A ruiva sentou-se perto de Clara e Daniel Green, os gêmeos. Eles pareciam extremamente felizes em poderem sentar-se ao lado um do outro pelo menos uma única vez em uma refeição. Além dos gêmeos, Iris reconheceu outros rostos de quem tinha ficado em Hogwarts como ela: Thomas Lewis, o batedor grifinório; Elisa Portini, uma lufana, Alexander Mackendrick, da Sonserina...

... E, lamentavelmente, Anne Crystal.

A garota de cabelos pretos e brilhantes estava sentada há algumas cadeiras de distância, o que levou Iris a agradecer profundamente o fato. Afinal, a Crystal era insuportável.

Antes que pudessem comer, o prof. Beery pediu um minuto para preparar a canção de Natal que seus “pupilos” já estavam ensaiando há meses. O homem ainda disse que eles haviam se esforçado muito para conseguirem se apresentar naquela noite e que contavam com a colaboração de todos para que a apresentação corresse bem. Iris ficou surpresa. Os alunos do coral ficavam no Natal só para isso?...

Estranhamente, ela viu alguns estudantes mais velhos trocando olhares divertidos uns com os outros, como se achassem graça de algo.

… Iris descobriu o motivo no instante seguinte:

O prof. Beery retornou ao Salão Principal com cerca de quinze sapos grandes e gordos pendurados em suas vestes. Iris abriu a boca, totalmente incrédula.

Ah, então o famoso grupo de sapos-cantores¹ realmente existe... Sabia que iriam aparecer uma hora ou outra! — Daniel Green comentou, esboçando um enorme sorriso.

Iris olhou para o garoto com o cenho franzido.

— Sapos... Cantores? — o tom cético ficou evidente em sua voz. — Está brincando, não está?

— Não, não, isso é sério. — Clara acenou. — Dizem que eles já ganharam muitos prêmios com suas canções lá fora. É invejável o talento que eles têm para cantar... — a garota suspirou, sonhadora.

— Será que consigo dar uma mosca para o Grufus²? — Daniel perguntou-se ansioso, os olhos pregados sobre o maior sapo de todos ali. O bicho já tomava seu lugar acima da mesa dos professores, enquanto seus “irmãos” postavam-se em uma fileira de ambos os lados.

Grufus? — Iris estranhou.

— O mais velho cantor dos sapos. Ele já canta faz muitos anos, e está vivo até hoje. — Clara explicou. — É uma verdadeira inspiração para os colegas... Mas acho nojento você ter trazido essas moscas, Daniel. Estamos no jantar... — fez uma careta.

— Oras, foi uma sorte Billy Sanchéz ter deixado que eu captura-se algumas moscas acima de sua cabeça antes que ele fosse embora. Agora, posso dá-las ao Grufus! — os olhos verdes dele brilhavam de entusiasmo. — Oh, olhe, eles vão começar!

Todos viraram-se para os sapos acima da mesa em uma fileira horizontal. A maioria tinha uma cara chupada e feia, com olhos bravos. O prof. Hughes afastou seu cálice de um sapinho que estava muito interessado no líquido-roxo enquanto o prof. Dumbledore brincava com o que estava na frente dele.

O prof. Beery, então, chamou as atenções dos bichos, postando-se em frente à eles, como um maestro.

Ao primeiro movimento, os sapos abriram as bocas, deixando à mostra suas gengivas rosadas, e começaram a cantar...

... Iris não sabia como aquilo poderia ser chamado de música. Para ela, aquilo estava mais para um show de horrores!

Eles pareciam falar em latim, e o som que os sapos faziam mais lembrava uma tosse engasgada. Ela olhou para os lados a fim de ver as expressões que seus colegas faziam, imaginando serem tão incrédulas quanto à dela.

Entretanto, seu queixo caiu quando constatou que todos pareciam estar se divertindo com a música, esboçando grandiosos sorrisos e acompanhando o ritmo (que não era bem um ritmo) com os ombros remexendo para trás e para frente.

Iris agradeceu aos céus quando tudo acabou, e só bateu palmas com os outros para não dar uma de mal-educada. Esfregou as orelhas em seguida, buscando tirar aquele som terrível da cabeça. Estava passada.

O prof. Beery agradeceu aos aplausos e aos sapos pelo ótimo desempenho. O diretor Dippet levantou e afastou um sapinho de cima de seu cálice um tanto impaciente. Lançou um olhar parcialmente censurador para Beery, pigarreando.

— Pois bem. Depois dessa esplêndida apresentação, todos já podem se servir. — sua voz saiu com uma pitada de ironia, algo totalmente raro de se relacionar ao sério e correto diretor Dippet.

Iris desconfiou que o diretor não simpatizava muito com os sapos… Talvez ele também não gostasse da música deles?

… De toda forma, ela descobriu o verdadeiro motivo no instante em que o velho mandou que todos se servissem:

Os sapos, com a deixa, saíram de suas posições e começaram a pular adoidados para as mesas do salão. Caíram de boca nas comidas como verdadeiros animais (como realmente eram) e, como não tinham dentes, mais babavam do que comiam.

Grufus!! — Daniel comemorou quando o sapo-velho deu um salto pesado diante deles. Iris colocou seu prato acima do colo para que o bicho não pisasse em sua comida. — Que bom que veio para cá! Olhe, tome aqui. — ele retirou uma mosca de dentro de um recipiente; a pobre coitada lutava para sair do aperto entre seus dedos. — Como não pode comer, deguste desta mosca deliciosa!

O sapo apenas olhou para Daniel e em seguida para sua mão estendida. Após alguns segundos, ele soltou um alto coaxo e mergulhou na enorme jarra de suco de maçã, espalhando o líquido para todo o lado. Mostrou claramente sua escolha.

Iris fez uma careta. Gostava de sapos e não tinha problemas com eles. Porém, uma coisa era brincar com os bichos lá fora nos terrenos, ruas, jardins, o que fosse; outra bem diferente era ter de comer junto deles. Não pôde evitar sentir-se enjoada.

Pegou um pedaço do peru e colocou-o em seu prato com algumas cenouras assadas. Tentou ignorar a presença dos sapos (o que não era nada fácil, considerando que Grufus nadava com verdadeiro entusiasmo na jarra logo ao lado) e concentrou-se somente em sua comida.

Na mesa dos professores a situação também não estava muito agradável.

O prof. Hughes sofria deveras com um sapo que não parava de pular dentro de seu prato, derramando a sopa de alho-poró que ele tentava tomar para todo lado. Já devia ser a sexta vez que ele trocava de travessa.

— Hã, será que não seria melhor mandar os sapos irem repousar, Beery? Devem estar cansados depois de tamanha apresentação... — o prof. Hughes esboçou um sorriso nervoso, esforçando-se para não demonstrar seu incômodo com as criaturas.

O prof. Berry apenas deu um tapinha bem humorado no ombro do mais novo.

— Ora, meu grande amigo Hughes, não vamos ser rudes... Deixemos que eles se divirtam por um instante, afinal, já faz muito tempo que eles não têm a oportunidade de usufruir de um momento de lazer.

— É, Hughes, o Beery tem razão. — o prof. Lukar levantou o cálice que continha uma bebida preta, piscando. — Devemos deixar os sapos se divertirem. Tem algumas sapinhas no grupo também, não é? — falou malicioso, soltando uma gargalhada alta com a expressão confusa que o prof. Beery esboçou.

— Oh, mas que comentário grosseiro, Lukar!... — a pequena e delicada madame Clirony ficou bem escandalizada e constrangida; ela ergueu-se na mesma hora e foi servir sua comida no outro lado da mesa.

— Ei!... Espere, Clirony, eu não quis constrangê-la, eu apenas… — o homem tentou dobrar a situação; contudo, sem sucesso.

O prof. Dumbledore ergueu uma sobrancelha; porém, carregava um discreto sorriso nos lábios.

— Lukar, lembre-se que temos alunos por perto. Creio que seja melhor guardar certos comentários para si mesmo.

— Hum, como? Que comentários? — o diretor Dippet, muito entretido em cortar sua carne até o momento (já devia estar fazendo aquilo há cinco minutos, contudo, suas mãos fracas não ajudavam), voltou-se indagador e confuso para os professores.

Nenhum deles respondeu. Em seguida, o professor de Voo não se aguentou e explodiu em uma gargalhada alta.

— Parece que estou no meio de adolescentes... — o prof. Hughes suspirou, apoiando o queixo na mão. Seus olhos observavam as portas do salão. — Onde está a Picquery? Ela está atrasada, não?

— Oh, entendo sua indagação, caro amigo. — o prof. Lukar respirou fundo, recuperando-se do acesso de riso. Deu uma pausa, lançando em seguida um olhar de esguelha para o prof. Hughes. — Com certeza deve achá-la mais “madura” do que nós, não é?

Após isso, todos os professores desviaram os rostos imediatamente, abafando os risos e expressões envergonhadas. Iris e Clara, ouvintes de toda a conversa, estavam completamente coradas. O prof. Hughes havia ficado tão vermelho quanto elas.

— O-oras, o que está dizendo, Lukar? — ele indagou, extremamente envergonhado. — Eu nunca...

— Boa noite, pessoal!

As atenções gerais voltaram-se para as portas, e Iris conseguiu contar quantos queixos caíram quando os olhares alheios voltaram-se, em sincronia, na direção da imagem da prof. Picquery parada na entrada: cerca de dezessete vindos do público masculino (haviam dezessete homens no local, contando com os professores) e quinze do feminino. Dez sapos também entraram na jogada.

A prof. Picquery estava, sem descrição melhor, deslumbrante.

Seu vestido era branco-perolado, feito da mais leve seda; caía até o chão, possuindo uma saia solta que balançava suavemente a cada passo que a professora dava, emoldurando-lhe o quadril e cintura. As tiras prateadas que compunham a saia brilhavam como estrelas, parecendo iluminar ainda mais todo o Salão Principal.

Iris apertou os olhos e reconheceu aquele tipo raro de tecido que só havia visto em revistas: era lã de vucana. Hoje em dia era bem difícil de conseguir um desses; sua mãe já havia lhe dito que depois que a guerra acabou muita coisa encareceu, pois as pessoas estavam voltando a consumir mais e satisfazer seus caprichos vaidosos.

Os cabelos negros da professora, normalmente presos no dia a dia, estavam soltos e caiam como ondas sobre suas costas e ombros, criando um contraste fascinante com a vestimenta branca como a neve juntamente com o tom carvão dos fios. Mas seu sorriso era o que mais atraía os olhares de todos: branco e brilhante, iluminava completamente sua aura.

A professora passou pelos alunos, dando-lhes um aceno animado — Daniel deixou seu recipiente com moscas cair quando foi acenar de volta; o objeto foi fisgado por um sapo que o enfiara por inteiro na boca — e dirigiu-se para a mesa dos professores.

— Como vão todos? Me atrasei muito?

O prof. Dumbledore foi o único que teve alguma atitude, considerando que o resto dos homens encontravam-se nitidamente em um estado abobalhado e hipnotizado: ele levantou-se e ofereceu, em um gesto de cortesia, a mão para ela assentar-se.

— Devo dizer que está magnífica esta noite, Rosa. Brilha mais forte do que qualquer estrela!

Ela pareceu muito feliz com o elogio.

— Obrigado, Alvo! — sentou-se ao lado do prof. Hughes (Lukar ergueu uma sobrancelha para ele, que fizera um gesto impaciente com a cabeça). — Hum, estou morrendo de fome! — esfregou as palmas, olhando para todas as iguarias na mesa com desejo. — Ahh, não me diga que perdi a canção dos sapos!... — a professora olhou desapontada para um que pulou diante de seu prato.

— Lamento dizer que sim, bela Rosa. — o prof. Beery acenou. — Foi uma grandessíssima obra de arte, uma verdadeira melodia dos anjos para os ouvidos!... — ergueu as mãos para os céus, dramático. — Não se sinta desgostosa, pois o Marshall também não aproveitou da estupenda apresentação.

— Por falar nisso, onde será que ele está? Perdeu metade da festa...

— Marshall deve estar ocupado com suas coisas… Ouvi ele falando que sua coruja não estava passando muito bem hoje mais cedo. — o prof. Dumbledore cortou um pedaço de baguete, mergulhando-o em seu suco de limão.

Os professores, então, continuaram a discutir sobre o paradeiro de Marshall e a comentar o quanto ele exagerava com os cuidados para com sua coruja. Com isso, enfim Iris pôde concentrar-se em seu prato, saboreando o peru perfeitamente bem assado: a casca deliciosamente crocante e a carne extremamente suculenta e macia.

— ... Preciso descobrir um modo de pegar algum autógrafo do Grufus... Só assim ela vai acreditar que ele ensaia aqui em Hogwarts. — Daniel observava tristemente o sapo-velho, que se encontrava agora na jarra de café.

Iris ignorou a frase esquisita “pegar-um-autógrafo-de-um-sapo”, e indagou:

— Quem?

— Nossa mãe. — Clara revirou os olhos. — Ela acha impossível uma famosidade como Grufus cantar aqui no castelo. Diz que espera há séculos uma chance de um dueto, mas que nunca o encontra...

— A mãe de vocês é cantora? — perguntou com empolgação. Seria alguém que conhecesse?

— Sim; Scarlet Green, “a fabulosa”. — Daniel respondeu. Ao ver que a expressão de Iris não se alterou nem um tiquinho, deu um tapa na própria testa. — Ah é, esqueci do pequeno detalhe... Sabe, é até estranho ver alguém não se impressionar quando escuta o nome dela.

Iris balançou a cabeça.

— Não conheço mesmo. Na verdade estou mais familiarizada com Josephine Baker, Louis Armstrong, Billie Holiday³... — notando que os dois irmãos se entreolharam com interrogação, limpou a garganta. — Mas então!... Por que não passaram o Natal com a mãe de vocês? — mudou de assunto.

Clara cruzou os braços, fazendo um bico.

— Ela está ocupada demais...

— Clara, sabe que os concertos dela estavam marcados há meses. — Daniel falou gentilmente. — Ela não pôde recusar só porque você queria passar o Natal em família. Além disso, o papai decidiu acompanhá-la pelas cidades por onde vão passar, então ela não vai estar sozinha...

— Hum, eles vão é ter umas férias legais sem a gente, isso sim. — Clara resmungou.

— Ela canta o quê? — Iris inclinou-se na mesa, colocando outro pedaço de cenoura na boca. O suco adocicado misturado com ervas inundou seu paladar.

— Ópera. — os dois responderam juntos.

— Nossa, então deve ser maravilhoso ouvi-la cantando em casa... — sorriu, divagante. Lembranças de quando sua mãe cantarolava enquanto costurava blusas de lã atravessaram sua mente. Iris sempre achou a voz dela linda.

Nem bem abriu a boca para dizer mais alguma coisa quando foram interrompidos bruscamente por uma batida de prato bem ao lado.

— Olá, vejo que estão no meio de uma agradável conversa!... — Anne Crystal sentou-se à sua frente, empurrando o prato de Clara um pouco para o lado, colocando o dela própria no lugar. Só havia verduras em seu interior.

Iris revirou os olhos. Quando não era Charlotte a incomodar... Pimba! Surgia Anne!

Os gêmeos olharam para a garota com os cenhos franzidos.

— Anne, o que você quer?...

— Não acredito que estejam confraternizando com a Legraund. — ela pronunciou seu nome como se tivesse falado do próprio Bicho-Papão. — Não quando viram com os próprios olhos o quanto ela é uma traidora. — olhou para Daniel e Clara, seu tom saíndo acusatório.

Iris ergueu uma sobrancelha.

— Eu? Uma traidora? — olhou para os gêmeos, que pareceram muitíssimo incomodados, evitando seu olhar. Voltou-se para Anne. — Desculpe, Crystal, mas que traição é essa que não lembro de ter feito?...

— Não se faça de inocente. Todos viram você e a Northrop andando juntas pelo castelo, não vá negar! — ela falou com certa ferocidade. — É admirável que justamente alguém como você fique na companhia de alguém como ela.

— Alguém como eu? — levantou um pouco a voz, encarando-a com firmeza agora. — Seja mais específica...

Anne deu uma bufada. — Sabe a que me refiro.

Iris observou-a fixamente. Nunca havia falado com Anne Crystal diretamente dessa forma, mas, com essas poucas palavras que ambas estavam trocando, cogitou que aquela com certeza seria a última vez.

... Entretanto, decidiu que continuaria o debate, querendo ver até onde ele chegaria.

Cruzou os braços sobre a mesa, inclinando-se na direção de Anne.

— Hum, desculpe, Crystal, mas quem têm falado com a Northrop mesmo? Eu ou você? — indagou diretamente.

Anne franziu um pouco o cenho com a pergunta, retrucando rapidamente:

Você, é claro! Não está escutando o que estou dizen...

Ah, ainda bem que sabe! — interrompeu-a com um grande sorriso. — Por um minuto achei que minhas conversas com Louisa eram da sua conta...

Anne ficou vermelha. Clara mordeu os lábios com preocupação enquanto Daniel olhava de Iris para Anne como se assistisse à uma suada partida de ping-pong.

A Crystal respirou fundo, trincando os dentes.

— Acha que está sendo esperta nisso tudo, Legraund? Vejo que não conhece a famosa história...

— ... Anne. — Clara chamou com voz tensa.

— Que história? — Iris perguntou de má vontade.

Anne levantou o queixo, exibindo superioridade.

— Não vou dar uma explicação detalhada, pois o ocorrido afetou o lado dos trouxas também. Falarei apenas duas palavras, acho que será o suficiente para refrescar sua memória. — deu uma longa pausa. — Orfanato CroumstSaid.

Iris sentiu-se empalidecer de imediato. Daniel fez uma careta. Clara baixou os olhos para o próprio prato.

A sensação era impactante. Era como se tivesse levado o soco de um gigante bem na boca do estômago.

De repente, memórias enterradas e escondidas em sua mente iam sendo revividas, uma a uma. Memórias que ela jurava que não existiam mais. A imagem de um garotinho de cabelos loiros e sorriso alegre pregou-se sobre sua retina. Um único e doloroso nome preencheu seus pensamentos:

“Charlie...”.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

♥ Curiosidades ♥

Sapos-Cantores¹ — O coral dos sapos é algo que não existe nos livros de Harry Potter, contudo, visto que essa novidade foi acrescentada nos próprios filmes, achamos legal continuar com esse “legado”. O motivo de os sapos terem cantado sozinhos nessa noite de Natal é por conta da maioria dos alunos do coral terem se retirado para as férias, ou seja: os duetos ocorrerão normalmente em ocasiões normais.

Grufus² — Criatura Mágica Original. Grufus é uma grande famosidade no mundo bruxo. Ficou conhecido por cantar a melodia do hino de louvor “Glória in Excelsis Deo” no meio do Beco Diagonal em uma linda noite de Natal, encantando todos à sua volta.

Josephine Baker, Louis Armstrong, Billie Holiday³ — Josephine Baker (1906-1975) foi uma célebre cantora do gênero jazz e pop francês. Louis Armstrong (1901-1971) foi considerado pai do Jazz. Billie Holiday (1915-1959) foi uma grande cantora do gênero Jazz.

§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§

Yooooooo!!! O que acharam do capítulo? Gente, eu passei MUITA vontade na hora de fazer a descrição das comidas… Meu estômago chegou a rugir!

KKKKKK e essa canção dos sapos? Bem, como não teve ela no início do ano, na noite da Seleção, eu quis introduzir aqui, entendem? Só que os sapinhos cantaram sozinhos, né, pois eles já são artistas natos (e o povo do coral tinha se mandado para casa). Bem, pelo jeito, nossa Iris não gostou nem um pouco; ao que parece a nossa ruiva prefere um bom Jazz, hehe. Mas eu também não gostaria de ver esses sapos pulando na minha comida, que nojo!

E eu me diverti particularmente com esse bate-papo dos professores kkk Não sei por que, mas professores sempre foram criaturas fascinantes para mim, por isso gosto de focar nos de Hogwarts ;) E parece que a prof. Picquery arrasou muitos corações com essa entrada; ô mulherão!

E o sapo Grufus? Ahhh, eu gostei muito dele ♥

Anne Crystal, mais conhecida como Senhorita Chatonilda. Só veio para estragar a refeição da pobre Iris… E de novo essa história do orfanato-trouxa? O que será que houve? E quem é esse Charlie? Alguém aí tem alguma teoria?

Bem, meus amores, próximo capítulo sábado que vem *-* Vão pensando nas teorias durante essa semana, pois a história por trás desse orfanato é BEM extensa e intrigante.

Se estiver frio aí onde vocês estão (tirando você, Ju, parece que aí tá bem calor, sortuda! kkkk), coloquem bastante blusas de frio, ok? Aqui em sp só falta tudo virar cubo de gelo! Brrrrrr! Em época de Corona o que menos precisamos é de um resfriado, né não?

Bem, vejo vocês nos comentários, bjss e até o próximo capítulo, pessoal! ♥

Malfeito, feito. Nox.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Hogwarts e o Mistério do Cristal Maldito — Vol 1" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.