Hogwarts e o Mistério do Cristal Maldito — Vol 1 escrita por Linesahh


Capítulo 35
Capítulo 34 — Esquiva Parceria


Notas iniciais do capítulo

Bom dia, como estão, caros leitores?
Felizes? Entediados? Tristonhos?

Pois não fiquem assim! É SEMANA DE NATAL!!!

(Bem, pelo menos em Hogwarts, hehe).

Espero que aproveitem o capítulo debaixo das cobertas e com um bom chocolate-quente para esquentar os nervos, nhan, nhan *-*

Boa Leitura e até as Notas Finais ♥



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♠ Iris Legraund ♠

 

O dormitório nunca esteve tão silencioso quanto naquela manhã.

Os costumeiros bocejos e resmungos que preenchiam o quarto todos os dias, vindos de uma Suzanne mal-humorada ou de uma Zoe insuportável, que não demoravam-se a fazer um estardalhaço para ver quem usaria o banheiro primeiro, estavam ausentes naquele dia em especial.

Afinal, era semana de Natal. E todos estavam indo embora.

Iris Legraund sentou-se novamente em sua cama, aproveitando a paz que exalava naquele dormitório raramente vazio. A garota passava os olhos novamente pelas palavras de sua mãe pregadas na carta que recebera naquela manhã, minutos antes. Enfim a mulher havia dado o ar da graça...

E bem a tempo.

Releu com certa cautela o conteúdo, desta vez assimilando letra por letra, vírgula por vírgula; assim como também tentando decifrar os sentimentos de sua mãe nelas contidas.

... Rosana Legraund parecia surpreendentemente animada naquela carta, algo quase impossível de ocorrer. A mente de Iris viajou para as pilhas de cartas que guardava em seu criado-mudo, e nenhuma, com toda certeza, exibia tanta espontaneidade quanto a que recebera hoje. Concentrou os olhos no papel amarelado e velho. O conteúdo dizia que seu pai havia tirado a sorte grande no último pedido que foi destinado ao Duque de Windsor¹ — este ficara tão satisfeito que pediu mais sapatos para alguns outros membros da nobreza e, de quebra, ainda enviou uma coluna cheia de elogios para serem publicados no Porta-Voz de Felthan.

O gordo dinheiro que seu pai ganhou com o trabalho foi o suficiente para que a viagem a Paris que a família já planejava fazia anos fosse finalmente consumada — E que até sobraria uma grande quantia para outras despesas da casa.

— Puxa, pai... — Iris murmurou, levantando as sobrancelhas, tão impressionada que nem notou que falara em voz alta no dormitório vazio.

Mas sequer ligou para isso naquele momento: aquela decididamente era uma boa notícia, e das grandes.

Iris sempre quis ir à França. E, aparentemente, parecia que finalmente esse sonho poderia vir a ser realidade. Seria uma viagem sensacional, principalmente considerando que seus pais estavam bem empolgados.

No fim da carta sua mãe mandava que ela trouxesse boa parte de suas roupas para as pequenas “férias” fora do país, e que já estava produzindo chapéus lindos e da última moda para que elas usassem nas ruas parisienses...

Iris enrolou uma mecha de cabelo com os dedos, os olhos presos sobre os batentes abertos ao lado de sua cama. A paisagem estava amena e límpida, com brisas singulares e parcialmente geladas envolvendo cada pedaço do ambiente, fazendo com que seus casacos pendurados nos cabides chacoalhassem em uníssono, causando um baixo farfalhar no recinto silencioso. A neve lá embaixo, branquinha e fofa à primeira vista, lembrava um imenso panelão de mingau-branco recém saído do fogo...

Paris... Uma cidade mágica, com tantos monumentos fantásticos e maravilhosos... Imaginar-se conhecendo o Museu do Louvre, com pinturas feitas por artistas que Iris admirava tanto... Ou a Champs-Élisées, a famosa avenida que continha os melhores entretenimentos... A belíssima Catedral de Notre-Dame, situada na Île de la Cité, rodeada pelas águas do deslumbrante rio Sena, onde também se localiza a Pont de la Concorde, local conhecido por ser o “guardador-de-promessas”...

... E o monumento mais importante, famoso e belíssimo de todos: a Torre Eiffel. Diziam que ela era capaz de iluminar a cidade inteira quando de noite, e que só quem a viu com os próprios olhos poderia explicar a sensação maravilhosa que era admirá-la.

Estando na época do Natal, então… Iris só podia imaginar a visão deslumbrante que estaria o lugar.

Uma frase vinda de sua professora mais detestada (ela atuava numa escola cujo nome Iris se esquecera) que havia ficado guardada em seu consciente por muito anos adentrou, assim, seus pensamentos:

“Paris... A cidade da fama, dos sonhos e, principalmente, do ROMANCE!!!”.

É isso! — Iris exclamou de repente, levantando-se da cama num pulo, derrubando sua varinha que estava repousada sobre seu colo e que saiu rolando pelo quarto.

Iris sequer ligou para esse detalhe; seus pensamentos estavam em um turbilhão, a euforia atravessando cara poro de seu corpo.

Aquilo era perfeito! Poderia vir a ser sua salvação!

Um sorriso de esperança brotou em seu rosto enquanto rasgava um pedaço de pergaminho com dedos animados e mergulhava sua pena (que estava jogada aos pés da cama) no tinteiro preto.

Ignorou seu subconsciente, que protestava fervorosamente a decisão que formava-se em sua cabeça.

Não importava. Abriria mão de qualquer coisa para finalmente ter sua família unida de volta.

Escreveu uma resposta com letras apressadas, derrubando alguns pingos de tinta no preenchimento do pergaminho; contudo, não tinha tempo para caprichos agora: aquela carta precisava ser mandada para seus pais o quanto antes, pois o trem sairia dali a pouco...

... E com certeza eles se decepcionariam por terem ido em vão esperar sua filha na estação de King’s Cross. Principalmente porque ela não estaria no embarque.

“Papai e Mamãe”

Fico feliz pela notícia, sei que essa viagem era muito esperada por todos nós. A França deve ser incrível! Apenas sinto o pesar por não poder ir com vocês, pois tenho certeza de que nos divertiríamos bastante.

Sorriu. Já conseguia imaginar a expressão confusa que preencheria as feições de sua mãe quando lesse esse início.

Infelizmente tenho MUITAS coisas para fazer aqui no castelo. Lições atrasadas, feitiços para treinar... O de sempre. Coisas do cotidiano. Sabem que me distraio com os deveres sempre que algo interessante acontece, e essas situações são rotineiras aqui em Hogwarts.”

Semicerrou os olhos, analisando seus argumentos. Talvez estivesse conformada demais... Principalmente porque vivia dizendo o quanto gostaria de ir a França.

... Mas também não era como se eles tivessem prestado atenção nela nessas ocasiões de qualquer forma.

Mesmo assim, decidiu complementar:

Tragam muitas coisas para mim, tudo bem? Se puderem trazer os álbuns da Colete Deréal, Charles Aznavour (eu vou agradecer eternamente se conseguirem pegar um autógrafo dele!) e do Alain Barrière²

(um autógrafo dele também, se der), ficarei muito feliz!.

Espero que divirtam-se muito e mandem cartas todos os dias relatando os lugares por onde passaram e tudo que fizeram!

“De sua filha, Iris”.

Leu e releu a carta três vezes, à procura de falhas e visando ter sido discreta com suas verdadeiras intenções por detrás daquela recusa em ir para casa. Por fim, decidiu que estava satisfatória. Eles iriam ficar desapontados, mas o que ela poderia fazer? Só os atrapalharia se fosse junto... Assim como a seu plano também.

Enrolou e amarrou a carta na perna de Perry, que estava observando-a com seus olhos amarelados acima da cabeceira. Ele não pareceu muito feliz em ver que teria de sair novamente e relutou em estender a perninha. Iris apenas deu umas cutucadas com a unha em seu bico (um costume que haviam pegado), e ele finalmente cedeu.

— Vá logo, e o mais rápido possível. — levou-o até a janela e esperou ele abrir as asas amarelas com tons avermelhados que brilhavam ainda mais na luz do Sol.

Observou ele ir partindo até desaparecer por entre as nuvens do céu, desejando que tudo corresse bem e que Perry ficasse em segurança.

A lembrança de quando conheceu a coruja na loja de animais mágicos no Beco Diagonal invadiu sua mente. Foi a primeira visão que teve: Perry preso em sua gaiola pendurada cômicamente frente a porta de entrada. Ele era uma coruja bem chamativa, de cores fortes e que criavam uma mistura peculiar dependendo da luminosidade: penas amarelas no escuro; castanhas-avermelhadas no amanhecer; e douradas no pôr-do-sol. Sendo bem cedinho, o vermelho estava bem presente nas pontas das peninhas cheias e macias da coruja.

“Olha só, essa coruja é perfeita para você, Iris.” — foi o que sua mãe disse ao examinar o animal com admiração. — “Irá combinar bem com seu cabelo, não acha?”.

Iris não gostou da ideia à princípio. Chamar mais atenção não era o que ela queria, principalmente com seu nervosismo às alturas considerando que dali uns dias iria ingressar em Hogwarts: uma escola diferente demais de tudo que conhecia.

… Contudo, ao dar uma segunda olhada em Perry, com sua fisionomia fofa e agitada, o coração dela falou mais alto.

Voltou ao presente, vislumbrando o pontinho que desaparecia por trás das nuvens, levando consigo a última tentativa de uma garota em trazer de volta a harmonia já perdida em seu lar. O sentimento de esperança adentrou seu peito conforme pensava no plano que tivera. Torcia de dedos cruzados para que desse tudo certo.

Voltou-se para o quarto, sentindo falta de algo… Havia deixado a varinha cair momentos atrás ou fora sua imaginação?

Resmungando, vasculhou o chão por um tempo, finalmente achando a espertinha debaixo da cama de Suzanne (encontrou também um pote cheio de Lesmas de Geléia que a garota mantinha guardado como se fosse sua própria vida — haviam cerca de sete cadeados enrolados pela extensão do vidro).

Limpou as teias de aranha que pregaram-se sobre o cabo marrom-ocre de sua varinha, soprando em seguida. Não era a varinha mais chamativa do mundo, isso era certo. Totalmente reta e sem um cabo avantajado: assim era a varinha da nascida-trouxa Iris Legraund.

Memórias de quando estava na loja daquele Olivaras invadiram sua mente como num filme. Demorou um pouco até que Iris conseguisse achar a varinha certa (ou a varinha certa conseguisse achá-la; era meio que a mesma coisa) e ficava até mesmo envergonhada quando recordava-se dos tantos vasos que quebrara na loja do homem em consequência das incompatibilidades das varinhas testadas com a essência mágica dela própria.

“Bem, vejamos essa aqui. Feita de Nogueira, núcleo de Pelo de Seminviso, Flexível, 25 centímetros”. — Olivaras suspirou, enxugando o suor da testa com um paninho. — “Já vou avisando que essa varinha talvez possa ter herdado o gênio péssimo do Seminviso do qual arranquei o pelo, então não tenho garantias de que ela vá…

A voz dele morreu quando faíscas vermelhas explodiram da ponta da varinha em formato de espinhos ofensivos no momento em que a mão de Iris tocou o cabo.

Enfim, havia sido escolhida.

Estava tão absorvida nas lembranças quase irreais de quando toda essa loucura de magia e bruxos entrou em sua vida, que nem notou quando Naomi Young entrou no quarto, rumando para a própria cama e pegando a mala já feita postada acima do lençol turquesa.

Ela devia ter reparado que Iris estava deveras perdida em pensamentos, parada bobamente ao lado da janela, pois logo chamou sua atenção:

Nē. Ei, Legraund. — acenou. — Não vai descer? Todos já estão indo lá para fora. O trem logo vai sair, viu?

Iris piscou algumas vezes, momentaneamente esquecida do significado das palavras da garota. Logo anuiu depressa, guardando a varinha no bolso e fechando o tinteiro aberto.

— Sim, claro! — sorriu, dirigindo-se para a porta que Naomi mantinha aberta para que passasse. Não deixou de acrescentar: — Vou apenas acompanhar. Ficarei por aqui mesmo.

 

[...]

 

O vento soprava mais forte agora, abafando parcialmente as vozes animadas dos alunos na Estação de Hogsmeade.

A maioria já ia embarcando, desejando sair daquele ambiente friorento que ia instalando-se ali fora. O trem já estava com seu motor ligado, pronto para uma viagem tranquila e aconchegante até Londres.

A estação estava uma pintura em branco; os flocos de neve haviam parado de cair naquela manhã; contudo, a presença incessante de suas quedas durante a madrugada eram evidentes no espaço tomado pela espessura branca e afável.

Iris notou, admirada, que mais da metade dos alunos estavam indo passar o Natal em casa. Seria decididamente estranho passar todos aqueles dias no castelo sem quase ninguém...

Contudo, haviam alguns pontos positivos.

Ficou sinceramente aliviada quando viu Charlotte Hevensmith adentrar o trem, levando consigo não mais que quatro malas. Iris perguntou-se intimamente se ela estaria levando todos os seus pertences de volta para casa, tamanha a quantidade exagerada.

Viu também o Lestrange, o Rosier e o Black juntarem-se aos demais que subiam para dentro da locomotiva. Victor fora um dos primeiros a embarcar, obviamente — ainda estava sendo bastante odiado pela escola toda graças a sua narração no último jogo, arriscando levar uma azaração a qualquer momento de descuido.

Iris fez um aceno para Henry Durrel, que também iria para casa. O corvino lhe contara que sempre havia uma comemoração na casa dos avós e que, se todos os parentes não estivessem presentes na noite de Natal, uma maldição recairia sobre a família.

Iris não sabia se ele falou sério ou apenas mentiu para assustá-la (aquilo não era bem a cara do Henry), mas preferiu acreditar na segunda opção.

Ali perto estavam Billy Sánchez e Matt Ryman conversando; ambos também passariam a data comemorativa em suas casas.

Billy parecia bem animado em voltar ao seu lar, pois falava com muita empolgação sobre os planos que faria nos próximos dias (coisas como colocar as moscas que não deixavam-no em paz nos pratos dos adultos e assustar criancinhas com um boneco que arrancava a própria cabeça com uma navalha).

Matt, por outro lado, não parecia lá muito alegre; coisa um pouco rara de se ver, a ruiva conjecturou. Ele voltava os olhos para o céu frequentemente, uma sombra de desânimo pairando sobre seus olhos verde-esmeralda. Iris chutaria que ele estava entediado em voltar para casa por algum motivo.

Voltou os olhos para cima também, visualizando as nuvens cinzentas que cobriam cada vez mais a branquidão do céu. O ar ficou ainda mais frio entre o intervalo do quarto para agora, e tentou aquecer-se um pouco mais no fino casaco que trajava — sem sucesso, é claro.

Deveria começar a se prevenir, pois o clima iria ficar bem cruel dali para frente...

— Legraund?

Virou-se, deparando com Louisa Northrop, que se aproximava dela com uma mala média de veludo flutuando ao seu lado.

Iris ficou singelamente surpresa em ver que Louisa ainda não havia embarcado (especialmente por ela ser extremamente pontual), e mais ainda por ter dirigido-se a sua pessoa espontaneamente, sem que a ruiva tivesse tomado a primeira iniciativa.

— Sou eu. — observou-a chegar até onde estava. — O que foi?

Louisa apenas deu de ombros.

— Achei que voltaria para casa.

— Eu falei no outro dia que ainda não tinha certeza... — relembrou. — Recebi uma mensagem dos meus pais, e eles vão viajar. Decidi ficar aqui mesmo, sabe. — colocou as mãos no bolso. — É até bom, pois posso continuar as nossas pesquisas... — baixou a voz.

A expressão de Louisa ficou mais séria.

— Olha lá o que vai fazer enquanto eu não estiver, Legraund. Limite-se apenas a pesquisas teóricas, tudo bem? Não vá fazer outras coisas que possam colocar tudo a perder...

Iris assentiu, revirando os olhos com o aviso.

Sabia o porquê de Louisa estar lhe advertindo; aparentemente ela ainda não havia esquecido da proposta audaciosa que Iris fizera há alguns dias...

— Entendido. — falou formalmente. — Mas, sabe, seria até bom ter você para ajudar nesses dias. Com o castelo vazio e o zelador Rancorous tirando férias dos alunos por hora...

Louisa negou com a cabeça.

— Sempre passo o Natal com meus pais. É uma tradição familiar que... — pareceu que ela falaria mais alguma coisa; contudo, aparentemente desistiu. Ajeitou o casaco creme que trajava, pegando a mala que havia pousado no chão. — Bem, nos vemos depois das festas. — acenou, e pôs-se a andar para as portas abertas do trem.

— Até... — Iris acenou, olhando novamente para cima, contemplativa.

Não era surpresa para Iris ver Louisa brecar suas frases pela metade, principalmente se eram ligadas à sua família. As horas que passou ao lado da Northrop nas últimas semanas mostraram a Iris o quanto a garota era reservada.

Mesmo quando estavam apenas lendo livros em silêncio, buscando informações profundas sobre o Cristal Maldito, Iris tentava alguma interação aqui e ali de vez em quando, afinal, pelo que sabia e via, Louisa não tinha nenhum amigo em Hogwarts...

... E quanto mais tempo passava com a garota, desconfiava que ela, na verdade, nunca tivera amigos.

Buscava fazer perguntas triviais do tipo: “O que você gosta de fazer?” ou “Qual sua comida favorita” e até mesmo “Você prefere meias azuis com estrelas brancas, ou meias brancas com estrelas azuis?” (isso quando seu estoque estava no fim, é claro).

Mas Louisa sempre respondia com frases curtas ou apenas uma mísera palavra como: “Sim”, “Não”, “Claro”, “Nunca” ou, no caso da pergunta sobres as meias, ela falou: “Não entendi a insinuação”, o que deixou Iris deveras confusa.

Era algo relativamente complicado tentar criar uma boa relação com Louis; Iris acabou constatando bem isso com o tempo. Em contrapartida, no caso da investigação, elas quase não obtiveram nenhuma informação nos livros.

Logicamente, com o fato de a Biblioteca estar em processo de restauração e as encomendas dos livros chegarem a cada duas semanas, não seria uma tarefa tão fácil resgatar algo sobre o Cristal Maldito lá.

Ficaram tanto tempo no pé da madame Belga, perguntando-lhe se pelo menos algum livro que mencionasse o Cristal teria sobrevivido ao incêndio, que a mulher, depois de uma semana, aparecera com o livro “Relíquias e objetos raros: receptáculos de magias congelantes ou cristalizantes”, dizendo que era o último exemplar que havia sobrado do estoque.

Iris e Louisa animaram-se com a notícia. Logo encontraram no índice (após as mãos de Iris quase terem virado cubos de gelo com a lufada de ar gélido que exalou da capa do livro quando foi abri-lo — Louisa teve a ideia de pegar luvas para que, então, folheassem a obra sem problemas) um capítulo falando sobre o Cristal Maldito.

— Olhe, aqui diz que o Cristal Maldito existe desde cem mil anos atrás, originado no continente de Atlântida, ou, como é mais conhecido, “O Continente Perdido”... — Iris passava os olhos sobre as linhas quase invisíveis do livro; ele era bem velho e um pouco desgastado, suas laterais chamuscadas evidentemente haviam sido afetadas pelo incêndio. Olhou para Louisa. — É uma história bizarra a de Atlântida, não?

Louisa pareceu ficar levemente surpresa com o fato de Iris conhecer sobre o assunto.

— De certa forma, sim... — ela inclinou o rosto. — Mas não surpreendente. Os nossos ancestrais que rumaram para a própria destruição.

— Hum... Aqui fala sobre toda a tragédia, “os bruxos utilizaram um Cristal com defeito”, “o Cristal se rompeu, liberando sua energia”... “mortes, destruição, Atlântida por água abaixo” blábláblá... Tudo isso eu já escutei do Henry. — Iris bocejou. — Ah, droga. Vai para outro capítulo. — indicou a outra página, apontando para o próximo título “A Pinça de Esculpir”.

Fechou-o num estalo, espreguiçando-se e apoiando o queixo na mão em seguida. Ficou calada por um tempo, pensando nas possibilidades que lhe restaram.

Abriu a boca devagar.

— Sabe, acho que é melhor começarmos a nos focar no tal “ele” que o Black e seus amigos comentaram. Não tem mais nada aqui sobre o Cristal. — ergueu os olhos para Louisa.

A loura inclinou o rosto.

— Acho que devemos ficar com os livros por enquanto. Está muito cedo para pularmos a próxima etapa. Além de que nem sabemos se existe esse alguém...

Iris fingiu não ouvir esse último comentário.

— Os livros só chegarão daqui meses, senão anos, Louisa. Não temos tempo a perder... — sua voz foi baixando enquanto uma ideia se formava em sua cabeça. — Ou... — levantou os olhos para Louisa. — Poderíamos investigar as áreas cristalizadas! Pode ser que tenham deixado algo passar!

Louisa balançou a cabeça quase que imediatamente.

— Não, Legraund! Isso já é ir longe demais.

— Mas por quê?! — deixou cair a mão na superfície vinho da mesa amadeirada, atraindo alguns olhares curiosos ante o barulho. Inclinou-se, falando mais baixo: — Pode ser uma boa ideia, Northrop...

— Não. Isso é tudo, menos uma boa ideia. — Louisa parecia estar irredutível quanto a esse assunto, pois logo continuou: — Você não conhece essas coisas Legraund, e por isso não fica preocupada... Mas o Cristal Maldito não é brincadeira. — olhou-lhe seriamente. — No passado, já foi responsável por cristalizar cidades inteiras, assim como os habitantes que nelas residiam. Não vou me aproximar das áreas cristalizadas. Não outra vez. — dizendo isso, ela saiu para entregar o livro de volta para a madame Belga, abandonando a outra na mesa.

Iris cruzou os braços, sentindo um misto de raiva e frustração.

Louisa agia como uma verdadeira professora; não, pior: ela agia como uma mãe mandona!

Não voltou a comentar mais sobre sua ideia, principalmente por não querer que Louisa se irritasse e abandonasse a investigação das duas.

Na verdade, quanto mais dias passavam e elas não descobriam nada de novo sobre o pedaço do Cristal escondido em Hogwarts, mais Iris se preocupava com o fato de Louisa desistir de tudo.

Estava surpresa, pois até agora Louisa não fizera uma reclamação sequer sobre esse detalhe em particular e continuava firme nas pesquisas. Iris sabia que se estivesse no lugar dela já teria pedido sua demissão há tempos, apenas desejando um “boa-sorte” para a parceira.

É. Nada legal.

Agora, observando o trem sair com suas rodas rangendo e a fumaça quente exalando do teto e perdendo-se com a brisa, Iris sentiu um sentimento de dever cumprido adentrar seu interior.

Não se arrependia de não estar lá dentro. Poderia ir à França em outra ocasião, não é?

Afinal, ela tinha que relembrar, tudo ainda era por um bem maior.


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Notas finais do capítulo

♥ Curiosidades ♥

Duque de Windsor¹ — O título Duque de Windsor foi criado na do em por Jorge VI após a abdicação de seu irmão, Eduardo VIII.

Colete Deréal, Charles Aznavour e Alain Barrière² — Todos cantores famosos dentre as décadas de 50, 60 e 70 na França. Com exceção de Alain, Colete e Charles eram também atores.

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EEEEEEEEEEE o que acharam do capítulo??? Bem, como esperado, o povo tá todo indo embora pra casa ficar com as mamis e os papis ^-^

Mas cá entre nós: passar o Natal sem a família não tem graça, né não?

Entretanto, parece que nossa Iris não partilha dessa opinião, não é? Decidiu sem pensar duas vezes não ir viajar e ficar em Hogwarts com o Cristal e tudo (loucaaaa!). Bem, mas como devem ter notado, ela teve um MOTIVO para isso. Algum de vocês já conseguiu deduzir qual é esse motivo? Diga aí sua suposição ;)

E essa pesquisa das duas não está indo bem; mas com a Biblioteca nesse estado fica difícil né :/ Será que a sugestão da Iris é uma boa? Investigar as áreas cristalizadas? Louisa não pareceu curtir muito…

E a relação dessas duas cada vez mais esquisita, não? kkkk É chato não saber como agir com a outra pessoa, já passei muito por isso :(

Esse capítulo serviu bem para aprofundar um pouco na vidinha da Iris. Alguns pontos em abertos e que causam dúvidas foram deixados no decorrer do texto para vocês matutarem um pouco sobre como seria a “vida-trouxa” que ela levava na companhia dos pais.

Próximo capítulo o Jantar de Natal!!! :D Vocês vão adorar, foi com certeza um dos meus preferidos (a comida tem um grande peso nesse favoritismo, óbvio, haha).

Até Sábado, pessoal, espero vocês nos comentários ♥ Tenham uma ótima semana!

Malfeito, feito. Nox.



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