Hogwarts e o Mistério do Cristal Maldito — Vol 1 escrita por Linesahh


Capítulo 33
Capítulo 32 — Abertura do Campeonato de Quadribol


Notas iniciais do capítulo

CHEGUEI! Olá, meus bruxinhos e bruxinhas, como estão? Desculpe a demora, gente, eu não sou acostumada a postar a essa hora kkkk

Bem, depois de uma consulta de última hora no oftamologista às 7:00 da manhã, uma viagem até o supermercado e um banho de “xô-coronavírus” cá estou! Acabada, sim, mas ainda assim elétrica e animada para postar ESSE capítulo!!!

Como podem ver, TEM JOGO NA PARADA, ÊEEEEEE!!! E Ju e Gabriel, acho que vocês dois irão se surpreender com o desfecho, hehe *-*

Já falei demais! Boa leitura e até as Notas Finais, pessoal!



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♠ Iris Legraund ♠

 

... O amanhã chegou, e logo Iris Legraund viu que também não seria possível conversar com Louisa naquele dia.

Pudera; como ela faria qualquer coisa considerando que o grande jogo da Grifinória contra a Corvinal estava marcado justamente para logo depois do café da manhã?

Infelizmente, Iris não havia tido nem a chance de falar com Louisa no dormitório; a garota saiu bem cedo do quarto, o que a impossibilitou de ao menos vê-la. Pensou consigo mesma que era melhor começar a arrumar um horário fixo para acordar, e não depender de seu "despertador-mental", que acionava na hora que bem entendia.

Também não conseguiu achá-la no Salão Principal.

O lugar estava lotado, com falatórios altos e muitas vozes se misturando acima do tilintar de talheres, que mergulhavam, espetavam e cortavam o interior dos pratos ocupados por torradas com geléia, panquecas fofinhas e mingaus variados. Todos pareciam estar animadíssimos para ver o primeiro jogo da temporada do Campeonato de Quadribol. Enfim, um pouco de competição saudável para apimentar e empolgar as mentes infantis tomadas por pensamentos perturbadores demais considerando os recentes acontecimentos.

A maioria dos alunos haviam enrolado faixas com os símbolos de suas Casas nas testas, ombros (cortadas em uma diagonal) e pulsos. Além disso, também carregavam bandeiras enormes de cores em variados tons de azul e vermelho, com frases aleatórias em suas extensões.

Havia uma com um desenho de um leão "papando" uma águia com evidente apetite depois de tê-la pegado de surpresa com uma baita mordida, o sangue jorrando estupidamente do pescoço da pobre ave. Iris estreitou os olhos para ler seus dizeres: "Nhác! O doce som da Águia sendo mastigada pelo Leão!".

Já as bandeiras da Corvinal eram evidentemente mais "educadas" em comparação com as que os grifinórios confeccionaram — tinham, no máximo, a imagem de um indivíduo bem vestido, com infinitos diplomas e títulos à sua volta, enquanto outra pessoa, evidentemente forte, porém miserável, engraxava suas botas chiques e caras. Nessas bandeiras as frases eram mais ou menos assim: "Um cérebro vale mais que mil músculos".

Muitas apostas estavam sendo feitas para a Casa que levaria a melhor acima da outra. Valia de tudo um pouco: galeões, relógios, roupas, pinturas femininas para o rosto, vassouras, óculos e até mesmo varinhas!

Só para ter uma ideia do nível de exagero, até animais de estimação estavam entrando nas rodadas. Derek Hawley prometeu dar seu rato para um garoto da Lufa-Lufa caso a Corvinal conseguisse chegar aos 50 pontos antes da Grifinória.

Muitos insistiram para que Billy Sánchez fizesse a mesma coisa com seu mascote (seu sapo, Francis, era muito almejado por ser um verdadeiro "mata-moscas", tendo comido mais de sessenta mosquinhas em apenas um minuto — a maioria vindas da cabeça de seu próprio dono); contudo, o garoto recusou firmemente todas as ofertas:

Lo siento, chicos. Nunca faria algo desumano assim com meu parceiro de vida. Além disso, Francis ficaria muito chateado.

Iris, pouco a pouco, começava a ficar contagiada com a alegria e espontaneidade ao redor. Todos pareciam ter esquecido o Cristal Maldito por hora. Até o professores pareciam aliviados com isso, degustando de seus desjejuns com expressões tranquilas e conversas descontraídas.

Iris nunca havia visto um jogo de Quadribol. Quer dizer, havia lido bastante sobre o assunto, pois aparentemente aquele era o esporte mais famoso no mundo bruxo; contudo, ainda que as imagens que se moviam nas páginas exibissem alguns pedaços de jogos oficiais, não era a mesma coisa que ver uma partida ao vivo e ainda do início ao fim.

Iris sempre foi uma garota atlética. Assim como toda criança trouxa, havia começado primeiramente pelas brincadeiras padrões da infância, como pega-pega, amarelinha, peteca e competições de peão. Mais para frente, ingressou nos esportes de sua escola (escolas, para ser mais realista, pois pulara de uma para outra como um verdadeiro canguru) e normalmente destacava-se na maioria deles. Corrida e Futebol eram seus favoritos.

Ficou impressionada quando viu que o esporte "Quadribol" era jogado com vassouras. Nunca tinha ouvido falar de nada assim e ficou deveras curiosa para ver como era...

(Se bem que ela poderia ter ligado os pontos com mais antecedência: bruxas, vassouras, esporte... Ela deveria ter imaginado, oras!).

Nas primeiras aulas de Voo que tiveram, para sua grande surpresa, se saíra muito bem em controlar a vassoura e fazer os movimentos básicos ensinados pelo prof. Lukar. Confessava que estivera um pouco nervosa até o momento em que alçou voo e sentiu, pela primeira vez na vida, a verdadeira liberdade. Depois disso, o único sentimento que sobrou foi a paixão. Ficou completamente apaixonada pela sensação de voar.

Até aquele instante, aquilo tratava-se apenas de um sonho inalcançável que só poderia experienciar na própria imaginação...

Por isso estava ansiosa para ver como seria uma verdadeira partida de Quadribol. Talvez não fosse ser tão difícil ou perigoso como muitos falavam.

Decidiu-se: mais tarde voltaria a se preocupar com o pedaço do Cristal escondido no castelo e em achar a Northrop novamente para conversarem — por hora, voltaria sua atenção totalmente ao jogo.

 

[...]

 

— " ... E a Goles quase entra por um triz na baliza da goleira Adália Moore!... Ela pode ser uma garota, mas seu físico lembra mais o de um trasgo de cinco meses de vida...".

Centenas de gargalhadas foram arrancadas das arquibancadas e ecoaram por todo o Campo de Quadribol — apenas os corvinais não pareceram muito satisfeitos com o "elogio" ofertado a sua goleira.

— Menos sr. Black... Concentre-se no que está acontecendo em campo, e não na aparência dos jogadores. — a prof. Picquery censurou, balançando a cabeça em reprovação. Devia ser a sexta vez que ela chamava a atenção do garoto, pelo menos na contagem mental de Iris.

— "Sim, sim, professora, é claro... — o garoto acenou, voltando a atenção de volta ao campo. — Bem, vamos ver... Agora a Goles está em posse da Grifinória, vejam só. Couston dá um passe de sorte enquanto desvia do artilheiro Handermen, e a Goles para nas mãos da... Quem é aquela mesmo?".

McGonagall, sr. Black, Minerva McGonagall. — a professora falou entredentes. — Já é a terceira vez que você finge esquecer o nome dela...

— "Ah, professora, são muitos rostos ali embaixo, estou me esforçando... Hum, um Balaço quase decepa fora a cabeça do batedor Martin; seria até bom, assim ele pararia de achar que é um sabe-tudo...".

Mais risadas. Picquery chamou a atenção do garoto outra vez. Victor, com voz entediada, pediu desculpas novamente.

— ... Sabe — Iris virou-se para Henry Durrel ao seu lado, que não carregava uma expressão muito boa. —, esse Black não é muito... Adequado para narrar os jogos, não?

Henry riu sem emoção.

— Jura?

Iris deu de ombros.

— Ele está mais ofendendo os jogadores do que prestando atenção no jogo em si... Bem, pelo menos no meu ponto de vista, né. — não deixou de acrescentar, pois não sabia bem como os bruxos reagiam em meio à uma partida.

Poderia ser comum os narradores e telespectadores xingarem uns aos outros mais de cinquenta vezes antes de cada lance, não é?

O garoto resmungou alguma coisa antes de respondê-la:

— Ah, eu não faço a menor ideia de como o Black foi aceito... Ouvi dizer que ele narra os jogos desde o ano passado, quando o antigo narrador ficou gripado. Era para ser algo temporário, mas parece que o diretor Dippet achou a "descrição" dele do jogo bem revigorante. Não sei se num bom ou mau sentido, mas achou.

Iris olhou para a Cabine do Narrador no canto superior esquerdo da arquibancada, local onde o Black estava; a prof. Picquery supervisionava logo ao lado.

— Ele não parece nem estar feliz com o jogo... Suas falas saem com um desinteresse extremo. — fez uma careta. Voltou os olhos para o que acontecia à frente, no campo, sua atenção voltando-se para uma cena momentânea. — Olhe, acho que eles vão fazer outro gol! — apontou, referindo-se à dois garotos da Corvinal que trocavam passes em sincronia, chegando cada vez mais perto da baliza do goleiro Haley Franklin.

— Gol? — Henry olhou-lhe com estranheza.

— Sim, não é o que eles fazem quando a bola entra pelos aros?

— Hum... Bem, na minha definição isso foi um "ponto", mas chame do que quiser. — ele abanou a cabeça, voltando-se um tanto animado para o jogo agora. — É, acho que eles vão conseguir... Será que venceremos da Grifinória? Sem a Milles na jogada temos grandes chances...

— Duvido muito. — Iris franziu o cenho, irritada.

Prestou atenção no jogo. Todos os olhares estavam voltados para os artilheiros corvinais, que estavam, agora, cara a cara com o goleiro Franklin.

A aura não estava lá muito positiva nas regiões onde os alunos da Grifinória encontravam-se. O jogo havia começado há menos de vinte minutos; contudo, o time da casa, definitivamente, não havia começado com o pé direito.

Era quase inacreditável o fato de a Corvinal já ter feito 60 pontos em cima da Grifinória, que, em contrapartida, havia feito somente míseros 10 pontos — Derek Hawley, à essa altura, já devia ter dado adeus a seu pobre rato.

O goleiro Franklin era o que podia-se denominar como uma verdadeira muralha considerando seu físico parrudo (na definição do Black, uma "muralha feita das mais leves penas, pelo jeito").

E, infelizmente, o Black não estava tão errado.

Até mesmo Iris desconfiava que o peso do garoto não o ajudava a se locomover com mais velocidade para proteger os três aros. No entanto, ele era visivelmente um ótimo goleiro, pois, não fossem seus bloqueios anteriores, a Corvinal já estaria com mais de cem pontos à essa altura...

O único e gigantesco problema com a performance que os grifinórios apresentavam naquele dia não poderia ser mais claro:

A ausência de sua capitã.

Fazia muito tempo desde a última vez em que Griselda deixara de participar de um jogo (as boas línguas diziam que até mesmo quando ela fora atingida no queixo por um Balaço no ano anterior, Milles recusou-se a sair do jogo e ainda fez mais de duzentos pontos na Lufa-Lufa, o que levou à vitória do time naquela ocasião). De toda forma, era-se nítido que a ausência da capitã contribuía fortemente para as atitudes um tanto quanto "desamparadas" da equipe.

Foi uma correria para achar alguém que substituísse Griselda e que fosse, ao menos, à altura do "cargo". No fim, resolveram chamar Darlan Couston, um segundanista que, pelos comentários, parecia ser bom na colocação.

Apesar de ter sido escolhido às pressas e de ser a primeira vez que participava de uma partida oficial, o garoto estava saindo-se relativamente bem, ficando somente um pouco nervoso em certas ocasiões.

... O time da Corvinal, porém, havia se superado.

Impulsionados pelo incidente da melhor jogadora de Hogwarts, eles vieram, sem palavra melhor, com tudo.

O capitão Sidney Trains, com seu carisma e perfeita vocação para liderança, orientava seus colegas de equipe em intervalos regulares, dizendo-lhes o que fazer, onde ficar, e, em seu principal, como vencer a partida.

... No momento, preparando-se para fazer seu sétimo "gol".

— "... Hum, Trains passa para Bonneville, que desvia para a direita por conta de um Balaço... Mesmo desengonçada, ela consegue pegar. Estão se aproximando das balizas... Será que o goleiro Franklin nos dará mais uma aula de "como-deixar-a-Goles-passar-miseravelmente-por-entre-os-dedos?". Vamos descobrir agora... Bonneville faz uma jogada rápida para Trains, que empina a vassoura e joga a Goles no aro da esquerda... — todos prenderam a respiração. — ... E o Franklin defende!... Bem, pelo menos uma atitude que diminui as argumentações de quem fala que ele não é de nada...".

Iris cobriu a boca ante a hipocrisia, tentando disfarçar uma expressão risonha (não faria aquilo na frente de Henry).

O Black poderia não ser nada educado com os jogadores em campo, mas não podia-se negar o quanto a voz entediada dele enquanto narrava era bem divertida de se escutar.

Apesar de estarem perdendo, Iris estava adorando assistir à partida. Claro que não pôde deixar de ficar surpresa quando começou aquela narração um tanto inusitada... Mas parecia que toda Hogwarts já estava acostumada com as palavras rudes do Black.

... Agora ela entendia o motivo de muita gente não ir com a cara dele.

Victor não parecia ter nenhuma preferência quanto aos times — insultava qualquer um que estivesse sendo o "centro das atenções" e, mesmo quando um ponto era-se feito, a voz dele não se animava nem um tiquinho sequer.

Iris voltou ao presente quando a Grifinória (finalmente) marcou um ponto. Mike Adams foi o responsável pelo feito. Uma pequena comemoração de esperança preencheu as arquibancadas. Estava 20 à 60 agora.

... Contudo, logo veio o acontecimento trágico: o artilheiro Adams acabou levando um Balaço em cheio no queixo em meio à sua comemoração-gloriosa. Desnorteado, ele ergueu a vassoura bruscamente e colidiu contra o aro direito das Balizas.

Adams parecia estar deveras grogue em cima de sua vassoura agora.

— "Hum, sempre achei o Adams um pouco "fora de órbita", mas parece que agora essa denominação realmente cai bem para ele..."

Ninguém pareceu dar bola para o comentário do Black — estavam mais preocupados com o artilheiro Adams, que tivera de ser acudido pelos batedores Lewis e Thompson (no vocabulário do Black: a "dupla-de-palermas").

Enquanto observava Adams ser levado para o campo verde lá embaixo, na direção do prof. Lukar que acenava para que os batedores o levassem até ele (aparentemente o garoto iria deixar o jogo), Iris franziu o cenho, ponderando.

"E agora? Quem vai substituí-lo?..."

Henry fez uma expressão engraçada de repente. Virou-se para ela.

— Não há substitutos no Quadribol, Iris. — ao ver a surpresa sondar os olhos azuis da ruiva, ele tentou desconversar, desviando os olhos dela. — Quer dizer... Não durante a partida pelo menos, entende? Parece que a Grifinória está com ainda mais desvantagens agora, não é? — sorriu satisfeito, mas com uma nota de nervosismo.

Iris ficou tão indignada com o que ele dissera que esqueceu-se do comentário deveras intrigante do garoto.

— O quê? Mas isso é uma injustiça! Sempre deve haver um substituto quando um jogador se lesiona. Deveria ser regra!

— Não no Quadribol. — Henry balançou a cabeça, um estranho alívio envolvendo sua estatura. — As coisas não poderiam ser assim, ou seria fácil demais.

Iris resmungou, injustiçada. Se o jogo continuasse desse jeito, eles estavam caminhando para um desfecho de apenas duas opções: perder ou perder.

Voltou os olhos, preocupada, na direção de Darlan Couston e Minerva McGonagall. Agora eles só poderiam contar um com o outro para passar a Goles...

Pelo pouco que viu, McGonagall não havia exagerado em nada nas próprias palavras quando estavam na Sala Comunal — dentre todos os jogadores em campo ela era, de fato, a mais ágil, principalmente em passar a Goles. A monitora adquirira o hábito de confundir os adversários com seus inúmeros passes de uma mão para outra, ameaçando jogar em qualquer direção; o que só os fazia ir na direção contrária feito bobos.

Darlan Couston dominava outro tipo de abordagem: a totalmente agressiva. O garoto não media escrúpulos em trombar, acotovelar ou ajoelhar um adversário para que o jogo andasse conforme suas próprias vontades.

Após mais uma das faltas do garoto (já devia ter sido a quinta), a garota Bonneville (que havia levado um baita soco nos dentes), marcou sua justa penalidade, erguendo a pontuação de sua casa para 70.

O prof. Lukar apitou para que a partida continuasse, e todos voltaram-se ansiosos para assistirem.

— "Trains passa a Goles para Handermen... E o mão furada a deixa cair, entregando-a de bandeja para McGonagall... Acho que alguém não vai ser bem recebido pelos colegas de casa caso a "monitora-séria" faça um ponto... Pimba; ela é atingida por um Balaço na panturrilha, e a Goles vai para as mãos de Trains novamente... Uma boa mira da batedora Clark, devo admitir... Ela tem músculos deveras benéficos para seu time; contudo, não poderia dizer o mesmo para arranjar namorados..." — Victor bocejou, e novas gargalhadas ecoaram.

Iris conseguiu ver a expressão furiosa da batedora da Corvinal, a tal Clark, que olhou na direção do Black com verdadeiro ódio.

Ôh, ôh... Eu conheço essa garota, e ela não é nada "delicada". — Henry cruzou os braços, sorrindo divertido. — Com certeza vai se vingar do Black por causa desse comentário...

— Acho que qualquer uma se vingaria. — Iris ergueu as sobrancelhas. — Foi golpe baixo ele falar dos braços dela. — comentou, mordendo o lábio. A batedora tinha sim uns músculos bem evidentes, mas se ela gostava de ser assim ou não, o problema era terminantemente dela.

... No entanto, ficou nítido o quanto a batedora Clark ficou chateada com aquilo.

Aparentemente o comentário do Black foi um belo tiro em seu ponto fraco. Clark parecia uma verdadeira assassina agora, tentando rebater os Balaços na direção do time da Grifinória com mais vontade que nunca.

McGonagall marcou um ponto bem debaixo do nariz da goleira Moore, que estava mais preocupada em desviar de um Balaço jogado pela própria companheira de time, Clark (Iris constatou que a raiva devia estar interferindo em sua mira), e não notou quando McGonagall jogou a Goles por entre suas pernas.

Foi um belo ponto marcado, que levantou assobios por todo o campo. Estavam agora há quarenta pontos de alcançarem a Corvinal...

— "... Até que essa McGonagall tem seus talentos, mas todos viram que a culpa de tudo foi da batedora Clark, que está demonstrando uma crise histérica de raiva contra tudo e todos... Deve ser o peso de tantos músculos em seus braços a incomodando... — bocejou de novo. — Enfim; a Grifinória está pouco a pouco alcançando a Corvinal, graças aos repetidos descuidos de seus jogadores... Depois alegam não entender por que a Corvinal nunca ganha os primeiros jogos... Hum, Couston faz um passe e tanto para McGonagall, que está tomando a direção das balizas novamente, agora com uma velocidade bem grande... Trains tenta alcançá-la e consegue pegar a Goles de volta, porém Couston a pega sorrateiramente após dar uma trombada no capitão do time adversário; McGonagall está acenando para que ele lhe lance a Goles... Oh, o batedor Martin lança um balaço na direção dela, olha só... A artilheira McGonagall não nota a tempo, ela vai ser atingida na cabeça!...

Exclamações gerais são ouvidas por todo o campo.

... Entretanto, essa reação não deu-se pelo "Plac" do Balaço atingindo a artilheira.

Iris leva a mão à boca, impressionada.

"Como ela fez isso?!...".

Minerva McGonagall, de alguma forma, conseguiu desviar do Balaço em um movimento quase automático de sua vassoura. Quando a bola estava há centímetros de bater em sua nuca, a garota deu um giro invertido, ficando de cabeça para baixo.

"Uou! A manobra Slip Groth Roll¹, mais conhecida como "movimento-preguiça!" — pela primeira vez, a voz do Black demonstrou alguma emoção mais ativa.Foi muito esperta, pois qualquer outro desvio não teria dado certo... E nossa de novo! Ainda de cabeça para baixo, McGonagall consegue pegar a Goles que Couston tinha lhe passado!... Ela lança a Goles na direção da baliza do centro, um movimento arriscado por sua mira estar em um ângulo distorcido, mas... — todos se levantaram para ver a Goles cortar os ares, passando acima da cabeça da goleira Moore que tenta se esticar... — ... E SIM, senhoras e senhores! Ela marca um ponto! — o Black exclamou, parecendo verdadeiramente chocado. — Grifinória sobe para quarenta pontos enquanto a Corvinal permanece nos setenta! Desta vez tiro meu chapéu para a monitora-séria..."

Iris abriu um grandessíssimo sorriso e gritou: "Demais!" ao mesmo tempo em que Henry exclamava um "Impossível!".

Virou-se triunfante para ele.

— Parece que não estamos tão em desvantagem assim... — falou provocativamente. — Mais três gols, meu amigo, e alcançamos vocês.

— Essa monitora é uma garota ou uma máquina? — Henry murmurou, cruzando os braços. — Esse movimento foi surreal!

— Ela é incrível... — Iris murmurou enquanto seus olhos miravam a figura de McGonagall, que ganhava batidinhas no ombro de seus companheiros de time.

Em meio ao rebuliço de alegria e felicidade que varria boa parte do campo e das arquibancadas, todos estavam ocupados demais em prestar atenção na comemoração do time da Grifinória para notar outras coisas deveras importantes...

... Porém, Iris viu a cena.

O apanhador Isaac Stolin, da Grifinória, disparou repentinamente para cima como um verdadeiro jato. Ele parecia seguir o outro apanhador (Taylor Lee, se não se enganava), que tinha um dos braços estendidos na direção de uma coisa dourada e minúscula...

"O Pomo-de Ouro finalmente deu as caras, senhores telespectadores! — o Black falou com energia; agora sim parecia estar animado com a partida. — Lee o viu primeiro, pois em vez de se focar em comemorações fora de hora, como fez Stolin, estava centrado em seu objetivo..." — os grifinórios engoliram em seco ao verem Lee ficar há apenas um metro de pegar o Pomo. Iris sentiu um nó formar-se em sua garganta.

O time vacilou feio. Será que depois de tanto esforço eles perderiam? Seria esse o resultado?

— "Ele está há um palmo agora; Stolin não vai conseguir alcançá-lo... Oh, Thompson rebate um Balaço na direção de Lee, que se desequilibra por um momento... — o Black pareceu se entediar com o acontecido, e continuou sem muita emoção (agora estava claro para quem ele estava torcendo): — E lá vai o Stolin atrás do Pomo de Ouro, louco para ganhar o jogo e... Para tudo! Stolin foi atingido na cabeça por um Balaço! A batedora Clark enfim resolveu fazer algo que preste nesta vida!... — a alegria e sarcasmo voltou na voz do sonserino. — Isso, vai até lá, Lee, ganhar um mérito para sua casa; bem que ela está precisando mesmo... — após o apanhador da Corvinal pegar o pomo, os vivas e palmas ensurdecedores varreram as arquibancadas. Um último comentário do Black foi-se escutado: — Durma com essa, Grifinória! Parece que o "predador" acabou virando a presa no fim, HÁ!".

Iris mantinha-se sentada de braços cruzados em meio aos gritos e abraços de comemoração ao seu redor. Por que tinha que ter aceitado o convite de Henry e ido se sentar em uma arquibancada cheia de alunos corvinais?

Henry, em um raro momento descontraído, tentou provocá-la em meio a festança geral:

— Quem estava certo no fim, Legraund? Eu bem disse que vocês perderiam logo no início da partida...

— Ah, não enche. — Iris fez cara feia, desviando dele e descendo as arquibancadas em passos emburrados.

Uma coisa que Iris Legraund odiava mais do que tudo era perder. Em qualquer situação, não importa a que seja — ainda que não estivesse necessariamente participando do embate.

Já no chão, observou as comemorações eufóricas do time da Corvinal, que se abraçavam e davam "urras" de felicidade — A maior parte do time da Grifinória já tinha desaparecido nos vestiários, derrotados.

Thomas Lewis e Kennedy Thompson, no entanto, tomaram a direção do pódio do narrador, com expressões vingativas enquanto erguiam os bastões ameaçadoramente (a batedora Clark ia logo atrás, desejando prestar apoio).

Infelizmente para eles, Victor Black já encontrava-se longe dali. Ele não seria nada burro em ficar ali desprotegido; certamente decidira dar o fora e evitar a ira dos jogadores em decorrência de sua "narração-humilhadora".

Iris suspirou. Logo na primeira vez que assistia à um jogo de Quadribol sua casa perdia. Ela era mesmo uma sortuda...

Enfim, foi deixando os campos com o resto dos alunos. Estava uma "zoeira" total, principalmente com os membros da Corvinal tirando vantagem para cima dos grifinórios...

De repente, em meio aos corpos e vestes de variadas cores na multidão, Iris viu Louisa Northrop ao longe.

A garota estava seguindo para dentro do castelo sozinha, devia ter saído da mesma arquibancada de Iris; contudo, admitia que não a tinha visto.

Olhando-a rapidamente, lembrou-se do assunto do Cristal Maldito instantaneamente. Seria aquela a melhor hora para falar com ela?

"Por que não?", pensou consigo mesma, adentrando o aglomerado de alunos, tentando chegar onde a garota estava.

Finalmente conseguiu passar pela multidão e foi em passos rápidos na direção da Northrop, não dando brechas para que voltasse atrás.

... Recordando-se vagamente de que a última conversa que ambas tiveram não fora nada amigável, achou que seria melhor utilizar outra abordagem para falar com ela...

Praticamente saltou ao lado da garota, carregando um sorrisão nos lábios.

Hey, Louisa! — a coitada deu um pulo no lugar por conta do susto. — Jogo incrível, não achou?

Ela respirou pausadamente, olhando-lhe com uma expressão confusa enquanto se recompunha.

— Hum... Você notou que perdemos, não notou?

Iris fez um gesto com a mão.

— Oras, mas isso não quer dizer que o jogo tenha sido uma merreca total... A McGonagall foi demais naquela última manobra! — continuou alegremente, querendo prolongar a conversa.

— Verdade. — Louisa acenou, mas ainda mantinha uma leve incerteza nos olhos ao direcioná-los para a ruiva. — Você... Veio aqui só para falar isso?

Iris desviou os olhos, inclinando a cabeça.

— É... Sim. Como outras coisas também! — sorriu autenticamente, e a Northrop revirou os olhos em frustração. — Ah, vamos lá, Louisa; temos que continuar nossa conversa de antes...

— Achei que ela já estivesse acabada. — a garota a interrompeu, continuando a andar em direção ao castelo em passos agora mais rápidos.

— Bem, na sua concepção sim, mas não na minha. — olhando para as pessoas ao redor, tentou puxar Louisa para um canto mais afastado, mas ela a impediu. — Vamos, não queremos que esse assunto adentre em ouvidos indesejáveis, não é? Sabe que Anne Crystal está sempre à espreita. — relembrou.

A Northrop, vendo que não teria como fazer-lhe desistir daquela conversa, suspirou.

— Tudo bem... Mas vamos logo com isso, tenho coisas a fazer. — respirou fundo. — Mas ainda acho uma perda de tempo querer insistir nesse assunto, Legraund. Devíamos deixar para lá...

Pararam perto de uma grande árvore, longe dos ouvidos alheios. Iris olhou para a garota, tentando não ficar impaciente com sua teimosia.

— Vamos fazer um acordo. — começou, indo direto aos finalmentes. — A única coisa que quero é a sua ajuda para investigar os fatos. Não conheço muitas coisas, e você é a aluna mais inteligente da classe; isso além de também ter escutado aquela conversa suspeita no Corujal. Olhe, sei que você acha que aquilo não tem nenhuma relação com o Cristal Maldito. Então, para comprovar isso, vamos pesquisar sobre esse artefato à fundo, oras! Acho que é nossa obrigação fazer isso, considerando as cristalizações.

— Mas não vai dar em nada...

— Se não vai dar em nada, que mal faz ao menos tentarmos? — interrompeu-a, jogando sua cartada final. — Sei que isso pode ser apenas uma loucura da minha cabeça; e se for realmente isso, prometo te deixar em paz para sempre. Em contrapartida, você vai ter que me ajudar. Não aceito um não, Northrop. — terminou, olhando-a atentamente.

Louisa desviou os olhos para o alto, parecendo lamentar a situação atual de sua vida. Ela soltou um longo suspiro, para, enfim, assentir com a cabeça.

— Tudo bem, você ganhou. Vou ajudá-la.

Iris abriu um enorme sorriso, sentindo o gosto da vitória.

— Isso! Foi dureza, mas consegui! Seremos a dupla de detetives! Eu serei o Sherlock, e você o dr. Watson! — nomeou com aquele tom de "Eu já sou o Sherlock, então nem tente discutir". Deu então as costas para Louisa, pondo-se a andar extremamente satisfeita para o castelo.

... Não sem antes escutar um murmúrio confuso da outra à suas costas:

— ... Watson-quem...?


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Notas finais do capítulo

♥ Curiosidades ♥

Slip Groth Roll¹ — Trata-se de uma manobra famosa e complicada que consiste no jogador colocar-se à semelhança de uma preguiça para, assim, evitar um balaço.

§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§

Gente, eu estou SEDENTA pra saber o que vocês acharam do jogo. Foi a minha segunda tentativa (a primeira foi pro lixo, hehe) e eu espero MUITO que tenha ficado, ao menos, satisfatório. Não sei se já falei, mas uma das minhas maiores preocupações era quando chegasse a hora de narrar um jogo de quadribol, sabem, eu achava sinceramente que não conseguiria dar conta do recado :/

Mas no fim até que eu me diverti! Principalmente com a narração do Victor; essa parte eu achei bem hilária kkkk

E outra: o tipo de narração e observação foi diferente, né, pois foi visto por uma pessoa na arquibancada, e não como mostrava com o Harry, se movimentando pelo campo e acompanhando o jogo em alguns intervá-los. Esse foi outro ponto que me deixou tensa, então espero que tenha ficado legal, sério, espero MUITO.

Minerva divina, acho que me apaixonei ainda mais pela personagem depois desse capítulo ♥

E a Corvinal GANHOU! Psé, gente, pra vocês verem que eu não pratico favoritismo esse jogo tá aí pra provar kkkk Mas também eu fui realista, né? Sem a Griselda o time da Grifinória iria estar meio baqueado, sendo assim eu não quis forçar demais. Vocês que devem ter AMADO, né Ju, né Gabriel? Dois corvinos do peito pelo que sei kkkkk ♥

E finalmente Iris e Louisa entraram num acordo, minha gente! Já não era sem tempo! Agora, como será essa pesquisa delas, né? Haverão frutos?

Bem, acho que já tagarelei demais kkkkk Como disse lá em cima, hoje o dia começou bem corrido e só tive tempo de vir aqui agora. Mas para alegrar vossos coraçõezinhos, irei anunciar que Terça-Feira terá mais capítulo!!! Adiantei as coisas essa semana e por isso posso dar um agradinho ♥

Até Terça, pessoal! Tenham um ótimo FDS!

Malfeito, feito. Nox.



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