Hogwarts e o Mistério do Cristal Maldito — Vol 1 escrita por Linesahh


Capítulo 3
Capítulo 2 — Compras


Notas iniciais do capítulo

Olá, povo! Voltamos com mais um capítulo! Este vocês COM CERTEZA vão gostar! Quem não ama o Beco Diagonal? Imagina poder comprar caldeirões, uniformes, varinhasssss!! É um sonho, não? ^-^

Desçam logo a tela e boa leitura ♥



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 ◘ Emily Parker ◘

 

Emily sentia-se como um peixe fora d’água.

Absolutamente nada do que via lhe passava a mínima impressão de familiaridade — na verdade era o oposto. Tudo aquilo lhe assustava, e a ideia de ter que aprender um novo estilo de vida lhe fazia sentir-se ainda mais hesitante.

Manteve os olhos grudados em dois garotos que passavam. Eles pareciam se divertir à beça com um utensílio em mãos, que mostrou se tratar de uma pequena caixa.

Impressionou-se bastante no momento em que minúsculas aves pretas irromperam da abertura da caixa, em busca de bicar os dois garotos que importunavam seus espaços. Depois de mais três investidas contra eles — que não apresentavam sinais de soltar a caixa — todo o ninho de avezinhas saiu num estrondo, agora praguejando furiosas, apontando e investindo as garrinhas contra o rosto dos meninos. Estes gritaram apavorados e saíram correndo estapeando o rosto.

Emily sentiu o medo lhe invadir quando viu aqueles bichos ferozes, mas logo se aliviou ao ver que eles foram para longe, ainda perseguindo os pobres garotos.

Surpreendeu-se ao ouvir, dentre os sons finos que as aves faziam, alguns palavrões conhecidos, o que lhe espantou deveras.

“Animais falantes?...”, franziu o cenho.

— Aqui você poderá encontrar de tudo. — o sr. Bradley comentou, reparando no interesse dela sobre os animais. — Há muitos animais falantes no mundo mágico, e digo já que eles não são em nada parecidos com os que a senhorita está acostumada a ver.

Ainda confusa, olhou outra vez em direção a pequena caixa agora esparramada no chão, abandonada pelos garotos desesperados e as avezinhas furiosas.

— Mas... Aqueles passarinhos... — ele lhe incentivou a continuar. — Eles me pareceram ser corvos normais, apenas o tamanho era... — mesmo sendo uma observação óbvia, não queria deixar de transpassar o estranhamento que possuía. — Diferente.

Ele sorriu. — Sim, pelo o que pude absorver de informação em várias conversas que tive com nascidos-trouxas ou, pelo menos no seu caso, crianças vindas de famílias bruxas, mas que ainda não possuem muito ou nenhum conhecimento de magia, ouvi dizer que alguns dos animais mágicos lembram um pouco dos animais trouxas. Interessante, não?

Sem saber bem o que responder, colocou as mãos atrás das costas, assentindo enquanto passava os olhos pelo local.

— Olhe — olhou-o novamente. —, sei que é tudo muito novo, mas vai por mim, logo se acostumará. — ele assegurou amigavelmente. — E veja! — olhou no relógio ligeiramente surpreso. — Estou em cima da hora como sempre... Faremos o seguinte, há algumas coisas que preciso resolver por aqui, então vai comprando os materiais da lista, assim você aproveita para conhecer melhor o lugar...

Levantou as sobrancelhas, assustada.

— O-O quê? — balbuciou. — Eu vou ficar sozinha?

— Ora, não precisa ficar com medo. — ele tranquilizou-a. — Estarei por perto, tente observar e conhecer bem as coisas por aqui, pois são muito interessantes. — vendo que ela continuava a expressar receio com a ideia, ele suspirou e inclinou-se mais em sua direção, sorrindo bondosamente. — Olhe, em duas horas, volte para este mesmo lugar, será nosso ponto de encontro. Imagino que seja tempo suficiente para que você compre e explore tudo o que precise. O dinheiro está bem guardado, suponho? — ele arqueou a sobrancelha. Emily assentiu rapidamente, sentindo o saquinho cheio de moedas pesar em seu bolso. A primeira coisa que haviam feito fora passar no banco, que Emily achara o lugar mais esquisito que já fora em toda sua a vida. — Ótimo, fico feliz, minha cara. — ele pareceu satisfeito. — Agora acho que posso...

ATENÇÃO, ATENÇÃO! — voltaram as cabeças na direção que vinha a escandalosa voz, e Emily notou que o responsável se tratava de um provável “sem teto”.

Ele era velho, com os cabelos e barba completamente brancos e compridos, as roupas em farrapos. Viu que ele chacoalhava uma grande placa, que não conseguiu ler direito por conta da distância.

— Todos precisam saber! – ele encarava as pessoas que haviam parado para observar completamente atônito, parecia um louco. — Hogwarts não está segura! — todos se entreolharam confusos. — O Cristal Maldito, meus senhores, o Cristal! Há um pedaço dele em Hogwarts, e isso colocará todos em perigo!

As pessoas logo começaram a se desinteressar pelo intenso falatório daquele velho, balançando a cabeça em censura, o que o fazia parecer ainda mais alarmado:

— Onde pensam que estão indo?! — ele exclamou em descrença. — Seus filhos e filhas ficarão em risco, por favor senhora! — ele se dirigiu a uma moça que já se punha a se retirar junto com o filho que se lambuzava com um enorme sorvete enquanto observava o velho. — Pense em seu querido filho, quer que algum mal aconteça a ele?

A mulher, torcendo o rosto, apenas forçou o aperto no braço da criança e saiu evidentemente aborrecida, assim como a maioria das outras pessoas.

— Por favor, vocês devem acreditar em mim! — ele gritou com voz dolorida. — Pessoas ruins desejam possuir o Cristal, por favor, eu ouvi o que disseram! — ele tentava falar para as poucas pessoas que ali permaneceram, em sua maioria com sorrisos zombeteiros na direção dele. — Eu os ouvi! Falaram que...

— Muito bem, sr. Cook, vejo que está dando mais um de seus “shows”. — um homem, que Emily imaginou ser algum tipo de segurança, saiu de uma loja de pergaminhos, já colocando a mão sobre as costas do velho que o encarava eufórico.

O segurança começou a encaminhá-lo para outro lugar.

— Mas eu ouvi! Não estou mentindo, o Cristal... — ele falava agitadamente, não recusando a ação do homem em tirá-lo do local.

— Eu sei, sr. Cook, eu sei... — o segurança falou com paciência, como se já estivesse acostumado com a situação.

Logo o biruta sr. Cook desapareceu de cena, com certeza sendo encaminhado para um local que não pudesse espalhar suas paranoias para as pessoas.

Emily encarava tudo sem palavras, abismada com a loucura daquele senhor. Nunca havia visto uma pessoa num estado tão confuso como o dele, além de não ter entendido nem metade do que ele dissera...

— Certo! — acordou com a voz do sr. Bradley, dando-se conta de que ele ainda continuava ao seu lado. — Não precisa se assustar com esse tipo de coisa. — ele fez um meneio com a cabeça em direção ao lugar que se decorreu toda aquela agitação, que agora se encontrava com movimentação normal. — Há muitas pessoas esquisitas por aqui, tentando atrair os outros com suas propagandas para que possam ganhar alguma coisa. — ele percebeu a insegurança que passou pelo rosto da garota, pois logo continuou: — Não tenha medo, apenas passe longe. — ele ajeitou o casaco, olhando ao redor. — Acredito que já nos demoramos demais aqui, vou indo. E lembre-se do que eu falei: — encarou-lhe significativamente. — Em duas horas, com compras completas ou não, me encontre aqui, entendido?

Ainda um pouco lamuriada por estar sendo abandonada, Emily acenou lamentosamente. Ele sorriu em compadecimento e, dando um aceno, desapareceu entre as pessoas.

Olhou ao redor, sentindo-se uma formiguinha no meio de toda aquela loucura. De repente parecia ainda menor do que já era.

“Bem... Acho que minha única opção é comprar as coisas dessa lista...”, puxou o papel de seu bolso e o abriu, analisando o primeiro tópico.

Franziu o cenho com a extensa lista de livros que tinha de comprar e, principalmente, estranhou deveras os nomes das disciplinas. “Feitiços, Transfiguração, Poções... Oh, meu Deus, onde fui me meter?”, lamentou.

Passou os olhos por várias lojas ali perto, se atentando a uma em particular que tinha em exposição várias prateleiras com livros diversificados por entre as vidraças.

“Floreios e Borrões”, era seu nome, e supôs que deveria ser ali que se comprassem os livros.

Já dentro da loja, reparou que seu interior se encontrava deveras cheio, com vários jovens que, assim como Emily, estavam ali para conseguir seus livros.

Enquanto esperava sua vez de ser atendida, se entreteve em observar os livros que estavam por toda parte. Eram de vários tipos: grandes, pequenos, ovais, em forma de pirâmides...

... E se os formatos eram esquisitos, os conteúdos eram ainda mais. Leu diversos títulos estranhos como: “Guia de como capturar um trasgo de seis metros”, “Como fazer uma poção rejuvenescedora” e “Maiores nomes da história do mundo bruxo do século XIX”, entre outros.

Viu um garoto que devia ter a mesma idade que a sua, um pouco ao longe. Ele tinha um livro negro em mãos e se aproximou cautelosamente de uma garota que lia entretida o anúncio de vendas numa prateleira. Ele abriu o livro ao lado da orelha da menina, e de dentro dele um grito horrível que Emily só ouvira em filmes de terror irrompera pelo ambiente.

— Arre! — a garota pulou quase um metro no lugar ante o susto e saiu correndo aos praguejo atrás do garoto, que gargalhava.

Um dos vendedores saiu para cuidar da pequena “confusão”, e Emily fora chamada por uma mulher de meia idade no balcão.

A coisa toda foi mais rápida e prática do que pensara que seria. A mulher já havia separado todos os livros de cada ano que se encontravam empilhados atrás do balcão. Emily apenas tivera de falar o ano que faria em Hogwarts, e a mulher embalou uma das pilhas, dando ainda um carrinho de rodinhas para que Emily pudesse carregar tudo. Ela fora ainda mais gentil em ajudar Emily a pagar pelos livros, pois não sabia como manusear aquele tipo de dinheiro.

Saiu da loja um pouco mais leve do que quando entrara. Não havia sido tão difícil assim... Tinha de lembrar que só por estar conhecendo agora as pessoas bruxas, não queria dizer que elas fossem completas “malucas” como achou que seriam.

O resto dos utensílios da lista foram fáceis de se conseguir depois disso, pois parecia já estar pegando o jeito da coisa.

O Beco Diagonal não era tão enorme como achou anteriormente. Meio que já sabia onde cada loja se encontrava e o que tinha nelas, pois sempre havia sido muito observadora (um traço comum para pessoas que falavam pouco) e não precisara pedir tanta informação...

O que era um alívio para si, principalmente por ter vergonha de falar com estranhos.

Seu carrinho já se encontrava cheio: livros, ambulas, ampulhetas, caldeirão, penas de escrever, frascos de tintas... Já estava no fim da lista, apenas necessitava de mais alguns itens:

3 Conjuntos de vestes comuns para dias de trabalho (preta);

1 Chapéu pontudo simples (preto) para uso diário;

1 Par de luvas protetoras (couro de dragão ou similar);

1 Varinha.

— Uma varinha... — murmurou para si mesma. Nunca achou que seria possível que um objeto mágico daqueles realmente existisse.

Sempre ouvira falar em historinhas e contos que as bruxas eram seres inventados, com narizes grandes e desdentadas que voavam em suas vassouras em busca de criancinhas para cozinhar em seu enorme caldeirão. E em algumas histórias elas possuíam varinhas.

Agora teria uma só para ela...

Procurou por alguma loja que indicaria que ali se vendiam varinhas, porém, não localizou nada semelhante no lugar onde estava. Contudo, leu em uma placa de uma construção lilás logo à frente os dizeres:

“Madame Malkin — Roupas para Todas as Ocasiões”. Decidiu que passaria ali primeiro.

Já na porta de entrada, pôde visualizar diversas peças de roupas que eram bem chamativas, com cores amarelas, vermelhas e verdes que pareciam brilhar com a luz do sol. Entrou e observou bem o local. Possuía muitas estantes cheias de cabides, todas segurando todo tipo de roupa.

Notou que não havia sessões especificas para vestes de verão e inverno, nem mesmo para roupas chiques ou pijamas. Tudo era postado de forma aleatória e bagunçada, mas, Emily concluiu após alguns segundos de análise, que aquele deveria ser o “diferencial” da loja.

Foi andando em passos cautelosos até o final do corredor, onde ouvia vozes aumentarem cada vez mais conforme se aproximava. Fazendo uma curva para a direita, viu então uma mulher de costas para si, que parecia tirar medidas de um garoto acima de um baixo assento.

Pelo espelho grande postado logo à frente dos dois, Emily conseguira ver o rosto da mulher pelo reflexo, e não pôde deixar de admirá-la.

Ela tinha um rosto delicado com traços simétricos, o cabelo louro preso em um elegante coque no topo da cabeça. Trajava vestes rosa-claro evidentemente da última moda, que combinavam perfeitamente com sua aparência graciosa. Com certeza deveria se tratar da própria madame Malkin¹.

Emily ficou surpresa com isso, pois tinha certeza (vindo de alguém que se tratava da dona daquele tipo de loja) que ela trajaria roupas, digamos, mais “exóticas” que o normal, considerando os modelos que vendia por ali.

— Ai, ai, sr. Fisheer, fique quieto! — ela reclamou, parecendo impaciente. Puxou a manga da blusa do garoto, tentando enfiar os alfinetes corretamente. — Assim não vai dar para fazer nada!

— Ah, eu não gosto desse tipo de roupa... — o tal de Fisheer, que Emily reconheceu como sendo o autor da pegadinha do livro no Floreios e Borrões, aparentemente não conseguia permanecer quieto sobre o lugar. — Madame Malkin, por que trabalha tanto? Uma mulher bonita como você não deveria mexer um dedo sequer... Ai! — ele esfregou o pulso, onde provavelmente uma agulha o cutucara. — Você fez de propósito! — reclamou.

— Ah, não querido, imaginação sua... — madame Malkin deu um falso sorriso e voltou a recolocar as agulhas. — Mas olhe bem, controle essas suas observações inconvenientes ou serei obrigada a ter uma conversinha com sua mãe, senhorzinho... — ela balançou a cabeça em censura.

Emily permaneceu quieta, apenas observando a alguns metros. Ficou surpresa com a atitude audaciosa do garoto... Os tempos estavam realmente virando de cabeça para baixo.

Finalmente a madame pareceu terminar o trabalho com o Fisheer, e o entregou as peças de roupa, voltando-se então para a garota que continuava esperando.

— Ah, venha querida. — ela lhe sorriu. — Tenho certeza de que será uma cliente muito mais bem educada... — ela riu após o garoto dar uma bufada mal-humorada e sair da loja. — Hum... — ela lhe analisou minuciosamente, os olhos treinados. — Você tem a estatura bem pequenina... — Emily se encolheu com o comentário. — Vamos tirar as medidas! — anunciou animadamente, já a dirigindo para cima do mesmo palquinho que se encontrava o garoto segundos antes.

Deveria ter levado quase meia hora até que Emily saísse da loja com suas roupas em mãos. A madame tivera de fazer alguns ajustes em diversas peças para que elas se encolhessem e ficassem do tamanho apropriado para si.

Olhou para o sol, que já se encontrava alto no céu... Deveria ter sobrado pouco tempo e ainda tinha de comprar a varinha.

Poucos minutos depois já se encontrava no interior da loja. Tivera de pedir uma informação para uma moça cheinha que estava na calçada analisando os preços de utensílios domésticos. Com uma rápida olhada, Emily reparou que eles não eram nada iguais aos que tinha em casa, pois panelas que se limpavam sozinhas, talheres que atacavam intrusos com más intenções e esfregões que se ensaboavam sem o manuseio de alguém, não eram coisas que via em qualquer loja na esquina de casa.

Se encontrava no “Olivaras”, loja que não havia reparado por ter uma aparência um tanto desbotada e velha.

Ali dentro, a primeira coisa que fez foi admirar as extensas prateleiras que pareciam chegar à altura do teto, todas preenchidas por vários tipos de caixinhas com cores diversificadas. Era um lugar um pouco escuro e evidentemente velho, pois uma fina camada de pó estava presente na maior parte dos móveis amadeirados, assim como dava para se sentir no próprio ar.

Voltou sua atenção para uma grande bancada logo a frente, vendo que não era a única a estar ali para comprar sua varinha no presente momento.

Havia um homem que devia ter trinta e poucos anos atrás do balcão. Ele atendia uma garota de cabelos bem negros e brilhantes e, ao que tudo indicava, apresentava vários tipos de caixas e varinhas para ela.

— Ai... Será que dessa vez dará certo, sr. Olivaras? — a garota perguntou evidentemente ansiosa.

O sr. Olivaras² apenas deu um sorriso gentil, a instigando para que pegasse a varinha que tinha em mãos.

— Não se preocupe, senhorita, você achará a varinha certa, todos sempre acham!

A garota assentiu, parecendo ficar mais esperançosa. Pegou a varinha com a mão agora mais firme. Na mesma hora, uma luz dourada resplandeceu por toda a extensão da varinha, e Emily ouviu a outra ofegar:

— Ah, minha nossa, minha nossa! É essa! Sim, sim, é essa! — a garota vibrava de felicidade e emoção, parecia ter se preocupado e esperado muito por aquele momento.

O sr. Olivaras apenas riu da reação da menina.

— Oh, eu falei, não falei? Todos sempre acham... — falou bem-humorado, já guardando as outras varinhas nas caixas abertas sobre o balcão. Os olhos dele então se voltaram para Emily, que observara tudo admirada. — Venha aqui você também, senhorita, deve querer pegar sua varinha, suponho. — ele fez um gesto para que se aproximasse.

Assentiu um pouco encolhida por ter sido notada. A garota de cabelos negros olhou rapidamente para si com um sorrisão estampado na face alegre, e logo voltou sua atenção para a nova varinha.

Quando parou ao seu lado, a garota lhe analisou melhor e pareceu querer puxar conversa:

— Está indo cursar o primeiro ano em Hogwarts também?

— Sim... — Emily, lembrando-se que ainda se encontrava muitíssimo confusa com tudo aquilo, corrigiu-se. — Bem, acredito que sim.

— Que legal! Ao menos verei um rosto conhecido, eh... — ela fez um gesto que a instigava a se apresentar.

— Emily Parker. — falou.

— Anne Crystal. — ela fez um pequeno aceno educado. — Até breve, e tchau para o senhor também! — despediu-se do sr. Olivaras, já andando em direção à porta.

— Vá bem, srta. Crystal. — ele acenou com a mão. — Ela é uma ótima garota. — voltou-se para Emily. — Conheço desde que era pequenininha, os pais são muito amigáveis e excelentes pessoas. Poderão ser boas amigas, srta. Parker...

“Hum, tenho minhas dúvidas...”, afinal, era muito diferente daquela menina, principalmente se considerando que ela já parecia fazer parte daquele mundo desde o início de vida.

— Pois bem — o sr. Olivaras pegou uma fita métrica. —, estenda o braço para tirar as medidas, criança.

Emily não entendera absolutamente nada daquele procedimento estranho para se comprar uma varinha. O que o tamanho de seu braço influenciaria em alguma coisa?

Após o fim do processo, o sr. Olivaras abriu algumas gavetas atrás do balcão e retirou três caixinhas de seu interior, as colocando lado a lado. Ele optou pela do centro. Emily observou-o enquanto abria a caixinha e, com certa estranheza, notou o evidente esforço que ele estava tendo para pegar a varinha ali de dentro. 

Um puxe. Dois puxes. Três puxes. E nada de conseguir tirar o objeto dali de dentro. 

O sr. Olivaras sorria gentilmente, não parecendo estar surpreso. 

— Ora, ora, temos uma tímida por aqui… — comentou, complacente. —  Não se acanhe, pode sair. — encorajou.

(Emily demorou um pouco para se tocar de que ele estava falando com a varinha).

Depois de algumas palavras de encorajamentos, ele enfim tirou o objeto da caixa, revelando uma varinha preta de cabo amadeirado.

— Feita de Piliteiro, pelo da Calda de Unicórnio, elástica, 22 centímetros. — estendeu-a em sua direção, e Emily hesitou um pouco antes de pegá-la. Aquilo era algo totalmente novo e desconhecido para si e (como já vira em uma demonstração) um tanto perigoso.

Pegou o cabo dela, sentindo a madeira rústica em seus dedos. Um segundo depois, sua mão começou a formigar, logo se instalando uma sensação de queimação em seu interior. De repente, uma luz azulada surgiu na ponta da varinha, ficando cada vez mais nítida...

... Até que a luz se lançou para o alto e explodiu em diversos floquinhos de neve, que flutuaram em uma dança ondulante até o chão. Permaneceu boquiaberta com o ocorrido, olhando para a varinha como se não acreditasse no que seus olhos haviam acabado de presenciar.

— Essa é uma das reações que mais gosto de ver, devo comentar. — o sr. Olivaras foi guardando as outras duas caixinhas, parecendo estar satisfeito. — É muito bom quando a varinha se decide de primeira, assim ameniza os nervos de vocês crianças... E me parece que tanto a varinha quanto a dona possuem personalidades semelhantes; isso é muito bom. — comentou, piscando para ela.

— Foi... Completamente lindo. — balançou a cabeça, atordoada. Voltou os olhos para o homem. — Então... Essa será a minha varinha? — perguntou em dúvida por tudo ter acontecido tão rápido.

— Isso mesmo, e que dure uma vida toda, espero! — ele declarou enquanto ajeitava o resto do balcão animadamente. Emily ficou bem admirada em ver como ele parecia ter disposição e amor pelo trabalho.

— Vai sim, senhor. — respondeu timidamente, apertando a varinha contra o casaco. — Já vou indo, obrigado por tudo. — agradeceu e, após ele retribuir com um aceno, virou-se e tomou rumo da saída da loja.

Mal saiu e deu de cara com o sr. Bardley.

— Ah! Aí está você... — ele se aproximou, parecendo aliviado. — Passou-se cinco minutos do prazo que dei, e sai procurando por você, minha cara. — Emily baixou os olhos envergonhada, mas antes que abrisse a boca para pedir desculpas, o sr. Bardley (com certeza já prevendo esse fato) continuou: — Mas me diga, conseguiu comprar tudo? — ele examinou o carrinho entulhado até a boca.

— Sim, senhor. — assentiu, sentindo-se pelo menos satisfeita com o “dever cumprido”. — Podemos ir agora...

— Ótimo. — os dois começaram a caminhar até a entrada do Beco, quando ele chamou sua atenção. — Olhe, tem uma loja de animais aqui perto. Pode escolher algum para lhe fazer companhia em Hogwarts. — ele apontou para um estabelecimento logo à frente, indicando na placa o nome “Animais Mágicos”.

Mal a ideia passou por sua cabeça e já a balançou negativamente na mesma hora.

— Não, não, obrigado. Vou ficar bem sem um... Bicho. — engoliu em seco.

Ele a observou atentamente.

— Oras, não vai dizer que tem medo? — sorriu brincalhão. — Não precisa ser uma cobra ou uma acromântula da vida! — riu divertido. — Pode escolher uma coruja, sapo ou até mesmo um gato. Sei que são criaturas comuns para as pessoas do mundo trouxa...

Olhou para os próprios pés, seu rosto começando levemente a queimar.

— E-eu sei... Eu... Só não quero, é isso. E meu pai não gosta de animais... — notificou, não querendo prolongar aquele assunto.

— Hum, tudo bem. — aparentemente ele decidira não insistir.

Não que Emily detestasse animais. Os achava bonitos e os dotes que cada um possuía eram extremamente admiráveis. O problema na verdade era que tinha pavor de qualquer criatura desde o dia em que fora atacada por um grupo de pássaros quando menor. Foram diversos cortes pelo corpo, e ficou com trauma de qualquer coisa que possuísse garras. E, com o tempo, isso acabou por incluir até mesmo os mais inofensivos, como se tivesse perdido o gosto por qualquer tipo de animal.

Estava tão entretida em seus pensamentos sobre tudo que estava acontecendo em sua vida, que pareceu ter apenas piscado quando se viu já em frente à porta de sua casa.

O sr. Bardley a ajudou a levar as coisas até a entrada para não ter tanto trabalho. Quando terminou, ajeitou o casaco, virando-se para ela.

— É isso. — sorriu. — Não se esqueça: amanhã às onze no Expresso de Hogwarts, sim? — Emily acenou positivamente. — Espero que tenha um ano agradável, minha cara.

Emily ficou um pouco triste pelo tom de despedida. Gostara bastante do sr. Bardley, mesmo só tendo passado apenas poucas horas em sua companhia. E ainda se sentia tão insegura com tudo que teria de enfrentar dali para frente... E sozinha.

Lembrando-se de seu pai e em como ele reagira com tudo aquilo, tivera uma dúvida.

— ... E se meu pai não permitir que eu vá? Ele pode muito bem me trancar dentro de casa ou confiscar todas essas coisas...

O sr. Bardley apenas deu de ombros. — Se for o caso, virei aqui para levá-la, ele querendo ou não. — deu uma piscadela divertida, fazendo Emily ficar surpresa com a resposta direta. — Até, minha cara. — ele fez um gesto tão discreto com a varinha que Emily quase não reparara, e um chapéu preto surgiu entre suas mãos, logo sendo colocado sobre sua cabeça.

— Até. — o observou ir se afastando pela rua um pouco movimentada agora (muitos de seus vizinhos espiavam pelas janelas o homem de vestimenta chamativa) e virar a esquina na John Adam St.

... Emily suspirou, imaginando os comentários que rolariam soltos pelo bairro.

Antes de abrir a porta, olhou para todas as coisas que levaria consigo no dia seguinte e que seriam suas companheiras dali em diante. Respirou fundo, tentada a fazer com que sua mente se enquadrasse e não se desesperasse com a nova vida que a esperava.


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Notas finais do capítulo

♥ Curiosidades ♥

Madame Malkin¹ — Esta personagem em particular trata-se de uma incógnita. Pesquisamos bastante sua vida, porém, não encontramos uma data certa de seu nascimento. Tudo o que pudemos supor é que ela era uma velha na época do Harry. Ou seja, o jeito foi colocá-la como uma jovenzinha.

Sr. Olivaras² — O sr. Olivaras tem entre 30 a 40 anos de idade na década de 50. Ele pode ter nascido em 1919 ou antes dessa data. Porém, ao que tudo indica, ele já trabalhava na loja nesta época.

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A Emily é bem fofa ás vezes, mas muito depressiva (até eu faço caretas enquanto escrevo a visão dela). Bem, vocês descobriram muitas coisas sobre ela: pai trouxa, mãe bruxa, ela é extremamente tímida e pessimista. Vamos ver no que vai dar quando ela ir para Hogwarts kkkk

No próximo capítulo vocês conhecerão a mente de OUTRA personagem. Ela será muito importante para a história geral do livro. Até o próximo, bjjs

Malfeito, feito. Nox.



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