Hogwarts e o Mistério do Cristal Maldito — Vol 1 escrita por Linesahh


Capítulo 20
Capítulo 19 — Prof. Picquery Dá Uma Difícil Missão


Notas iniciais do capítulo

Eae, leitores??? Tudo bem com vocês? Comigo está tudo ótimo, principalmente por hoje ser dia de postagem! ÊEEEEE!

Antes de tudo, queria dedicar esse capítulo à minha querida e incrível leitora, que me incentiva cada dia mais com seus comentários incríveis. Corvinal01, essa é pra você *-*
Sem mais delongas, aproveitem o capítulo! Nos vemos nas Notas Finais!



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Louisa Northrop

 

— Continuem pessoal, ainda temos dez minutos!

A jovem e bela prof. Rosa Picquery¹ andava pela sala de Poções costumeiramente escura nas Masmorras. Checava brevemente mesa por mesa, onde os alunos executavam suas tarefas.

... Ou, pelo menos, tentavam executá-las satisfatoriamente.

— Para quê essa poção é necessária mesmo? — Suzanne Roowar, a garota negra de longos cabelos cacheados, mexia cautelosamente seu caldeirão fumegante, estranhamento seu conteúdo. — Quero dizer, é de se questionar o motivo pelo qual uma pessoa gostaria de ingerir algo que tira o sono...

A dupla de Suzanne (que, como sempre, tratava-se de Zoe Hill) e mais dois colegas que também ocupavam a mesa perto das persianas escuras, concordaram com a observação da menina.

— Ora, por vários motivos, é claro! — a prof. Picquery replicou de maneira óbvia, atraindo por alguns segundos diversos olhares masculinos, como era costume de acontecer sempre que a mulher abria a boca para falar alguma coisa.

“Existem pessoas que precisam escapar do sono em determinadas situações. Por exemplo... — ela pareceu pensar. — Os bruxos e bruxas investigadores, que não podem perder o foco por conta da sonolência, ou até mesmo alunos distraídos, que precisam de algumas horinhas a mais de estudos para recuperarem alguma nota...” — ela lançou um significante sorrisinho para alguns garotos conhecidos por gastar o tempo planejando “gracinhas”.

Estes, envergonhados com a indireta da professora, desviaram e se puseram a prestar atenção em suas próprias poções.

Estava claro que a Picquery falara de modo brincalhão, mas, como sempre, haviam seus “quês” de verdade...

Mas — ela continuou. —, se acham que o cansaço e o sono não atrapalham em nada, não me sentiria culpada em fazê-los engolir algumas gotas dessa poção, apenas para verem a clara diferença.

Com uma colher de pau tirada de uma estante próxima, ela bateu-a na nuca de um garoto da Sonserina que, parecendo boiar nos próprios pensamentos sonolentos, pulou de susto no lugar.

— Vamos logo com isso, quero essa poção terminada na minha mesa até o fim da aula, nenhum minuto a mais. — ela declarou, continuando sua supervisão pela sala.

Louisa Northrop se ocupava em preparar com perfeição cada processo da chamada Poção de Inviabilizar o Sono², que não era nada muito desafiadora.

Já havia dado uma rápida lida sobre ela no “Manual de Poções Simples e Eficazes: Aprenda como Prepará-las Satisfatoriamente”, e, por isso, a diária consulta que a maioria dos colegas faziam nos livros não era muito necessária em seu caso.

No entanto, em relação a sua “parceira”, a situação não parecia ser a mesma.

Por vezes, Iris Legraund mostrava-se um pouco confusa, checando o tempo todo a quantidade milimetrada dos ingredientes que precisava colocar, assim como também (Louisa percebera) dando ligeiras espiadas em seu caldeirão.

Embora a prof. Picquery tivesse colocado as duas garotas como dupla, o preparo da poção era individual, o que fez Louisa imaginar que a proposta da professora era apenas por conta dos lugares das mesas estarem arrumados de tal maneira.

A professora explicou que o processo de trabalhar em conjunto era muito importante em determinadas situações, dizendo que as duplas poderiam seguir com os preparos das poções auxiliando um ao outro e trocando conhecimentos...

... O que era o oposto da parceiragem da Northrop com a Legraund.

Ainda que as duas garotas estivessem lado a lado desde o começo da aula, não haviam trocado uma só palavra — muito menos sobre a tarefa que deviam fazer. Apenas permaneciam quietas, absortas cada uma em seu próprio lado da mesa.

No caso da Legraund, o quesito “quieta” não era tão presente assim.

Longe dos olhares atentos da professora, Iris desatava a perguntar baixinho a outros colegas coisas como: “A cor que tem que ficar é essa mesmo?”, “A sua também está com cheiro de queimado?” ou “Ainda sobrou alguma lagarta com vocês? De preferência as mais gordas, se possível...”.

Louisa, a cada vez que escutava as indagações da outra, ficava tentada a responder algo que ajudasse; contudo, hesitava ao lembrar-se do episódio em que haviam tido um certo tipo de “discussão”.

Ainda não sabia o motivo da ajuda tão repentina que a Legraund havia- lhe oferecido durante sua briga com Charlotte...

... Principalmente considerando que, logo depois, ela começou a dizer coisas sem nexo, como se a culpa de tudo o que estava acontecendo consigo houvesse sido causada por, ao menos, alguns atos de sua própria parte.

Se está cansada de tudo como diz que está, acho que a melhor maneira é inverter o jogo, pois ficar calada e baixar a cabeça para tudo o que dizem, como se aceitasse, não está ajudando em absolutamente nada”.

Lembrou-se das palavras ditas pela ruiva enquanto ela tentava lhe convencer de algo que, até o momento, Louisa sentia que não sabia muito bem sobre o que exatamente seria.

Se não era para permanecer calada, era para fazer o quê, afinal? Como conseguiria conversar normalmente com pessoas que só lhe encaravam com aversão?

Depois de um bom tempo pensando nesse assunto, logo após deixar a Legraund sozinha naquele corredor, forçou-se a esquecer toda aquela besteira. Ela definitivamente não sabia do que estava falando.

E como poderia, se não era ela quem estava sendo taxada de “sujeitinha-infame”, ou qualquer outra das palavras extremamente mal-educadas que eram dirigidas injustamente a seu respeito?

“Se ela estava tentando ajudar, foi de maneira um tanto precipitada...”, suspirou, parando de mexer a poção logo após tirar a espinha de baiacu do líquido, a fim de que ela esfriasse. Estava quase terminando agora...

— Oh, finalmente achei mais dessas vagens grudentas!

Charlotte Hevensmith apareceu do nada, se colocando entre Louisa e Iris, mirando o ingrediente que se encontrava em cima de uma tábua de madeira no centro da mesa.

Iris, de imediato, assim como a outra dupla com quem dividiam a mesa, encararam a Hevensmith com desconfiança, enquanto Louisa já se mantinha na defensiva esperando descobrir o que aquela garota estaria fazendo ali.

— Bom — Charlotte sorriu com simplicidade. —, como tenho a mais absoluta certeza de que vocês são pessoas extremamente gentis, acho que não se importariam se eu pegasse o resto...

Charlotte. — Louisa franziu o cenho, parando o braço da outra, que segurava a tábua com as vagens. — Ainda vamos usar esse ingrediente. — avisou firme. Mesmo que, em seu caso, não precisasse mais usar as vagens, acabou mencionando sem nem perceber os outros da mesa, que voltaram as atenções ligeiramente para seu rosto.

A sonserina virou calmamente a cabeça em sua direção, uma sobrancelha arqueada.

— Mas eu também preciso usar. — retrucou simplesmente, com certa superioridade na voz.

E, antes que Louisa pudesse dizer alguma coisa, a garota desvencilhou-se de seu aperto no braço, enquanto seguia caminho para a própria mesa com as vagens em mãos, a vasta cabeleira loira balançando à suas costas. — Muitíssimo obrigada. — agradeceu com sarcasmo e satisfação.

Louisa continuou encarando-a até Charlotte juntar-se com seus colegas igualmente arrogantes, não acreditando no quão baixa ela era...

O pior de tudo foi que a dupla à frente mirou Louisa de uma forma como se a culpa de o ingrediente ter sido levado fosse exclusivamente sua, e não apenas de Charlotte...

Mas era de se esperar, afinal, todos tinham conhecimento de seu parentesco com a garota.

Louisa percebeu o olhar analisador de canto que Iris usou para observar a cena que acabara de ocorrer. Ela se mantivera quieta, apenas mexendo em seu caldeirão, que apresentava agora algumas bolotas pretas no meio do líquido azul.

Ao averiguar isso, Louisa só conseguiu pensar que a mistura não deveria estar daquela forma, mas, assim como anteriormente, não fez objeções sobre o fato.

Tentando esquecer a inconveniente aparição de Charlotte, Louisa pegou mais um punhado de vagens soníferas da prateleira e começou a cortá-las em perfeitos cubos pequenos enquanto esperava a poção esfriar. Embora não precisasse mais utilizá-las, imaginou que seria até um bom ato cortar mais um pouco caso os outros três precisassem...

... Ato esse que, certamente, não teria valor algum aos olhos deles.

Todavia, continuou cortando-as, colocando a nova porção no centro da mesa outra vez após terminar. Notou o rápido olhar que eles lhe lançaram, mas fingiu não perceber.

— Lembrem-se da última etapa, que é colocar as gotas de acônito! — a prof. Picquery relembrou em tom altamente considerável, a fim de que prestassem bastante atenção. — Se exagerarem na dose, podem dizer adeus a suas poções. — avisou notória.

Louisa concordou com a cabeça, buscando fazer a mente guardar bem o lembrete — só precisava esperar a poção esfriar mais alguns segundos para assim colocar as três precisas gotas de acônito dentro da mistura.

Espantou algumas pequenas mosquinhas com o auxílio da varinha, fazendo gestos leves. Era estranho o fato dos insetos estarem justamente “passeando” pelas Masmorras. Não era um lugar exatamente “perfeito para moscas” (principalmente por não haver nenhuma carcaça de animal à vista — pelo menos não fora dos potes nas prateleiras).

Nos últimos preparos das poções, houve um certo burburinho em uma das mesas na outra extremidade da sala, onde aparentemente havia ocorrido um desastroso incidente:

O líquido de um dos caldeirões estourou para fora, caindo no rosto de Billy Sánchez, que sacudia a cabeça assustado. Louisa conseguiu ver Matt Ryman rindo para valer do amigo, enquanto Anne Crystal balançava a cabeça com extrema reprovação para o garoto.

“A nervosinha Crystal...”.

Louisa mirou com ar levemente incômodo a garota, que exigia para a prof. Picquery que a mudasse de mesa para não ter sua concentração “estragada” pelos dois garotos...

Nunca havia tido problemas aparentes com a Crystal, pelo menos até ela quase querer arrumar um verdadeiro escândalo consigo há um tempo atrás...

Depois disso, Louisa mantinha o máximo de distância da garota, que agora costumava lhe encarar com verdadeiro ódio sempre que se avistavam.

Não que possuísse medo dela, ou algo assim — longe disso. Apenas nunca se sentira confortável perto de pessoas que, pelo menos ao que parecia no caso da Crystal, desatavam a gritar demasiadas injurias toda vez que algo não saia como o planejado para elas.

Louisa voltou ao presente ao perceber que já era a hora de finalizar sua poção. Aproximou-se do caldeirão (que apresentava uma coloração de um azul bem escuro) segurando o frasco com essência de acônito em uma das mãos, visando colocar cada uma das três gotas cuidadosamente.

A primeira gota mergulhou diretamente na mistura, e uma leve fumaça subiu como reação; a segunda fez a região do líquido encostada no canto interno do caldeirão borbulhar. A terceira...

... Caiu como um jorro juntamente com todo o resto do conteúdo do frasco após Louisa sentir um repentino esbarrão no cotovelo.

Antes que pudesse ter alguma reação, houvera um estouro à sua frente na mesma hora em que toda a poção voou para o alto em questão de segundos, grudando por inteira no teto escuro.

A sala entrou em silêncio mortificante, cada rosto virado na direção da mesa em que viera a explosão.

Louisa, completamente chocada, mal percebera que os colegas que dividiam o espaço consigo praticamente pularam para trás de susto, tão espantados quanto a dona da poção que agora jazia presa no teto da sala.

Voltou a si ao escutar uma voz de timbre completamente exagerado e,  supostamente, carregado de surpresa e arrependimento, localizada bem ao seu lado:

Oh, minha nossa! — Charlotte Hevensmith levou as mãos a boca, estupefata. — Sinto muito, Louisa! Nem sei o que dizer!

Louisa ainda olhava sem reação para o rosto de Charlotte. A prof. Picquery não tardou a aparecer, examinado todo o desastre com evidente desapontamento.

— O que houve, srta. Northrop? — lhe encarou. — Por acaso não ouviu que era para colocar apenas três gotas de acônito?

— Eu... — ficou sem saber o que dizer por alguns segundos, ainda surpresa com o acontecimento repentino.

— Permita-me explicar, professora... — Charlotte, como era de se esperar, não demorou a se intrometer. — Eu apenas vim devolver algumas das vagens que Louisa gentilmente me cedera... — Louisa voltou-se rapidamente para a garota, incrédula com o tremendo atrevimento que ela tinha para distorcer o que de fato havia acontecido. — E, infelizmente, parece que ela se assustou um pouco com a minha inesperada chegada, o que deve ter causado sua provável desatenção... — por fim, ela teve a coragem de olhar bem em seus olhos, esboçando falsa expressão culpada. — Oh, sinto muitíssimo, minha querida prima...

— Hum... — a Picquery colocou a delicada mão abaixo do queixo, parecendo meditar distraidamente as palavras de Charlotte. — Bom, é realmente uma pena, Northrop, pois, pelo jeito, terminará a aula sem entregar absolutamente nada...

Não!  — Louisa interrompeu-a energeticamente. Após escutar aquelas temíveis palavras, seu subconsciente resolvera acordar do choque. — Prof. Picquery, por favor!... — pensou rapidamente num meio de achar alguma solução que não resultasse em sua baixa nota naquela tarefa, dizendo em seguida: — Deve ter algo que eu possa fazer, eu... Eu posso terminar a poção, tenho certeza de que consigo...

— Mas, srta. Northrop... — ela tomou a palavra novamente, contudo, em seu rosto, dava-se para notar um leve ar impressionado enquanto lhe encarava. — A  aula já acabou, não há mais tempo de fazer nada...

— Por favor, eu insisto professora! — rogou quase desesperada. — Com certeza há algo que eu possa fazer!

O silêncio voltou novamente, todos encarando com extrema atenção o semblante da prof. Picquery, esperando o desconhecido veredicto que ela daria.

A mulher olhou então para cima, onde a poção continuava pendurada no teto — felizmente nenhuma parte gosmenta pingava na cabeça de ninguém.

Parecendo pensar e, por fim, decidir-se, ela balançou a varinha, de modo que o líquido gelatinoso no concreto se desgrudasse e flutuasse até sua mão. Ela então colocou-o dentro de um recipiente e o jogou numa lixeira ali perto. Pegou em seguida um caldeirão limpo em uma das prateleiras, jogando dentro dele um frasco fechado de miolo-mole, outro contendo acônito e um último que armazenava uma espinha de baiacu.

— Bem — ela virou-se para si, falando com seriedade profissional, mas que não beirava a nada intimidador. —, quer mesmo refazer a Poção de Inviabilizar o Sono?

Sentindo-se um pouco confusa e reticente, não tendo ideia do que ela estava planejando, Louisa fez que sim com a cabeça.

Quero. — tentou falar de jeito astuto.

A mulher abriu um discreto e simples sorriso com a resposta, colocando o caldeirão sobre seus braços.

— Muito bem, pois então, prepare-a. — decretou.

Na mesma hora a sala se encheu de cochichos espantados, enquanto Louisa piscava de maneira estupefata. “Como assim “prepare-a?”.

— O que, professora? — perguntou surpresa. — Preparar aqui?

Ela balançou a cabeça em negação.

— É claro que não. — começou a voltar para a própria mesa, sentando-se no assento e começando a juntar alguns papéis. — Receberei outra turma daqui a pouco; estou mandando que leve esse material com você, e, após refazer do zero sua poção, quero que a traga para mim nova em folha. Ah, e lembrando que deve ser perfeita. — destacou.

Sentindo que Charlotte ao seu lado começava a abrir um sorriso de inconfundível felicidade com sua pavorosa situação, Louisa balançou a cabeça desacreditada, se aproximando da mesa da mulher.

— Mas prof. Picquery!... — perdeu-se por conta da emoção impressionada que lhe assolava. — Como farei isso? E o fogo? E o resto dos ingredientes?...

— Há várias maneiras de se obter fogo. — ela lhe cortou, ressaltando o fato. — E em relação aos ingredientes, bem... — ela sorriu-lhe um pouco divertida. — Se prestar atenção, verá que não existe verdadeiro problema nessa parte. — informou, passando a impressão de que a conversa havia terminado. — Poções na minha mesa, pessoal! — ela inclinou a cabeça para o lado, a fim de olhar para todos no espaço. — Agora!

Enquanto Louisa permanecia estática, mal notando os olhares assombrados dos colegas que entregavam as poções para a professora, baixou o rosto para os objetos que ainda segurava, em completa desorientação.

Olhou para trás, percebendo que duas figuras distintas possuíam as orbes presas em sua direção:

Uma delas tratava-se da Legraund, que mantinha uma expressão dividida entre surpresa e (não soube decifrar bem) talvez, mínima preocupação. Charlotte, a outra, por outro lado, mirava-lhe com nítida satisfação, um pequeno sorriso de enlevo preenchendo seu rosto. Seus olhos expressavam verdadeiro gosto em averiguar a situação prejudicial que havia causado.

Naquele momento, Louisa pensou se valeria a pena voltar e falar para a Picquery quem fora a responsável por tudo, e assim tentar escapar daquela situação. Mas, por algum motivo...

... Sentia que era exatamente isso que Charlotte queria.

Ela desejava arrumar uma verdadeira confusão para apenas conseguir com que a imagem de Louisa ficasse ainda mais manchada. Viu esse fato claramente enquanto mirava aqueles escuros e maquiavélicos olhos da Hevensmith.

Pondo-se então a assumir um semblante fechado e sério, evitando deixar a raiva tomar conta de seus atos novamente (como quase ocorrera da outra vez), Louisa dirigiu-se para a saída, ignorando o irritante sorriso de triunfo que Charlotte lhe direcionou quando passou ao seu lado.

— Ah, e não se esqueça, Northrop. — voltou a atenção para a mesa da professora, parando de andar. — Estou recebendo essa poção para hoje, entendeu? — avisou, seu tom parecendo transpassar mais coisas por trás.

Não se atentando muito a esse fato, Louisa apenas assentiu e saiu da sala.

 

[...]

 

O Salão Principal estava barulhento e bem movimentado, como sempre ficava nos horários de almoço.

Todos se serviam de deliciosos pratos com muitíssimo bom humor depois de passarem a manhã inteira assistindo à exaustante, porém revigorantes, aulas.

Contudo, ainda que as mesas estivessem repletas das mais variadas travessas, contendo pratos altamente suculentos, não foi o suficiente para abrir o apetite de uma garota em especial...

Louisa permanecia sentada na mesa da Grifinória, com alguns poucos companheiros de casa ao seu redor.

Seus problemas e preocupações a enchiam tanto que até a fome havia se dissipado.

Problemas esses que incluíam um caldeirão, três frascos destinados a preparar poções e um tempo cronometrado.

Louisa observava o caldeirão a sua frente como se fosse um enigma que tinha a obrigação de decifrar e, em seguida, construir com perfeição o que lhe foi pedido pela prof. Picquery.

Enquanto mantinha um olhar preocupado sobre os ingredientes dentro do caldeirão, prontos para serem utilizados, irritou-se repentinamente ao escutar outra vez uma risada de tom exageradamente alto vinda da mesa vizinha...

Já sabia exatamente a quem pertencia.

Charlotte, que parecia mais feliz do que o normal (o que não era surpresa nenhuma, pois a garota sempre fora de se alegrar pelos desastres alheios, especialmente os que ela possuía um dedo envolvido), tagarelava extremamente agradada algo com Glória Tudor e Sebastian Rosier. Ela fazia gestos com a mão, como se encenasse algo explodindo e disparando para cima, com certeza recitando o que houvera na sala de poções...

Glória escutava a narração com os olhos brilhando de entusiasmo (estava claro que, embora a garota tivesse assistido tudo de primeira mão, sempre se impressionava com os relatos irritantemente detalhados da Hevensmith), enquanto o Rosier gargalhava como se a história fosse decididamente hilária.

Focalizando o garoto em questão, Louisa balançou a cabeça frustrada com o fato de ele ser um tremendo boboca.

Sebastian, por vezes, não era muito destacado por ter pensamentos rápidos e coerentes, fazendo-a lembrar-se de um rápido encontro que tivera com ele há alguns dias...

Depois do desagradável desentendimento com August Lestrange no Corujal, aparentemente seu aborrecimento fora tão grande que acabou esquecendo sua bolsa, juntamente com os materiais, na escada onde havia sentado para escrever a carta aos pais.

Felizmente, antes mesmo que pudesse se preocupar com os pertences esquecidos, algumas horas mais tarde, quando se encontrava sossegada num Salão Principal surpreendentemente deserto, Sebastian lhe confrontou, trazendo sua bolsa em mãos.

Após recebê-la dele, checando se não faltava nada dentro dela, ele continuou olhando-a particularmente distraído, fazendo Louisa não  demorar muito para questioná-lo se ele desejava perguntar alguma coisa.

— Ah, é que... — ele coçou a nuca, evidenciando que qual fosse o assunto que puxaria, devia estar o fazendo matutar há algum tempo. — É estranho, não acha? Você ter ido para Grifinória... — ele colocou a mão no queixo pensativo. — Será que você não teria algum tipo de... Defeito?

Encarou-o, imediatamente prevendo que, pelo o que já conhecia dele, lá vinha mais uma de suas maluquices.

“Defeito”?... — repetiu já estabelecendo uma fisionomia cansada.

— É. — ele respondeu. — Por exemplo, sei que a maior parte da sua família foi da Sonserina e, pelo que eu lembre, acho que já ouvi dizer que sua mãe foi da Grifinória também, não? — a menina assentiu com a cabeça. — Pois bem! — ele abriu um grande sorriso, como se houvesse desvendado algo de suma importância. — Então está claro! Vocês duas devem ter pegado o lado defeituoso da família! Isso explica tudo, não é? — perguntou contente.

Vendo que não teria jeito de tentar contradizer sua incrível suposição, Louisa suspirou exausta, parabenizando-o pela fantástica dedução que tivera.

Sempre escolhera assumir esse tipo de convivência com Sebastian, pois assim era muito mais fácil suportá-lo.

... E vendo ele rindo de algo relacionado a si, só serviu para aumentar a definição que sempre tivera sobre ele: Sebastian era, sem dúvida, um completo tonto.

“Um tonto que ao menos serviu para me entregar a bolsa de volta...”.

Encarou com certo incômodo o Lestrange que, mesmo estando ao lado do Rosier e das meninas, não dava atenção para suas engraçadíssimas conversações. August passava o olhar ligeiramente distraído em alguns gráficos sobre a mesa, enquanto servia-se de uma simples maçã, recusando as suculentas bistecas suínas postadas logo ao lado.

Perguntou-se intimamente se ele não teria dado uma olhada em sua bolsa antes de mandar Sebastian levá-la de volta para a dona, pois ele nunca teria se dado ao trabalho de evitar que algo pertencente à “desprezível Northrop” acabasse por mofar ou receber possíveis fezes de coruja se algo não houvesse chamado a atenção do garoto...

Espiou o conteúdo da bolsa, levantando em seguida as sobrancelhas. Pelo menos ele não tirara nada do lugar...

Voltando a atenção de volta para o caldeirão postado à sua frente, decidiu-se: se iria preparar a poção novamente, deveria começar já. Sem ao mesmo tocar no prato de comida, levantou-se e pegou os objetos, dirigindo-se para a torre.

Iria entregar aquela poção para a Picquery nem que fosse a última coisa que fizesse.

 

[...]

 

No fim, talvez o destino estivesse a favor de Louisa.

Após uma dica vinda, curiosamente, de Iris Legraund, as coisas foram decididamente mais fáceis para Louisa refazer a Poção de Inviabilizar o Sono.

Quebrara a cabeça imaginando como faria o fogo. Ainda não havia aprendido o Incendio, e a lareira da Sala Comunal não estava servindo de nada...

Até que uma voz chamou sua atenção.

— Ei, por que não usa o sol ao seu favor? — Iris Legraund falou um tanto sem jeito. — Está um calorão hoje, afinal. — ela dera de ombros, voltando a sentar na poltrona onde estava desde o início.

Tudo dera certo depois daquilo.

Louisa conseguira as lagartas nos jardins dos terrenos; já as vagens soporíferas, coletou-as de uma das estufas de Hogwarts.

Demorou horas e horas até que a poção ficasse finalmente pronta. Contudo, uma única coisa caminhou para sua derrota:

Acabou por pegar no sono quando estava esperando a poção esfriar, e sentiu seu coração parar ao ver o relógio.

“Onze e quinze!?...”, pensou incrédula. Não era possível...

“E a professora?!”, se alarmou. O tempo estava acabado, havia fracassado completamente. Picquery havia advertido que queria a poção pronta até o final do dia.

Lumus. — iluminou sua poção. Estava perfeita, fria e límpida.

Será que após tanto esforço, tudo não teria valido nada?

— Não... — respondeu para si mesma, sentindo a adrenalina pulsar em suas veias com a ideia que lhe surgira. Iria entregar aquela poção. Prometera, e iria cumprir.

Pegou o acônito decidida e, cuidadosamente (temendo que até o vento lhe desequilibrasse), derramou as três gotas necessárias. Vendo que a poção irradiara levemente, sorriu: estava pronta.

Despejou-a em um frasco separado e tampou com a rolha, virando-se para a saída do retrato.

Era a hora de enfrentar os regulamentos da escola.


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Notas finais do capítulo

♥ Curiosidades ♥

Rosa Picquery¹ — Personagem Original. O professor de poções na década de 50, na realidade, trata-se de Horácio Slughorn; contudo, decidimos por fazer algo diferente, tendo a seguinte ideia: o vaidoso professor teria tirado umas férias generosas de Hogwarts, pondo em seu lugar uma jovem e bela professora, que irá substituí-lo por um tempo. É uma ótima tática para deixar os garotos maluquinhos! Hehe.

Poção de Inviabilizar o Sono² — Poção inventada pelas autoras; contudo, os ingredientes que a compõem pertencem à deusa J.K. Rowling.

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O que acharam do capítulo? A Charlotte não para um segundo de ser uma completa va#@, não? Essa garota precisa receber uma Maldição Cruciatus um pouquinho pra ver se muda (hauahuah, mentira, gente, nem eu sou tão má a esse ponto!).

A prof. Picquery pode ser estranha às vezes, mas ela é uma personagem que eu particularmente gosto bastante, acho que é porque eu me inspirei na minha professora do 1° ano do Fundamental para cria-la ♥

Mas e agora?! Louisa será pega por alguém enquanto quebra as regras? Será que ela se dará muito mal ou terá sorte de não ser vista? Descubra as respostas no próximo capítulo, que sairá sábado que vem!

(Pareceu até comercial de novela, cruz credo kkkk).

Ah! E antes que eu me esqueça, algum de você assiste ou já assistiu The Promised Nerverland??? Gente, estou vendo agora mesmo e é uma OBRA DE ARTE! Não é à toa que ele foi considerado o melhor anime de 2019 junto com Demon Slayer! Sério, assistam, é muito bom!

Pessoal, eu fico cada dia mais feliz de ver a história ganhando mais público, não tem nada mais gratificante que trazer algo para o mundo e ele receber de braços abertos. Eu quero saber tudo o que vocês estão achando, eu quero saber mais sobre vocês! Para os fantasminhas: podem aparecer, eu não vou chamar o casal Warren nem nada do tipo kkkk

Se estiver gostando realmente da história, comente, diga o que está achando, sua opinião é essencial para que nós, autores, cresçamos. Coloque nos favoritos, interaja! Eu juro que não mordo, palavra de honra! kkkkk

É só isso *-*

Malfeito, feito. Nox.



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