Hogwarts e o Mistério do Cristal Maldito — Vol 1 escrita por Linesahh


Capítulo 18
Capítulo 17 — Um dia Decididamente Injusto


Notas iniciais do capítulo

Cá estou novamente! Como vão? Espero que bem, essa Pandemia não é brincadeira não, estou preocupada com a saúde de meus leitores *-*

Bem, esse capítulo vai ser... Digamos, "surpreendente". Uma personagem nova irá narrar, e vocês vão ficar um pouco impressionados com a personalidade ela, hehe

Não vou falar mais nada, leiam e entendam! Até as notas finais! (Estas serão importantes, então LEIAM).



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Anne Crystal

 

Três dias haviam se passado após o incidente da Biblioteca (denominado pelos alunos como “Ataque-dos-livros-dragoniênses”).

Muito choro havia caído com a desagradável notícia — madame Belga havia passado dois dias inteiros na Ala-Hospitalar tendo crises terríveis.

Alunos amantes de livros sentiram-se desolados após o pronunciamento do diretor Dippet no jantar, anunciando que a Biblioteca ficaria interditada por tempo indeterminado.

Já outros acharam tudo aquilo uma maravilha, considerando que os professores não poderiam passar livros grandes e chatos para leitura ou atividades, visto que a maior parte deles havia sido carbonizada.

A maior parte da Corvinal entrara decididamente em depressão no jantar daquele dia, a tristeza continuando pelos dias seguintes (somente uma exceção se destacava: os integrantes do Grupo-Experimental comemoraram com taças de suco-de-abóbora a notícia de que tirariam de “férias” do serviço).

Diferente dos demais, Anne Crystal não estava nem um pouquinho interessada no incidente da Biblioteca, que entrara para a lista de “Atrocidades-mais-Desastrosas-ocorridas-em-Hogwarts”.

Anne nunca gostou muito de livros, lia somente exemplares de Herbologia, sua matéria favorita (lamentava somente pelos que foram perdidos no pequeno incêndio).

Mas para quê gastar tempo pensando no passado quando tinha uma cena muitíssimo mais interessante desenrolando-se logo à frente?

Havia um grupo de garotos de seu ano da Grifinória parados adiante, todos formando um pequeno círculo na esquina do corredor, como se tentassem esconder alguma coisa. Nitidamente pareciam empolgados.

Anne não ficou nem um pouco surpresa ao reconhecer Setrus Fisheer e Derek Hawley entre eles.

Embora as aulas tivessem começado há pouco tempo, os dois meninos já estavam se destacando pelas travessuras e traquinagens que costumavam fazer nos momentos mais aleatórios e inoportunos.

Anne ficara sabendo, por exemplo, que foram eles os responsáveis pela bomba-de-bosta que havia sido explodida no meio de um corredor altamente lotado. Todos que estavam por perto no momento só se viram livres do cheiro horrível depois de três dias inteiros — eles certamente haviam alterado a fórmula da mistura.

Mas, pelo visto, depois de terem escapado de uma dura do zelador Rancorous (graças ao prof. Dumbledore, que estava por perto na hora — fato que Anne lamentou descomunalmente, pois queria vê-los se dando mal), Setrus e Derek deviam estar com outra gracinha planejada em mente.

Esse pensamento fincou-se em seu interior enquanto observava minunciosamente o grupo.

... E um discreto sorriso de escárnio tomou forma em seus lábios.

A travessura da bomba de bosta não havia sido nada legal, principalmente se fosse considerar as vítimas da cena...

Portanto, era mais do que justo Anne fazer algo para que elas fossem "vingadas".

Por que não?

Como uma verdadeira obra do destino, o temido zelador Rancorous¹. justamente a pessoa que Anne estava pensando no momento, passou pelos corredores à frente, com seu costumeiro andar sério e amedrontador que todos já conheciam muito bem.

Na mesma hora, lançando um rápido e último olhar na direção dos garotos para checar se eles não sairiam dali, apressou-se em alcançar o zelador, desviando das pessoas no caminho.

Finalmente, chegando perto dele, Anne hesitou por um milésimo de segundo a mão que levantara para cutucar o ombro o homem, lembrando-se que ele não gostava de contato físico...

Pensando nisso, pigarreou:

— Sr. Rancorous. — começou a caminhar ao lado dele, que desviara lentamente o rosto enigmático em sua direção. Engoliu em seco. — Desculpe incomodar, mas quero informá-lo de algo...

— Estou ocupado agora, mais tarde... — mesmo falando baixo, a voz dele reverberou, seca e grossa, pelo corredor.

— Eu insisto que me ouça, senhor. — assumiu uma coragem que, normalmente, não possuía. Parou na frente dele, ajeitando os cabelos lisos e negros como a noite, esboçando um sorriso nervoso.

Embora tivesse receio de se comunicar com aquele homem, não era a intimidação dele que tiraria sua alegria em acabar com os planinhos daqueles encrenqueiros.

O rosto sério dele contraiu-se levemente em desconfiança. Estava óbvio que ele iria lhe cortar novamente e, prevendo isso, Anne buscou anunciar de forma rápida e direta:

— Há alguns garotos reunidos perto daqui, e com certeza estão tramando alguma coisa!

— Garotos? — ele franziu o cenho, assumindo uma aura ameaçadora, falando com seu habitual tom de asco. — Tramando o quê?

— Certamente alguma besteira, senhor. — ergueu as sobrancelhas em sobreaviso, tentando opinar um pouco desinteressadamente em seguida: — Talvez estejam querendo repetir aquele mesmo incidente com as bombas-de-bosta...

A expressão dele mudou depois disso. Ficou ainda mais ameaçadora e endurecida, se é que isso era possível.

São aqueles dois moleques traiçoeiros? o zelador perguntou em tom baixo e totalmente intimidante. Anne, sentindo seus pelos se eriçarem, teve coragem apenas para assentir. — Ótimo. Agora poderei ter minha vingança pelo outro dia. — um brilho de maldade pairou por seus olhos escuros como a noite. — Eles vão se arrepender de ter nascido.

Dito isso, o homem deu-lhe as costas e saiu como um predador em busca dos dois garotos que, agora, corriam sérios riscos de vida.

Pobres coitados...

"Bem! Missão cumprida!", virou-se satisfeita, tomando seu caminho novamente.

Como sempre, Anne havia dado um jeito de começar seu dia com uma boa ação!

 

 [...]

 

— O prof. Marshall está atrasado outra vez... — Billy Sánchez, que checava o relógio no pulso, balançou a cabeça num misto de irritação e leve impaciência.

— Depois dizem que nós quem devemos nos esforçar para não chegar atrasados nas aulas. — Matt Ryman comentou, mas, diferente do outro, carregava um sorriso tranquilo. — Ele deve ter se esquecido onde deixou a comida da Conan outra vez...

Os primeiranistas grifinórios, juntamente com os da Corvinal, esperavam "pacientes" a chegada do jovem e, ao que tudo estava indicando conforme os dias iam passando, irresponsável prof. Marshall.

Já haviam se passado exatos dez minutos desde o início da aula, e nada dele aparecer, exatamente como ocorrera em praticamente todas as aulas que já haviam tido com ele até então.

Pelo motivo de Anne não se enquadrar nos que se encontravam enfezados pela demorada espera, começou a passar os olhos pelo interior da sala de D.C.A.T, que parecia mudar de aparência a cada visita deles por lá.

Aparentemente, o prof. Marshall gostava de arrumar o espaço de acordo com o tipo de atividade que passaria no dia...

Paciente ou não, a sala estava com uma mudança radical outra vez: as carteiras duplas e os assentos haviam sido suspensos naquela tarde, sendo substituídos por enormes mesas, cada uma ocupando um espaço preciso no recinto. Não haviam cadeiras à vista.

Em cima de cada mesa, haviam grupos de um mesmo objeto.

Na mais próxima da porta, haviam vários tipos de tecidos com tamanhos variados, de mesma espessura. Na próxima mesa, gravetos de plásticos; em outra, pedaços de madeiras grossas e, por fim, na mesa mais afastada, vidraças em formatos quadriculares.

Anne, como sempre, não tinha a menor ideia para quê aquelas coisas seriam utilizadas, mas já teve um mau pressentimento de que, o que quer que o professor fosse passar, na certa teria dificuldades.

Logo a porta foi aberta com rapidez, adentrando um prof. Marshall costumeiramente apressado, ajeitando o chapéu-coco que jamais estava sem prestar apoio a sua fiel e minúscula coruja, Conan.

— Perdoem a minha demora, pessoal! — ele mal esperou algumas respostas de "entendimento" dos alunos e já se dirigiu apressado a sua mesa. Jogou o paletó e a maleta sobre ela. — Bem, vamos começar para não perdermos tempo. — ele arregaçou as mangas e tratou de dar início a aula.

Para quem havia ficado confuso em relação aos objetos sobre as grandes mesas, a explicação do prof. Marshall fora bem rápida e objetiva:

Eles aprenderiam um novo feitiço naquele dia, chamado Diffindo, que basicamente servia para cortar coisas. Antes que os alunos começassem a pensar que teriam de praticá-los uns nos outros, o professor indicou os objetos em cima das mesas, dizendo que obviamente eles quem seriam as cobaias.

Todos começariam na mesa dos tecidos, e assim que alguém conseguisse cortar um por inteiro, poderia passar para a mesa seguinte, que era cortar os gravetos — e dali por diante.

Todos deram de ombros com a tarefa supostamente fácil, postando-se na primeira mesa.

... No entanto, levou apenas alguns segundos para descobrirem que a complicação não tardaria a chegar.

Os tecidos eram bem difíceis de cortar, e Anne começou a se perguntar seriamente se alguém conseguiria chegar até a última etapa, que eram os vidros...

Foi só pensar nisso que certos "retardatários-sortudos" (Anne pensou com amargor), começaram a apresentar facilidade na pronúncia do feitiço, assim como no processo de rasgar os tecidos.

Estes foram aprovados com satisfação pelo professor, que os mandou se dirigirem a próxima mesa.

Anne (que não estava nem perto de fazer uma rasura sequer em seu pano laranja), bufou em desistência, começando a prestar atenção na performance dos outros.

Não sentiu-se culpada por abandonar sua tarefa, pois, em sua opinião, se o professor houvesse chegado mais cedo, poderia ter explicado com um pouco mais de exatidão o que eles deveriam fazer.

Passado já vários minutos desde que a aula começara de verdade, notou que em sua própria mesa já não havia mais muitas pessoas. À sua frente, por exemplo, Zoe Hill mostrava-se tentar ao máximo dizer com clareza cada sílaba do feitiço, mas não estava obtendo muito sucesso, a expressão frustrada revelando evidentemente o fato.

"Depois ela diz que sabe de tudo...", Anne sorriu maldosa.

... Porém, sua satisfação durou pouco ao averiguar que os inoportunos Matt Ryman e Billy Sánchez já estavam quase conseguindo cortar ao meio os gravetos de plástico na mesa ao lado.

Os dois pareciam competir energeticamente sobre quem seria o primeiro a passar para a próxima etapa, direcionando todas as fibras que tinham para o interior de suas varinhas.

Anne fez uma careta. Era quase injusto o fato de dois encrenqueiros como eles conseguirem fazer feitiços melhor do que ela, que era um verdadeiro exemplo de educação.

Ao menos tinha o consolo de não ter de avistar os bobocas do Setrus e Derek por ali também.

A cena do zelador Rancorous arrastando os dois pelos cabelos nos corredores fora simplesmente maravilhosa de se assistir. Era claro que fora uma completa coincidência Anne conseguir ter visto de primeira mão os garotos serem carregados até a "temerosa" sala do zelador.

E ela acabou acertando em cheio: aparentemente, o grupinho estava pronto para lançar mini-ratos e baratas asquerosas sobre os cabelos e vestes das garotas mais velhas do 4° ano que sairiam a qualquer momento da Sala de Música.

Mas felizmente (graças à boa ação de Anne) aquela brincadeira inconveniente não tomou forma, e o provável pote que eles tentavam esconder entre si, onde carregavam os nojentos insetos, fora confiscado.

"E eles pagaram o preço...", pensou nos dois palermas, que naquele momento ainda deviam estar presos na sala do zelador.

Ter a si mesma para acabar com as façanhas dos outros era uma tremenda sorte, e esse pensamento fincou-se no fundo de sua mente ao pousar os olhos sobre a figura alegre de Matt, que havia conseguido vencer na patética disputa contra Billy, exibindo convencido o graveto partido ao meio na frente do rosto do amigo...

Maldito sea, hermano! — o Sánchez praguejou numa língua que ninguém entendeu.

Alguma hora eles também cairiam na palma de sua mão, mais cedo ou mais tarde...

Anne também avistou a alegre e energética Iris Legraund comemorar quando conseguiu fazer uma fissura em seu graveto, zombando descontraidamente de seus vizinhos (Suzanne fez um bico entristecido enquanto Daniel Green revirava os olhos).

Anne não havia ido muito com a cara da ruiva. Primeiro; ela era animada demais. Não sabia se isso vinha do fato de ela ter sido criada por trouxas... Mas que incomodava um pouco Anne, incomodava.

Foi cortada de sua análise sobre a Legraund pelas baixas exclamações impressionadas da maioria dos alunos, que dirigiam olhares assombrados na direção da mesa que continha os grossos pedaços de madeira, onde haviam apenas dois alunos praticando o feitiço.

... Um na verdade, pois o motivo da manifestação admiradora fora justamente o fato de um deles ter acabado de partir uma das madeiras ao meio.

Muito bem, srta. Northrop! — o prof. Marshall parabenizou extremamente animado, e Conan assustou-se com a agitação de seu mestre, quase caindo do chapéu-coco. — É a primeira a conseguir passar para o último desafio, que é cortar os vidros! — Henry Durrel, que há um minuto atrás estava na mesma colocação de Louisa, suspirou frustrado. — Vamos, tenho certeza de que você consegue!

Escutando o professor sem grande reação aparente, a Northrop apenas acenou com a cabeça e dirigiu-se para a última mesa, já começando a enfeitiçar as vidraças.

Enquanto o cérebro de Anne começava a fervilhar de raiva, conseguiu escutar alguns resmungos descontentes espalhando-se pela classe — Zoe, que ainda se encontrava nos tecidos, sendo um desses:

— Que injustiça... — ela respirou fundo, continuando sua tarefa com o cenho franzido em indignação.

— Com certeza. — Anne aproximou-se mais da beirada da mesa, voltando os olhos para a figura da Northrop, que irritantemente já parecia estar tendo frutos em cortar os vidros. — Ela certamente deve estar usando algum truque sujo, assim como nas outras aulas também. — olhou com expressão contrariada para Zoe. — É impossível que ela seja perfeita em todas as nossas matérias! — sussurrou.

— Tem toda razão. Não me surpreenderia se fosse este o caso. — Zoe fez menção a sua hipótese dos "truques sujos". — Afinal, uma pessoa vinda da família que ela vem...

— Sim, acho que deviam investigar essa garota. — Anne propôs pensativa. — Não acha isso também, Emily? — voltou-se para a pequena colega, que estava ao seu lado.

Infelizmente, Emily parecia estar perdida em seus próprios (e infinitos) devaneios inconsoláveis outra vez, encarando com desânimo o pano branco intocado à sua frente — não parecia ter escutado uma única palavra da pergunta de Anne.

Ela não parecia estar tendo um bom dia...

Mas quando estava, afinal?

Anne balançou a cabeça, suspirando pesadamente e, quando estava começando a cogitar que Emily possuía um seríssimo problema de emoções, o professor finalmente bateu palmas, anunciando o fim da aula.

— Por hoje é só pessoal, parem o questão fazendo e se reúnam em uma única fileira perto daquela parede; darei as notas agora.

Anne estaria mentindo se dissesse que não estava nem um pouco preocupada com a classificação que ele daria para seu desempenho.

Era verdade que não havia feito questão de pronunciar o feitiço nenhuma outra vez após sua primeira (e única) tentativa, mas iria continuar depois se tivesse tido mais tempo.

Não era sua culpa se a observação que estivera fazendo em relação ao trabalho dos outros houvesse lhe distraído um pouco mais do que o previsto.

Foi em direção a parede, onde os colegas já se colocavam um do lado do outro. Ficou entre Emily e (para seu desgosto) a "aluna estrela" Northrop.

Louisa não parecia dar a mais breve atenção aos olhares tortos que recebia do restante dos colegas, assim como os de Anne — ela olhava fixamente e, com ar ligeiramente distante, para frente.

Parecendo bastante bem-humorado, o prof. Marshall pegou uma pilha de pequenos pedaços de pergaminho em formato quadriculares, usando o apoio da mesa dos gravetos para rabiscar alguma coisa neles.

Logo, ele voltou-se para a turma, começando a entregar os papéis um por um. Alguns se divertiram quando ele deixou que Conan (que estava bastante animada) entregasse a outra metade dos papéis, tarefa que executava perfeitamente.

— Que esperta!... — Suzanne Roowar suspirou de amores ao receber o papel em mãos pela adorável corujinha.

— Escrevi a nota de cada um de vocês nesses papéis, de um modo que não seja complicado de se entender. — o prof. Marshall chegou onde Anne estava, entregando o pergaminho apressadamente para Emily, Anne e Louisa, respectivamente.

Anne, primeiramente, encarou um pouco confusa a nota de Emily, que segurava o papel entre as pequenas mãos. No pedaço de pergaminho estava desenhada a imagem de um rosto tristonho, escrito em pequenas letras logo abaixo: "decepcionado".

Franzindo o cenho, Anne baixou a cabeça para o próprio papel, vendo o desenho de um rostinho com cara enjoada que, ainda por cima, vomitava, lhe encarando de volta.

— O que é isso? — levantou o papel para o professor, que se encaminhou para onde ela estava um pouco confuso, suavizando a expressão ao inclinar a cabeça para olhar melhor seu papel.

— Ah, é um rostinho vomitando, não está vendo? — ele sorriu enquanto indicava o ponto abaixo da cabecinha oval. — Veja, aqui está escrito "pavoroso".

Anne não gostou nem um pouco da palavra, olhando com irritação interna para o professor.

— E isso significaria o quê, exatamente? — perguntou, frisando o tom.

Ele deu de ombros.

 — A pior nota, é claro. — falou com simplicidade. — Caso não tenha percebido, a senhorita mal encostou novamente no tecido que foi-lhe imposto para praticar o feitiço. — ele arqueou a sobrancelha. — Eu estava de olho em todo mundo, e busquei direcionar minha atenção principalmente aos alunos que não conseguiram nem sair da primeira mesa...

Anne sentiu-se avermelhar até a raiz do cabelo, desviando o olhar atordoada.

— Mas... — olhou para o papel da Northrop ao seu lado, que esboçava um rostinho com feições extremamente alegres, um sorriso com todos os dentes ocupando um bom espaço do desenho. Um pouco abaixo, lia-se a palavra "excelente!". — E isso aqui? — apontou ansiosamente para a nota da garota. — Significa o quê? A nota mais alta?

O professor agora lhe encarava com certa atenção, parecendo medir alguma coisa relacionada a sua pessoa.

— Isso mesmo, é a nota mais alta. — ele decretou.

— Mas isso é um absurdo! — retorquiu, enfezada. — Ela mal conseguiu cortar os vidros...

— Contudo, teve o êxito de chegar até a última mesa. — ele interrompeu-a , começando a ficar incomodado com a maneira com que ela estava agindo. — Qual o problema, srta. Crystal? Você nunca foi de se alterar em uma aula minha...

Ficou sem saber o que responder por alguns segundos, percebendo que os olhares de todos estavam agora caídos sobre a pequena situação tensa da qual era protagonista.

Mordendo os lábios de nervosismo, sacudiu a cabeça brava.

— É completamente errado que ela receba a nota máxima! — alegou com teimosia, vendo o professor levantar as sobrancelhas surpreso com seu temperamento. — Ela arrumou briga com a Hevensmith há alguns dias e agora é parabenizada dessa forma?

— Não sabia que estudos e acontecimentos externos possuíam alguma ligação por aqui. — Anne surpreendeu-se com a frase da Northrop, dirigida com bastante seriedade e amargor para si. — Se não está satisfeita com o produto do seu "empenho", deveria ter pensado nisso antes, não acha? — ela voltou a virar-se para frente, encolhendo os ombros com desinteresse.

Aquilo foi demais para Anne.

— Olhe aqui, sua...

— Muito bem, já chega! — o prof. Marshall interveio, e Anne conseguiu notar que os miúdos olhos de Conan (que havia retornado ao seu costumeiro local de repouso, acima do chapéu-coco do homem) lhe encaravam curiosamente. — Srta. Crystal! — voltou-se um pouco sobressaltada para ele, que lhe chamara de maneira dura. — Não faço ideia se o dia está sendo difícil para você, mas isso não é justificativa para afrontar sua colega desse jeito.

— Ela não está me afrontando, senhor, não se preocupe. — a Northrop falou sem grande emoção, mostrando-se estar indiferente com a situação.

— Mas eu proíbo que qualquer um tenha esse tipo de atitude em minha aula. — ele voltou a encarar Anne, desta vez mais severo. — Olhe, por ser a primeira vez que você se comporta dessa... Maneira ofensiva, deixarei passar, mas não admitirei que algo assim se repita. — declarou em tom claro. — Está me entendendo?

Estufando as bochechas em desgosto, Anne baixou a cabeça, murmurando derrotada:

— Estou, professor...

Conseguiu sentir Emily tremendo de medo ao seu lado — brigas alheias deveriam ser um item importante de sua “Lista de Pavor”.

Anne ignorou isso, não tirando mais o olhar do piso até o professor dispensá-los e todos se retirarem da sala.

Foi andando emburrada, percebendo que ninguém teve coragem de lhe dirigir a palavra nos corredores.

Olhando para frente, mirou com enorme raiva a figura da Northrop, que seguia seu caminho tranquilamente enquanto passava os olhos por um pergaminho que continha os horários das aulas, que carregava nas mãos.

"A culpa é toda dela...", pensou azeda.

Os burburinhos próximos de Zoe e Suzanne (que com toda certeza comentavam o ocorrido de alguns minutos atrás), só serviram para aumentar sua impaciência, lhe fazendo bufar e seguir em direção a Sala Comunal com intuito de ir para o dormitório esfriar a cabeça.

Aquele, definitivamente, estava sendo um péssimo dia para Anne.


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Notas finais do capítulo

♥ Curiosidades ♥

Zelador Carpe Rancorous¹ — Antes de Argus Filch, havia o zelador Apollyon Pringle, e antes dele, havia o zelador Carpe Rancorous. Sabe-se que Pringle foi zelador na época de Molly e Arthur Weasley em Hogwarts (1960), na ocasião em que ela confidencia para Harry e Gui sobre uma vez que Arthur foi torturado por Pringle por violar o toque de recolher. Quanto a Rancorous, não há muita informação sobre ele, somente que era um homem muito amargurado e, como já diz o nome, RANCOROSO. Dizem que ele fez mais de mil e uma armadilhas para pegar Pirraça, seu pior inimigo, resultando em diversos incidentes em Hogwarts.

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PERGUNTA IMEDIATA: o que vocês acharam de Anne Crystal, gente? *sorrindo de orelha á orelha*.

É, eu sei. Ela é TENEBROSA, não? Ahhhh mas eu confesso que fazer a mente dela é uma diversão IMENSA!

Ela é a primeira personagem “babaca” que eu escrevi, sabem, a MENTE dela. E Deus que me perdoe, mas foi uma experiência única e maravilhosa para mim kkkkkkkkk

A cada pensamento dela eu parava e ria, dizendo: “Fia, por que você é desse jeito?!”.

Anne, diferente de Charlotte, é aquela pessoa mais obsessiva com tudo, que quer as coisas exatamente do jeito dela. Apenas a opinião DELA conta, o resto é resto.

Espero que tenham gostado do capítulo *-*

Ah! E quanto ao aviso que mencionei no capítulo anterior, darei agora:
Devem ter reparado que postei mais cedo que o normal, o certo seria daqui dois dias.

Bem, o motivo é o seguinte: ficarei fora por algumas semanas, longe de meu PC e meus rascunhos. Provavelmente não postarei por duas ou três semanas, por isso já adiantei esses dois.

E para quem achar estranho minha “saída” em meio a Quarentena, não se preocupem: não vou para a praia ou coisa parecida hauhauha, irei estar num lugar seguro.

É isso. Até daqui um bom tempo, meus amores ♥

Malfeito, feito. Nox.



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