Mirtilo escrita por OmegaKim


Capítulo 7
VI - A beleza do campo minado




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/787674/chapter/7

Kyungsoo segurou Chanyeol pela nuca e o trouxe para perto, colou sua boca na dele enquanto o alfa investia contra si. Entrando e saindo de uma maneira alucinante. Ele sabia que os seus olhos estavam totalmente escuros, porque conseguia vê-los refletidos no azul extremamente claro dos olhos do Byun. Eram os seus lobos se reconhecendo e se amando. Deixou que a boca dele saísse da sua e migrasse para o seu pescoço, fechou as pernas em volta da cintura dele e gemeu alto quando sentiu as presas dele rasparem-lhe a pele. Fechou os olhos antecipação a dor, mas nada veio. O que veio foi o seu gozo, chegando muito forte fazendo os dedos dos seus pés se contraírem.

Chanyeol seguiu o seu exemplo logo depois, se derramou dentro de si com um ofego alto apenas para enfiar o rosto na curva do seu pescoço logo em seguida, beijava-lhe a pele que queria marcar enquanto sentia o seu nó preencher o interior do namorado.

Sentiu os braços do namorado se fecharem em volta de si e começarem a acariciar-lhe a nuca, descendo o dedo indicador por ali ao passo que a respiração deles se normalizava.

— Eu te amo. — sussurrou contra pele suada do ômega e Kyungsoo não pôde se impedir de rir.

Passou a ponta da língua nos dentes e percebeu que suas presas tinham despontado. Não eram grandes como as dos alfas ou betas, mas servia para ameaçar alguém que lhe irritasse, mas também servia para outras coisas. Sorriu internamente quando raspou as presas na pele do alfa e sem aviso prévio algum, fincou-as ali, na pele entre o pescoço e o ombro. Chanyeol gemeu, mas não o afastou.

— Também te amo. — sussurrou e passou a língua sobre o ferimento, afim de parar o sangramento e diminuir a dor.

— O que você fez? — perguntou confuso com o ato.

— Marquei você. — confessou.

A marca de um ômega era fraca. Durava menos de duas semanas, mas mantia outros ômegas afastados, pois o cheiro de quem fez a marca ficava no corpo de quem recebeu mostrando que essa pessoa tinha um parceiro. Kyungsoo fazia isso com Junmeyon, apenas para afastar as ômegas interesseiras da vila. Mas com Chanyeol era diferente, queria mostrar a todos que o alfa lhe pertencia. Para o bem da verdade, quando estava com Chanyeol, tudo era muito diferente. Desde as sensações que lhe causava até os suspiros idiotas que dava pelos cantos da sua casa quando ninguém estava vendo.

— Kyungsoo. — Chanyeol resmungou, mas não estava bravo.

— Está tudo bem, seu pai está viajando e o seu omma me adora.

Era verdade. Siwon estava fora do país a negócios, tinha ido sozinho o que Chanyeol achava estranho, porque o pai sempre levava Baekhyun para essas viagens, pois estava o treinando para assumir o seu posto quando chegasse a hora. Mas dessa vez não havia levado ninguém. Tinha ido sozinho com uma pequena mala, depois de beijar Donghae na porta da casa.

— Você tem razão. — desencostou o rosto da curva do pescoço dele e procurou a sua boca. — Está tudo bem. — sentiu quando Kyungsoo sorriu contra os seus lábios.

— Vamos sair juntos hoje?  — o menor disse depois que o alfa se afastou, rolou de cima do seu corpo. —Eu, você, Minseok e Baekhyun? — ficou de lado para observar o perfil do namorado.

O cabelo vermelho dele estava molhado de suor e as bochechas rosadas pelo esforço, mas os olhos continuavam naquele tom bonito de azul, mostrando que o seu lobo ainda estava ali. Zelando por seu ômega. E como Kyungsoo amava ser o ômega dele, logo ele que achava que nunca fosse acontecer, tinha terminado nos braços de Chanyeol e agora não queria mais sair. Agora ele entendia sobre o que as anciãs falavam sobre o sexo ser mil vezes melhor com o seu parceiro, porque sentia todas as coisas que elas tinham relatado. E por sentir isso, sabia que seu lobo tinha escolhido Chanyeol como parceiro, do mesmo que ele havia feito consigo.

No futuro, pensou, quando tivermos os nossos filhotes, vou contar a eles como nos conhecemos. Vou contar como me perdi na sua casa e você me achou. Porque você me achou, Chanyeol, quando eu nem sabia que estava perdido.

— Baekhyun e Minseok? — perguntou confuso. — Eles se odeiam.

Kyungsoo bufou antes de responder:

— Meu irmão não odeia o seu, Baekhyun que sempre faz questão de implicar com ele.

— Você se lembra do que aconteceu no refeitório, não é? — virou-se de lado para ficar de frente para o ômega.

Eles estavam na velha casinha da árvore de Minseok, acolhidos pela grande floresta, onde ninguém podia encontra-los ou escuta-los.

— Aquilo foi culpa de Baekhyun. — defendeu o irmão e Chanyeol riu.

— Foi engraçado.

E Kyungsoo riu também, porque tinha sido bem engraçado mesmo. Na semana passada, quando o cio de Minseok estava perto e o seu cheiro estava forte junto com a sua carência. Não era culpa dele que estivesse carente demais, era culpa da sua natureza ômega. O moreno lembrava-se de ter ido sentar com Chanyeol na mesa do refeitório enquanto Minseok ficava na fila do lanche, com Baekhyun atrás de si. Lembrava-se também de vê-los discutindo, os olhos do irmão estavam naquele tom de avelã enquanto os olhos de Baekhyun estavam mergulhados em âmbar. Tinha virado para Chanyeol e dito que aqueles dois com certeza tinham uma tensão sexual e feito o alfa rir com aquele comentário até que escutaram o barulho e quando viraram os seus rostos em direção ao som, encontraram Baekhyun jogado no chão. Encolhido e resmungando coisas desconexamente raivosas em direção a um Minseok com um olhar assassino.

Kyungsoo percebeu de cara que Minseok havia chutado o alfa bem naquele lugar e por isso não pôde evitar começar a rir enquanto Chanyeol fazia o mesmo. E durante o resto do dia, Baekhyun não falou com nenhum dos dois.

— Seu irmão mereceu.

— Eu sei. Ele enche muito a paciência do Minseok. — puxou o ômega para cima de si e beijou-lhe rapidamente. — Por que quer junta-los?

— Minseok está indo para a França amanhã, achei que ia ser legal ele sair para se divertir uma última vez. E Baekhyun não faz nada além de viver na sombra do seu pai. Precisamos dar uma vida para esses dois. — sorriu para o namorado e Chanyeol sabia muito bem o que ele estava planejando.

— Conheço um ótimo lugar. — concordou e os olhos escuros de Kyungsoo brilharam em entusiasmo.

Eles se despediram uma hora depois, entre beijos e juras de amor bregas que Kyungsoo achava que nunca faria. O cheiro de Chanyeol estava no seu corpo durante todo o trajeto até em casa assim como o maldito sorriso bobo que denunciava o quanto estava apaixonado por aquele garoto que era um ano mais novo que si. Mas um ano de diferença não era nada comparado com o tanto de coisas que tinham compartilhado naqueles dois meses de relacionamento. Até mesmo havia conhecido a pai ômega de Chanyeol.

O ômega insistira em fazer um jantar formal para eles quando Siwon estava em mais uma das suas viagens misteriosas. Os quatro, sentaram-se e conversaram sobre como tinham se conhecido enquanto Baekhyun parecia levemente indignado por ter sido o culpado daquele relacionamento ter começado, mas ele não parecia bravo ou com ciúmes. Parecia preocupado e Kyungsoo sabia porque, mas tentava não pensar nisso. Pensava apenas em Chanyeol e no modo como adorava a mistura dos seus cheiros quando faziam amor na velha casinha.

Ao chegar em casa, encontrou Minseok na cozinha tentando cozinhar. Acabou soltando uma risada diante da visão suja do irmão. Havia trigo até nas lentes do seu óculos. O loiro sempre tinha sido péssimo na cozinha, enquanto o gêmeo tinha um dom especial para isso. Era capaz de cozinhar qualquer coisa, mas não gostava tanto de fazer isso.

— O que está tentando fazer? — perguntou, cruzando os braços e mordendo o lábio afim de impedir o riso ao notar um pouco de massa no loiro do seu cabelo.

— Promete que não vai rir? — devolveu uma pergunta e Kyungsoo assentiu, se aproximou do irmão e ergueu o dedinho mindinho.

Minseok limpou as mãos no avental e ergueu o seu dedinho também, enlaçou com o de Kyungsoo.

— Estou tentando fazer biscoitos para Baekhyun, você sabe... — e sentiu o seu rosto começar a corar. — como desculpas por eu o ter chutado, naquele lugar...

Tinha se sentido culpado pelo que tinha feito, afinal nunca fora um ômega agressivo e tudo bem, que naquele dia ele estava uma confusão de hormônios e ter Baekhyun enchendo a sua paciência foi demais.

O gêmeo mordeu o lábio mais uma vez, não podia rir e quebrar a sua promessa. Se forçou a respirar fundo e então desenlaçou o seu dedinho do de Minseok, ao passo que o loiro suspirava e depois fitava o irmão, os olhos muito grandes sobre ele.

— Soo. — chamou, usando o apelido do irmão e Kyungsoo entendeu que ele queria usá-lo para cozinhar para Baekhyun.

— Nem vem, Minseok. — disse. — Você quem chutou ele. — e subitamente estava rindo, apoiando-se na bancada da cozinha e rindo aberto.

— Você prometeu que não ia rir. — o loiro se irritou. — Kyungsoo. — chamou quando o irmão não parou.

— Tudo bem, tudo bem. — se rendeu e mostrou ao irmão um sorriso bem diferente. — Conheço um jeito de você se desculpar e ainda se divertir ao mesmo tempo.

— O que está planejando? — desfez o nó do avental e o retirou, colocando sobre a bancada suja de trigo.

— Eu e Chanyeol vamos em uma balada hoje, você podia vir também e quem sabe o Baekhyun estivesse lá também e então... — deixou no ar e o loiro encarou-o, uma sobrancelha arqueada.

— Então o que? — ele realmente não havia entendido o jeito sugestivo que o ômega falara.

Kyungsoo revirou os olhos e suspirou. Minseok ainda era tão inocente, mesmo que tivessem a mesma idade.

— Você pede desculpas. — decidiu dizer.

— Ah. — soltou incerto, foi até a pia e começou a lavar as mãos. — Eu tenho que acordar cedo amanhã, meu voou para a França é cedo. Não posso me atrasar.

— Nós podemos ficar só umas horinhas, o tempo pra você falar com ele e então, nós voltamos. Que tal? Papai não vai notar, porque nosso pai alfa vai dormir aqui hoje. É o plano perfeito. — terminou, pensando que realmente era o plano perfeito, mas não para se desculpar.

— Tudo bem. — acabou concordando, precisava se divertir um pouco antes de ir. — Podemos chamar Junmeyon? Faz tempo que não saímos os três.

— Você fala com ele. — Kyungsoo sorriu e começou a se afastar. — Eu vou tomar um banho. — se apressou em correr da cozinha e ir para o banheiro, estava tão entusiasmado com aquilo.

Minseok olhou para a bagunça que tinha feito e suspirou. Depois que limpasse aquilo, ia falar com Junmyeon, decidiu. No entanto, quando já estava no final da limpeza, seu irmão apareceu na cozinha.

— Onde está omma Ryeowook? — perguntou.

— Ele foi na cidade fazer compras. Papai vai dormir aqui hoje. — explicou e Junmyeon assentiu, entrou na cozinha e notou o avental sujo do irmão sobre a bancada.

— Estava tentando cozinhar? — perguntou segurando o avental.

Minseok sentiu o seu rosto corar, porque sabia que se dissesse sim, ia ter contar toda a história por trás daquele ato.

— Sim. — chiou baixo, mas antes que o irmão perguntasse algo, se apressou em continuar. — Vamos sair hoje? Eu, você e Kyungsoo? Vai ter uma balada na cidade.

Junmyeon ergueu uma sobrancelha do mesmo jeito desconfiado que Minseok fazia, que na verdade era uma coisa que tinham herdado do pai alfa.

— Uma festa de despedida?

— Isso. — concordou. — Vai ser legal. — usou o argumento que Kyungsoo sempre usava quando queria usá-lo para ir ao cinema com Chanyeol, mas precisava da companhia do loiro para que os pais os deixassem ir para a cidade à noite e por isso o loiro terminava a noite, segurando vela. Mas dessa vez, ele confiava mesmo que ia ser legal.

— Por que eu acho que essa ideia foi de Kyungsoo, hein? — brincou e o irmão riu. — Chanyeol vai estar lá, não é? — adivinhou.

— Em carne e osso. Não me deixe segurar vela sozinho, sim? — piscou os olhos grandes em direção ao mais velho e fez um bico e Junmyeon revirou os olhos, nunca dava para dizer não quando Minseok fazia aegyo.

— Tudo bem. Você tem que dizer ao meu omma que vou dormir aqui. — e Minseok sorriu, sabia como Heechul confiava mais nele do que no próprio filho.

E nas horas que se seguiram o plano transcorreu muito bem. Minseok falou com Heechul e disse como ele ia fazer uma festinha do pijama com os irmãos, como despedida e o ômega mais velho deixou que o filho fosse, contando que não dormissem tarde porque o alfa tinha aula de manhã. Eles terminaram os três no quarto, comendo chocolate até que o pai alfa deles apareceu para dar-lhes boa noite. Eles jantaram com os dois e fingiram estar com sono depois de um tempo, mas apenas arrumaram-se silenciosamente no quarto. E quando o barulho da porta do quarto do pai sendo fechada se fez presente, os três fugiram pela janela.

Não se transformaram em lobo, porque aquilo estragaria as suas roupas. Então como Junmyeon era quatro meses mais velho, ele foi o encarregado de pegar o carro do pai e dirigir até Seul. Kyungsoo era o guia, pois Chanyeol tinha lhe enviado o endereço da boate por mensagem e como ele conhecia Seul melhor que os irmãos, mostrava o caminho ao irmão. Minseok se limitou em guardar na memória cada pedaço daquela noite, afinal era a sua última noite em Seul.

Amanhã à noite estarei na França, pensou ansioso. Como seria lá? Tão bonito como nas fotos? As pessoas seriam legais? Ele faria amigos? Mas essas perguntas sumiram da sua mente quando o carro parou. Chanyeol estava em frente à boate, o celular na mão e o cabelo vermelho o destacando. E por isso, Kyungsoo foi o primeiro a sair do carro depois que Junmyeon estacionou com certa dificuldade, afinal não era tão bom dirigindo.

Minseok observou quando o moreno abraçou o namorado e o beijou avidamente, como se não se viessem há semanas. Se contentou em enfiar as mãos nos bolsos do seu casaco. Estava uma noite fria.

— Eles são sempre assim? — o irmão sussurrou.

— No cinema são piores. — confessou e o alfa balançou a cabeça em negação, mas Minseok conseguia ver o sorriso nos seus lábios.

Nenhum deles via mal algum em Kyungsoo gostar de Chanyeol. O que havia de errado no amor? Porque aquilo, definitivamente, era amor. Minseok conseguia ver pela maneira que se olhavam, pois reconhecia aquele olhar. Era a mesma maneira que olhava para Jongdae.

Jongdae...

A última vez que falara consigo, o alfa estava trabalhando com outros alfas e betas na construção de uma barreira perto do lago, estava suado e sem camisa e estava terrivelmente atraente daquele jeito. Por um momento sentiu ciúmes das ômegas que estavam ali apenas para vê-lo em vez de ajudar, mas depois se confortou dizendo a si mesmo, que o alfa não lhe pertencia mais. No entanto, não podia evitar todo o vazio que sempre se apossava de si todas as vezes que o via pela vila. Ainda gostava dele, quer dizer, gostava da ilusão que tinha criado em volta daquele garoto de dezoito anos.

— Vamos entrar. — foi tirado dos seus pensamentos por Kyungsoo.

O gêmeo segurou na sua mão e na de Junmyeon e os puxou em direção a entrada do lugar. Não parecia uma boate, pensou. Não tinha cara de boate. Achava que boates eram espalhafatosas por fora, com letras em neon e tudo mais indicando que ali se podia beber e enlouquecer com desconhecidos. Mas não havia nada disso na fachada. Na verdade, parecia a entrada de uma casa. Porém assim que entraram, tudo que Minseok sabia sobre boates se fez presente.

Por dentro, era mais grande do que parecia. Havia luzes por todas as partes, em forma de lazeres coloridos e tantas, mais tantas pessoas. O cheiro era estranho. Conseguia reconhecer os de outros lobos, mas a grande maioria era cheiro de perfume denunciando que aquilo era uma boate para humanos. O gêmeo foi o puxando por entre as pessoas, até que chegaram no bar e até ali, não tinha visto Baekhyun.

Retirou o seu casaco e deixou que um humano guardasse atrás do balcão, juntos com os dos seus irmãos e o de Chanyeol. Quis perguntar sobre Baekhyun, mas não fez. No entanto, o que fez foi deixar tudo isso para trás. Era a sua última noite, oras, merecia se divertir. Ia escrever um bilhete de desculpas e pedir para Kyungsoo entregar à ele na escola, mas por enquanto, só por enquanto, ia aprender a dançar.

Segurou a mão de Junmyeon e o puxou em direção a pista de dança. Chanyeol e Kyungsoo continuaram no bar, pediram bebidas e riram quando viram o jeito estabanado dos irmãos Kim’s na pista, decidiram ir para lá e ajuda-los a não passar tanta vergonha. E sob toda aquela música, Minseok nunca tinha se sentido tão livre. Ele rodopiava por entre as pessoas, as vezes deixava que alguém se aproximasse e dançasse consigo e então ria enquanto o abandonava para voltar aos braços do irmão mais velho. De vez em quando Chanyeol segurava-o pelas mãos e o fazia rodopiar e ele ria alto, jogando a cabeça para atrás. E então Kyungsoo estava lá, apara segura-lo pelo quadril e dizer como tinha que se mexer.

Não saberia dizer quando aconteceu, mas perdeu os óculos em algum momento e por isso tudo virou um borrão colorido. Ser míope era realmente uma droga, mas naquela balada não fazia muita diferença, com aquela luz fraca não dava para ver muita coisa mesmo. Mas ele não ficou desesperado porque conseguia encontrar o cheiro dos irmãos por entre aquelas pessoas, então se sentia seguro. E por estar nessa situação não viu quando Chanyeol se afastou em direção ao bar, afim de sentar-se com o seu irmão mais velho teimoso.

— Achei que tinha dito que não viria. — falou sentando-se ao seu lado e Baekhyun virou-se no banco, ficando de frente para o bar.

— Não achei que estivesse falando dessa balada. — disse, mesmo que no fundo tivesse reconsiderado o pedido do irmão e ido até ali. — Aqui é legal. — bebeu um pouco da sua bebida.

— Por que não dança conosco? — perguntou, estava de frente para a pista, observando Kyungsoo dançar para si, remexendo-se sedutoramente com os olhos focados nos seus.

— Chama aquilo de dança? — desdenhou e virou-se no banco, apenas para ter seus olhos atraídos para Minseok, dançando com Junmeyon.

Sabia que ele estaria ali, não só porque o irmão tinha dito, mas porque conseguia reconhecer o cheiro dele em qualquer lugar e mesmo que a sua memória fosse fraca quanto a isso, seu lobo sempre fazia questão de alerta-lo quando o loiro estava perto. Engoliu em seco, quando percebeu alguém desconhecido aproximar-se por trás do loiro e começar a dançar consigo, colando o seu corpo no dele.

— Podia apenas ir lá, sabe. — Chanyeol disse divertido quando viu para onde o irmão olhava, parecia irritado.

Baekhyun desviou os olhos e os focou no irmão.

— Passo. — voltou a ficar de frente para o bar, bebeu mais da sua bebida.

Chanyeol suspirou, frustrado. Era sempre tão difícil fazer o irmão sair da toca em que tinha se enfiado, mas o alfa sabia que o moreno não fazia por mau. Ele estava só se protegendo ao erguer toda aquela arrogância em volta de si.

— Vamos esperar você. — disse por fim, colocando a mão sobre o ombro dele e depois se afastando.

Baekhyun observou pelo canto de olho o irmão ir embora, o seu lobo queria segui-lo e se enfiar na frente de Minseok, mas sabia que não podia fazer isso. Chanyeol já tinha caído naquela armadilha, não podia ser a sua vez. Ele tinha que ser o sensato da família, precisava proteger Chanyeol quando chegasse a hora, porque ele bem sabia que aquilo de gostar de Kyungsoo ia se transformar em um grande pesadelo em algum momento. No entanto, não pôde evitar virar-se mais uma vez e deixar os seus olhos caírem sobre Minseok.

Ele era tão bonito sendo extrovertido daquele jeito, era terrivelmente bonito quando achava que ninguém estava olhando. Baekhyun lembrava-se de entrar na biblioteca da escola, apenas para observa-lo se enfiar por entre as prateleiras a procura de algum romance. Achava-o bonito quando mordia o lábio em dúvida ou quando ajeitava os óculos afim de ler o título do livro. Mas nunca ia admitir isso, porque Minseok era um campo minado.

Estava cheio de armadilhas e Baekhyun estava com medo demais para tentar alguma coisa. Então por isso, era melhor olhar de longe. Era melhor observar de longe os seus detalhes, guardar todos e acreditar que aquilo não ia dar em nada, porque realmente não ia dar. Chanyeol tinha lhe contado que o loiro iria para França estudar e se tudo desse certo, como Baekhyun acreditava, nunca mais iam se ver.

Mordeu o lábio e depois o soltou apenas para arregalar os olhos quando Minseok parou de dançar e ficou muito parado, olhando na sua direção. Será que podia reconhece-lo? Virou-se de frente para o bar e bebeu o resto do álcool no seu copo, não podia encarar o ômega. Puxou algumas notas do seu bolso e pagou a bebida, então se pôs de pé e saiu dali. Mas mesmo quando já estava muito longe, ainda era capaz de sentir o cheiro de mirtilo do Kim, inundando-o e pedindo que voltasse. Mas não voltou, porque era mais fácil negar do que aceitar.  

No dia seguinte depois que o sinal para o início das aulas tocou, a carteira de Minseok estava vazia e ele sabia porquê. Ficou encarando aquele vazio, incapaz de entender porque seu lobo parecia tão esquisito no seu peito, se agitando e o deixando desconfortável a cada vez que se dava conta da falta do cheiro do ômega. Contudo, no fim da aula, Kyungsoo veio falar consigo.

— Minseok pediu para entregar à você. — o ômega estendeu-lhe uma pequena caixinha laranjada.

Ele pegou, um pouco curioso sobre o que seria aquilo. Abriu a boca para perguntar, mas Kyungsoo já havia corrido para dentro do carro que o levaria para casa.

O alfa ficou parado, em frente à escola encarando a caixinha até que resolveu abri-la. Acabou rindo com o que encontrou. Eram biscoitos. Exatos três biscoitos com gotas de chocolate e um bilhetinho verde sobre eles. A letra delicada do ômega se destacava em caneta azul brilhante, deixando tudo tão terrivelmente ridículo que o seu peito se aqueceu.

“Desculpe-me pelo chute. Eu não sabia que seria tão forte, mas você mereceu e sabe disso.

— Kim Minseok.”

Baekhyun riu mais um pouco, porque sabia que tinha merecido. Virou o bilhete, encontrando um PS.

“PS: Não fiz os biscoitos, pedi que Kyung comprasse da Senhora Gong, a velhinha na frente à escola. Aproveite-os.”


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Mirtilo" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.