Mirtilo escrita por OmegaKim


Capítulo 23
Epílogo - Lobos em pele de cordeiro




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Donghae desceu do táxi, pisando direto em uma poça de água. Revirou os olhos com sua má sorte, mas não prestou muita atenção nisso. Estava irritado demais por ter sido obrigado a sair naquele horário, justo na hora em que assistiria o fim do seu dorama predileto, para ter que se preocupar com respingos de água no seu sapato predileto. Atravessou a rua, sem se preocupar de olhar para os lados, o vento batendo forte no seu rosto e bagunçando os fios escuros. Ergueu a gola do seu sobretudo enquanto atravessava, tentando protege-se daquele começo de inverno ao mesmo tempo que sentia o cheiro do marido alfa impregnado no tecido, em parte porque aquele sobretudo pertencia à Siwon.

Não demorou muito para chegar no parque, atravessou pela grama bem aparada passando por casais e algumas famílias sentadas sobre toalhas coloridas no chão. Todos nenhum pouco preocupados com a possível chuva que viria mais tarde, no entanto Donghae não podia culpa-los. Depois de dias muito quentes, aquele vento frio do começo de inverno era uma dádiva bem-vinda, ainda mais quando aquilo se tornava uma desculpa para ficar agarrado a quem ama, como ele podia ver com os poucos casais que haviam ali.

Mas quem estava procurando não estava ali, então apenas seguiu em frente. Indo direto para os fundos do parque, onde os bancos de concreto ficavam de frente para o mar, uma pequena cerca separava-os. Olhou para os lados, as mãos enfiadas nos bolsos do sobretudo, a ponta dos dedos da mão esquerda tocando na borda de um envelope enquanto os da mão direta tocavam a borda gelada do seu celular. Ele apenas podia puxar esse segundo e ligar para Siwon que tudo estaria resolvido, mas resolvido como? Para melhor ou para pior?

Tudo estava lindo dessa maneira, pensou quando avistou as costas da sua velha amiga sentada, sozinha, em um dos bancos em frente ao mar. Não dava para contar para Siwon aquilo, iria estragar tudo que tinham e Donghae não suportaria perder o seu alfa assim, ainda mais agora que carregava mais um filhote deste. Apressou mais os passos em direção a mulher, admirando sem realmente querer o tom de cabelo castanho que agora coloria seus fios longos.

Parou ao lado do banco, sem coragem alguma de se aproximar e sentar-se no espaço vazio ao lado dela ao mesmo tempo que não sentia coragem para se afastar, refazer o caminho de volta e ligar para Siwon. Confessar sua culpa e pedir perdão ao marido por ter mentido por tanto tempo. No entanto, como se a mulher pudesse ler os seus pensamentos, virou o rosto na sua direção.

— Olá, Donghae. — ela teve coragem de sorrir. Era o sorriso retangular de Baekhyun, os dentes brancos aparecendo e a mesma falta de covinhas do filho em suas bochechas macias. — Quanto tempo, não é mesmo? — ajeitou o cabelo, colocando uma mexa de cabelo castanho atrás da orelha, olhando para baixo, parecendo tão inocente que Donghae quase acreditou, mas logo estava suspirando e forçando um sorriso amigável, afinal, era Jihyun ali, a mãe de Baekhyun.

— Bastante. — mexeu o pé, nervoso demais para se conter, a ponta dos dedos tocando perigosamente no aparelho telefônico.

— Por que não senta? — estendeu a mão para o lado, mostrando espaço vazio.

— Estou bem em pé. — recusou, afastando-se dela, indo em direção a pequena cerca e encostando suas costas ali de modo que ficasse de frente para a ômega. — Por que me chamou aqui? — era uma pergunta retórica, ele sabia, mas de vez em quando sentia necessidade de escutar da boca dela.

— Não seja assim. — Jihyun disse, soando impaciente. — Preciso de mais dinheiro.

Donghae revirou os olhos e virou-se, ficando de frente para o mar. Era sempre repugnante olhar para as orbes tão bonitas de Jihyun e ver todo aquele calor falso estampado ali. Ela não passava de gelo por dentro, tão fria quanto qualquer corpo morto. Às vezes, se perguntava como poderia ter sido amigo dessa mulher, mas logo se lembrava do momento em que foi levado para a Alcateia Byun, do modo como tudo era muito seco ali, a começar pelo senhor Byun — o pai de Siwon —, que o odiava tanto ao ponto de tentar colocá-lo para fora da Alcateia quando o filho estava ocupado demais para verifica-lo. Fora Jihyun que o impediu, alegando que Donghae era seu empregado pessoal.

— Hae? — escutou-a chamar, os seus passos arrastando-se até chegar em si, sua mão tocando em seu ombro. O ômega mais novo olhou para o seu ombro, apenas para encontrar as mãos delicadas da outra, tão imensamente parecidas com as de Baekhyun.

Eles eram tão parecidos que o Lee se perguntava como seria se ela não tivesse armado aquela fuga. Eles seriam próximos? Como mãe e filho? Ou ela continuaria a rejeita-lo?

— Você nem ao menos perguntou de Baekhyun. — falou, a voz saindo um tantinho irritada e os lábios formando um bico.

Jihyun girou os olhos, cansada do modo como o ômega sempre fazia questão de tocar nesse nome todas as vezes que se falavam. Não que se falassem muito, na verdade. Essa era a primeira vez depois de vinte anos, mas antes disso o Lee tinha lhe dado uma boa quantia de dinheiro, o suficiente para que ela sumisse pelo resto da vida. Mas a ômega deslumbrada com sua liberdade, gastou tudo o que tinha em menos de três anos, fazendo com que voltasse a procurar aquele que a ajudou a forjar sua morte. E foi assim que ela terminou com mais dinheiro que podia contar em sua conta bancaria secreta com a promessa de que não voltaria jamais, no entanto Jihyun nunca fora boa em manter sua palavra. Contudo, incrivelmente não era isso que incomodava Donghae, o que fazia isso era a forma como ela nunca fora capaz de perguntar nada sobre o filho que deixará para trás.

— Eu sei que ele está bem. — respondeu simplesmente, retirando a mão do seu ombro e encostando-se ao lado dele na cerca de proteção, os cotovelos apoiados ali. 

Donghae suspirou, desistindo de tentar contar coisas sobre Baekhyun para a mulher. Ela nunca demonstrava interesse, nunca perguntava nada sobre ele, apenas aparecia quando precisava de mais dinheiro para manter os seus luxos fora da Coréia e longe de uma alcateia.

— Apenas me diga uma coisa — Jihyun começou, quando o ômega não insistiu mais no assunto do seu filho. — Está esperando um filhote? É apenas que o seu cheiro está mais forte do que eu lembrava.

A pergunta pegou o Lee desprevenido, mas logo se viu sorrindo minimamente ao lembrar do seu pequeno presente crescendo dentro de si. Queria tanto que fosse um ômega para poder partilhar as coisas que sabia sobre sua classe, para poder cuidar de alguém tão delicado quanto si além de que, sempre quisera saber como Siwon se sairia sendo pai de um ou uma ômega. 

— Ainda está no começo. — falou com um meio sorriso. — Não fiz dois meses ainda, mas mesmo assim eu e Siwon achamos que pode ser...

— Você e Siwon. Urgh. — bufou. — Nunca entendi por que continuou lá, poderia ter vindo comigo em vez de continuar vivendo com esse crápula.

— Está sendo injusta ao falar assim. — defendeu o marido. — Siwon não é mal, ele só...

— Não é mal? — a mulher o cortou cruzando os braços. — Parece até uma piada você falando assim. Por acaso esqueceu de tudo que ele fez comigo? Do que fez com Kyuhyun?

— Você não gostava de Kyuhyun. — Donghae atacou de volta. — Não me venha com essa. Tudo que fez foi iludir aquele beta com aquele papinho de destinados, quando tudo que queria era ferir Siwon.

Jihyun descruzou os braços, assustada demais com o modo como o ômega tinha falado consigo, os olhos se abrindo para afirmar o espanto que sentia e externar um pouco do gosto amargo que tinha se apossado da sua língua quando escutou o nome de Kyuhyun. Ainda era doloroso escutar o nome do beta mesmo depois de tantos anos, assim como seu peito ainda doía de tanta culpa por ter estragado a vida dele. Não estava realmente pensando quando resolveu envolve-lo no seu plano sórdido de fuga, não estava realmente pensando quando se apaixonou por ele. Mas, claro, não podia tirar a razão das palavras de Donghae, porque tinha sim manipulado Kyuhyun o suficiente para que eles terminassem dividindo a mesma cama, no entanto quando aquilo começou a acontecer... quando o seu coração começou a falhar uma batida de saudade do outro, Jihyun havia entendido que tinha sido pega na própria armadilha.

— Não sabe do que está falando. — disse, virando-se de frente para o mar, segurando a grade de proteção tão forte que os nós dos seus dedos ficaram brancos. — Podia ter sido assim no começo, mas depois eu o amei tanto... — sua voz falhou enquanto Donghae engolia em seco, sentindo-se culpado por tê-la atacado dessa maneira. — E nós tivemos um bebê. — seus olhos estavam ficando úmidos e o frio a estava acertando mais fortemente, jogando seu cabelo castanho para trás. — Nós tivemos um lindo bebezinho... — ela inclinou-se sobre a grade, de olhos muito fechados enquanto sua mente a levava para tantos anos atrás, mostrando-lhe o momento em que perdeu o seu bebê.

Donghae molhou os lábios com a ponta da língua, queria se aproximar e tocar-lhe o ombro, como numa forma de acalma-la, mas o desconforto em si o impediu de fazer isso. Nunca tinha sido muito próximo de Jihyun, apesar de terem morado juntos por alguns anos. Mas tudo que lembrava-se dela, era do modo como era arrogante e mimada. Sempre desprezando qualquer tentativa de aproximação de Siwon. Lembrava-se também do jeito louco que ela invadiu o seu quarto naquela madrugada, pedindo ajuda para sair daquele lugar, para abandonar Baekhyun.

No entanto, agora, enquanto a escutava falar sobre seu filho, o único que considerava como seu, o Lee entendeu que por trás de toda aquela pose de mulher forte e independente que sempre teve, existia apenas a garotinha assustada de quinze anos que casou com um desconhecido.

— Siwon matou meu filhote. — externou colocando-se reta atrás da grade, as mãos soltando-a e virando para fitar Donghae com toda a sua fúria. — E você sabe disso, então não o defenda! Ele é um assassino!

— Siwon não matou o seu filho. — o Lee disse. — Também não matou Kyuhyun. Foi uma luta justa.

— Uma luta justa?! Acredita mesmo nisso ou essa marca no seu ombro apenas de deixou mais idiota? — atacou apontando o dedo para o ômega e subitamente Donghae se encolheu diante dela. — Nunca foi muito esperto mesmo, não duvido que Siwon o esteja manipulando através dessa marca. Aliás, essa marca nem sequer deveria ser sua, era para estar na minha pele, mas não estou lamentando. É melhor que esteja com você do que comigo, porque caso contrário já teria me matado. Qualquer lugar seria melhor do que viver naquela alcateia com todos vocês.

— Seu filho está naquela alcateia. — rebateu.

— Baekhyun não é meu filho. Eu só tive um e ele está morto.

O Lee abriu a boca em descrença com o que tinha escutado, surpreso demais com a frieza da mulher a sua frente para pensar em uma resposta boa o bastante. Por isso apenas se viu enfiando a mão no bolso do seu sobretudo e tirando envelope com dinheiro dali.

— Tome. — estendeu a Park. — Pegue isso e suma de uma vez. — mandou. — Se não quer nada conosco, então não me procure mais. — continuou depois que a viu pegar o envelope da sua mão. — Desapareça antes que eu te faça desaparecer. — deu-lhe as costas, ferido demais com o modo como Baekhyun tinha sido rejeitado pela mãe para pensar em outra coisa.

Jihyun não disse nada. Ficou muito parada segurando aquele envelope cheio de dinheiro enquanto o ômega se afastava, suas palavras pesando mais que qualquer coisa. A ameaça tinha saído da sua boca tão natural que a surpreendeu. Dentre todas as pessoas naquela alcateia, Donghae era o único suportável, ela só achava uma pena que ele fosse tão apaixonado por alguém como Siwon.

A ovelha se apaixonou pelo lobo, pensou amarga achando tremendamente engraçado como Siwon era a ovelha naquela história pois só ela sabia como Lee Donghae podia ser perigoso.

***

Kim Heechul agachou-se em frente ao túmulo e erguendo a mão, limpou as folhas secas da lápide apenas para poder ler “Kim Kyuhyun” escrito ali. Sem poder evitar, usou a ponta do dedo indicador para contornar as letras gravadas ali, cada uma delas, enquanto seus os olhos denunciavam que seus pensamentos estavam muito longe dali. Em breves segundos o ômega estava visitando o passado, estava de volta a sua adolescência quando foi apresentado a Kyuhyun. O gentil e inteligente, Kyuhyun.

— Parece que aconteceu em outra vida. — falou para ninguém. — Você mais alto e mais sorridente. — continuou apenas para no segundo seguinte afastar a ponta dos dedos das letras e abaixar os olhos para a superfície escura do túmulo do beta. — Mais vivo... — sussurrou mordendo o lábio inferior enquanto sentia os olhos tornarem-se úmidos, um prenúncio de que as lágrimas viriam logo.

Sentiu o vento bater direito no seu cabelo, empurrando os fios para o lado esquerdo e bagunçando todo o trabalho que teve para organiza-los mais cedo. No entanto, não se importou. Deixou-se fechar os olhos e acreditar aquele era o toque de Kyuhyun. O seu Kyuhyun. Que não lhe culpava por tudo que tinha acontecido, pelo modo como Heechul o tinha traído ao contar a Siwon sobre o caso que mantia com Jihyun.

— Me perdoe. — pediu baixinho sentindo que as lágrimas já desciam por seu rosto. — Eu não estava pensando quando fiz aquilo. — continuou sussurrando sua confissão. — Achei que fosse me deixar para ficar com Jihyun e isso ia estragar toda a minha vida, Kyu. Era preciso que eu fizesse algo, só não imaginei que você ia ser burro daquela maneira... Não achei que fosse tão longe para ficar com aquela Park. Realmente a amava, não é? De uma forma que nunca me amaria, eu sei disso agora. — então estava sentando no chão, ao lado da lápide. — Eu fiz tudo errado, Kyu.

Sentiu o vento ficar mais forte, os fios do seu cabelo sendo bagunçados sem delicadeza alguma. Apertou o casaco contra seu corpo e abaixou a cabeça para chorar toda aquela culpa que estava carregando há muito tempo junto de Siwon. Era esse o elo que ainda os ligava e os impedia de ir muito longe um do outro, estavam ligados pela culpa. Culpa essa que nunca parecia diminuir e sim aumentar cada vez mais e agora que Minseok tinha sido obrigado a casar com Baekhyun, Heechul só achava que estava pesado demais para suas costas. Pois se ele apenas tivesse ficado calado, as coisas poderiam ter tomado outra proporção. Kyuhyun teria conseguido falar com Siwon sobre o que estava acontecendo e eles não teriam terminado naquele embate.

— Se não fosse por mim, você ainda estaria vivo. — segredou e então levantou o rosto, o vento secando suas lágrimas em sua pele.

Abriu os olhos e respirou fundo. Não podia ficar sentado em um cemitério chorando sobre a lápide de alguém assim, isso era contra todas as regras de etiqueta que tinha aprendido. Então pôs-se em pé, decidindo de última hora que já estava na hora de por um fim nisso.

São mais de vinte anos, pensou cansado, mas não só da sua dor mas também de todo esse embate entre os Kim’s e os Byun’s. Ele até mesmo via como Siwon estava cansado de se defender das investidas de Leeteuk, era só uma questão de tempo até que ele parasse de lutar. Porém, com Baekhyun no cargo de líder as coisas pareciam diferente ainda mais por causa do casamento e por causa do seu filhote, Junmyeon como líder Kim. Junmyeon era limpo de qualquer dor, não carregava nada nas costas além da vontade de proteger sua alcateia. Era de longe a melhor pessoa para o cargo, depois de Kyuhyun. No entanto, mesmo quando tinha certeza que os Kim’s iam poder seguir em frente novamente, o ômega não conseguia realmente fazer isso sem que uma coisa fosse resolvida.

— Mas há algo seu vivo. — meio riu enquanto lembrava-se do pequeno detalhe que ninguém nunca cogitou. — E eu vou encontra-lo para você. — disse para o seu ex-noivo enquanto ficava de pé.

Era a única maneira de se redimir pelo mal que tinha feito com Jihyun e Kyuhyun.

— Eu vou encontrar seu filho. — prometeu.

***

Ele avançou pelo corredor quase escuro, o rosto sério e o tecido da camisa branca colando nas suas costas devido ao banho rápido que tinha tomado ainda a pouco e por falta de tempo havia apenas se enxugado parcialmente, no entanto ao contrário do que parecia, sentia-se mais fresco assim. Olhou para o lado encontrando o amontoado de celas gradeadas que ficavam ali, algumas estavam vazias e outras ficariam vazias logo, porque nunca se demoravam com seus prisioneiros. Se é que podia chamar aquelas aberrações disso.

No entanto, havia uma cela em especial que tinha acabado de ser ocupada e era justamente para lá que estava indo.

— Senhor? — um dos seus homens chamou e ele esperou que o outro continuasse sem parar de andar. — Tem certeza sobre isso? De acordo com o Doutor a espécime que pegamos hoje é um alfa. — alertou.

— Não se preocupe. — assegurou, puxando as mangas da sua camisa social até os cotovelos. — Eu não entrarei na cela, apenas quero dar uma olhada nele. — mas o homem que o seguia, sabia muito bem que não era só isso, porém não o impediu de continuar, em parte porque ele era o chefe.

Andaram em silêncio até que pararam em frente a última cela do corredor. Estava um tanto escuro ali dentro e por isso o homem não conseguisse ver muito bem o rosto do seu prisioneiro, mas assim que segurou as barras de ferro e aproximou o rosto da grade, foi capaz de ver a pessoa ali dentro. Quer dizer, aberração. Não passava de um garoto, talvez quinze ou dezesseis anos. Um filhote, como os próprios da sua espécie chamavam.

— Não passa de um adolescente franzino. — comentou meio rindo antes de puxar um chaveiro do seu bolso e começar a destrancar a cela.

O outro homem que estava atrás de si, revirou os olhos diante da atitude do Chefe.

 — Chefe...

— Quieto. — mandou depois que abriu a cela. — Cachorrinho. — chamou rindo com desdém. — Onde estão os seus pais?

— Me deixe em paz. — o garoto rosnou na sua direção.

— Ou o que? — desafiou se aproximando mais e segurando o rosto do garoto. — Não está 100% formado ainda, não passa de um filhote.

— Mas ainda assim sou mais forte que você, humano. — o adolescente rebateu apenas para receber um chute na barriga no momento seguinte.

Então o homem se afastou, o rosto contorcido em irritação pelo que tinha escutado. Saiu da cela e trancou-a antes de dizer ao homem que lhe acompanhava:

— Diga ao Doutor que este, infelizmente, não sobreviveu. — falou então sacou a arma que trazia no cós da calça e atirou sem hesitar no garoto dentro da cela, as balas de prata o acertando quase teatralmente.

— Como quiser, senhor Yesung. — o homem respondeu ao passo que ele voltava a guardar a arma.

— Limpe isso. — começou a se afastar depois de mandar, precisava de um ar fresco e quem sabe um cigarro antes de voltar a mapear a área.

Estava tão cheio de trabalho nesses últimos dias, principalmente porque tudo parecia calmo demais. Sua equipe não havia conseguido pegar nenhum lobo nesse meio tempo de seis meses, depois do fracasso que foi a alcateia na América do Sul, quando todos simplesmente se mataram quando ficaram encurralados, Yesung acreditava que esses lobos estavam planejando alguma coisa. Talvez, se reunindo em segredo para atacar os humanos ou quem sabe mais o quê. Não dava para confiar nesses seres com aparência humana e instinto animal, era por isso que sua Organização havia sido criada. Havia um único objetivo: matar todos eles. Limpar o planeta desse DNA podre de lobos, afinal isso ia contra todas as leis da evolução e de Deus.

E se dependesse de Yesung, essas aberrações já estavam extintas.


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