Mirtilo escrita por OmegaKim


Capítulo 19
XVII - Traição




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Jongdae jogou-se em sua cama depois de tomar banho, a toalha de banho envolta da cintura e a pele úmida. O cabelo escuro estava molhado e mesmo que seus olhos estivessem fechados, ele estava bem acordado. Os pensamentos girando em volta de uma única pessoa. Minseok. Precisava de Minseok, mesmo que o ômega não estivesse disponível, precisava dele.

Abriu os olhos e soltou um suspiro. Sentou-se na cama, os pés descalços tocando no tapete perto da mesma, então ficou de pé. Tirou a toalha da cintura e completamente nu, foi até o seu guarda-roupa. Precisava se vestir para o encontro que teria naquela noite, apesar do seu acompanhante não ter a menor ideia sobre esse encontro. Mas isso era apenas um mero detalhe, Jongdae teve coragem de pensar ao passo que cobria a nudez do seu peito com uma camisa simples.

O silêncio da casa deixava seus pensamentos mais altos. Talvez devesse ligar o rádio ou a tevê apenas para tentar afastar aquela onda de solidão que sempre carregava consigo. Era um lobo solitário, afinal, mesmo que vivesse em uma alcateia junto de outros que tinham o mesmo sobrenome que si. No entanto, Jongdae mesmo com o Kim que carregava estampado em sua identidade, não era um Kim. Não se sentia exatamente um Kim, quando o seu pai fora um.

Todavia não conhecera o pai e a mãe havia o deixado muito cedo também. Fora criado por uma mulher, que chamava de Avó. Era uma boa mulher e o amava, mas não supria a necessidade que ele tinha da sua família real. Queria os seus pais. Queria ter uma família como todas as outras, mas isso fora lhe negado.

Quando era criança não entendia os pormenores por trás da ausência dos seus pais, mas na medida que sua avó lhe contava tudo que precisava saber. Jongdae havia entendido que tudo isso havia sido culpa de uma única pessoa... Mas não deveria pensar nisso agora. Precisava focar na sua meta em trazer Minseok para o seu lado, pois só com aquele ômega ia poder ter conseguir justiça, pois, infelizmente, sozinho e sendo apenas um lobo numa alcateia não podia fazer nada. E não fazer nada, estava fora de cogitação.

Fitou o seu reflexo no espelho enquanto detinha na mão direita um pente, levou o mesmo aos cabelos e sem muita pressa os penteou. Teve coragem de sorrir para o seu reflexo e só então saiu da sua pequena casinha, no centro da aldeia. Tinha um plano bobo e cheio de falhas, de aparecer na porta da casa de Minseok e o chamar para jantar. Sabia muito bem que podia receber um não simples, mas também sabia que Ryeowook gostava da sua presença e que se tivesse sorte, o omma de Minseok escutaria a conversa e o obrigaria a aceitar.

Caminhou até a entrada da casinha amarela e bateu na porta. O jardim de Ryeowook estava bonito, com todas aquelas flores bem cuidadas cercando a frente da casinha e as luzes apagadas denunciavam que os moradores não estavam ali. Ninguém veio abrir a porta para si, por isso soltou um suspiro e deu meia volta. Iria na casa do outro marido de Leeteuk, Heechul. Quem sabe tivesse sorte lá e encontrasse o ômega loiro.

Não andou muito até a casa de Heechul, pois a casa do Ômega Principal ficava ao lado da de Ryeowook. Era uma casinha de portas e janelas vermelhas, com uma cercazinha branca em volta da mesma, mas sem nenhum jardim ou a delicadeza que havia estampada na casa do outro ômega. Abriu o fecho do pequeno portão — que chegava na altura da sua cintura — e adentrou na propriedade, foi até a porta e bateu, e diferente da casa do outro Kim, notou que as luzes desta estavam abertas. Dessa vez, um Minseok com um pano de prato sobre o ombro e os óculos tortos no rosto, atendeu a porta.

Jongdae sorriu, amigável e o ômega deixou os lábios se comprimirem em desagrado ao reconhecer a figura do lobo prateado. O Kim mais velho, tentou não parecer abalado pelo modo como os olhos dele se estreitaram para cima de si, cheios de desconfiança.

— Não vai me convidar para entrar? — perguntou simplesmente.

— O que faz aqui? — devolveu, os dedos ainda segurando a maçaneta da porta, pronto para fecha-la na face do alfa.

— Eu vim te convidar para sair. — foi direto ao ponto e Minseok soltou uma risadinha, incrédulo. — Podemos ir em algum restaurante. Ainda gosta de Keran Pang*?

— Eu já jantei. — o loiro mentiu.

Na verdade estava cozinhando ramen junto de Henry na cozinha, os dois esperando a água esquentar enquanto conversavam sobre coisas aleatórias. Seus pais não estavam em casa, o que por um lado era bom porque podia expor o seu plano sem medo para Henry ao passo que tinham Kyungsoo trancafiado em um dos quartos da casa do seu omma Ryeowook. Por outro lado era estranho, porque quando chegara em casa depois do seu passeio na floresta com Sehun, escutara os gemidos e depois que se aproximou da porta do quarto do pai ômega, viu pela fechadura os seus três pais dividindo a mesma cama. Ficara um tempo sem ação, mas depois se forçou a sair dali e dar privacidade aos três, ao ir para a casa do seu outro omma — Heechul. No entanto, por mais estranho que lhe parecesse saber que os três estavam fazendo amor, ficava feliz em saber que eles estavam se entendendo depois de vinte anos de casados.

— Mesmo? — soltou, desconfiado, dessa vez ele próprio estreitando os olhos para cima do ômega.

Minseok sustentou o olhar, querendo saber até onde o alfa aguentaria e querendo saber o que ele pretendia com toda aquela pose de bom moço. Porém, Minseok não tinha poderes sobrenaturais então não podia ler os pensamentos de Jongdae e descobrir os seus objetivos por trás dos seus trejeitos.

— Mesmo. — concordou e preparou-se para fechar a porta, contudo Jongdae colocou o pé para impedir que a porta fosse fechada na sua cara. — Não estou com fome. — o loiro disse entredentes, fitando o pé do alfa no vão da porta.

— Você não parece alguém sem fome. Eu te conheço, Minseok. Sei que está mentido.

— Não sabe de nada, Jongdae. — o loiro praticamente cuspiu a resposta. — Só porque namoramos por um ano, não quer dizer que me conhece.

O alfa ergueu uma sobrancelha, mas não retirou o pé do vão.

— Jante comigo. — pediu em vez de rebater o que Minseok disse.

— Por que está insistindo nisso? — suspirou, ao tentar mais uma vez fechar a porta e dando, mais uma vez, de encontro com o pé do alfa impedindo o ato.

— Só jante comigo... como amigos? — tentou mais uma pouco e viu o ômega abaixar a cabeça, ponderando o convite. — Em nome dos velhos tempos.

Minseok não entendia. Ele repassava as imagens do seu passado com Jongdae em sua mente e depois as imagens dos anos depois do seu término e tudo virava uma bola sem sentido quando tentava encaixar a insistência do alfa em continuar atrás de si. Afinal, já haviam se passado cinco anos desde a última vez que se viram e por isso o sentimento que devia existir no peito do alfa deveria ter se esmaecido, no entanto desde o primeiro momento que tinham se visto, Minseok só tinha cada vez mais provas de que o alfa não o havia esquecido, pois estava constantemente tentando se aproximar de si. Seja jogando olhares para si ou seguindo-o pela aldeia, oferecendo ajuda quando não estava sozinho — em frente as pessoas da alcateia — apenas para que o loiro fosse obrigado a aceitar, a contragosto.

Mas ali, enquanto ele lhe convidava para jantar, não havia plateia então Minseok não aceitaria. Não podia fazer isso quando estava noivo de outro alfa. E acima de tudo não podia dar a entender para Jongdae, que eles poderiam ter alguma coisa. Era melhor cortar de uma vez esse laço, por mais que o Kim dificultasse isso.

— Sinto muito. — se escutou dizer, levantando os olhos devagar e balançando a cabeça em negação.

Detinha os olhos muito grandes por trás das lentes dos óculos de lentes redondas, Jongdae notou que ele havia trocado a armação dos óculos, preferindo o redondo em vez do quadrado de antes e por isso parecia mais harmonioso no seu rosto bonito. De uma forma nostálgica procurou o garotinho que tinha conhecido na adolescência, mas tudo que encontrou estampado nos olhos do seu ex-namorado foi uma negação dolorosa. Não era como se tivesse amado Minseok algum dia, mas com certeza não era indiferente a ele. E era justamente essa não-indiferença que estava doendo em si, ao finalmente perceber que não havia sobrado nada de si no outro. Aquele Minseok que o estava negando, não era nenhum pouco parecido com aquele Minseok adolescente que suspirava todas as vezes que sorria para si.

— Eu peço desculpas. — optou por dizer, retirando o pé do vão da porta para que o ômega pudesse fecha-la de uma vez. — Acho que fui inconveniente ao insistir tanto contigo. — havia percebido que com esse Minseok as coisas teriam que ser diferentes, afinal ele parecia desconfiado demais.

— Bom, é... sim. — o loiro foi pego de surpresa pelas desculpas de Jongdae e por isso não sabia como reagir.

Jongdae sorriu, sem mostrar os dentes ao passo que os dedos de Minseok se fechavam em volta da maçaneta, mas não fez menção de fechar a porta. Ainda não, pensou. Estava esperando alguma coisa do Kim mais velho.

— Então, boa noite. — o alfa disse antes de se curvar.

Olhou uma última vez para o loiro e lhe deu as costas, se forçando a manter a postura pacifica. O Kim mais novo observou enquanto ele se afastava, esperou até que saísse pelo portãozinho e só então fechou a porta, encostou as costas na superfície da madeira e fechou os olhos enquanto suspirava, aliviado.

— Quem era? — Henry surgiu, usando seu pijama e pantufas nos pés.

— Kim Jongdae me convidando para jantar. — Minseok respondeu sem abrir os olhos e levantando as mãos, tocando as laterais da cabeça com a ponta dos dedos.

Aquilo tinha feito sua cabeça doer.

— Ele sabe que você está noivo, não é? E que Sehun está dormindo nessa casa nesse momento, não é? — perguntou se aproximando do amigo.

— Sabe. — respondeu baixo e abriu os olhos. — Ele só está tentando me confundir. — chegou a conclusão e então desencostou da porta e passou por Henry, indo direto para a cozinha.

— Jongdae é um alfa estranho. — seguiu o amigo.

— Um pouco. — concordou lembrando-se do modo como a atitude do alfa tinha mudado de uma hora para outra ao pedir-lhe desculpas e ir embora quando parecia determinado em insistir até o fim para que jantassem juntos.

O ômega encostou-se na bancada da cozinha e retirou o guardanapo sobre o ombro, deixou-o sobre a bancada ao seu lado. Se sentia enjoado, mas não sabia denominar o motivo quando nem havia comido nada ainda. Talvez fosse o nervoso do que faria naquela madrugada começando a se alastrar por seu corpo, afinal não seria uma tarefa fácil passar por todos os guardas e tirar Kyungsoo da aldeia. Mas se tranquilizava dizendo que era só por algumas horas e que seria divertido, pois sua vida andava muito parada. Precisava de um pouco de adrenalina.

Henry observou o amigo, o modo como os seus olhos pareciam desfocados. Ele tinha muita coisa na cabeça, pensou. E meio sorriu triste, as vezes queria poder ajuda-lo, mas Minseok era orgulhoso e tendia a se fechar no seu próprio mundo quando estava cheio de coisas dentro de si, principalmente sentimentos que ele não sabia muito bem controlar ou classificar. Suspirou, diante da sua impossibilidade de perguntar algo porque sabia que se o fizesse, o loiro desviaria da pergunta. Então se limitou a ir até os dois copos de ramen sobre a bancada da pia, pegou os hashis e foi até o amigo, entregou um à ele e encostou-se ao seu lado na bancada da cozinha. Mas o Kim se afastou, foi até a mesa e sentou-se ali.

O Lu foi atrás de si e sentou-se na cadeira à sua frente, observou enquanto ele mexia no macarrão com a ponta de um dos hashis.

— O que há com você? — perguntou de uma vez, pois já estava incomodado pelo modo retraído que o ômega estava se comportando. — É por causa de Kim Jongdae? Ele lhe disse alguma coisa? — preocupou-se.

Mas Minseok negou, de cabeça baixa. Não tinha nada a ver com Jongdae, na verdade tinha haver consigo.

— O Conselho da Organização me enviou uma carta. — se escutou dizer, baixo como se estivesse com vergonha e de fato estava, não esperava dividir isso com Henry, mas se não pudesse falar disso com ele que era seu amigo e fazia parte do seu mundo, com quem poderia falar?

Havia escrito para a Organização no início da semana, logo depois que tivera aquela conversa com Henry na lanchonete. As palavras saindo apressadas quando colocadas no papel e não fazendo sentido quando leu em voz alta, mas havia enviado mesmo assim com um pedido enorme de desculpas para aquelas pessoas que o tinham ajudado e o escolhido. E ao contrário do que pensara, a resposta havia vindo muito cedo. Um envelope bege entre tantos outros de cor branca, quando foi pegar as correspondências na caixa de correio na estrada. Havia lido tudo com as mãos tremendo e mesmo agora quando pensava nas palavras, ainda se sentia tremer.

— O que eles disseram? — Henry perguntou igualmente baixo.

Sentiu-se encolher naquela cadeira e sem coragem alguma de olhar para o amigo disse a coisa que estava escondendo há alguns dias:

— Estou fora. — dizer isso lhe parecia mil vezes pior do que ler, porque era como ter a verdade concretizada de vez. — Eles me julgaram e decidiram que estou inapto para seguir na Organização, por isso retiraram a minha cor e me desligaram por tempo indeterminado. Eu estou fora, Henry. — terminou, mordendo o lábio e deixando que o amigo visse seus olhos chorosos.

Minseok só conseguia pensar em como seu pai, Heechul, reagiria ao saber como ele havia mentido e por isso estava fora da Organização.

— Fora como? Eles simplesmente o expulsaram? — o chinês perguntou, o tom preocupado da sua voz deixando o interior de Minseok instável.

Em tanto tempo na Organização nunca escutara nada sobre um ômega sendo expulso, nem ao menos sabia se isso era possível quando existia tão poucos deles trabalhando para aquele lugar.

— Não me expulsaram. — explicou. — Mas me desativaram.

O Lu o fitou, finalmente entendendo que a Organização havia feito e porque o loiro parecia tão distante nos últimos dias. Ele estava fora, o que significava que não precisava mais casar com Sehun por causa da missão, porque não havia mais missão alguma para ser cumprida quando havia perdido a sua cor e sua credibilidade na Organização. Havia sido posto no cantinho do castigo e não havia nenhuma previsão de que algum dia sairia dali.

— Minnie... — começou a dizer, querendo conforta-lo, mas tudo que teve foi as palavras morrendo na sua boca enquanto via Minseok fechar os olhos ao apoiar o rosto nas mãos.

— Eu não sei o que eles vão fazer em relação ao Sehun, não me disseram se devo continuar com isso ou não. Na verdade, eu nem ao menos sei o que devo fazer. Antes havia um objetivo e agora... não há nada. — confessou, em seguida deixou que sua cabeça deslizasse por suas mãos e terminasse deitada na mesa.

Henry se pôs de pé e deu meia volta na mesa, parou ao lado do amigo e puxou a cadeira livre ali e sentou-se, ergueu as mãos e procurou as do ômega.

— Você vai casar com Sehun. — disse convicto e o loiro levantou o rosto para fita-lo, estava com rastros de lágrimas nos cantos dos olhos grandes. — É isso que vai fazer, você vai casar com Sehun e honrar o acordo que tem com meu líder.

— Mas Henry...

— Você prometeu, Minseok. E uma promessa nunca deve ser quebrada. — apertou os dedos dele nos seus e fitou-o bem nos olhos.

O loiro engoliu em seco, só agora lembrando-se do peso que a promessa que fez a Lu Han carregava. Não podia deixar o ômega de lado, quando mais da metade do seu clã não estava mais viva e quando a sua espécie parecia estar sendo caçada por algum maluco colecionador. Devia parar de olhar apenas para si e para o seu fracasso em ser um ômega d’A Organização. Por isso, assentiu para o chinês.

— Eu vou ajuda-lo. — falou e soltou suas mãos da do amigo, retirou os óculos e limpou os olhos, depois os colocou novamente.

— Ótimo, agora vá comer. — Henry meio mandou ao se pôr de pé novamente e ir até o seu lugar inicial.

Minseok ajeitou-se no assento e começou a comer o seu ramen, afinal Henry tinha razão ao lhe dizer aquilo. Estava falhando com Lu Han ao não ter falado com seu pai sobre o ômega ainda, mas haviam acontecido e estavam acontecendo tantas coisas que nem sequer tinha parado para pensar nisso, mas prometeu a si mesmo que depois que conseguisse resolver a situação do irmão falaria com seu pai sobre Lu Han e o seu clã. Era óbvio que o seu pai ia querer ajuda-los, afinal o nome Lu carregava um legado muito grande para ser desprezado tão fácil.

Terminaram de comer suas jantas em silêncio. Trocaram ocasionais olhares, mas não disseram nada. Eles limparam a cozinha quando terminaram e quando já estavam indo dormir, foi que Junmyeon chegou em casa. Estava com o rosto cansado e cheirava a noite e álcool. Minseok quis perguntar onde ele estava, mas não o fez quando viu o olhar melancólico no rosto do irmão quatro meses mais velho.

— Como Kyungsoo está? — foi a primeira coisa que perguntou quando reconheceu a figura loira do irmão no corredor da sua casa.

— Como você acha que ele está? — devolveu, a voz saindo amarga.

— Não me trate assim, como se eu não estivesse tentando também. — desviou os olhos do rosto do irmão. — Nosso pai está irredutível. — soltou um suspiro e encostou-se na parede oposta onde o ômega estava. — Eu não sei mais o que fazer, Minseok. — confessou.

Sentia-se tão esgotado emocionalmente, tão imensamente casando de voltar para casa e se deparar com todos os seus guardas em patrulha pela aldeia ou todos os seus lobos tendo que cumprir um toque de recolher. Mas o pior com certeza era saber que seu irmãozinho estava preso em seu próprio quarto, apenas porque estava apaixonado por um Byun. E ele não podendo fazer nada sobre isso, já que não era o líder ainda.

— Nosso pai nem ao menos me recebe mais no escritório. Ele está me evitando porque sabe como sou contra esse cárcere privado do nosso irmão. — falou passando a mão no cabelo acastanhado.

— Junie... — Minseok disse baixo e se aproximou do irmão, tocou o seu ombro e o puxou para um abraço. — Vamos dar um jeito nisso. — falou firme, querendo passar ao irmão a segurança que não sentia.

Junmyeon se deixou ser abraçado. Era bom poder compartilhar os seus medos com alguém de vez em quando, ainda mais quando esse alguém era o seu irmão.

— Mas há algo que podemos fazer por Kyungsoo. — o loiro sussurrou. — Me ajude a fazê-lo encontrar com Chanyeol.

— O que? — separou-se do irmão, o rosto confuso e surpreso pelo tinha escutado da boca do outro. — Está maluco.

— Estou lúcido. — rebateu. — Eu só estou cansado de ver meu irmão sofrendo naquele quarto. Sabia que o lobo dele escolheu Chanyeol como seu alfa? Você pode imaginar a dor que ele está sentido por ter sido separado dele dessa maneira? Precisamos fazer alguma coisa, Junie. Vamos apenas deixá-los se ver por algumas horas e depois trazemos Kyungsoo de volta, mas não posso fazer isso sozinho. Eu preciso da sua ajuda. — pediu.

— Minseok, isso é contra as regras... se o appa souber...

— Por favor. Por Kyungsoo. — pediu.

Junmyeon mordeu os lábios e olhou para o lado, só agora notando a imagem de Henry no fim do corredor. Estava encostado na parede, fitando os dois de braços cruzados e o rosto sério. Sempre achara Henry sério demais, os olhos cheios daquela sabedoria que apenas os velhos carregavam, mas o ômega era tão novo e aquilo não combinava em nada com a sua aparência delicada de ômega. E naquele breve segundo quando o fitou, viu algo nos seus olhos que parecia demais com esperança. O chinês esperava que o alfa os ajudasse, porque ele com certeza estava participando daquele plano maluco com Minseok.

Voltou a olhar para o irmão e assentiu.

— Eu vou arrumar uma distração para os guardas. — disse e viu o sorriso aparecer no rosto do irmão.

Minseok voltou a se aproximar, passou os braços em volta de si e o abraçou.

— Eu te amo, Junie. — confessou baixo e o alfa o abraçou de volta.

— Eu também te amo, Minseok. E amo Kyungsoo também. — devolveu. — Mas se eu ficar de castigo, vocês vêm comigo nessa. — teve coragem de brincar e o ômega riu contra a curva do pescoço do irmão.

— Não se preocupe. — o loiro disse. — Nada vai dar errado.

Junmyeon quis acreditar no que ele dizia, mas algo no modo como a noite estava fria demais indicava que algo estava prestes a acontecer.

***

Donghae abriu as pernas para acomodar o corpo do marido, quando este se encaixava em si. Passou os braços em volta do pescoço dele e o puxou para baixo, atrás dos seus lábios. Beijou-o devagar ao mesmo tempo que Siwon começava a movimenta-se no mesmo ritmo. Não se conteve e acabou gemendo contra os lábios do alfa. Aquilo era terrivelmente delicioso para que ele contivesse os seus sons, ainda mais quando Siwon deixava suas mãos deslizarem por seu corpo e apertassem cada parte da carne que alcançasse, principalmente as coxas.

Fechou os olhos e ergueu o queixo, deixando o pescoço a mostra para o marido e ao sentir suas unhas se alongarem acabou por arranhar as laterais do corpo do alfa quando sentiu as presas deste, tocando-lhe a pele. Arranhando-o no pescoço e clavícula. Sabia que era o lobo de Siwon tomando controle e querendo marca-lo novamente, isso sempre acontecia com os dois, mas o lobo de Siwon sempre fora mais descontrolado do que o do ômega, além de mais possessivo ao querer marca-lo sempre que faziam amor. No entanto, Siwon controlava-se, mesmo que suas presas doessem, acabava por sempre desliza-las pela pele dourada do marido e evitar marcas.

Odiava machucar Donghae quando estavam tão perdidos em sensações, pois mesmo que o ômega não reclamasse, Siwon odiava o modo como o corpo de Donghae tornava-se um mar de manchas roxas, como se ele tivesse o obrigado o outro fazer algo consigo. Então se continha ao dosar os apertões na pele do marido e ao evitar morde-lo. No entanto, não era como se fosse fácil quando Donghae era tão convidativo ao se entregar pra ele tão rápido, ao gemer tão deliciado daquela maneira e ter o seu cheiro mais intenso, a cada vez que o lobo do marido constava que quem estava ali, junto de si, era o seu marido alfa. Afinal, ômegas marcados sempre tendiam a parecerem mais atraentes para os seus alfas.

— Mais forte, Wonie. — o ômega meio gemeu, meio pediu ao envolver a cintura do alfa com suas pernas.

Siwon gemeu, rouco, contra a pele suada do marido ao mesmo tempo que fazia o que tinha pedido. Era tão maravilhosa a sensação de estar dentro de Donghae, o modo como era acolhido por ele e o jeito como o corpo do marido parecia ter sido feito sobre medida para encaixar no seu. Levantou o rosto e procurou a boca do Lee, iniciando um beijo desajeitado por causa das suas presas e por isso, o ômega teve coragem de rir baixo contra os lábios do marido. O som reverberando pelo quarto e abafando os gemidos de antes, deixando tudo mais leve.

Amava a risada de Donghae assim como amava cada coisa que fazia parte dele. E sentia muito por não ser o melhor alfa para si, ainda se culpava pelo modo como o marcou, apenas por raiva em vez de por amor. Mas naquela época estava tão ferido pelo modo como era constantemente rejeitado pela primeira esposa, que não conseguia fazer muita coisa além de apenas pensar nela, em vez de pensar em Donghae também. Mas sabia que o ômega o havia perdoado e que não lembrava mais disso, pois eles nem ao menos falavam disso mais. Nunca tocavam no nome de Jihyun, para evitar as lembranças ruins.

E agora, enquanto faziam amor, Siwon só conseguia pensar que não deveria invocar a imagem da esposa falecida agora.

— Eu te amo. — sussurrou no ouvido do ômega e em resposta obteve apenas gemidos arrastados, mostrando que Donghae estava perdido demais em sensações para notar a declaração, mesmo que soubesse desse sentimento mais que qualquer um.

Sentiu as mãos do ômega, segurando-o pelo quadril e mostrando o ritmo e deixou-se ser guiado, porque não importava o modo como era influente por aí, era sempre Donghae que mandava em maioria das suas decisões. Dizendo palavras doces e fazendo-o ver a razão, da mesma maneira que estava fazendo com o caso do filho, Chanyeol. Havia o feito prometer que ia pensar e era justamente isso que Siwon estava fazendo: pensando.

Estava pensando há alguns dias, pesando os pros e contras de um possível casamento de Chanyeol com garoto Kim. Parecia como algum tipo de piada de mau gosto e ele quase podia ver a cara que Leeteuk faria se ele propusesse isso, causava-lhe risadas só de imaginar. No entanto, os Kim’s eram um ótimo clã e uma aliança entre eles seria de grande ajuda armamentista, já que eles eram aliados dos Oh’s e era justamente nos Oh’s que Siwon tinha interesse. Neles e nos seus livros antigos.

O Lee levou as mãos até o seu rosto e segurou-lhe o queixo, beijou-lhe a boca delicadamente por causa das presas, mas Siwon sabia que mesmo sem elas, ele ia fazer aquilo do mesmo jeito porque Donghae era todo delicado. Ele era todo doce, a começar por seu cheiro. Suave e adocicado, como canela. Ele era todo bonito, principalmente quando seus olhos adquiriam o tom de azul-escuro, como agora quando se fitavam. E o alfa sabia que os seus olhos também estavam de outra cor, âmbar. O âmbar bonito que era herança dos Byun’s. Sua mãe tinha o mesmo tom de olhos quando estava na forma de lobo e ele havia herdado isso, do mesmo modo que Baekhyun havia herdado. Era justamente por isso que Siwon sabia que Baekhyun era seu filhote — apenas seu — e não daquele Kim.

Escorregou sua mão pela lateral esquerda do marido e segurou em sua cintura, acariciou ali enquanto estocava devagar. Entrando e saindo da maneira mais lenta que conseguia, apenas para prolongar o prazer de entrar e sair do marido daquela maneira. Deixou que a mão passeasse por entre seus corpos e encontrasse o membro do ômega, segurou-o devagar e começou a masturba-lo na mesma proporção que estocava e escutava os gemidos de Donghae, seus olhos nunca deixando o rosto do marido.

Detinha o cabelo molhado de suor, colando na testa e parecendo preto naquela luz do quarto. As bochechas coradas de esforço e os lábios entreabertos para que os gemidos saíssem, arrastados e manhosos. Seus olhos eram duas esferas azuis o fitando com toda a intensidade do sentimento que sentia pelo alfa. Percebeu que suas presas haviam se recolhido e por isso aproximou-se dele, novamente, segurou o lábio inferir com os dentes e estocou fundo sentindo o corpo abaixo de si estremecer, indicando que estava próximo do ápice.

Movimentou a mão mais rápido no membro do outro, queria que ele chegasse primeiro no ápice do que si, pois adorava o modo como seus olhos desfocavam e o jeito que o seu corpo inteiro tremia, o som que saia dos seus lábios, o seu nome sendo chamado como se o alfa pudesse salva-lo de algo quando na verdade, era o causador. E como se o ômega soubesse o que ele pretendia, agarrou-se ao marido, gemendo e escondendo o rosto na curva do pescoço deste, sentiu as presas do ômega despontarem e tocarem-lhe a pele exposta ao mesmo tempo que aumentava o seu ritmo.

Suas unhas, alongadas, se fincaram no seu quadril e Siwon gemeu quando fechava os olhos. A dor misturada com prazer, bagunçando suas sensações. Donghae não aguentou muito tempo, abraçando-se a Siwon, deixou que o prazer final viesse. Molhando a mão do alfa e entre seus corpos, suas presas se fincando no ombro exposto do marido afim de abafar o gemido alto que queria sair além da necessidade que tinha de marcar Siwon como seu, pois acima de todo amor que sabia sentir pelo alfa e do amor que sabia que ele sentia por si, era alguém inseguro.

O Byun gemeu ao sentir Donghae tornar-se todo estreito em volta do seu membro e sem poder se conter, seguiu o exemplo do marido e gozou, preenchendo o ômega com o seu líquido. Escondeu o rosto na curva do pescoço dele, distribuiu selares pela pele molhada, provando o gosto de sal e canela.

— Eu te amo. — sussurrou, novamente, contra pele dele ao passo que sentia o seu nó preencher o interior do ômega.

Donghae, se mexeu um pouquinho antes de passar a língua sobre o ferimento que havia feito no marido.

— Eu também te amo, Wonie. — disse meio ofegante.

Fazia algum tempo que não faziam amor, em parte por causa do bebê. Pois depois que passara mal naquela noite, tivera que ficar algum tempo de repouso e em parte por causa do trabalho atribulado de Siwon na empresa. Mas agora estava tudo bem, Donghae estava livre dos seus dias de repouso e havia conversado com a médica sobre poder fazer sexo e recebera um ok depois de alguns exames. E Siwon havia conseguido uma folga da empresa, até mesmo tinha conseguido um fim de semana inteiro para eles quatro. Donghae havia o convencido a irem para Jeju no fim de semana, para aproveitarem a praia. Eles quatro, quer dizer, eles cinco, como uma família por duas noites, apenas aproveitando. Siwon concordara, já que queria ter uma conversa privada com Baekhyun e só poderia fazer isso durante a viagem, bem longe de ouvidos indesejáveis.

Ficaram algum tempo, abraçados daquela maneira, sentindo as respirações se acalmarem e mostrando aos seus lobos, que estavam juntos agora. Pois, só eles dois sabiam como ficar longe um do outro depois que haviam se encontrado, era torturante. Siwon, principalmente, odiava não dar atenção a Donghae depois que chegava do trabalho ainda mais agora que ele estava esperando um filhote seu.

Afastou o rosto da curva do pescoço do marido e procurou a sua boca, atrás de beijos com gosto de canela que apenas Donghae tinha. Se beijaram durante algum tempo até que o alfa se afastou de si, deitando-se ao seu lado, apenas para poder acariciar a barriga do marido.

— A médica disse que pode ser um ômega, já que o cheiro é parecido com o meu. — o Lee disse fitando o marido e Siwon sorriu, para si.

Não se importava a que classe o filho pertenceria, queria apenas que ele tivesse saúde. Que viesse saudável para os braços de Donghae e crescesse bem. Já amava aquela criança, no mesmo tanto que amava os seus outros filhos.

— Ele vai ser parecido com você? — acariciou o rosto do marido e Donghae fechou os olhos. — Então vai ser lindo.

— Pode ser uma menina também. — rebateu de leve, os lábios se juntando em um bico.

Siwon se aproximou e o beijou devagar e encostando sua testa na dele confidenciou:

— Vai ser uma menina linda.

Donghae sorriu, o sorriso preferido de Siwon. Era aquele que deixava os seus olhos relampejando em azul e os dentes apareciam, uma fileira certinha de dentes brancos. O alfa beijou o seu sorriso, seus pensamentos apenas se resumindo a Donghae e em com teriam um fim de semana dos sonhos, como há muito tempo não acontecia. Não havia preocupação alguma no seu ser enquanto despejava sobre o marido todo o seu amor e enquanto eram acolhidos por aquelas quatro paredes, ninguém podia os atingir ali, nem mesmo o passado ruim que ambos carregavam.

No entanto, o que Siwon não sabia era em como há dois quartos de distância dali, seus filhos se preparavam para fugir. Baekhyun, sentia suas mãos tremendo quando terminava de abotoar o seu sobretudo, fechando-o por completo no seu corpo. Por outro lado, Chanyeol também tremia, mas era de ansiedade. Iria encontrar o seu ômega, depois de tanto tempo afastados. Parecia bom demais para ser verdade.

Nem ao menos podia conter o enorme sorriso que insistia em aparecer no seu rosto.

— Você vai se esconder no porta malas do meu carro, quando estivermos longe o suficiente daqui, eu te tiro de lá. — Baekhyun expos o que tinha em mente.

— Acha mesmo que eles não vão revistar o teu carro?

— Eu sou quase o líder da alcateia, Chanyeol. Ninguém vai mexer no meu carro. Agora, vamos. — disse inquieto.

Chanyeol o seguiu para fora do quarto e depois pela escada, entrou silenciosamente no porta malas do carro do alfa e desejou que tudo desse certo.

***

Já passava das duas da manhã quando Kim Jongdae chegou na aldeia Kim, pronto para ir em direção a sua casa e ter uma noite de sono. Havia passado o resto da noite, depois da recusa de Minseok, em um bar no centro da cidade. Bebendo e paquerando algumas humanas, mesmo que soubesse que um relacionamento com estas não iria ar em nada. No entanto, ao estacionar o seu carro na aldeia, notou algo estranho.

O estacionamento ficava no centro da aldeia, perto da casa do líder da aldeia. Então era normal que avistasse as casas dos ômegas de Leeteuk quando deixava o seu carro ali, porém era madrugada e não deveria ter ninguém mais fora de casa ainda mais por causa do toque de recolher que o líder havia imposto em sua última reunião com o público. As casas estavam com as luzes apagadas, mas a movimentação na janela da mesma foi o que lhe chamou a atenção.

Primeiro pensou que pudesse ser um ladrão ou um espião de algum Clã inimigo, mas depois reconheceu a cabeleira loira e o porte baixo. Era Kim Minseok, pulando a janela lateral da casa. Meio tombou a cabeça para o lado, sem sair de dentro do seu carro, tentando entender o que ômega estava planejando. Viu o loiro ajudando alguém a sair pela mesma janela, mas não reconheceu quem era. Notou que era baixo como o ômega e deduziu que podia ser Henry, já que os dois sempre andavam juntos. Então pensou que o loiro podia ter esquecido algo em casa e perdido a chave, por isso teve que entrar pela janela. No entanto, quando viu as duas figuras correndo de mãos dadas, entendeu que havia algo de errado naquele ato. Principalmente quando o boné que o outro usava caiu pela movimentação e ele se abaixou para pegar.

O alfa reconheceu o cabelo preto e os olhos grandes da pessoa que estava com Minseok, era Kyungsoo. Mordeu o lábio, apreensivo querendo descobrir o que aqueles dois estavam fazendo, quer dizer, o que Minseok estava fazendo ao ajudar um prisioneiro a fugir. Mas não se mexeu de trás do banco do motorista em seu carro, na verdade, ficou bem quieto vendo o desenrolar da cena. Queria saber como eles iriam passar pelos sentinelas.

No entanto, não precisou esperar muito, pois só aí notou como não havia guardas patrulhando a aldeia. Estava tudo mergulhado em silêncio. E havia apenas uma pessoa depois dele e Leeteuk que podia fazer os guardas sumirem, Junmeyon. Sentiu vontade de rir ao se dar conta disso. Era inacreditável que os três Kim’s tivessem armado algo como aquilo, mas não surpreendente porque o alfa já tinha notado como os dois irmãos pareciam insatisfeitos com a prisão de Kyungsoo. Com olhos curiosos, ampliou a sua visão e acompanhou os passos de Minseok em direção a floresta.

Acabou ligando o carro, sabendo exatamente onde o ômega pretendia ir. Ele iria alcançar a estrada depois da floresta. Provavelmente iria se transformar em lobo junto de Kyungsoo e os dois fugiriam. Deu meia volta com seu carro, se tivesse sorte, ia conseguir chegar a tempo na estrada.

Não iria deixá-los ir tão longe.

Mas o que ele não sabia era como Minseok tinha um plano, e que não era tão óbvio assim, pois quando chegou na estrada não encontrou nenhum sinal dos dois. Ainda iluminou a floresta com os faróis do carro e desceu do mesmo, procurando ele mesmo pelos dois ômegas, mas não os encontrou. Acabou desistindo e seguindo em direção a cidade, pois já estava na estrada mesmo. Talvez pudesse encontra-los pelo caminho, que ao que tudo indicava, dava em Seul.

Contudo, Minseok, dentro da floresta, escutou um barulho, reconheceu como o de motor de um carro e estava se afastando. Parou de correr e encostou-se no tronco da primeira árvore que encontrou, Kyungsoo — não muito longe de si — fez a mesma coisa. Os dois ficaram quietos ali, durante um tempo, apenas respirando devagar afim de não denunciar as suas presenças. Quando não veio nenhum barulho depois daquele, Minseok lançou um olhar para o irmão gêmeo e assentiu. Então os dois voltaram a correr.

Não estavam indo em direção a estrada, estavam correndo em direção a velha casinha na árvore de Minseok. Precisavam ir lá e trocar de roupa, antes de correrem até a floresta e sumirem em direção a Seul. Foi por isso, que o loiro disse a Kyungsoo para transformar-se em lobo. E os dois em forma animal, correram até a casinha. Um negro como a noite e um caramelado, se destacando sobre a luz da lua.

Ao chegarem na casinha. Vestiram-se apressados, apenas trocando olhares. Não tinham tempo para palavras e os dois sabiam disso. Mas assim que alcançaram a estrada e se esconderam no carro que Minseok alugara, Kyungsoo se deixou sorrir. Afinal, as coisas pareciam estar dando certo.

Em algum momento durante o trajeto, o mais novo inclinou-se em direção ao rádio e o ligou. Minseok sorriu com o ato, apenas para no segundo seguinte começar a cantar alto a música, sendo acompanhado pelo outro. Eles riram em meio ao canto, olhando um pro outro e deixando que aquela carga da fuga saísse de cima das suas costas. As coisas estavam dando certo e antes que alguém percebesse, eles iam voltar e o loiro tentaria falar com seu pai mais uma vez, dessa vez junto de Junmyeon e eles conseguiriam convencer o pai de que o casamento de Kyungsoo com um Byun iria trazer muitos benefícios para o clã.

— Chanyeol vai estar mesmo lá? — o mais novo perguntou.

— Sim. — Minseok respondeu. — Baekhyun me prometeu que ele estaria lá. — tranquilizou o irmão.

— Você se encontrou com Byun Baekhyun? — Kyungsoo não perdeu a oportunidade de alfinetar o irmão ao soar tão divertido.

Minseok corou e agradeceu por estar escuro dentro do carro, mas pelo modo como apertou o volante, o outro Kim sabia que ele estava desconfortável e provavelmente, corado. Conhecia muito bem o irmão para conseguir ler os seus trejeitos mínimos.

— Não foi exatamente um encontro. — o loiro optou por dizer. — Foi só uma conversa sobre você. A ideia partiu dele, então pode se tranquilizar, que Chanyeol estará lá. Mas, por favor, Kyungsoo não esqueça do que combinamos. — fitou o irmão de canto de olho.

— Eu entendi, Minseok. — disse com um suspiro. — Temos que voltar quando amanhecer, eu entendi.

Porém, não achava que fosse ser capaz de cumprir, ainda mais quando notou as luzes de Seul tão perto. Eles entraram na cidade sem cerimônia alguma e como da última vez que a vira, a cidade continuava tão agitada quanto antes. Kyungsoo não conseguia colocar em palavras o tanto de coisa que estava sentido ao ver a cidade outra vez, era como se estivesse passado esse tempo inteiro dormindo e só agora estivesse acordado. Acabou sorrindo, quando reconheceu os lugares daquela cidade e depois reconheceu para onde Minseok o estava levando. Era o Parque Chenggyecheon.

Chanyeol já o tinha levado ali milhares de vezes quando estavam no colegial. Aquele Parque, que já foi um rio sujo, e agora era um grande marco de Seul, estava cheio de lembranças doces dele e Chanyeol. Recordava-se do modo como gazeteavam aula apenas para terminarem ali, inclinados sobre a cerquinha que separa o lago das pessoas, meio rindo e planejando um futuro juntos.

Minseok, observou o rosto do irmão encher-se de reconhecimento e um sorriso nostálgico surgir no seu rosto. Estava lembrando de Chanyeol, o loiro percebeu e acabou sorrindo também porque adorava o modo como Kyungsoo parecia bem mais vivo fora daquele quarto.

O loiro não demorou muito para estacionar o carro e Kyungsoo não demorou muito para sair correndo de dentro do carro, olhando em volta e quase gritando o nome de Chanyeol naquela madrugada. Mas quando o Kim mais velho olhou em volta, percebeu que eles dois tinha chegado primeiro. Foi até o irmão e segurou as suas mãos.

— Estamos adiantados, Soo. Se acalme. — pediu ao mesmo tempo que via os olhos grandes do irmão encherem-se de lágrimas de ansiedade.

O Kim não podia imaginar o tanto de saudade que o outro estava sentindo do namorado, como deveria ser uma tortura ficar longe do seu parceiro escolhido. Afinal, seu lobo ainda não havia escolhido o seu parceiro e Minseok tinha suas dúvidas de que esse parceiro podia ser Sehun. Quer dizer, ele era gentil e o ômega gostava da forma como os lábios dele eram macios, mas não achava que aquele sentimento que havia no seu peito pudesse evoluir para algo mais forte.

— Mas e se estiver... — Kyungsoo começou a dizer.

— Ele vai vir. — tentou mais um pouco e até mesmo sorriu, querendo fazer o irmão abandonar aquele nervosismo.

Mas ele sabia mais. Era uma tortura. Era uma tremenda tortura esperar Chanyeol, levando em conta a vida complicada deles. No entanto, bem ao longe, atrás de Kyungsoo, Minseok viu uma movimentação.

Um carro preto acabara de chegar. Seu coração deu um salto quando reconheceu a figura séria de Byun Baekhyun saindo do mesmo e logo em seguida, Chanyeol. O alfa mais alto não esperou duas vezes antes de gritar o nome de Kyungsoo e o ômega, não esperou duas vezes antes de soltar as mãos do irmão e virar-se apressado. Correr até ele como se sua vida dependesse disso.

Minseok fitou os dois correndo em direção ao outro, ao passo que Baekhyun cruzava os braços e se deixava encostar no carro, um sorriso mínimo no seu rosto ao ver o irmão com seu ômega. Os dois se abraçaram, os braços de Chanyeol fechando-se em volta do menor, com pressa, como se estivesse com medo que ele sumisse dos seus braços, que tudo aquilo não passasse de fruto da sua imaginação.

Ele é real. Minseok pensou, meio sorrindo e desejando que alguém o abraçasse daquela maneira algum dia. Kyungsoo é real, Chanyeol.

O Byun afastou-se minimamente do ômega e sem cerimônia alguma, segurou-lhe o rosto pequeno entre as mãos e o beijou. Kyungsoo agarrou-se a ele, aceitando os seus lábios e sentindo o seu lobo remexer-se em alegria ao ter seu alfa perto novamente.

— Eu senti tanto a sua falta. — Chanyeol disse ao separar-se dele. — Tanto, tanto, tanto... — sussurrou com seus lábios nos dele novamente, as palavras sendo engolidas pelos beijos que trocavam.

Kyungsoo apenas chorava enquanto era beijado. Toda a saudade que sentira de Chanyeol estava finalmente o deixando em paz, saindo de cima das suas costas e sendo afastada, para que ele pudesse provar o seu gosto novamente. Nunca tinha pensando que isso um dia aconteceria, porque era de Minseok o papel de romântico da família, não dele. No entanto, era justamente ele quem tinha terminado preso e que esperava que o seu príncipe aparecesse para salva-lo, como nos contos de fadas bobos que o gêmeo tanto gostava.

— Venha. — o alfa segurou em sua mão e começou a puxa-lo. — Vou te levar em um lugar. — e começou a leva-lo em direção ao carro de Baekhyun.

Minseok deu um passo na direção deles, querendo correr atrás do irmão e impedi-lo de ir, porque não tinham combinado isso. Mas Baekhyun ergueu a mão e pediu que parasse, então parou. Decidiu confiar no alfa, por isso, apenas observou quando o moreno deu ao irmão a chave do carro e falou algo para si antes de abraçar Kyungsoo e só então deixá-los entrar no automóvel e sumir pelas ruas de Seul.

O loiro esperou que Baekhyun se aproximasse de si, mas quando o alfa não fez nada além de olha-lo. Acabou correndo até ele, o cabelo loiro sendo jogado para trás e os óculos ficando tortos no seu rosto.

— O que você fez? — perguntou chegar perto do Byun.

Baekhyun enfiou as mãos nos bolsos do seu sobretudo e respondeu muito calmo:

— Dei alguma privacidade para eles.

Observou o peito do ômega subir e descer pela correria e os óculos tortos no seu rosto, sentiu vontade de se aproximar e ajeita-los mas não o fez. Se limitou apenas a desviar os olhos do rosto do outro.

— Não se preocupe, eles vão voltar na hora marcada. — tentou tranquilizar o loiro.

— Mesmo? — parecia inseguro.

Baekhyun, voltou a fita-lo. O tom na voz do ômega tinha chamado-lhe a atenção. Era insegurança. E quando seus olhos voltaram a encontrar a face dele, Baekhyun não sabia o que tinha de errado consigo. Minseok parecia tão frágil com os olhos grandes daquela maneira e com vento da noite jogando o seu cabelo loiro para o lado e deixando suas bochechas coradas de frio. Estava bem agasalhado dentro daquele sobretudo, mas parecia terrivelmente encolhido e com medo de perder o irmão. Porque era isso que Baekhyun percebia ao olhar para o ômega, que estava com medo de perder o irmão, de nunca mais vê-lo.

— Mesmo. — se escutou assegurar, apenas para tirar aquele olhar do rosto dele.

Minseok olhou para baixo, enfiando as mãos nos bolsos do sobretudo também. E eles ficaram em silêncio. A noite estava silenciosa e fria, fazendo Baekhyun sentir frio mesmo com todas as roupas que estava usando e o vento que se fazia presente, não ajudava em nada ao jogar na sua direção o cheiro de Minseok. Sentia-se embriagar aos poucos, como se alguém estivesse dando-lhe gotas de álcool puro. Apenas não conseguia classificar isso como ruim ou bom. Decidiu que não queria pensar nisso, era o melhor a se fazer se quisesse preservar a sua mente limpa. Pois há anos que o alfa preferia ficar na ignorância quando o assunto era Kim Minseok. No entanto...

— Está com fome? — perguntou contra as suas expectativas e o loiro levantou o rosto para fita-lo.

— Um pouco. — se escutou concordar.

— Vem, eu te pago algo. — e começou a se afastar.

O Kim o seguiu, apressando os passos para ficar ao seu lado. Eles não se olharam ou disseram qualquer coisa enquanto se afastavam de Chenggyecheon atrás de uma barraca de comida. Porém, não muito longe dali, Kim Jongdae os observava de dentro do seu carro.

O alfa socou o volante do carro, tamanha a raiva que estava sentido ao descobrir que Minseok estava em algum tipo de encontro com Byun Baekhyun.

— Miserável. — xingou o Byun.

Precisava reverter isso, pois até onde tinha percebido o ômega não sentia coisa alguma por Sehun e mantia um caso com Baekhyun. Precisava afasta-los e trazer Minseok para perto de si e havia apenas um jeito de fazer isso, iria ter que jogar sujo.

***

Kyungsoo teve seu corpo jogado contra a cama simples do velho quarto de hotel para casais, onde tinham vindo parar. Ele gemeu quando Chanyeol veio para cima si, as mãos se atrapalhando com os botões da sua camisa enquanto ele tentava beija-lo ao mesmo tempo. Acabou rindo contra a boca do namorado, era engraçado o jeito como eles dois pareciam tão apressados. Como se fossem adolescentes novamente.

Mas logo sua camisa estava indo embora e logo depois o seu jeans e então as roupas de Chanyeol também. Suas peles nuas se tocavam sem pudor e o ômega não era capaz de conter os gemidos que escapavam dos seus lábios todas as vezes que sentia as mãos do alfa segurando-lhe o quadril e preparando-o para si.

Ele segurou o rosto de Chanyeol e encostou sua testa com a do alfa, fechando os olhos e sussurrando seu maior pecado:

— Eu te amo.

Chanyeol, passou o braço por baixo do corpo do ômega, juntando o seu peito no dele e procurou a sua boca. Desesperado, do jeito que se sentia. Era como se fosse um viciado, encontrando a sua droga depois de dias em abstinência forçada. Sugou o lábio inferior dele e desceu os seus lábios, para a bochecha e depois para o pescoço. Sugando a pele, provando o gosto floral que apenas existia em Kyungsoo. Então o fez senta-se sobre seu colo ao passo que os olhos de Kyungsoo fechavam-se em deleite por finalmente ter Chanyeol tão perto novamente. Por isso apenas se deixou guiar por todo aquele caminho de prazer que apenas o alfa era capaz de dar.

Entregou-se a ele por inteiro naquele quarto de hotel. Deixou que ele visse o tamanho do sentimento que sentia por si, o quanto o amava e o amava e o amava tanto que seria capaz de fazer qualquer coisa em nome daquele sentimento, coisa que não era tão diferente de Chanyeol, pois o alfa mostrava a Kyungsoo, em troca de cada pedaço de intensidade que recebia, o mesmo tanto de intensidade.

— Eu te amo mais. — o Byun sussurrou quando Kyungsoo encaixou-se em si, sobre seu colo. — Eu te amo bem mais, Kyungsoo. — beijou-lhe a pele do pescoço, sussurrando mais vezes o quanto o amava e o quanto o queria.

E para cada declaração do alfa, o Kyungsoo se perdia cada vez mais naquele sentimento. Mas não era como se fosse bom, na verdade, era maravilhoso. A sensação de liberdade que se apossava do seu corpo era simplesmente incrível demais para ser posta em palavras, era como nas histórias que as Anciãs contavam, Kyungsoo percebeu e quase riu da ironia que era aquela vida. Pois, ele já havia feito pouco casa daquelas histórias, mas agora era capaz de sentir cada coisa descrita. E por isso, tinha certeza de que Chanyeol era seu. Seu alfa.

— Chanyeol... — gemeu, totalmente perdido. — Me marque. — pediu antes que a coragem fosse embora.

Chanyeol apertou-lhe as coxas, rosnando baixo contra a pele do namorado com o pedido repentino. Claro, que ele queria fazer aquilo. Era o que mais tinha desejo em fazer e era justamente isso que o seu lobo estava sussurrando loucamente, pedindo que marcasse Kyungsoo, porque só assim poderia assegurar que o lobo ficasse consigo. No entanto, não podia ser tão imprudente dessa maneira. Baekhyun o havia avisado sobre isso, havia dito com o rosto sério como não deveria marca-lo, pois seria como declarar guerra aos Kim’s. E tudo que eles não queriam era uma guerra, porém, ali estava Kyungsoo, perdido nos seus braços pedindo que o marcasse. E como ele queria fazer aquilo, pois até mesmo suas presas tinham despontado diante do pedido do ômega.

— Chany... — Kyungsoo gemeu mais um pouco, deixando seu pescoço a mostra, as pintinhas que tinha ali se destacando diante do olhar do alfa.

Ele só precisava se aproximar e marca-lo. Então o Kim seria seu e eles poderiam ficar juntos, mas não era simples como parecia. O alfa podia muito bem imaginar o seu pai muito furioso, o expulsando de casa ou o mandando para longe, nem um pouco preocupado se ele morreria longe do seu ômega. Podia imaginar Kyungsoo eternamente preso em sua aldeia, muito longe de si, com ninguém para ajuda-lo pois ele sabia como o pai de Kyungsoo puniria Minseok ao saber o que fizera.

Aproximou-se da pele exposta do ômega, escondendo o rosto na curva do pescoço dele e aspirando o seu cheiro na medida que sentia-se cada vez mais perto do ápice. Percebeu a pele de Kyungsoo arrepiar-se quando suas presas tocaram na sua pele, raspando ali, querendo afundar-se na maciez dela e deixa-lo para sempre do seu lado, como seu ômega. No entanto, não o fez, não teve coragem de ir contra o que Baekhyun tinha lhe pedido. Não teve coragem de acabar de vez com a pouca chance que ainda tinha de ter Kyungsoo, pois do seu jeito bobo ainda tinha esperança de que o pai voltasse atrás e o deixasse casar com o Kim.

Kyungsoo o abraçou, como se pudesse ler seus pensamentos e soubesse da grande confusão que estava no seu interior. E ele sabia mesmo, podia ler os detalhes do Byun e ver como eles não podia fazer aquilo. Era como destruir tudo, destruir de vez as poucas esperanças que tinham. Fechou os olhos muito apertados e deixou-se cair de vez na sensação que era amar aquele alfa, porque aquilo... aquilo não mudaria nem em um milhão de anos.

O seu ápice veio primeiro do que o do alfa, contudo não demorou muito para que o outro o alcançasse. Segurando o seu quadril com firmeza e gemendo o seu nome arrastado, de olhos muito fechados. Kyungsoo o abraçou de volta, o orgasmo abandonando o seu corpo devagar e substituindo por uma vontade imensa de chorar. Seu peito pesava diante de toda aquela realidade.

Eles se amavam, podiam ter um futuro maravilhoso juntos. Podiam cumprir todas aquelas metas que tinha traçado, mas não. Isso fora parado, interrompido pelo passado dos seus pais. Era injusto, Kyungsoo pensou. E doloroso.

Chanyeol subiu as mãos e abraçou o corpo pequeno do ômega, o rosto ainda escondido na curva do seu pescoço. Não pretendia sair dali tão cedo, mas sabia que só tinham até os primeiros raios de sol, então teria que deixar Kyungsoo ir embora. De volta para sua fortaleza de solidão, bem longe de si. Constatar isso foi como levar um tapa na cara, tão forte que sentiu o seu rosto molhar. Só percebeu que estava chorando quando escutou o primeiro soluço escapar dos seus lábios. E Kyungsoo, em vez de conforta-lo, viu no choro de Chanyeol a sua deixa.

Começou a chorar também, abraçado ao corpo nu do seu amante. O rosto escondido no pescoço deste e as lágrimas silenciosas molhando a sua pele e nublando a sua visão. Mas estava tudo bem, porque ele não queria a ver a terrível realidade que era aquela vida sem o alfa do seu lado. Contudo, precisava ver. Precisava ser confrontado com aquele tipo de dor, precisava ser posto à prova, pois só assim Kyungsoo era capaz conseguir uma saída para eles dois. Afastou-se do alfa, segurou o seu rosto e o beijou.

Encostou sua testa na dele e procurou os seus olhos. Estavam azuis, do jeito que mais amava e ele sabia muito bem que os seus deviam estar totalmente escuros, para combinar com os de Chanyeol. Eram seus lobos se reconhecendo.

— Vamos fugir. — propôs antes que a coragem fosse embora do seu corpo pequeno.

Chanyeol piscou, como se estivesse tentando entender as palavras. E a ansiedade subiu pelas pernas de Kyungsoo, alojando-se, gelada, na base da sua coluna. Estava com medo de ser recusado, mas estava tão desesperado por ter Chanyeol consigo que não conseguia pensar em uma coisa melhor.

Eles podiam fazer isso, certo? Podiam fugir sem olhar para trás? Seria a solução dos problemas, no fim das contas. Pois ficariam juntos e ninguém se machucaria. Seus pais não iam precisar se preocupar com política ou sei lá mais o quê. Eles só ficariam juntos, bem longe de todos eles.

— Vamos. — Chanyeol concordou, como se estivesse lendo os pensamentos do ômega. — Vamos fugir.

Kyungsoo sorriu, a esperança fluindo em si, preenchendo-lhe o peito.

Iam ficar juntos, pensou. Não importava como.

***

Quando percebeu que o sol já estava vindo, Minseok sentou-se em um dos bancos vazios do parque. Encolhido dentro do seu sobretudo, sentia as pontas dos seus dedos geladas e os seus pés congelando dentro das botas que usava. Baekhyun, ao seu lado parecia na mesma situação, mostrando que não era só ele que pensava que o soju não tinha servido muito para aquece-los.

— Eles já deviam ter aparecido. — o loiro comentou quando o silêncio começou a incomoda-lo.

Baekhyun abaixou o rosto e observou o horário no seu relógio de pulso. O ômega tinha razão, mas realmente não queria pensar no que isso implicava. Preferia pensar que era só um atraso de nada, afinal Chanyeol nunca fora muito pontual.

— Talvez só estejam atrasados. — falou.

E o Kim assentiu, querendo acreditar. Encolheu-se mais dentro do seu sobretudo, puxando a gola para cima e tentando proteger as orelhas. Baekhyun o observou de canto de olho e soltou um suspiro, a respiração se embaçando à sua frente mostrando que estava realmente muito frio naquele começo de dia. E ele por ser alfa, era mais resistente as mudanças de temperatura. Diferente de ômegas, que sempre seriam mais frágeis. Foi pensando nisso que começou a desabotoar o seu sobretudo, podia aguentar algum tempo sem aquele casaco enorme, então daria-o para o Kim, pois era realmente frustrante vê-lo com tanto frio daquela maneira.

Porém, quando ia desliza-lo pelos ombros e entregar ao ômega, escutou barulhos de carros, os pneus deslizando pelo asfalto. Os dois se ergueram e olharam na direção do barulho, Minseok parecendo mais assustado como se tivesse vendo o seu maior pesadelo se concretizando. Baekhyun não entendia o que estava acontecendo, mas assim que reconheceu a figura raivosa de Leeteuk saindo do carro maior, entendeu o que estava acontecendo.

Deu um passo para trás, sem saber se deveria sair correndo ou não. De repente, seus pensamentos estavam uma bagunça. Desejava que Chanyeol e Kyungsoo não aparecessem agora. Virou o rosto na direção do Kim e recebeu o mesmo olhar assustado, seus olhos muito grandes de medo. Ele não sabia, percebeu.

Não fora uma armadilha de Minseok. Mas então quem os avisara? Como aqueles Kim’s tinham chegado até aqui se ninguém além do Kim parecia saber onde eles estavam? Alguma coisa dará muito errado.

— Eles ainda não nos viram. — Baekhyun disse baixo.

— Mas já sentiram o meu cheiro. — Minseok constatou quando viu seu pai erguer o rosto e apurar o nariz, atrás de si. — Você precisa se esconder. — virou-se para o alfa, as palavras saindo firmes.

— Eu não vou...

— Não seja teimoso. — falou. — Espere por Kyungsoo e Chanyeol, eu vou... — olhou para o pai e os outros guardas começando a se agitar pelo parque, vindo na sua direção.

Baekhyun sentiu como se estivesse de volta a noite do Festival, com Minseok à sua frente, dizendo que iria armar uma confusão para que ele fugisse. Não queria fugir dessa vez, mas sabia que ele tinha razão. Alguém precisava impedir que Kyungsoo e Chanyeol aparecessem naquele parque. Pensando nisso, acabou por dar mais um passo para trás, para longe de Minseok.

O ômega percebeu, seus olhos compreensivos sobre o alfa. Ele sabia como era difícil para um alfa fugir de uma briga assim, ainda mais pela segunda vez. Mas com Baekhyun ali, não haveria chance alguma de fazer o pai voltar para casa consigo.

O loiro viu o alfa correr para longe de si e virou-se de frente para enfrentar a raiva do pai, no entanto escutou um estrondo. Era o som de um tiro. Virou o seu rosto muito rápido em direção ao som e encontrou Baekhyun, segurando uma arma com o cano apontado para o corpo de um dos guardas Kim no chão. O alfa, como que sentindo o olhar do ômega sobre si, fitou-o.

Foi defesa, seus olhos castanhos estavam dizendo, ele me atacou primeiro. E Minseok compreendia, mas quem não compreendeu foi o seu pai. Pois no segundo seguinte, a voz do mais velho estava reverberando pelo parque inteiro. Comandando os guardas na direção do Byun e como se estivesse preso em um sonho, o ômega foi cercado por seus próprios sentinelas e preso, algemado como um criminoso enquanto via Byun Baekhyun lutando contra os seus. Mas não demorou muito para que ele sucumbisse, pois não havia como um vencer mais de vinte sozinho. E terminaram os dois, sentados, lado a lado, usando coleiras com espinhos voltados para os seus pescoços, afim de impedi-los de se transformar. As mãos algemadas e os olhos assustados sobre o outro. Havia perdido os seus óculos durante a briga e por isso não conseguia focar muito bem as coisas, mas sabia muito bem que tipo de coisa encontraria quando olhasse para o seu pai.

E doía em Minseok. A dor arrastando-se devagar por cima dos seus ossos e fazendo-o se encolher no banco daquele carro escuro ao lado de Baekhyun, mas essa dor não era fruto do machucado no canto da sua boca do soco que levara ao tentar fugir, mas sim, da decepção estampada no rosto do pai todas as vezes que olhava na sua direção, como se não pudesse reconhecer o filho por baixo de toda aquela traição.


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