Mirtilo escrita por OmegaKim


Capítulo 18
XVI - Os segundos antes da tempestade




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Sehun segurou a vara de pescar com as duas mãos ao sentir que havia pegado algo, puxou a mesma para trás querendo forçar a coisa que pegara a sair da água do pequeno lago na floresta aos arredores da aldeia Kim, mas tudo que conseguiu foi perder o equilíbrio e cair sentado no chão, os pés entrando na água inesperadamente.

Escutou uma risada e levantou o rosto, apenas para encontrar Kim Minseok, não muito longe de si, também em pé e com uma vara nas mãos. Sehun suspirou, enquanto sentia suas bochechas corando em vergonha porque nunca tinha sido bom em nenhum esporte por causa da sua saúde e acabara de descobrir que também não era bom em ficar em pé segurando uma vara de pescar. Era vergonhoso.

— Você é péssimo nisso. — Minseok riu ao se aproximar, a mão sendo estendida logo em seguida para o alfa, enquanto na outra mão segurava uma vara de pescar.

Sehun fitou a mão do ômega e soltou a vara que segurava para poder pega-la. Queria impressionar Minseok ao convida-lo para pescar naquela manhã, queria mostrar que estava bem, mostrar uma imagem mais viril, pois sabia como os ômegas gostavam disso. Tendiam a se atrair por alfas mais fortes, com mais cheiro de testosterona.

— Eu me desequilibrei. — argumentou, o que só fez o sorriso no rosto do ômega se tornar mais claro.

— Está escorregadio por aqui mesmo. — falou, ignorando o fato de que Sehun era péssimo naquilo e o alfa agradeceu por Minseok estar fazendo vista grossa. — Quer parar? Estou me sentindo cansado. — e fingiu um bocejo, arrancando um sorrisinho do Oh.

— Se você está cansado, então deveríamos parar. — o alfa falou, entrando no jogo do outro.

Não queria admitir como não estava se sentindo exatamente bem para sair ao ar livre. De acordo com o médico, deveria ficar de repouso por mais alguns dias mas simplesmente não conseguia fazê-lo quando Minseok era tão cheio de vida e estava andando sozinho pela aldeia. Estava com ciúmes dos possíveis olhares que o ômega recebia ao sair sempre sozinho quando tinha um noivo e estava sentindo-se inútil por deixa-lo sozinho, aguentando os comentários maldosos dos outros. Porque ele bem sabia como alguns do seu clã não o aceitavam como Alfa-líder apenas por ter uma saúde fragilizada.

— Seria ótimo. — o Kim respondeu e soltou a mão do alfa, entregou-lhe a vara que segurava.

Começou a desabotoar a sua camisa na frente do mesmo.

— O-o que está fazendo? — Sehun perguntou sentindo o seu rosto queimar, desviou os olhos do peito nu do Kim.

— Vou te levar para a aldeia. — o loiro respondeu simplesmente, com uma inocência que o Oh admirou, no entanto quando viu o modo envergonhado que Sehun estava, sentiu o seu rosto arder ao perceber o que estava fazendo e na frente de quem.

Claro, ele era um lobo e para não estragar as suas roupas quando estivesse em sua forma primitiva, teria que tira-las. Mas parecia um pensamento tão normal na mente de Minseok, que nem ao menos percebeu que a pessoa a sua frente era Oh Sehun, o alfa com quem dividiria uma vida no futuro.

— Ah, eu... eu ia... — gaguejou ao ver o jeito que Sehun o fitava, parando de desabotoar sua camisa.

— Não precisa. Podemos ir andando. — o alfa disse, olhando para qualquer lugar que não fosse o tom de pele dourada sob o tecido verde da camisa do ômega.

Minseok voltou a abotoar a camisa, virando-se de costas para o alfa. Não sabia ao certo porque sempre se sentia desconfortável na presença de Oh Sehun quando algo mais íntimo acontecia, sentia-se um adolescente virgem. O que era tremendamente estranho porque não era virgem coisa nenhuma, já tinha tido experiências o suficiente com alfas e ômegas para não se considerar nenhum pouco virgem — experiências essas que Oh Sehun nunca saberia da existência. Virou-se novamente para o alfa e encontrou a mão deste estendida na sua direção, enquanto os olhos dele estavam bem longe dos seus, mostrando que Sehun também se sentia muito virgem quando na sua presença.

Mas esse era o certo, não? Porque até onde o Kim sabia, Sehun não tivera nenhum ômega. Talvez fosse mesmo virgem, pensou e sentiu vontade de perguntar, curioso do jeito que era, até mesmo sentiu a sua língua coçar, querendo proferir a pergunta. Mas mordeu-a no último segundo, engolindo as palavras e se deixando guiar pelo Oh floresta adentro, para longe do lago e em direção a aldeia. As varas de ambos estavam em sua mão livre, enquanto a outra se mantia enlaçada com a do alfa.

No entanto, estava tão distraído com seus pensamentos, que não notou a raiz no seu caminho e teve o seu pé enroscado ali e se não fosse a mão de Sehun enlaçada com a sua, teria caído no chão.  O alfa puxou-o para cima, antes que caísse, passando o braço livre em volta da cintura dele e colando o seu corpo no dele, fincando os seus pés no chão e dando algum apoio ao ômega. No susto, acabou soltando as varas, o som delas caindo contra o chão parecendo longe demais quando percebeu o modo como estava preso nos braços de Sehun.

Seus braços estavam encolhidos, prensados contra o peito de Sehun e seus olhos surpresos demais enquanto o alfa lhe observava tão de perto, arfou com o susto de quase cair misturado ao de ter o corpo de Oh Sehun tão perto.

— Você está bem? — perguntou, a voz saindo baixa e a respiração batendo contra a bochecha do loiro.

Ele assentiu, entorpecido demais na surpresa daquele ato. Seu coração estava aos saltos e suas pernas meio moles, meio tremendo enquanto sua boca parecia terrivelmente seca. Passou a ponta da língua nos lábios, afim de aplacar aquele ressecamento dos mesmos e teve os olhos de Sehun direcionados justamente para aquela área. E tudo que conseguiu pensar enquanto percebia o desejo estampado nos olhos escuros do alfa era: Apenas me beije de uma vez.

Não sabia de onde vinha aquela vontade, todavia entendia que precisava daquilo. Eles iam casar, afinal, e nada melhor do que um beijo para mostrar se eles iam dar certo ou não. Pois, Minseok sempre ouvira falar sobre amor à primeira vista quando era jovem, sobre as borboletas no estômago e sobre aquilo tudo de sentimentos bagunçados que vinham quando se conhecia o seu parceiro lobo, no entanto quando fora para a Academia, fora-lhe mostrado outra realidade. Isso de amor até podia existir mesmo, mas não era para eles. Eles, os ômegas da Organização, tinham outros objetivos.

Porém, havia o seu casamento com Oh Sehun e eles tinham que ter filhotes, por causa do acordo que havia feito com Lu Han, então não era certo que eles ao menos tentassem se apaixonar um pelo outro? Parecia justo para Minseok. E foi por isso que simplesmente se empertigou na direção do alfa, seus lábios se juntando na medida que chegava perto do outro. Oh Sehun percebendo, fechou os olhos mais cedo que queria, enquanto trazia o corpo do ômega para mais perto.

Os lábios de Minseok encostaram no seus sem pressa alguma, como se o ômega estivesse testando a textura, querendo saber se eles se encaixavam. Separou-se minimamente e depois voltou a juntar suas bocas, eram apenas toques como se eles tivessem doze anos de idade e não soubessem fazer aquilo direito. Era gostoso, Sehun pensou. Descobriu-se gostando do modo como o ômega parecia inexperiente naquilo, tão inexperiente quanto ele próprio era. Nunca tinha beijado até aquele momento, sua saúde sempre o impossibilitando de fazer tantas coisas.

Encostou a sua testa na do ômega enquanto seu lobo se revirava no seu peito, agitado demais e agitando suas emoções, espalhando algo quente por suas extremidades. Mordeu a parte inferior dos lábios do ômega, totalmente deliciado com a sensação de beijar o seu ômega, porque era um fato que Minseok era seu. Totalmente seu, seu lobo sussurrava e ele concordava a cada vez que se aproximava para beijar o noivo.

Por outro lado, entretanto, Minseok se via perdido em uma sensação esquisita. Recordava-se dos beijos que trocara com Jongdae, a única pessoa por quem se apaixonara até hoje. Comparava o que estava sentindo com Sehun com todo aquele formigamento gostoso que sentia quando estava com o alfa Kim, não chegava nem perto. O que sentia ao beijar Sehun, não chegava nem perto do que um dia sentira por Jongdae, porque era diferente. Não conseguia nomear, mas gostava da sensação agradável dos lábios dele contra os seus e a leveza boba no seu peito, que fazia-o acreditar que no futuro, eles poderiam muito bem se amar.

***

— O que há com você? — Chanyeol perguntou deitando-se ao lado do irmão em sua cama, havia notado o jeito irritado que ele franzia a testa.

Baekhyun suspirou, passando a mão nos cabelos escuros e fechando os olhos brevemente. Não aguentava mais olhar para aquelas fotos e tentar decidir de quem gostava mais para levar em um encontro.

— Não consigo decidir. — confessou ao irmão e o alfa mais novo, lançou uma olhadela para os papeis sobre as coxas do irmão.

Notou que eram fichas, com fotos coladas nas bordas. Eram quatro fichas ao todo.

— São seus pretendentes? — pegou uma das fichas do irmão, leu brevemente o nome da garota ali ao passo que Baekhyun assentia. — Essa é uma Park. — balançou a foto em frente aos olhos do irmão. — Por que não chama essa?

— Ela é uma ômega. — Baekhyun comprimiu os lábios em desagrado. — E se eu não gostar do cheiro dela?

— Hum. — soltou simplesmente e caçou outra ficha. — Esse é um beta. — tentou mais um pouco.

— Se eu gostar dele não poderemos ter um filhote. — soltou mais um suspiro. — E eu sei, eu sei... — disse impaciente pegando a foto de uma garota beta. — Tem essa garota, mas não gosto do tom dos seus olhos. — então jogou-se na cama, totalmente frustrado.

Não queria casar, não queria nenhum daqueles pretendentes e muito menos queria um encontro com algum deles. Queria... alguma coisa, sabia disso. Queria se apaixonar como seus pais, queria encontrar sua metade com direito a borboletas no estômago e todos aqueles sorrisos bobos que as vezes via no rosto de Donghae. Ele não queria um casamento arranjado com alguém que mal conhecia.

— Você não parece com alguém que quer casar. — Chanyeol disse olhando de soslaio para o alfa mais velho.

— Deve ser porque eu não quero. — Baekhyun confessou de uma vez, se sentia seguro em dizer isso para Chanyeol, afinal eram melhores amigos desde sempre.

— Isso é ruim. Appa sabe?

— O que você acha? — mordeu o lábio, sentindo-se culpado por estar sendo rude com a boa vontade do pai em deixa-lo escolher.

Baekhyun sabia que com seu pai, Siwon, tinha sido diferente. Ele havia sido obrigado a desposar a sua mãe, Jihyun. E de uma forma estranha, estava fazendo diferente com ele ao deixa-lo escolher e ter encontros com aquelas quatro pessoas. Tinha lhe dado opções.

— Sabe, se você tentasse dizer a ele sobre isso, talvez, pudesse se livrar.

O moreno revirou os olhos diante da fala do irmão. Não era assim tão fácil, em parte porque esse casamento envolvia muitos pormenores políticos, como, por exemplo, casar com uma Park ia estreitar os laços entre os dois clãs enquanto que casar com um Oh podia ser uma porta para uma futura parceria com o clã de Sehun. No entanto, mesmo quando avaliava isso se dava cada vez mais conta de que não queria casamento algum e falar sobre isso com seu pai estava fora de cogitação, pois o mais velho quase nunca mudava sua decisão depois de toma-la. Era o tipo de teimosia misturada com orgulho que Byun Baekhyun havia herdado.

— Não é assim tão fácil. — acabou por dizer, erguendo o braço e usando-o para tapar os olhos ao fecha-lo.

Chanyeol olhou para o teto e fechou os olhos também, soltando um suspiro fraco.

— Pense pelo lado bom: você pode escolher com quem quer casar. — seu tom estava melancólico demais.

Estava pensando em como o irmão mais velho tinha sorte, apesar de não quere-la. Pensava sobre como depois que Baekhyun casasse, logo seria a sua vez e não seria com o ômega que desejava. Ia terminar como o Byun mais velho, sentado sobre sua cama praguejando sobre como não conseguia sentir atração por nenhum daqueles pretendentes e como não queria casar. Mas a verdade era que Chanyeol queria casar, sim. Queria construir uma vida bonita e simples ao lado de Kyungsoo, porque não conseguia pensar em ninguém melhor para o papel de seu esposo. O seu lado humano e o seu lobo, tinham entrado em um consenso e pediam todos os dias pela presença do Kim.

— Ah, Chanyeol... — Baekhyun retirou o braço de frente dos olhos e virou-se de lado na cama para observar o irmão, seu semblante cheio de pesar. — Talvez, nosso pai possa mudar de ideia se eu tentar falar com ele.

Não era engraçado isso? — pensou amargamente. Não era engraçado que Baekhyun tivesse coragem para defender outras pessoas em vez de si? Parecia um daquelas piadas de humor negro, se deu conta.

Piscou os olhos na direção do mais velho, queria que ele não fosse assim. Às vezes pensava que Baekhyun merecia bem mais do que recebia, apesar de receber bastante. No entanto, a maioria das coisas que o alfa tinha não eram suas porque queria, eram suas por causa do sangue que corria nas suas veias. Sangue esse que pertencia a um Park e que por isso era a única maneira de manter o Clã Park junto deles, já que os mesmos nunca atacariam o filhote da sua querida princesa morta. Mas era injusto, ele sabia. Era injusto com ele que não podia ter Kyungsoo e com Baekhyun que tinha um destino traçado desde quando nascera.

— Um casamento entre você e Kyungsoo ia ser muito viável, podíamos acabar com essa briga de anos entre os clãs. — o moreno continuou dizendo, mas Chanyeol não estava mais escutando.

O mais alto sabia mais no fim das contas, apesar de todos os argumentos políticos e favoráveis a sua união que Baekhyun tinha na ponta da língua, tudo que vinha em sua mente todas as vezes que pensava em desposar Kyungsoo, era em como Siwon seria capaz de estragar isso. O alfa mais novo tinha plena certeza que as palavras proferidas por seu pai naquela noite, eram verdadeiras. Nada no mundo o faria mudar de ideia sobre ter um Kim na família. Mas não era como se Chanyeol quisesse contaminar a sua família com a presença de um Kim. Ele só queria casar, construir sua própria família...

— Isso não vai acontecer, Baekhyun. Você sabe. — falou ao sentar-se na cama e o irmão franzio a testa, compadecido.

Baekhyun tinha plena consciência de que era verdade. Os dois estavam presos em lugares que não queriam estar, mas a dor estampada no rosto de Chanyeol parecia maior do que qualquer fracasso matrimonial que Byun Baekhyun poderia ter no futuro.

— Mas... mas há algo que pode acontecer. — o moreno se pronunciou, seus olhos ficando maiores em entusiasmo.

Chanyeol olhou na sua direção, confuso com a animação repentina do irmão mais velho.

— Escolha qualquer uma dessas pessoas. — o alfa pegou as fichas e as espalhou em frente ao irmão. — Vou sair com qualquer uma delas hoje. — então se pôs de pé e correu em direção ao banheiro, sem dar tempo de Chanyeol falar algo.

Tinha um plano. Um plano maluco, mas que poderia trazer um pouco de felicidade para o seu irmão, pois estava cansado de ver o mesmo cabisbaixo pela casa, nem mesmo a notícia de que teriam um irmãozinho parecia deixa-lo animado o suficiente. Quer dizer, claro que ele tinha ficado bem animado. Mas não era como se aquela felicidade fosse o suficiente para afastar a terrível realidade de que não teria Kyungsoo. Mas então havia essa ideia em sua mente, era uma ideia louca e se o seu pai descobrisse, ia ficar de castigo para sempre e até mesmo fosse banido do cargo de líder do clã, no entanto Baekhyun não se importava.

E foi justamente por causa dessa não importância que tomou um banho rápido. Admitia que estava um pouco animado demais, mas aquilo era apenas o nervoso. Aquela adrenalina em estar indo contra as regras, o friozinho na barriga que deixava tudo terrivelmente mais errado.

— O que está aprontando? — Chanyeol perguntou quando o outro saiu do banheiro.

Estava em pé, segurando uma das fichas na mão os braços cruzados e o rosto sério. Era um belo alfa quando queria, Baekhyun pensou. Pois conseguia sentir a áurea intimidadora do irmão.

— Escolheu? — ignorou de propósito a pergunta dele e passou por si, indo em direção ao seu guarda-roupa.

Começou a escolher uma roupa. Como deveria se vestir para um encontro? Não costumava ir em muitos encontros então realmente não sabia como se comportar em um ou como se vestir para um.

— Baekhyun. — Chanyeol rosnou o seu nome, impaciente.

— Quer encontrar Kyungsoo? — soltou de uma vez, virando-se para o irmão depois que vestiu uma camisa, os botões ainda abertos. — Eu tenho um plano e para isso preciso que escolha um desses pretendentes.

Chanyeol pareceu levemente estático por um momento. Não conseguia entender o que menor estava dizendo, sua mente tinha parado quando escutou o nome de Kyungsoo. Acabou piscando, entorpecido enquanto as palavras de Baekhyun finalmente se conectavam na sua mente e o plano do irmão se clareava diante dos seus olhos. O Byun precisava de um disfarce para sair de casa e nada melhor do que um encontro com alguma das pessoas que o pai tinha escolhido.

— Fala sério. — o alfa mais novo acabou dizendo, incrédulo com a rebeldia do irmão mais velho.

Baekhyun meio sorriu ao virar-se novamente em direção ao seu guarda-roupa. Procurou o resto da sua roupa e vestiu. Então virou-se em direção ao irmão novamente, passando os dedos entre os cabelos escuros afim de coloca-los no lugar.

— Então? — perguntou referindo-se a escolha do irmão, afinal não tinham muito tempo se quisessem colocar esse plano em prática.

— É esquisito te ver de jeans. — Chanyeol falou referindo-se ao modo como Baekhyun estava sempre de terno por causa do seu trabalho na empresa. — Mas acho que Park Dasom vai gostar bastante do seu estilo despojado. — estendeu ao irmão uma das fichas.

Tinha achado Dasom bonita com os olhos pequenos e o cabelo comprido castanho, além do sorriso torna-la simpática. Parecia muito extrovertida e agitada, talvez se balanceasse com o jeito retraído e pensativo do irmão. Mas pela cara que Baekhyun fez ao fitar a foto da ômega, Chanyeol soube que havia feito uma má escolha.

— Ela é minha prima. — disse do nada ao irmão e Chanyeol arregalou os olhos. —É filha do meu tio Eunhyuk, irmão mais velho da minha mãe. — a palavra saiu estranha da sua boca, meio amarga.

— Ah. — soltou apenas, não sabia muito bem o que dizer.

O seu irmão não costumava falar muito sobre sua outra família, os Park’s, ou sobre a sua mãe falecida. E para todas as vezes que Chanyeol tentara saber mais sobre a mãe de Baekhyun, apenas recebia um rosnado e silêncio. Claro, ele sabia que não era uma história bonita assim como sabia que os Park’s não tinham a melhor fama de todos. Eram traiçoeiros e oportunistas, além de não terem lá muito amor por Baekhyun. Suas próprias avós eram umas fingidas ao mandar-lhes presentes em seu aniversário, sabendo que o alfa não gostava que comemorassem essa data. Era como se elas estivessem mandando-lhe um lembrete.

Um lembrete mórbido de que os Park’s não haviam esquecido sobre o que acontecera com Jihyun. Mas Baekhyun não tinha culpa do que acontecera com a sua mãe, Chanyeol acreditava. A garota tinha se matado, não tinha? Como Baekhyun podia ter culpa nisso se era apenas um bebê de colo na época? Não fazia sentido todo esse desgosto que os Park’s despejavam sobre ele através de sorrisos falso. E talvez fosse por isso que o alfa não falava muito sobre sua outra família ou nunca ia visita-los, além das datas comemorativas obrigatórias: Baekhyun não se sentia confortável.

— Eu posso escolher outra. — tentou.

— Não. — Baekhyun o cortou. — Está tudo bem. — não pegou a ficha das mãos do irmão e por isso Chanyeol deixou o papel sobre sua cama.

Baekhyun girou sobre os seus pés, olhando em volta atrás do seu aparelho de celular. Encontrou-o sobre o criado mudo, foi até ali e o pegou. Destravou a tela e procurou nos contatos o número de um bom restaurante.

— Me diz uma coisa — Chanyeol se pronunciou depois que o moreno terminou a ligação. — como vai conseguir tirar Kyungsoo do território Kim?

Baekhyun virou-se sorrindo para o irmão, aquele bolo de nervosismo se revirando no seu estômago mais uma vez. Havia uma única pessoa dentro daquele Clã que podia ajuda-lo sem se opor.

— Você tem o número de Kim Minseok? — se escutou perguntar e Chanyeol sorriu.

***

Ryeowook andou de um lado pro outra na sala da sua casa enquanto Leeteuk e Heechul estavam sentados no sofá, os rostos baixo com vergonha demais de levantar o rosto e olhar na direção do ômega.

— Eu não acredito que vocês fizeram isso! — esbravejou mais alto do que queria, mas não conseguia controlar o tanto de raiva que estava sentindo daqueles dois.

Heechul mordeu o lábio enquanto Leeteuk permanecia em silêncio. Nenhum dos dois tinha mais palavras para dar a Ryeowook e mesmo que tivessem, Heechul duvidava que alguma delas conseguisse aplacar o tanto de raiva que o ômega estava sentindo.

O ômega havia visto a mancha de sangue na gola do Kim mais velho e logo depois a ponta do curativo que o alfa havia feito na sua pele. Foi apenas uma questão de segundos para que Ryeowook ligasse os pontos e entendesse que agora Heechul era um ômega marcado, tornando-se assim o marido oficial, ao seu ver. E rebaixando-o ao posto de um mero amante por mais que tivesse um documento e uma aliança de casamento em sua posse. Era tremendamente injusto ter que encarar aquela marca no ombro de Heechul, quando o marido alfa havia lhe prometido a mesma coisa.

— Vocês dois não tinham o direito. — Ryeowook falou abrindo e fechando as mãos, estava pronto para socar qualquer um dos dois.

Era baixinho, menor que os dois no sofá, mas quando ficava com raiva se tornava um pouco ameaçador demais. No entanto, mesmo com toda a raiva que estava sentindo, se sentia terrivelmente triste. Afinal, havia sido traído pelo marido alfa. Logo ele que tinha derramado tantas palavras bonitas sobre seu corpo quando faziam amor, deixando promessas sussurradas no seu ouvido.

— Ryeowook... — Leeteuk teve coragem de tentar.

— Você disse que me marcaria primeiro. — Ryeowook o interrompeu, piscando os olhos afim de afastar as lágrimas ao passo que Leeteuk desviava os olhos novamente e Heechul engolia em seco. — Mentiu pra mim.

Sentia-se um intruso naquela conversa apesar de saber que era um dos culpados e por isso merecia estar ali, no entanto enquanto via Ryeowook pirando com a marca em sua pele, só conseguia notar como ele parecia com mais raiva de Leeteuk do que de si.

 — Wookie, foi uma coisa de momento. — Leeteuk disse tentando se explicar mais uma vez ao esposo. — Eu não estava pensando direito.

— Não estava? — Heechul soltou olhando na direção do marido, o coração começando a doer com a possibilidade de ter sido apenas um erro. — Eu achei que... — e ficou de pé. — Você mentiu pra mim. — acusou, os olhos marejando e a dor sendo transmitida ao alfa.

— Não. Heechul, não é nada disso. Eu me expressei mau. — se apressou em dizer.

— Se expressou mau comigo também? — Ryeowook atacou visivelmente magoado. — Quando disse aquelas palavras? — ergueu as mãos e virou-se de costas para os dois enquanto sentia o bolo de choro chegar na sua garganta, não aguentava mais olhar para Leeteuk sem sentir um bocado de dor.

— Se tinha prometido uma marca a Ryeowook porque fez isso comigo? — o outro Kim perguntou.

Sentia-se imensamente usado, pois ele sempre soube que não passava do Ômega Principal para o alfa, mas não achava que ia ser enganado dessa maneira ao ser marcado por impulso quando tudo que ele queria era Ryeowook. Acreditava que Leeteuk iria ter ao menos consideração por seus sentimentos ao pelo menos pensar na ideia de marca-lo, mas pelo que via tudo acontecera em um momento. O alfa tinha se deixado levar por seus instintos ao enfiar as presas na sua pele e agora estava arrependido do que fizera. Mas o problema é que não era possível apagar uma marca. No fim, Heechul estaria ligado para sempre a um alfa que não o amava e isso era bem pior do que a dor que Ryeowook sentia ao ter sido traído daquela maneira.

— Eu te amo, Heenim. — ficou de pé e deu um passo em direção ao ômega. — Eu te marquei porque te amo. — confessou e o Kim deixou que ele se aproximasse. 

A marca no seu ombro mostrava que o alfa não estava mentindo, mas mesmo assim não conseguia evitar sentir-se desconfiado ainda mais com a dor que estava estampada em cada parte do ômega menor.

— Você o ama? — Ryeowook se pronunciou virando-se para fita-los. — E eu? Não me ama?

— Eu amo os dois, Ryeowook. Por que acha que casei com vocês? — o alfa disse.

Estava um pouco desesperado, um pouco perdido demais no que estava acontecendo. Não sabia como lidar com os dois quando estavam juntos, pois sempre tendia a dar mais atenção para um do que para outro e sabia que o outro acabava ficando irritado com isso, mas realmente não sabia se administrar quando estava na presença dos dois. Não quando eles tendiam a brigar sempre e por vezes o obrigavam a tomar partido. Seria bem mais fácil se os dois se entendessem, então eles podiam ser um trio como todos os outros.

Ryeowook balançou a cabeça em negação, não conseguia acreditar no Kim. Ainda mais depois ter sido traído dessa maneira.

— Então porquê... — e seu lábio tremeu, denunciando o choro que viria.

Leeteuk foi até o ômega, tentou abraça-lo mas teve seus braços empurrados antes que o ômega se afastasse.

— Não toque em mim. — falou mais triste do que com raiva.

— Wookie, não faz assim.

— E quer que eu faça como?! Quer que eu aceite isso assim?! Você é um maldito mentiroso! — gritou alto, os olhos tornando-se verde-mar, denunciando que o seu lobo estava com tanta raiva quanto seu lado humano.

— É só uma marca, Ryeowook. Por favor.

— É só uma marca? — Heechul se pronunciou indignado. — Então eu posso me livrar dela quando bem entender, certo? — e soltou uma risada forçada. — Porque eu realmente quero me livrar dela agora. — confessou e Ryeowook o olhou assustado, o verde dos seus olhos se tornando muito claro.

— Heechul... — o ômega disse baixinho, sem ter certeza sobre que tipo de palavras queria dizer ao ômega. — não pode se livrar de uma marca.

— E você não pode ter uma. — rebateu. — Parece que estamos bem ferrados, não é?

— Mas ao menos você o tem, enquanto eu... — e de repente estava chorando, sem poder se controlar.

Colocou as mãos no rosto querendo esconder o choro, mas os ombros tremendo denunciavam isso. Heechul lançou um olhar irritado ao marido.

— Olha o que você fez! — acusou.

— A culpa não é minha. — rebateu.

— Não é sua? Quem foi que me traiu com um ano de casamento? — jogou na cara do marido e Leeteuk de um passo para trás como se tivesse levado um tapa. — Isso tudo é culpa sua, Jungsoo. — usou o nome verdadeiro do marido e o alfa engoliu em seco.

Ele e Heechul nunca tinham conversado sobre isso exatamente, em parte porque era um assunto delicado demais. Ainda mais porque envolvia toda uma história dolorosa que o ômega não gostava de tocar. Mas mesmo que eles nunca falassem sobre isso, Leeteuk achava que Heechul estava bem com todo o rumo que história de ambos tinha tomado, já que foi o próprio que disse a ele para casar com Ryeowook, foi até mesmo ele que foi até o ômega e o trouxe para casa com alegação de que eles eram dois idiotas por não ficarem juntos. No entanto, agora, enquanto fitava a magoa no rosto do Kim, percebia que ele nunca estivera ok com nada disso. Conseguia ler suas emoções através da marca agora e via Heechul tão claramente, que se assustou com o seu descaso.

Estava sendo tão negligente com ele todos esses anos ao achar que o ômega estava bem com essa situação, que estava bem com o fato de que ele tinha outro ômega. Nunca esteve. Esteve, para a sua surpresa, fingindo estar bem todos esses anos apenas para que o alfa se sentisse bem.

Voltou a dar um passo na direção do ômega, mas Heechul deu um passo para trás. Não pretendia deixar que o marido soubesse como se sentiu ferido ao descobrir sobre o caso dele com Ryeowook. Pretendia esconder isso para sempre, já que foi dele que partira a ideia de que os dois se casassem. Contudo, com a marca na sua pele não conseguia bloquear as suas emoções, pois mesmo que seu rosto não demonstrasse nada, acabava transmitindo tudo ao alfa mesmo assim.

— Heenim... — usou o apelido carinhoso da infância, mas mesmo assim Heechul não quis escutar quando deu mais um passo para trás. 

— Você começou isso. — se escutou dizer ao desviar seus olhos para Ryeowook, agora sentado no sofá chorando. — Por que não me disse que havia prometido a ele? Por que fez isso conosco, Leeteuk?

— Eu...

— Você, nada. — interrompeu. — Você acha que pode me trocar mais uma vez? Eu não sou suficiente para você? Droga! Quando aceitei casar com contigo, achei que... — levou as mãos até o cabelo ondulado e puxou algumas mexas castanhas. — Eu não deveria ser seu. — declarou por fim, a coisa que sempre pensava todas as vezes que via o jeito que o alfa sorria para o outro Kim.

Essa era a sua missão, afinal. Quando se formou na Academia e recebeu a sua cor, acabou sendo designado para casar com o alfa líder dos Kim’s. E na época, era Kyuhyun que assumiria a liderança, no entanto com toda a confusão que aconteceu, Leeteuk foi obrigado a assumir a responsabilidade do irmão e como Heechul já estava prometido ao beta, com a sua morte, o contrato de casamento acabou sendo passado para o irmão mais novo.

Não era assim, Heechul lembrava-se de pensar na época que subiu no altar para receber as bênçãos de casamento ao lado de Leeteuk. Não era assim que era para acontecer, deveria ser Kyuhyun ali e não o seu irmão mais novo. No entanto, Heechul se conformou pois ao menos estava cumprindo a sua missão. Ia ser o ômega principal, ia ficar de olho nos planos do, agora, marido e sempre enviaria relatórios sobre os movimentos do clã para a Organização e todos ficariam bem. Mas não ficou tudo bem quando ele engravidou e acabou perdendo a criança. Não estava tudo bem quando Heechul nem sequer conseguia olhar na cara de Leeteuk sem sentir-se um fracasso total por não ter conseguido segurar um filhote em seu ventre.

E é claro, nada ficou bem quando o ômega descobriu sobre os encontros do marido com outro ômega. Era o recém-chegado na aldeia. Tinha vindo morar com os tios, depois que os pais haviam morrido em Taiwan, se chamava Kim Ryeowook e sempre fazia Leeteuk sorrir tão bonito que Heechul não podia deixar de notar.

— Não fale isso. — Leeteuk disse dando um passo em direção a ele. — Você é meu, Heechul. Kyuhyun nunca sentiria um pingo de todo o amor que sinto por você. — dessa vez conseguiu se aproximar do ômega, estendeu as mãos em sua direção e mais do que rápido o puxou na sua direção, com medo demais de que ele corresse para longe de si. — Eu te amo, Heenim. — sussurrou encostando sua testa na dele. — procurou os seus lábios, mas o Kim desviou e o empurrou de leve.

— Ryeowook está chorando, seu desalmado. — acusou, mas o seu tom não estava exatamente irritado e por isso Leeteuk, sabia que tinha sido perdoado.

Soltou o ômega e foi em direção ao outro ômega, sentado no sofá. Sentou-se ao seu lado no sofá, colocou a mão sobre o seu ombro, que tremia, mas logo teve o gesto afastado pelo Kim. Heechul ao ver a cena, suspirou, e sentou-se do outro lado do sofá, deixando que o Kim mais novo ficasse no meio de ambos. Num gesto totalmente impensado deitou a sua cabeça no ombro direito dele e procurou sua mão. Enlaçou seus dedos nos dele, era um gesto simples, mas era o mais perto que ele já chegara de Ryeowook.

O Kim nunca deixava que ele se aproximasse muito, sempre preferia brigar consigo e ter a atenção do alfa em vez de tentar ter uma amizade com o outro Kim, mas Heechul não podia culpa-lo quando o provocava tanto quanto o primeiro. Essa era a parte divertida daquele relacionamento: as provocações entre os dois.

— Vocês são uns idiotas. — Ryeowook disse soltando a mão de Heechul e usando-a para limpar as lágrimas.

— Leeteuk é um idiota. — Heechul concertou a frase e o alfa revirou os olhos. — Mas ele te ama. — como que afim de confirmar isso, o líder Kim deixou um beijo simples na bochecha esquerda do ômega.

— Bastante. — sussurrou. — E eu vou te marcar também. — contou fazendo o Kim arregalar os olhos e olhar na direção do marido.

— Mas... mas você não pode. — Leeteuk ergueu a mão e começou a limpar as lágrimas as bochechas do esposo ômega. — É contra a lei.

— Eu sou o líder, Ryeowook. — disse convicto e Heechul sorriu.

Amava Leeteuk, no fim das contas e duvidava muito que um dia esse sentimento pudesse mudar ainda mais depois que recebera a marca.

— Não, mas isso... — tentou argumentar, totalmente dividido sobre o que queria e o que era certo, pois havia uma lei que entre os lobos que impedia um alfa de ter dois ômegas marcados.

— Está tudo bem. — Heenim descansou o seu queixo sobre o ombro dele, e sem pensar muito se aproximou mais um pouco e deixou um beijinho no pescoço exposto do ômega, fazendo-o se encolher surpreso pelo toque. — Ninguém precisa saber o que acontece entre nós três. — sussurrou e Ryeowook sentiu-se corar, ao sentir a voz do outro tão perto da sua pele.

Nunca tinha pensado muito em como a voz de Heechul soava interessante ao ser sussurrada daquela maneira, tão perto da sua pele, em parte porque estava sempre tão ocupado em alfineta-lo pela casa, trocar farpas com o mesmo, que ficava difícil realmente olhar para Heechul e vê-lo com todo o seu esplendor de Ômega Principal. Todavia, ali estava... não sabia o que, mas certamente aquele algo que existia ali deixava suas emoções bagunçadas, ainda mais porque Leeteuk estava ao seu lado e o cheiro do alfa sempre lhe deixava meio entorpecido.

O alfa voltou a se aproximar de Ryeowook, devagar, enfiou o seu rosto na curva do seu pescoço. Encostou a ponta do nariz na sua pele e sentiu Wook se arrepiar, sorriu com isso e deixou um beijo na pele dele. Amava saber que Ryeowook era tão entregue a si, nunca precisava fazer muito esforço para deixar o ômega pronto para si. Ao contrário de Heechul que podia nega-lo por dias quando irritado com algo, Ryeowook era doce o suficiente para não conseguir guardar raiva por muito tempo. 

Tornou a se aproximar mais uma vez para deixar mais um selar na sua pele.

— Vou te marcar também. — falou próximo a sua pele e o ômega não conseguiu evitar fechar os olhos ao passo que Heechul se aproximava novamente, mas dessa vez deixava um beijo no canto da sua boca, tão repentino que o Kim mais novo abriu os olhos, surpreso e com o rosto queimando em vergonha por ter o outro tão perto de si.

Não sabia o que estava acontecendo ali, mas se pegou gostando do modo como Heechul estava perto e sem realmente pensar, inclinou-se levemente na direção do ômega mais velho e selou os seus lábios nos dele. Foi rápido e simples, como um beijo de criança, que fez Heenim soltar uma risadinha antes de segurar o rosto de Ryeowook e o beijar de verdade.

Leeteuk observou a cena, sem saber muito bem o que fazer. Estava surpreso com aquele ato, mas não podia negar que era bonito vê-los se beijando daquela maneira. A luxúria contida em Heechul se misturava com toda a timidez de Ryeowook naquele breve beijo entre eles. Era interessante o suficiente para que o alfa quisesse continuar observando.

Porém, quando eles se separaram, Wookie virou-se para o alfa e segurou o seu rosto o beijando ao passo que o alfa via pelo canto de olho Heechul aproximando-se do ômega e deixando beijos no seu pescoço. Mordidas leves, que faziam o ômega arfar contra a boca do alfa, o deixando excitado muito rápido. Enfiou as mãos por baixo da camisa do ômega e tocou em sua cintura, mas teve suas mãos afastadas por Heechul.

— Vamos para o quarto. — falou e segurou na mão de Ryeowook, que parecia terrivelmente perdido nas sensações causadas pelos dois.

Leeteuk viu o primeiro Kim estender a mão na sua direção e sem hesitar a pegou e com Heechul sorrindo para si, deixou-se guiar até o quarto de Ryeowook.

***

— Quando você ligou, achei que fosse uma piada. — Minseok falou antes de sugar um pouco do seu milk-shake de chocolate.

— Quando você atendeu, achei que fosse um pesadelo. — Baekhyun rebateu e Minseok revirou os olhos.

Baekhyun continuava o mesmo alfa irritante de sempre.

— Se não queria falar comigo, por que me ligou? — perguntou afastando o canudo dos lábios e o alfa não conseguiu evitar que seus olhos focassem-se neles, eram bonitos ao ser tão delicados daquela maneira.

— Eu preciso falar com Kyungsoo. — se escutou dizer, ajeitando-se no banco e sentando-se de frente para o balcão, afim de evitar olhar muito para Minseok. — Chanyeol não anda muito bem.

— Kyungsoo também não anda muito bem. — o loiro disse ao se inclinar mais uma vez para beber mais do seu milk-shake, pelo canto de olho Baekhyun não conseguia parar de notar o modo que os lábios do ômega se juntavam em um biquinho cor-de-rosa para beber mais do líquido.

Não conseguia entender o que havia de errado consigo. Não costumava ficar tão agitado na presença de outros ômegas ou betas, mas Minseok com certeza o tirava do sério com toda aquela áurea de bom moço, que sempre carregava. Tão certinho com aqueles olhos grandes e a voz suave. Era terrivelmente irritante. Mas precisava aguentar isso por tempo suficiente se quisesse que o seu plano desse certo.

Abaixou os olhos para o relógio no seu pulso esquerdo. Já era quase duas horas, notou. Sua pretendente estaria chegando daqui meia-hora. Ele precisava resolver isso logo com Minseok, se quisesse sentar-se com a ômega a tempo de ter uma tarde tediosa num encontro com sua futura noiva.

— O que aconteceu com ele? Chanyeol não tem notícias há semanas.

— Está de castigo. — contou. — Preso em seu quarto desde aquele dia. — soltou um suspiro e afastou o copo de milk-shake, o líquido marrom estava na metade.

— Seu pai é bem radical. — ergueu uma sobrancelha admirado com o modo como Leeteuk se parecia com seu pai quando o quesito eram castigos, pois Chanyeol estava proibido de sair de casa.

Os guardas haviam até mesmo sido avisados para não deixar que o alfa saísse do complexo da alcateia.

— Ele só está irritado. — desdenhou ao trazer o copo de bebida para perto novamente, bebeu mais um pouco. Dessa vez sugando todo o líquido de uma vez. — Mas foi apenas para isso que me ligou? Sabe, eu podia ter te falado essas coisas pelo telefone em vez de ter que vir aqui.

— Como se você não estivesse feliz por sair daquele fim de mundo que é sua aldeia. — rebateu.

— Só porque você mora num complexo de casas supermoderno em Seul não quer dizer que é melhor. — ristipou meio irritado ao erguer a mão para o garçom, pedindo mais um copo de milk-shake, ia precisar de bastante açúcar para aguentar a presença irritante de Byun Baekhyun.

— Você vai tomar outro desse?

— Qual o problema? Eu estou pagando. — irritou-se mais.

Ele e Baekhyun definitivamente não se davam bem, ainda mais pelo alfa ser tão controlador. Recordava-se dos tempos de escola quando o Byun implicava consigo por quase tudo que fazia, inclusive o seu cheiro. O que havia de errado com seu cheiro, afinal? Sehun gostava bastante do aroma de mirtilo que ele exalava e até mesmo Jongdae nunca reclamou.

Baekhyun revirou os olhos diante da irritação do ômega. Ele se irritava tão rápido quando na sua presença, que era até bonitinho o jeito que seus olhos grandes brilhavam em avelã. Mas Baekhyun não tinha tempo para pensar sobre isso.

Bufou e tamborilou os dedos sobre a bancada, o cheiro doce de Minseok bagunçando seus sentidos. Era tão terrivelmente doce, que incomodava o seu nariz. Nunca tinha pensado muito sobre o cheiro dele, mas sabia que não era o seu predileto ainda mais por carregar toda aquela áurea de familiaridade, pois o cheiro se parecia e muito com o de sua mãe falecida.

Viu quando o ômega teve o copo substituído por outro copo de milk-shake, dessa vez um de morango. E preparou-se para falar ao passo que o loiro inclinava-se para beber da sua bebida cor-de-rosa, quase do mesmo tom que os seus lábios.

— Preciso de um encontro com Kyungsoo. — disse de uma vez. — Quer dizer, preciso que me ajude a fazer Chanyeol e Kyungsoo se encontrarem.

 — Está maluco. — Minseok falou calmamente, a ponta do canudo presa entre seus lábios.

Baekhyun não conseguia parar de olhar e o loiro percebeu, sentiu suas bochechas corarem e se afastou do copo de milk-shake. Talvez fosse culpa do seu cio, que estava perto. Mais um mês para que chegasse, no entanto já podia sentir que o seu cheiro estava uma fração mais forte que o normal além de suas emoções começando a bagunçar, ficando um tanto carente. O lado bom era que Sehun era muito carinhoso e gentil, apesar de ser gentil demais ao sempre pedir permissão para beija-lo, coisa que era um pouco irritante, ás vezes.

— Estou falando sério. — virou-se no banco, de modo que ficasse de frente para o ômega. — Não dá mais para ver Chanyeol definhando pela casa. Me ajude a fazê-los se encontrar. Pode ser por uma hora ou duas, eles só precisam se ver.

Minseok comprimiu os lábios, sem coragem de olhar o alfa e encontrar os seus olhos castanhos. Se sentia meio perdido, o cheiro de Baekhyun era gostoso de se sentir, mas não era como se sentisse atraído. Havia algo de errado, sabia disso. E acabou por colocar a culpa no seu cio, há um mês de distância.

— Aposto que Kyungsoo deve estar num estado parecido. — argumentou, a voz saindo urgente afim de mostrar como já estava um tanto desesperado com a tristeza do irmão.

O loiro entendia. Ele ia visitar Kyungsoo todos os dias e para cada vez que entrava naquele quarto, via o irmão em um estado mais vegetativo. Dormia demais e comia de menos, além de parecer cada vez mais pálido e sempre perguntar por Chanyeol com os olhos vermelhos, denunciando que o ômega chorara durante a noite inteira. Sentia-se tão impotente com o irmão gêmeo, sem poder fazer mais do que falar com o pai todos os dias afim de tentar fazê-lo mudar de ideia.

— Tudo bem. — se viu concordando ao levantar os olhos para encontrar os de Baekhyun, mas o alfa não estava olhando para si, observava algo do outro da porta de vidro do lugar.

Minseok olhou para trás e encontrou uma bela garota entrando pela porta, o sininho no topo da porta anunciando sua entrada. Tinha o cabelo castanho comprido e o cheiro suave que saia da sua pele entregava a sua natureza, uma ômega. Voltou a desviar os olhos para Baekhyun e notou o jeito nada delicado que ele franzio o nariz, denunciando que não tinha gostado nem um pouco do cheiro da garota. Inclinou-se em direção ao seu copo de milk-shake e sugou o líquido com vontade, querendo eliminar o sorrisinho no canto da sua boca ao notar que Byun Baekhyun ia ter um encontro.

— Então você vai... ?— começou a dizer desviando os olhos de Dasom, que acabara de chegar.

— Vou. — Minseok respondeu ao terminar de sugar todo o seu milk-shake. — Me encontre às duas da manhã em Chenggyecheon. — disse ao se pôr de pé.

Enfiou as mãos nos bolsos internos do seu sobretudo, atrás da sua carteira e quando achou, puxou algumas notas de wons e colocou sobre a bancada.

— Não deixe Chanyeol se atrasar. — ainda disse e Baekhyun assentiu, totalmente agradecido pelo modo como Minseok podia ser racional.

O ômega não lhe deu tchau ou algo do tipo, apenas se afastou devagar, sem olhar para trás ao passo que Baekhyun ficava de pé para ir até a garota Park. No entanto quando achou que fosse se livrar da presença de Minseok, o viu virar-se no último segundo e com um sorriso travesso, dizer:

— Boa sorte no seu encontro.

Para só então lhe dar as costas de vez e sair dali, deixando um Baekhyun envergonhado para trás.


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