Mirtilo escrita por OmegaKim


Capítulo 17
XV - Família




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Kim Jongdae encostou-se no batente da porta de entrada da sala de treinamento, os braços cruzados e os olhos castanhos intrigados sobre a figura loira de costas para si, de frente para um dos alvos, empunhando uma arma nas mãos pequenas. Descruzou os braços e conferiu o horário no seu pulso, já passava das uma da madrugada. O que Kim Minseok estaria fazendo tão tarde ali? — se perguntou ao voltar a fitar as costas do outro.

O cabelo estava com as mechas claras novamente. O loiro bronze destacava o tom dourado da sua pele, deixava-o mais atraente aos olhos do Kim mais velho além de deixa-lo nostálgico, pois aquele tom de cabelo fazia-o lembrar dos velhos tempos quando ainda namoravam. Não podia negar que sentia falta daquele ano, pois sentia-se nada além de um adolescente quando estava com Minseok. Porém, estragara tudo ao se deixar levar pelo ódio, pela vontade de concretizar a sua vingança. Ele sabia disso, tinha plena consciência de como forçara Minseok a fazer sexo consigo naquela época, mas o que ele podia fazer quando precisava que o ômega engravidasse? Não havia jeito melhor de prende-lo ao seu lado do que com uma gravidez, então eles poderiam casar e tudo estaria nos trilhos para que o seu objetivo fosse realmente alcançado.

Contudo, Jongdae nunca tinha considerado Minseok em si, como alguém pensante e tinha realmente acreditado que o Kim mais novo ia ficar consigo em nome do amor, porque ele até podia não amar Kim Minseok daquele jeito profundo e bonito, mas gostava da presença dele e tinha certeza que no futuro ia ama-lo. Mas Minseok parecia amar e se amava tanto, deveriam ter ficado juntos. No entanto, não foi isso que aconteceu. Tinha perdido a sua oportunidade tão rápido, tinha-o visto ir embora para França.

Era o seu castigo por ter ido com tanta sede ao pote, Jongdae sabia. Mas agora Minseok estava de volta e tudo parecia estar girando ao seu favor, o alfa só precisava da peça crucial nesse jogo para que tudo se tornasse o completo caos que tinha planejado.

Deu um passo para dentro da sala, caminhou despreocupadamente em direção ao Kim. Minseok não o escutaria se aproximando por causa dos fones de proteção que usava, então realmente não se preocupou com isso, ia dar-lhe um susto de brincadeira apenas para que rissem um pouco. Afinal, sempre gostara do sorriso do loiro. Era bonito de se olhar todas aquelas fileiras de dentes muito brancos e muito retos combinados com os olhos puxados se tornando fendas. A verdade era que Kim Minseok era um ômega adorável.

Estava pensando nisso, seus olhos focando-se no corpo do loiro. Tinha curvas discretas de ômegas, mas seu corpo não era nada feminino. Os braços eram bem trabalhados e as coxas se destacavam na bermuda bege que usava, se pegou imaginando como seria a sua barriga, se conseguiria sentir os músculos trabalhados sobre os dedos. Pois já tinha visto Minseok se exercitando pela aldeia, correndo de manhã cedo junto daquele amigo chinês dele, o tal Henry, ou junto do pai Heechul. Então sabia como o corpo do ômega era firme, mas queria tocar para ter certeza e para satisfazer o maldito desejo que tinha em ter Minseok mais uma vez. Se distraiu tanto com isso que nem ao menos notou quando o ômega virou-se de frente para si, o cano da arma que segurava apontado na sua direção.

— O que faz aqui? — o ômega perguntou, a voz saindo mais séria do que queria e os olhos castanhos bonitos por trás das lentes dos óculos de grau.

Jongdae, surpreendeu-se e por isso deu um passo para trás. Não achava que o Kim ia notar a sua presença, afinal nem podia escutar os seus passos por causa dos fones de proteção.

— Eu... Eu só... — tinha sido pego de surpresa e por isso não conseguia bolar uma frase boa o bastante além do “eu estava seguindo você”. — Eu sou o responsável pela segurança da aldeia, estava checando os locais antes de ir dormir. — acabou dizendo, ficando orgulhoso logo em seguida da sua mentira. — E você?

— Só atirando. — respondeu abaixando a arma e travando-a, enfiou no cós da sua bermuda e tirou os fones dos ouvidos.

Jongdae notou que a arma que Minseok portava não pertencia ao padrão de armas que eles costumavam disponibilizar para os treinos. Era diferente. Tinha uma cor diferente. Era bonita, mas não podia deixar de se perguntar onde o ômega conseguira aquilo, afinal era difícil associar armas, que era coisas perigosas, com alguém de aparência tão serena. No entanto, não disse coisa alguma sobre isso, pois já tinha notado como o loiro estava desconfiado com a sua presença ali, primeiro precisava se mostrar de confiança pra ele novamente. Precisava conquista-lo.

— Sem sono? — perguntou quando viu Minseok ficar de costas para si e ir em direção aos equipamentos da sala de treino, deixar os fones no lugar, mas a arma continuou na sua cintura mostrando que ela realmente não pertencia a aquele lugar.

— Um pouco. — disse vago.

Não estava afim de conversar com ninguém, principalmente com Kim Jongdae. Tinha vindo para essa sala de treino justamente para ficar sozinho, pois sabia que ninguém aparecia aqui na madrugada já que estariam todos dormindo.

— Anda se preocupando com Oh Sehun? Achei que o estado dele estivesse estável. — falou despreocupado, querendo manter uma conversa com o outro.

— Pode fechar aqui. — se referiu a sala de treino enquanto se dirigia até a saída, ignorando de proposito o que Jongdae estava falando.

Conhecia bem aquele tipo de tática. Afinal, em suas missões de pequeno porte, onde tinha que distrair alguém, costumava fazer isso. Ser amigável, disfarçar alguma coisa através de um sorriso falsamente bonito. Mas ainda havia a possibilidade de Jongdae estar fazendo isso apenas porque se importava realmente e o ômega podia estar apenas muito na defensiva, mas não era como se pudesse impedir-se de fazer o contrário, havia passado tanto tempo agindo dessa maneira, que não conseguia abandonar tudo de uma vez só apenas por causa do sorriso amigável de um alfa. Por isso, apenas continuou o seu caminho para fora da sala de treinamento.

Iria deixar Kim Jongdae para outra hora, afinal tinha que se preocupar com Sehun e sua saúde frágil, precisava encontrar uma maneira de falar com seu pai sobre os Lu’s e sobre Kyungsoo, além de que precisava escrever aquela carta para o Conselho da Organização antes que eles descobrissem sobre o que fizera, pois aí sua punição podia ser pior. No entanto, o alfa tinha outros planos para si porque simplesmente correu na sua direção, parando na sua frente e o impedindo de sair.

Minseok franzio a testa, não entendia porque o Kim estava sendo tão insistente. Seria possível que ele ainda estivesse naquela vibe de ex-namorado que quer reatar o namoro? Parecia surreal demais pensar nisso, quando já tinham se passado cinco anos.

— Não precisa sair assim. — o alfa disse. — Posso deixar a sala apenas para você.

— E isso teria um preço? — o loiro cruzou os braços, os olhos muito avaliativos sobre o outro, este se sentiu acuado.

Percebia que havia algo de errado com Minseok. Ele não se parecia em nada com a imagem fofa e adolescente que tinha na sua mente, na verdade, o Kim parecia terrivelmente maduro e ameaçador. Nunca tinha pensando em como um ômega podia ser ameaçador, mas com certeza Minseok se classificava como tal. Os olhos grandes gateados por trás das lentes do seu óculos de grau só deixava isso mais claro e fazia o alfa se sentir desconfortável.

O que acontecera com Minseok na França?

— Por que teria um preço? Somos velhos conhecidos. Talvez eu só esteja fazendo isso em nome dos velhos tempos. — se escutou dizer, um certo tipo de confiança se apossando da sua voz.

Alguma coisa em si estava se sentindo tremente atraída por essa pessoa madura que Minseok havia ser tornado. A desconfiança do loiro, deixava o seu alfa interior agitado em expectativa. Era como um jogo, pensou. Ia pisar nos quadrados certos e domar Minseok, pois estava bem óbvio que ele não era mais o típico ômega doce que abaixava a cabeça para tudo que lhe fosse imposto como certo.

— Que velhos tempos? — se fez de desentendido e deu um passo para o lado, querendo desviar do corpo do outro e sair dali.

Kim Jongdae o deixava desconfortável.

— Ah, Minseok. Vamos lá. — e riu enquanto dava um passo para o mesmo lado do ômega, bloqueando a sua saída, acabou recebendo um olhar irritado dele. — Não seja assim. Eu já te pedi desculpas. E não é como se tudo tivesse sido ruim, tivemos um belo ano juntos.

Minseok ergueu uma sobrancelha. Não podia negar que eles tinham tido mesmo uma bela relação, até que aquilo aconteceu. Ainda se ressentia pelo fato de ter perdido a sua primeira vez daquela maneira, às vezes, sentava-se no escuro do seu quarto e pensava naquilo. Se Jongdae estivesse o esperado mais um pouco, eles estariam juntos hoje em dia? O loiro estaria noivo do Kim em vez do Oh? Eram perguntas sem resposta, quer dizer, que tinham tido as respostas estragadas pelo alfa.

— Até você estragar tudo. — falou com um suspiro, descruzou os braços e levou a mão até o cabelo loiro. — Pode me deixar passar agora?

O loiro estava impaciente, irritado demais. Odiava quando tentavam fazê-lo fazer algo que não queria e definitivamente não queria conversar com Kim Jongdae.

— Qual é, Minseok. Por que não podemos tentar ser amigos? Sempre nos demos muito bem. — tentou mais um pouco.

— Eu estou noivo agora, Jongdae. E eu não sou idiota, posso ter sido naquela época, mas não sou agora. Você está atrás de alguma coisa, sei disso. Por que não me poupa trabalho e me conta de uma vez? — jogou de uma vez o que vinha lhe incomodando há muito tempo desde quando Henry puxara a ficha de Kim Jongdae pela internet, um dia depois do Festival.

Ele e o amigo chinês tinham começado uma investigação sobre os envolvidos na Festa Sangrenta. Puxaram as fichas de várias pessoas, pediram acesso ao banco de dados da Organização e entre as pessoas suspeitas que eles tinham traçado, estava o nome de Kim Jongdae. Ele parecia o mais inocente entre todos enquanto Byun Baekhyun parecia o mais culpado, o que não fazia sentido já que esse último estava em menor número no dia da festa e não tinha porque atacar os Kim. Seria um ato burro e isso era tudo que Baekhyun não era. O conhecia dos tempos de escola, lembrava-se como eles dois tendiam a disputar o primeiro lugar de melhor aluno da classe.

No entanto, havia Kim Jongdae com nada de ruim no seu currículo. Tinha vindo da China, apesar de não ser chinês. Não tinha pais biológicos, havia sido criado sua avó. Uma velha senhora que já estava morta e foi depois que esta morreu, que o Kim viera para a Coréia, em busca de outros ares quando não tinha mais nada na China. E realmente não tinha nada... isso era a grande vida de Kim Jongdae: um grande nada. Nenhuma amante permanente em cinco anos, nenhuma ocorrência policial, ninguém tinha nada contra si. Era um alfa perfeito sem família para contar o seu passado.

Jongdae, por outro lado, foi pego de surpresa pela pergunta do Kim, e por isso deu um passo para trás. Totalmente assustado com o modo como chegaram naquele assunto. Do que Minseok estava falando? Estaria se referindo àquilo?

— Poupar trabalho? Está me investigando? — devolveu, querendo tirar a atenção de cima de si, a voz saiu mais séria do que pretendia.

— Meu noivo foi atingindo naquela festa e nada me tira da cabeça que você teve algo a ver com isso. — Minseok o confrontou, indo totalmente contra todas as expectativas do Kim mais velho.

— Por que eu teria interesse em matar Oh Sehun? Você está enlouquecendo, Minseok. Ou será que só quer tirar a culpa de cima de Byun Baekhyun? Eu lembro muito bem de você o deixando fugir. — cruzou os braços e viu, com prazer, o rosto de Minseok corar.

— Eu não... você não sabe de nada. — acabou dizendo ao avançar em Jongdae e empurra-lo, mas quando ia aproveitar a deixa para fugir da presença do outro, teve seu braço segurado.

— Eu sei que vocês estudaram juntos e que Kyungsoo tem se encontrado com Chanyeol durante esse tempo inteiro, coisa que me fez me perguntar se você não estaria envolvido nisso também. É por isso que deixou Byun Baekhyun fugir? São aliados?

Os olhos de Minseok se estreitaram em irritação para cima do alfa, tentou puxar o seu braço mas Jongdae sempre seria mais forte por ser um alfa de boa linhagem, então não conseguiu se soltar. Desse modo, apenas sacou a arma no cós da sua bermuda e encostou o cano na barriga do alfa. Jongdae retesiou o corpo, os dedos ainda em volta do braço do outro, se recusava a solta-lo sem ter uma boa resposta.

— Se não me soltar, eu atiro. — Minseok ameaçou, a voz saindo mais firme e fazendo Jongdae soltar o seu braço devagar.

O Kim mais velho deu um passo para longe do outro, entrando na sala de treinamento com as mãos levantadas e os passos inseguros. No entanto, havia um tom de diversão nos seus olhos quando viu o ômega levantar a arma na sua direção, ficando de costas para a saída, aquela era a confirmação de que Minseok podia estar, sim, tendo alguma coisa com Baekhyun.

No entanto, Kim Minseok nada disse. Apenas deu um passo para trás, a arma em punho e saiu da sala de treinamento, seus olhos gateados nunca deixando a face do alfa até que estivesse longe o suficiente. Guardou a arma no cós da sua bermuda e saiu dali deixando um Jongdae desconfiado para trás.

***

Siwon andava de um lado pro outro em frente ao quarto que dividia com o marido. Chanyeol, encostado na parede em frente a porta, observava o pai. Nunca o tinha visto tão preocupado daquela maneira, logo ele que era tão sério e parecia estar com tanta raiva ainda a pouco, estava quase fazendo um buraco no chão de tanto que estava andando de um lado pro outro em ansiedade. Devia ser a marca, Chanyeol pensou, ela devia estar alertando sobre o estado do seu pai ômega. Será que era grave? Morreria? Não conseguia pensar nisso, pois já sentia os seus olhos marejando apenas em pensar em perder seu querido omma.

A porta do quarto se abriu, tirando-o dos seus pensamentos fúnebres. Ele se desencostou da parede e foi até o médico. Era o médico da Alcateia Byun. No complexo, onde moravam, tinha um pouco de tudo, inclusive um médico próprio para as pessoas da sua espécie, já que os médicos humanos teriam um surto ao descobrir sobre eles além de não saberem como tratar alguém com sangue de lobo.

— O que ele tem? — a pergunta veio de Siwon, urgente do jeito que Chanyeol se sentia.

— Foi apenas uma queda de pressão. — o médico ômega respondeu e então sorriu, tranquilizador. — O senhor Donghae e o bebê estão bem.

Chanyeol piscou, confuso com o que tinha escutado do mesmo jeito que Siwon. Os dois alfas ficaram parados, sem saber o que fazer com aquelas palavras, não conseguiam junta-las e formar uma frase que fizesse sentido.

— O que? — Siwon acabou soltando, os olhos muito confusos.

Tinha mesmo escutado aquilo?

— Ah, o senhor não sabia? — o ômega sorriu mais um pouco. — O seu esposo está esperando um bebê. — repetiu mais devagar ao perceber como os dois alfas pareciam aturdidos. — O senhor não deve ter percebido porque o cheiro do bebê é muito parecido com o do seu esposo.

O maior entre eles, piscou mais um pouco e se encostou na parede ao lado da porta.

— Eu vou ter um irmãozinho? — a frase finalmente fazendo sentido na sua mente e o sorriso aparecendo na sua face.

— Quanto... quanto tempo? — Siwon gaguejou, surpreendendo o filho.

— Pelo que pude verificar, há uma semana. Mas depois que fizermos os exames, posso constatar exatamente.

Siwon lembrava. Uma semana atrás, quando tinha chegado da sua viagem. Ele e Donghae tinham passado bastante tempo juntos, em parte porque o cio do ômega estava perto e em parte porque sentira muito saudade do esposo, porém o cio não havia vindo como imaginara. Claro que tinha achado esquisito, mas tinha se ocupado tanto com os afazeres na empresa, que acreditou que fosse algo normal. No entanto, ai estava o resultado. Iriam ter um filhote.

Não sabia dizer o que estava sentido. Era uma confusão de emoções dentro de si, principalmente porque Donghae estava do mesmo jeito, então sua confusão se juntava com a do ômega.

Encarou o médico por mais algum tempo, fitando os seus lábios falando e tentando pegar as palavras. Mas não conseguia processar o que ela dizia sobre Donghae ter que marcar uma consulta na próxima semana para verificar a sua saúde, sobre tomar vitaminas e ficar de repouso por três dias.

— Nada de emoções fortes, nada de deixa-lo estressado. O senhor Donghae precisa ficar em repouso por no máximo três dias. — a médica recomendou.

Siwon assentiu e depois entrou no quarto, entorpecido demais com a notícia. Chanyeol deixou que ele fosse primeiro, pois tinha visto o estado desconsertado que o seu pai se encontrava. Iria entrar depois, disse a si mesmo. Acabou indo acompanhar o médico até a saída e quando estava passando pela cozinha, indo em direção ao segundo andar, avistou a figura escura do seu irmão mais velho.

Baekhyun estava sentado à mesa de jantar, a comida no seu prato bagunçada enquanto apoiava o rosto nas mãos. Parecia perdido em pensamentos.

— Baekhyun? — chamou inseguro, parando na entrada da cozinha.

O alfa levantou o rosto muito rápido, seus olhos estavam naquele tom de castanho escuro que mostrava que ele tinha estado se punindo por alguma coisa. E Chanyeol sabia muito bem o que era. Soltou um suspiro. Queria que Baekhyun não fosse assim consigo mesmo, ao se cobrar, ao se punir pelos erros de outras pessoas como se realmente pudesse impedir que o alfa mais novo não se apaixonasse pelo Kim. Era o tipo de coisa que ninguém podia prever.

— Como Donghae está? — se apressou em perguntar, sabia que Chanyeol ia começar com algum discurso sobre isso não é sua culpa, que ele tanto odiava escutar porque era tudo mentira.

— Vamos ter um irmãozinho. Acredita nisso? — animou-se na menção do pai.

Os olhos de Baekhyun se arregalaram em surpresa e logo depois o sorriso do irmão estava sendo refletido no seu rosto.

— Fala sério. — soltou meio rindo. — Nessa idade vamos ter um irmãozinho?

— Não vai ser incrível? Podemos ensina-lo a jogar futebol e mostrar onde encontrar as notas de wons que papai esconde nos livros da biblioteca. — Chanyeol se animou mais e Baekhyun riu.

Iam mesmo ter uma criança andando por aquela casa? Era surreal demais pensar nisso ao mesmo tempo que o deixava muito feliz, sempre quisera uma família grande. E agora iria ter um irmãozinho, isso o enchia de tanta felicidade que nem ao menos lembrava-se do que tinha acontecido há algumas horas. Se pôs de pé, animado.

— Vamos falar com o omma. — disse indo até Chanyeol.

— Depois, Baek. — o mais alto disse. — Appa está lá agora. Vamos deixá-los sozinhos.

Baekhyun piscou, mas depois assentiu. Tinha visto o pai agitado quando Donghae quase desmaiou. A preocupação estava estampada em cada parte do ser do alfa líder.

— Tudo bem. — disse. — Então me ajude a arrumar essa cozinha.

Chanyeol fez uma careta, mas se deixou ser arrastado até a mesa, onde começou a recolher os pratos. Baekhyun ia lavar as louças enquanto Chanyeol limpava a bagunça. Depois iriam ver como seu omma estava, por enquanto deixariam Siwon sozinho com o ômega.

No quarto, Siwon estava deitado junto de Donghae na cama, acariciava a sua barriga ainda um pouco incrédulo. Donghae beijava-lhe o rosto e ele mesmo retribuía depois, deixando pequenos selares em seus lábios, pedidos de desculpa sussurrados entre os dois. Siwon não queria ter gritado com Donghae e o próprio ômega não queria ter mentido, mas ele conhecia o marido bem o suficiente para saber como ele surtaria quando descobrisse.

— Não pode separa-los, Wonie. — sussurrou contra bochecha do alfa. — Eles se pertencem, como nós.

— Donghae, você sabe que não é assim que funciona. — Siwon disse com um suspiro. — Não tem a ver com sentimentos, é política.

— Então por que não fazem um trato? Vocês têm brigado por tanto tempo. — argumentou em favor do filho. — Podem assinar um documento.

O alfa sorriu. Donghae as vezes era tão inocente em relação algumas coisas. Se fosse tudo tão fácil assim, pensou. Ele podia assinar um documento e deixar Chanyeol desposar um Kim, mas não era isso que impedia tudo. O problema era a intolerância de Leeteuk. Eles dois não conseguiam se entender, tinham sempre que alfinetar um ao outro e depois da ameaça que o alfa fizera, Siwon só estava receoso. Sentia alguma coisa parecida demais com medo quando pensava no outro. Pois sabia como o Kim tinha alimentado um grande ódio de si durante esse tempo inteiro, além de que nem sequer podia deixar Baekhyun no comando sem que temesse que Leeteuk se aproximasse com aquelas ideias malucas de que o Byun na verdade era um Kim, um dos seus.

Era coisa de gente maluca. Era bem óbvio que Baekhyun era seu. Era seu filhote. Mas é claro que Leeteuk estava enfiado demais em sua dor para contestar isso.

— É, — se escutou dizer, apenas para tranquilizar Donghae. — podia ter um documento.

O ômega sorriu para ele e se aproximou novamente para beija-lo. Sabia que não tinha conseguido convencer o alfa a voltar atrás, mas tinha conseguido fazê-lo pensar sobre isso, o que basicamente queria dizer que Siwon podia muito bem reconsiderar a sua decisão. Voltou a seu aconchegar sobre o corpo do alfa, sua cabeça deitada sobre o peito deste e os pensamentos leves. Se sentia tão feliz por estar grávido mais uma vez. Fechou os olhos e ia dormir quando escutou batidas na porta.

Siwon mandou a pessoa entrar e logo, sobre a cama Baekhyun e Chanyeol estavam. Os dois sorrindo a sua volta, querendo tocar na sua barriga e constatar eles mesmo que havia uma criança ali. Era engraçado ter todos reunidos ali, meio sorrindo por causa de uma criança que ainda não tinha nascido. Eles eram uma família, no fim das contas, apesar da briga de antes e da loucura que o futuro traria.

***

Heechul sentou-se na cadeira vazia em frente à mesa do marido e o observou com o olhar irritado. Leeteuk estava esquisito e não era só porque não tinha dado um sorriso sequer desde ontem, mas sim pelo modo como até mesmo tinha negado Ryeowook naquele dia para ficar andando atrás do primeiro esposo. Heechul não entendia, mas também não reclamava.

Mas naquele começo de manhã quando o marido sairá para ficar no escritório trabalhando, tinha feito questão de acorda-lo e arrasta-lo consigo até ali. E era isso que o tinha irritado, porque Leeteuk nunca fez o tipo mandão.

— Vai me dizer por que me arrastou até aqui ou já posso ir embora? — perguntou cruzando os braços.

Leeteuk levantou os olhos das páginas de orçamento que estava lendo e fitou a figura irritada do seu marido. Não podia negar que o ômega era bonito. Bem bonito com toda aquela pose de “se afaste” que parecia estar estampado em si. Recordou-se da primeira vez que o viu. Ainda eram adolescentes e Siwon tinha se interessado por ele primeiro, mais por brincadeira do que por interesse realmente. Contudo, apesar da forma como Heechul olhava para Kyuhyun, foi com Leeteuk que acabou dividindo a cama.

— Precisamos ter uma conversa séria. — acabou dizendo, Heechul descruzou os braços, estava interessado agora. — Sobre Kyungsoo.

— Apenas deixe o garoto casar com Chanyeol de uma vez. — disse sem cerimônia alguma fazendo Leeteuk revirar os olhos.

Fazia alguns dias que o ômega vinha insistindo nisso. O perseguindo com esse maldito assunto, como se o alfa fosse louco o bastante para deixar que Kyungsoo casasse com algum Byun. No entanto, havia uma coisa... uma única coisa que precisava conversar com Heechul.

— Kyungsoo não vai casar com Chanyeol. — falou firme e quem revirou os olhos dessa vez foi Heechul.

— E você vai fazer o que para impedir isso? Vai deixa-lo trancado naquele quarto para sempre? Sabe que não vai adiantar, quando Junmyeon assumir, vai soltar Kyungsoo e deixa-lo casar.

— Ele não seria capaz! — se pôs de pé, espalmando as mãos na mesa e fitando Heechul com bastante raiva.

— Duvide. — rebateu calmo, sabia que não valia a pena se descontrolar com Leeteuk. — Nosso Junmyeon tem o pensamento diferente do seu, Leeteuk. Ele é bom e um ótimo líder, a Alcateia o ama. Todos vão apoia-lo quando chegar a hora.

Leeteuk sabia de todas essas coisas. Junmyeon iria ser um ótimo líder, tinha realmente nascido para esse cargo. Tudo que ele precisava era de um ômega a altura, coisa que Leeteuk não conseguia encontrar. Todos os pretendentes que o Cerimonialista lhe apresentava não combinavam com o cargo de Ômega Principal.

— Até isso acontecer, Kyungsoo vai continuar preso. — voltou a se sentar, um pouco mais calmo. — Não o quero junto daquele Byun.

Heechul balançou a cabeça em negação e se pôs de pé, iria sair dali.

— Onde pensa que está indo?

— Para casa. — respondeu simplesmente. — Está óbvio que não vamos chegar a lugar nenhum com essa conversa.

A praticidade de Heechul sempre lhe chamara a atenção. Nunca havia conhecido um ômega tão centrado quando aquele e tão atraente também, pois só ele sabia como o Kim conseguia enlouquece-lo apenas um olhar mais profundo. Pois enquanto Ryeowook era leve e fofo, corando facilmente a cada palavra mais suja dita no pé do seu ouvido, Heechul se destacava em vermelho brilhante ao ser tão ousado diante dos seus olhos. Os dois ômegas se completavam nas diferenças e por isso se tornavam as metades de Leeteuk.

— Ainda não terminei.

— Então termine. — Heechul realmente estava impaciente naquele começo de manhã.

Leeteuk comprimiu os lábios em desagrado pelo modo como estava sendo tratado.

— Venha aqui. — chamou e o ômega ergueu uma sobrancelha, desconfiado.

Mas acabou indo. Estava curioso para saber o que Leeteuk tinha para lhe dizer. E quando chegou perto o suficiente, teve a sua cintura enlaçada e seu corpo sentado sobre as coxas do marido. O alfa enfiou o rosto na curva do seu pescoço e deixou alguns beijos ali, queria deixar Heechul calmo para o que ia dizer ao ômega. O Kim, por outro lado, fechou os olhos. Fazia algum tempo que Leeteuk não o tocava daquela maneira. Acabou procurando o rosto do marido e o beijou. Sentiu quando as mãos dele entraram por baixo da sua camisa e tocaram a sua pele, logo tudo estava muito intenso. E as roupas estavam indo embora dos seus corpos e eles estavam sendo imersos no torpor que o prazer sempre lhes deixava.

Leeteuk gemeu quando Heechul mordeu-lhe o ombro ao mesmo tempo que deixava que o membro do marido entrasse em si. Era uma mistura engraçada de dor e prazer, que deixava o alfa sempre querendo mais do que Heechul podia lhe dar. Com Ryeowook não acontecia nada disso, não que não fosse bom. Era maravilhoso. Mas Leeteuk sentia falta de um toque mais bruto, de algo mais intenso, de poder tocar no outro sem medo que ele quebrasse. Pois Ryeowook era frágil demais para as coisas que realmente gostava. Mas com Heechul era diferente.

Eram mais toques, mais gemidos, mais pele com pele. Era terrivelmente delicioso e sempre o fazia pensar como podia ser tão idiota com esse ômega. Afinal, era o seu Ômega Principal. Devia marca-lo como seu, seu lobo sussurrou. E Leeteuk puxou Heechul para mais perto, colando o seu peito no dele enquanto o mesmo se movimentava no seu colo. Procurou o seu pescoço mais uma vez e deixo que as suas presas despontassem. Raspou-as na pele já marcada de chupões do ômega e quando sentiu o seu ápice chegando simplesmente as fincou na pele dele.

Heechul gemeu, os olhos se fechando em deleite ao perceber o que acontecia. Passou os braços em volta do marido e o trouxe para mais perto, deixando que ele o marcasse. Seu lobo se revirava dentro de si, uivando em felicidade. Seu alfa havia o reconhecido, finalmente. Quando os dentes de Leeteuk saíram da sua pele, não pôde se impedir de procura-lhe a boca para um beijo desajeitado por causa das presas despontadas. Sentia o gosto do próprio sangue em sua boca, mas não se importou. E quando o seu ápice chegou, se viu meio escondendo o rosto na curva do pescoço de Leeteuk e meio sorrindo, sem realmente acreditar que aquilo podia estar acontecendo.

— Você me marcou. — disse baixo contra a pele suada do alfa.

Leeteuk teve coragem de sorrir antes de dizer:

— Já estava na hora, não é?

— Idiota. — xingou, cansado, meio ofegante.

Sentia vontade de dormir, mas não queria sair do abraço de seu marido.

— Preciso te dizer uma coisa importante. — Leeteuk começou quando percebeu que Heechul estava mais calmo, mais frágil depois de terem feito amor.

— O que? — deixou beijinhos simples na pele do pescoço do alfa, onde tinha mordido.

— Quero casar Kyungsoo.

— Com Chanyeol? — perguntou simplesmente, não se sentia apto para ter aquele tipo de conversa.

— Não. — disse baixo e beijou o ombro do marido, não conseguia se concentrar para ter aquela conversa. Sentia-se esquisito, querendo mais de Heechul.

— Com quem então? — levantou a cabeça para encontrar os olhos do marido, estavam muito escuros denunciando a sua identidade lupina, se aproximou mais um pouco e beijou-lhe a boca devagar.

— Baekhyun. — contou quando os lábios de Heechul se separaram minimamente dos seus.

— Está louco. — Heechul confessou ao voltar se aproximar, deixando mais um beijo em sua boca.

Leeteuk riu contra os lábios dele, porque sabia que estava e sabia também que Heechul tinha entendido porque queria fazer aquilo. Era loucura, mas estava sem opções. Precisava saber o que acontecia naquela Alcateia, precisava saber se seu irmão estava mesmo morto e nada melhor do que infiltrar um dos seus ali, alguém de total confiança como seu filho. Mas havia um pequeno problema, quem seria o alfa-líder depois de Siwon, era Baekhyun e não Chanyeol.  Mas isso era apenas um detalhe, um mero detalhe que Kyungsoo podia driblar, afinal era tudo em nome da família. Tudo em nome da sua querida família. 

Ou pelo menos era isso que pensava.


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