Mirtilo escrita por OmegaKim


Capítulo 15
XIII - Onde guardo meu coração




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Donghae deitou-se na cama, ao lado do corpo do marido. Detinha os braços cruzados e o cabelo brilhava em azul-escuro, fazendo o seu rosto parecer mais claro e o corte na bochecha esquerda mais feio do que realmente era. Os lábios estavam comprimidos em um bico infantil, que não combinava em nada com sua idade. Mas estava emburrado demais para pensar nisso, queria um pouco de atenção do marido alfa, no fim das contas.

Siwon, ao seu lado, olhou para o ômega pelo canto de olho. Estava revisando alguns contratos da empresa antes de dormir, os óculos de grau no seu rosto deixando-o mais sério do que realmente era àquela hora da noite. A verdade era que aquele dia tinha sido cansativo para si, queria dormir em vez de ler aqueles punhados de papeis burocráticos, mas sabia que não podia, afinal era um homem de negócios e dados os acontecimentos recentes, achava que ainda não podia deixar tudo nas mãos de Baekhyun.

Estava chateado com o filho, um pouco decepcionado com a atitude que tomara ao se retirar da briga com os Kim’s, mas uma parte sua entendia que não haverá escolha, que se eles continuassem ali teriam sido mortos e Siwon teria perdido seu marido ômega, Donghae. E perder Donghae enchia o seu peito de uma dor imensa, que bem sabia que nunca superaria. Mas o alfa era orgulhoso demais para admitir que Baekhyun tinha acertado, ainda mais quando os Kim’s estavam envolvidos nisso.

Aqueles malditos Kim’s.

Era até engraçado pensar neles assim, com tanto ódio quando quem começou isso foi apenas um único Kim. A última pessoa no mundo em que ele pensaria que fosse trai-lo. E essa era a grande piada, no fim das contas. Porque no passado tão distante, eles todos já tinham sido tão amigos... Siwon que ainda se lembrava da infância que passou ao lado de Leeteuk, correndo pela aldeia Kim, descalços e fazendo travessuras com os mais velhos. Lembrava-se de Heechul mais novo, pois o tinha cortejado antes que o ômega terminasse ao lado de Leeteuk. Lembrava-se, para seu total desprazer, do modo como ele e Leeteuk eram melhores amigos e como havia uma terceira pessoa nessa amizade. O irmão mais velho do alfa, que já não estava mais vivo, graças ao Byun, Kim Kyuhyun.

Não era um passado bonito, apesar do começo cheio de luz que eles tiveram. Eram três no começo, agora eram só dois e tão separados um do outro, quando tinham jurado amizade eterna, que chegava a dar vontade de gargalhar bem alto sobre toda aquela coisa indigesta que eles haviam se tornado.

No entanto, o Byun tinha que ler aqueles contratos e dormir oito horas para poder acordar disposto para o dia seguinte de trabalho na sua empresa de marketing. Não podia ficar se distraindo com o passado a essa altura da vida, apesar de simplesmente não conseguir evitar fazer isso vez ou outra.

Wonie. — escutou Donghae chama-lo, tirando-o dos seus pensamentos nada bons.

Virou o rosto para fitar o marido e antes que pudesse perguntar o que havia de errado, teve seus lábios pegos em um beijo surpresa. Assustou-se com esse ato acabou por se afastar, mas o marido tinha outros planos, pois segurou-lhe o rosto e o impediu. Voltou a colar os seus lábios no do marido e dessa vez, Siwon aceitou o toque. Soltou as folhas de documentos que segurava e passou os braços em volta da cintura do ômega, puxando-o para cima do seu corpo enquanto sentia aquele gostosinho de calor invadir o seu peito do jeito que sempre acontecia quando Donghae estava perto de si.

Não saberia dizer como exatamente aquilo começou nem como se chamava, mas realmente gostava da sensação que apenas aquele ômega era capaz de lhe dar. Aquela paz gostosa que se espalhava por todo o seu corpo, relaxando os músculos e fazendo todas as preocupações sumirem dos seus pensamentos.

— Vamos fazer amor, Wonie. — Donghae pediu contra os lábios do alfa, os dedos delicados tocando-lhe as laterais do rosto e os olhos fechados enquanto a boca tocava minimamente a sua.

O Lee estava com tanta saudade do marido, que chegava a doer. Maldita marca que o deixava tão dependente, maldito cio que estava tão próximo e deixava suas emoções tão bagunçadas e malditos sentimentos que preenchiam o seu peito todas as vezes que sequer pensava em Siwon. Amava-o, tinha certeza disso. Amava-o tanto, tanto, mas tanto que beirava ao irracional, às vezes.

Recordava-se muito bem da primeira vez que o viu. Estava tão elegante usando um terno preto, o cabelo escuro penteado para trás e o rosto tão sério que causou calafrios em si. Eles tinham acabado de sair de uma guerra. Todos estavam devastados. Os Lee’s tinham sido quase extintos ao escolher o lado errado assim como os Lu’s — que haviam sobrado apenas ômegas para continuar a linhagem. Mas eles ao menos tiveram sorte, Donghae lembrava-se de pensar na época, pois tinham sobrado suficientes para poderem se agrupar novamente.  

Tinha apenas quatorze anos quando perdeu a família para a guerra e dos Lee’s que lhe sobraram, não haviam como cuidar de um filhote que não tivera o primeiro cio e provavelmente era um ômega. Ninguém queria um possível ômega para cuidar. Era trabalho demais quando todos estavam devastados, quando não tinha mais alimentos, quando mais da metade da alcateia estava morta e quando nem mesmo as terras que tinham lhe pertenciam mais.

Os poucos Lee’s que sobraram, terminaram pelas ruas de Seul, pedindo esmolas, se prostituindo, tentando construir um bando novamente... Mas eles eram tão poucos e estavam tão devastados com a morte do líder alfa, que simplesmente não conseguiam se organizar e dos poucos que restavam, acabaram por se afastaram ainda mais.

Foi assim que Lee Donghae terminou em Seul, perdido e sem um bando. Apenas com as roupas do corpo, parado em frente ao grande cinema da cidade, pedindo moedas para juntar com as poucas que tinha no bolso, afim de comprar um pedaço de pão para se manter naquela noite de inverno.

— Está com saudade de mim? — Siwon arranjou coragem de perguntar, apenas para deslizar os lábios pela bochecha do ômega, beijando delicadamente o lado machucado.

Escutou Donghae suspirar, totalmente entregue aos seus toques. Tão rápido, pensou. Donghae se entregava tão fácil à ele, que Siwon costumava se perguntar como podia ter tido tanta sorte ao encontrar aquele ômega. Porque o tinha encontrado, em frente a aquele cinema, maltrapilho e com o rosto fino de fome, a mão erguida pedindo algumas moedas.

O Byun, como seus vinte anos, achava que Donghae era um beta e quando percebeu o que o outro queria de si, havia o expulsado da sua frente. Mas o ômega tinha insistido, seguindo-o com os olhos chorosos e dizendo que não tinha mais nada. Siwon não era insensível. Sabia como a guerra tinha afetado os clãs, sabia como algumas tinha deixado de existir e sabia sobre os pobres Lee’s, que não tinham mais um líder e tinham se dissolvido pelo mundo.

“Por favor”. Ele tinha dito, chorando e com o rosto sujo de fuligem, a neve se derramando por dentre os seus cabelos escuros. Já era bonito naquela idade e continuaria muito mais bonito com o passar dos anos, ele mesmo comprovaria isso quando o pegasse pelo pulso e o levasse para casa.

— Você sabe que sim. — o ômega confessou, baixo em meio a um suspiro. — Nessa semana que foi embora, eu senti tanta saudade. Não sentiu? — se referiu a marca, que eles compartilhavam apesar de só Donghae carregar a marca no ombro direito.

— Senti. — Siwon encostou a sua testa na do ômega e suspirou, antes de procurar a boca do marido em um beijo calmo, delicado demais por causa do lábio partido deste, não queria piorar a ferida. — Todas as horas do dia. — tornou a falar, baixinho, contra os lábios do Lee. — Eu sentia você.

Deixou que suas mãos deslizassem pelo corpo do ômega, parassem na sua cintura, entrassem por baixo da camisa do pijama azul que ele usava. Adorava azul, Siwon sabia. O azul que fazia parte de todas as coisas que Donghae gostava e até mesmo estava nas suas irises, quando seu lobo tomava o controle, do mesmo jeito que estavam nas de Chanyeol. Eles eram parecidos, Siwon sabia. Chanyeol não havia herdado muita coisa de si, além da altura e do porte de alfa. Mas a doçura, o jeito de sorrir e a maneira sentimental de agir, isso tudo viera de Donghae. Tão diferente de Baekhyun, que havia herdado a seriedade e racionalidade do Byun, enquanto a aparência pertencia à sua mãe, fazendo o filho mais velho ser um constante fantasma aos seus olhos.

— Me sinta agora, Wonie. — praticamente ronronou o apelido que dera ao alfa.

Siwon achava aquele apelido ridículo, mas não quando saia dos lábios de Donghae porque Donghae podia fazer o que quisesse. Essa era a verdade, no fim das contas. Siwon que sempre era tão sério e que constantemente fazia seus funcionários sentirem medo de si, era completamente domado pela presença doce de Donghae. Seu pequeno Donghae que o amava de todo o coração, que era agradecido por muitas coisas que Siwon nem sequer sabia que tinha feito. Como por exemplo, aquele casamento. Eles não deveriam ter se casado. Um Byun e um Lee, que não tinha nada? Seu pai ficou furioso quando o alfa disse o que ia fazer. Mas Siwon já estava casado com a mãe de Baekhyun e por isso, não havia muita coisa que seu pai pudesse fazer contra esse casamento.

No entanto, mesmo depois da morte da mãe de Baekhyun, seu pai nunca foi capaz de aceitar Donghae e Chanyeol como parte da família. De uma forma totalmente preconceituosa, o Sr.  Byun somente reconhecia Baekhyun como seu neto e foi por isso, que deixou muitos bens no seu nome depois que morreu. Uma verdadeira fortuna em bens somente para Baekhyun. Seu pai era um egoísta, mas não era como se Siwon pudesse reclamar disso quando tinha seguido os seus passos.

Porém, havia Donghae para colocá-lo na linha. Sempre o trazendo de volta quando ele estava pendendo demais para o lado ruim. Era função de Donghae mantê-lo sobre a linha, às vezes, o puxando demais para o seu lado que o fazia esquecer dos seus objetivos na vida.

— Seu cheiro é tão bom. — enfiou o rosto na curva do pescoço do ômega e deixou beijos molhados na pele do seu pescoço enquanto capturava-lhe o cheiro.

Tudo em Donghae era terrivelmente bom. Nunca ficava bravo, sempre estava sorrindo e tentando tornar o ambiente alegre e sempre o estava amando tanto, que chegava a ser surreal. Às vezes ficava se perguntando o que havia feito para ter esse ômega quando tinha sido tão malvado com a mãe de Baekhyun. Não escondia isso de si mesmo ou do marido, eles dois sabiam sobre os pecados do alfa, este mais do que todos porque os tinha praticado e por isso havia mais motivos para que o Lee o odiasse. A começar pelo modo como terminaram casados.

Siwon nunca perguntara a Donghae se ele queria aquilo. Apenas casou-se com ele, quando o mesmo tinha seus quatorze anos estampados no rosto. Não tinha sequer tido o primeiro cio, mas na época Siwon só estava sendo teimoso ao ir contra as ordens do seu pai de devolver aquele serzinho para a rua, e não se importava realmente com o Lee. Se importava apenas com a sua esposa, a Park que o desprezava tanto que doía. Ela podia ter lhe dado uma chance, não é? Apenas uma chance antes de se envolver com seu melhor amigo, Kyuhyun, e trai-lo daquela maneira horrível. Ela podia ter lhe dado uma chance antes de engravidar de outro, não é? Podia ter ao menos olhado no seu rosto antes de ter se matado e deixado uma criança para trás. Havia tantas coisas que podiam ser diferentes nessa história, ele sabia.

A começar por si mesmo. Mas ao mesmo tempo que pensava nisso, percebia que se nada disso tivesse acontecido, ele não teria conhecido Donghae e eles não teriam terminado dividindo a mesma cama naquele verão quando o Lee tivera o seu primeiro cio e acabara por ser marcado por um Siwon raivoso demais por aquele não ser a sua primeira esposa. Recordava-se do modo como Donghae chorou, meio sorrindo, dizendo que estava feliz por ser marcado porque agora ele sabia que pertencia a algum lugar. Siwon não entendeu. Não conseguia ver sentido no que Donghae falava, achava-o tão bobo com toda aquela inocência, mas na medida que os dias iam se transformando em semanas e depois em anos, o ômega acabou se tornando algo tão importante para si. Principalmente quando engravidou.

Seu primeiro filho, pensou na época ao excluir totalmente Baekhyun deste posto. Tinha mais consideração por Chanyeol do que por Baekhyun, mas era que o último era tão parecido com mãe que lhe dava nos nervos. Tão malditamente parecido que lhe doía a consciência por todo o mal que tinha feito aquela ômega.

Ainda lembrava-se dela apesar de aos poucos a imagem da garota estivesse sumindo da sua mente. Não lembrava-se mais qual era o tom do seu cabelo ou da forma dos seus olhos. A imagem da garota Park ia sumindo, assim, devagar da sua mente... E era totalmente substituída pela imagem de Lee Donghae.

— Eu te amo. — o ômega sussurrou ao ter seu corpo deitado sobre o colchão, a camisa do seu pijama já tinha ido embora e o alfa ocupava-se em despi-lo das calças e todas as outras peças indesejáveis de algodão.

Siwon sorriu para si, o sorriso que pertencia apenas aos olhos de Donghae. Ah, Donghae tinha tanta sorte ao ter encontrado alguém como Siwon, que havia o resgatado da miséria e lhe dado uma família e tanto amor. Havia o transformado em seu ômega, marcado-o como seu mesmo quando já tinha uma esposa, porque ele não era idiota. Sabia como o alfa amava a primeira mulher e como não desistiria dela por nada. Mas quando foi Donghae quem recebeu a marca em vez dela, sentiu-se tão imensamente amado, tão imensamente protegido, afinal agora não era mais um Lee abandonado. Pertencia a um lugar.

— Também te amo. — Siwon devolveu, encostando a ponta do seu nariz na ponta do nariz do marido e arrancando risadinhas do mesmo. — Eu te amo. — confessou mais uma vez, apenas para beija-lhe a boca enquanto sentia as pernas do ômega fecharem-se envolta da sua cintura.

— Diga de novo. — Donghae pediu, deslizando as unhas curtas pelas laterais do corpo do alfa.

— Eu te amo. — o Byun repetiu e sorriu apenas para que o Lee sorrisse também.

Porque o que amava mesmo era aquele sorriso, amava mesmo era o modo como os olhos de Donghae tornavam-se azuis quando cheios de desejos. Amava mesmo era o jeito como o corpo dele se encaixava no seu, o modo como seus gemidos eram música para seus ouvidos — nunca altos demais ou baixos demais —, porque o amava mesmo era toda essa bondade em forma de gente que Lee Donghae era. Sempre capaz de olhar para dentro de si e ver tudo o que ninguém sabia que existia, pois só aquele ômega era capaz de ver o seu coração.

***

— Kyungsoo? — Minseok deu duas batidinhas na porta do quarto que costumava dividir com o irmão.

O loiro estava preocupado com irmão quando não o tinha visto desde a confusão sangrenta do Festival. Sabia que o gêmeo estava bem, que não havia nenhum arranhão no seu corpo pois ele mesmo havia inspecionado o corpo de Kyungsoo. Mas como estivera ocupado cuidando de Sehun, não tivera tanto tempo para verificar o estado real do irmão, afinal, Kyungsoo estava de castigo.

Seu pai, Leeteuk, havia descoberto sobre o romance que ele escondia há cinco anos com Byun Chanyeol. E na sua fúria havia deixado Kyungsoo de castigo, proibido de sair daquele quarto até segunda ordem. Minseok tinha tentado conversar com o pai sobre isso, querendo que libertasse o irmão, mas o alfa estava irredutível, pois enquanto não encontrasse uma maneira de acabar de vez com isso ou ao menos uma forma de pensar com calma sobre isso sem querer espumar pela boca de tanta raiva do filho por ter se envolvido com o inimigo, iria deixar Kyungsoo de castigo.

— Kyungsoo? — tentou mais uma vez.

Tinha roubado a chave reserva do quarto das coisas de Ryeowook, que era quem estava autorizado, depois de Heechul, a vir aqui.

— Vá embora. — escutou a voz abafada do irmão responder e pelo tom, percebeu que o ômega estava chorando. — Não quero falar com ninguém.

— Soo. — Minseok sussurrou contra a porta, os olhos fechados em cansaço. — Sou eu. Minseok.

— Minnie? — escutou o irmão fungar e sem esperar mais nenhum sinal do irmão, tirou a chave do bolso do seu short e abriu a porta apressado.

Trancou-a de volta e só então olhou para o gêmeo. Estava sentado no meio da cama, usando um pijama de ursinhos, o cabelo escuro bagunçado, a ponta do nariz vermelho e os olhos no mesmo tom. Tinha estado chorando, o Kim se deu conta sentindo o peito pesar. Odiava quando Kyungsoo se machucava, mesmo que quando mais novos fosse Minseok a ser o ingênuo entre os dois. No entanto, Kyungsoo estava amando e o que o pai estava fazendo com o ômega era doloroso demais, até mesmo de se ver.

Deixa-lo preso em seu quarto, sem nenhum tipo de meio de comunicação. Totalmente privado da presença do seu alfa, porque Minseok sabia muito bem que o lobo de Kyungsoo já havia escolhido Chanyeol como seu.

Foi até o irmão, abraçou-o apertado sobre a cama, enfiou o rosto na curva do seu pescoço e sentiu o seu cheiro floral. Estava com saudades do irmão. Durante os cinco anos que passou na França, tinha sentindo saudade da sua família e principalmente de Kyungsoo, que sempre fora o seu melhor amigo.

— Ah, Minnie. — Kyungsoo chorou durante o abraço. — Papai disse que não vai mais me deixar ver Chanyeol. — fungou contra o ombro do ruivo.

— Tudo bem, Soo. Não chore. Heechul vai conversar com ele. — Minseok confessou o plano que tinha armado com o pai ômega.

Eles três — Henry também estava no meio — haviam se reunido para debater sobre o caso dos “amantes desafortunados”, como Henry começou a chamar Chanyeol e Kyungsoo. Minseok contara ao pai como sabia que Kyungsoo namorava Chanyeol desde os dezesseis anos e como ajudara o irmão a fugir várias vezes a noite para ficar com alfa. No entanto, ao contrário do que achou, Heechul não brigou consigo ou ficou com raiva por ele ter escondido isso tanto tempo, o ômega mais velho se limitou a rir, como se aquela fosse a melhor piada do ano.

O que na cabeça de Heechul devia ser mesmo, porque para Minseok não pareceu nada além de um sinal de loucura. Até mesmo Henry concordou consigo nesse quesito. Porém, eles tinham bebido soju durante madrugada e formado um tipo de estratégia argumentativa contra os possíveis motivos que o seu pai alfa tivesse.

— Heenim? — Kyungsoo desencostou o rosto do ombro do irmão e fitou o mesmo, os olhos grandes cheios de confusão.

— Contei tudo sobre você e Chanyeol e ele está do nosso lado. — sorriu tranquilizador para o irmão, soltando-o e levando as mãos até o rosto do gêmeo e limpando as lágrimas dali. — Vai ficar tudo bem.

— Mas... mas Min, eles vão deixar que eu fique com Chanyeol? — estava achando difícil que o pai alfa aceitasse isso, assim, apenas por causa da interferência do Ômega Principal.

— Apenas confie no nele, huh? — usou a sua voz suave para passar segurança pro irmão.

Dessa vez, o ômega mais novo acreditou no irmão e deixo um sorrisinho aparecer no seu rosto. Estava mesmo se permitindo acreditar que ele e Chanyeol podiam ter um futuro juntos, pela primeira vez estava acreditando nisso. Pois durante esses cinco anos, o ômega sabia como criar esses sonhos na mente ia ser um caminho sem volta porque significava que ele estaria mesmo acreditando que aquele namoro podia ter algum futuro, coisa que era tão incerta quando os Byun’s odiavam tanto os Kim’s.

Kyungsoo não sabia porquê dessa rixa. Ninguém nunca contava o que realmente havia culminado nisso, o que ele sabia era apenas o que tinha conseguido pegar nas conversas dos mais velhos pela aldeia, as velhas palavras que se embolavam nas bocas dos idosos quando Kyungsoo os contestava. Até mesmo Chanyeol não sabia muito sobre a história, sabia apenas como tudo começou com a mãe de Baekhyun. A princesa Park, filha mais nova de Hyejin e Yongsun. Que foi sequestrada e o único Clã que ajudou nas buscas foi o Byun, mas quando encontraram a garota, o líder alfa da época — pai de Siwon — pedira a garota como pagamento.

Ela iria ser a esposa do seu único filho, Byun Siwon. Hyejin aceitou, já que estava totalmente sem saída. Havia sido pega em uma armadilha. E esse era o começo de todo o caos: o casamento forçado da garota Park.

O Kim havia procurado fotos dela. Era bonita com o cabelo preto escorrido até o meio das costas e o olhar atrevido. Se parecia com Baekhyun, lembrava de pensar. No entanto, quando tentou conversar com o irmão do namorado sobre a mãe, acabara recebendo nada além de um olhar azedo e um rosnado nada amigável. Era um assunto delicado, Chanyeol tinha lhe segredado mais tarde. E acabou por deixar isso de lado enquanto se perdia nos braços do namorado, no entanto agora que via o quanto o pai estava irado com o fato dele estar namorando com Chanyeol, entendia que essa história era grave o suficiente para durar mais de vinte anos.

Porque estava mais do que óbvio que aquele tiro em Sehun foi apenas a gota d’água que faltava para que tudo transbordasse de uma vez.

— Eu confio. — o garoto respondeu e voltou a abraçar o irmão.

Iria confiar no pai para mudar o pensamento de Leeteuk, afinal fazia muito tempo que os Byun’s e Kim’s se odiavam, estava na hora deles superarem isso apesar de Kyungsoo não saber o que realmente havia originado isso, mas realmente queria acreditar que podia existir um futuro para ele e Chanyeol, um futuro onde eles ficariam juntos. Se amariam e teriam os seus filhotes...

Filhotes.

Kyungsoo não sabia como ia lidar com crianças, mas sempre tinha pensado nelas quando imaginava um futuro ao lado de Chanyeol. Queria filhotes com ele, talvez uns três ou quatro porque queria uma família grande. Então eles morariam em uma casinha numa fazenda ou num lugar que tivesse um quintal muito grande, pois queria um jardim e queria que seus filhos tivessem algum contato com a natureza, queria que eles crescessem tão livre quanto ele cresceu. Subindo em árvores, comendo frutas do pé ou brincando no lago.

— Quer que eu traga algo pra você comer? — Minseok separou-se dele, olhando sem seus olhos atrás de rastros de lágrimas, mas não havia nada. — Eu sei onde nosso appa guarda os doces. — contou, abaixando a voz como se fosse um segredo e meio sorrindo no fim da frase.

O moreno sorriu, seus olhos refletindo o brilho de travessura dos olhos do irmão. Ainda era capaz de ler as emoções dele, saber o que se passava na sua mente. Eles eram gêmeos, afinal. Kyungsoo tinha lido reportagens sobre gêmeos que sentiam quando algo ia acontecer com o outro, como uma espécie de sexto sentido. Uma parte sua sabia que isso era verdade, porque ele e Minseok tinham uma ligação muito forte. Eram melhores amigos, duas partes de um todo e por tudo isso que Kyungsoo conseguiu ver o antigo Minseok sob toda aquela camada de amadurecimento que existia no irmão, pois ele bem sabia como o ruivo já não era o mesmo.

Parecia cheio de segredos com aquele amiguinho chinês, Henry, e também com o pai Heechul. Eles tinham adquirido o mesmo porte sofisticado, como se tivessem vindo do mesmo lugar. E Kyungsoo achava que eles tinham vindo mesmo, porque alguns dias antes do Festival, havia notado a tatuagem no tornozelo do pai ômega. Era o mesmo símbolo ômega que havia na lateral do corpo de Minseok.

Porém, isso não significava nada já que eles só podiam ter tido a mesma ideia ou Minseok podia ter só copiado o pai. Não seria a primeira vez, pois desde criança que Minseok queria ser como o mais velho. Cheio de admiração para com Heechul, mas o moreno não podia culpa-lo, já que ele mesmo já quis muito ser como o pai. Mas quando Heechul tentou ensina-lhe regras de etiqueta, não havia dado muito certo.

O Kim mais novo não servia para esse tipo de coisa. Era papel de Minseok ser educado e fofo. Kyungsoo precisava apenas ser agitado e língua afiada, afinal ele e o irmão era duas partes que se completavam, não que eram iguais. E era justamente por não serem nada parecidos que combinavam tanto, tinham ideias que se complementavam. Ideias essas que encorajaram Minseok a ir até o esconderijo do pai Ryeowook e rouba-lhe os doces, para comerem sobre a cama do irmão mais novo.

Era como uma festa do pijama, Soo pensou. Uma festa só dele e Minseok, como nos velhos tempos quando eram só adolescentes descobrindo o mundo.

— Eu quero ter três filhotes. — Minseok contou ao irmão, deitado de barriga pra cima na cama do irmão enquanto Kyungsoo estava do mesmo jeito ao seu lado.

A luz da lua entrava pela janela, agora, gradeada — para que não fugisse por ali — e derrama-se pelo chão do lugar, apenas para começar a se espalhar pelas paredes e subir até o teto e iluminar parcialmente o cômodo. Eles haviam apagado a luz, afim de não levantar suspeitas sobre a visita de Minseok à cela do gêmeo.

— Sehun vai adorar saber disso. — o moreno brincou e na escuridão parcial do quarto, o loiro corou.

Havia se esquecido do noivo. Não estava exatamente pensando nele quando ele e Kyungsoo entraram naquele assunto sobre família e casamento. Entretanto, não sabia em quem deveria pensar. Sabia apenas como queria ter filhotes. Três. Duas garotas e um garoto. Não tinha escolhido os nomes, porque queria fazer isso junto do seu marido. Mas dado o que Kyungsoo disse, teria que decidi isso com Sehun. No entanto, sentia-se inseguro sobre o alfa. Como eles fariam para ter filhotes quando o alfa parecia tão fraco?

— Min? — o gêmeo chamou quando o outro ficou muito calado diante da piadinha do irmão. — Tudo bem?

— Soo, — o ruivo começou, a insegurança aparecendo na sua voz. — eu acho que Sehun não vai viver muito tempo. — contou ao irmão a coisa que mais lhe incomodava.

Ele podia não ser apaixonado pelo Oh, mas não queria que ele morresse. E por causa do acordo que havia feito com Lu Han, precisava ter filhotes com Sehun. Porém, dado a saúde do alfa, acreditava que ele não viveria muito tempo para ver seus filhotes crescerem e no fim das contas, Minseok não queria ficar viúvo cedo, com um bando para cuidar até que seu filho se tornasse apto para o cargo.

— Minnie, eu sei que Sehun tem uma saúde frágil mas ele sempre foi tão forte. — Kyungsoo virou-se lado para fitar o perfil do irmão. Parecia sério demais. — Você está apaixonado por ele? — perguntou, hesitante.

— Não. — respondeu prontamente, virando-se de lado para ficar de frente para o irmão. — Ele é como um amigo, sabe. Acho que no futuro posso me apaixonar por ele, mas penso que o futuro é muito curto para nós.

— Está sendo pessimista. — tentou o tranquilizar, apesar de saber que não havia nada no mundo que pudesse dizer para fazer o gêmeo ficar tranquilo.

O seu futuro com Sehun é tão incerto quanto o meu com Chanyeol, o ômega mais novo pensou um pouco triste demais para alguém tão novo.

— Não é pessimismo. — devolveu. — É a realidade.

— Não pense nisso agora, Min. Só está adiantando a dor. — procurou a mão do irmão e entrelaçou com a sua, queria passar algum conforto para o ruivo.

— Tem razão, Soo. — falou por fim com um suspiro pesado.

Iria deixar isso para o futuro. Agora tinha que se concentrar no presente, precisava se concentrar em casar com Oh Sehun.

Eles ficaram em silêncio, de mãos dadas como nos velhos tempos quando eram crianças e dormiam juntos para não terem pesadelos.

— Sabe o que lembrei? — Kyungsoo se agitou de repente, soltando a mão de Minseok e rolando na cama, ficando de barriga para baixo e os pés balançando no ar. Lançou um olhar malicioso na direção do irmão mais velho.

— O que foi? — Minseok fez pouco caso da expressão do irmão, fazendo-o revirar os olhos depois sorrir para si.

O mais velho sentou-se na cama, as pernas cruzadas, procurou o pacote de rosquinhas e começou a comer uma quando o irmão falava:

— Lembrei de você secando Byun Baekhyun no Festival.

Fitou o saco de rosquinhas, mastigando devagar e sentindo seu rosto corar. Achava que com a confusão daquela noite ninguém ia lembrar dos seus olhares para o alfa.

— Nem adianta negar, eu sei que está corado e isso já entrega tudo. — Kyungsoo disse rindo, os pés agitados no ar.

— Não estou vermelho coisa nenhuma. — Minseok rebateu de boca cheia, violando a regra de etiqueta mais importante que havia aprendido na Academia para Ômegas.

— Está sim. — o moreno sentou-se na cama rapidamente apenas para tocar na bochecha do irmão como uma provocação.

— Aish! — bateu na mão do irmão ao passo que Kyungsoo ria, abafando o som com a mão em frente a boca para não chamar a atenção de ninguém.

Adorava provocar o irmão, pois Minseok ficava muito fofo com o bico emburrado nos lábios e as bochechas infladas daquele jeito. Infantil demais.

— Então? — soltou divertido, os olhos brilhando de animação na direção do irmão.

— O que? — se fez de desentendido.

— Por que estava secando Baekhyun? — revirou os olhos, impaciente demais do jeito que sempre fora.

— Ora, porque... porque... — tentou mentir, mas era difícil fazer isso para Kyungsoo, quando ele parecia conhece-lo tão bem.

— Não minta! — o moreno apontou o dedo para ele.

— Porque ele tem um cheiro gostoso! Pronto! — exasperou-se, sentindo que o rosto ia derreter a qualquer momento e Kyungsoo tapou a boca com a mão para esconder sua surpresa em escutar aquilo. — Satisfeito? — soltou, emburrado por ter que se expor daquele jeito.

Mas não era como se pudesse negar agora que já tinha dito. Baekhyun realmente tinha um cheiro gostoso. Era diferente do cítrico de Jongdae ou eucalipto suave de Sehun. Era alguma coisa quase adocicada, que deixava Minseok curioso para chegar mais perto e sentir mais daquilo. Não que ele sempre fora assim, quer dizer, Baekhyun tinha um cheiro legal quando estavam na escola, mas nunca tinha reparado muito porque o alfa estava sempre torrando-lhe a paciência para que perdesse tempo reparando no seu cheiro. Mas agora, cinco anos depois...

O loiro não sabia o que estava diferente, não lembrava-se mais do cheiro do alfa até o momento em que o sentiu no Festival. Tinha procurado o dono do cheiro até que encontrou o alfa o fitando de volta, como que preso na mesma curiosidade. Mas era só isso, Minseok disse a si mesmo na festa, só curiosidade.

— Ah, Minnie. — o gêmeo disse ainda com um sorriso no rosto. — Você é tão bobo.

O Kim não entendeu, mas também não perguntou o que aquilo queria dizer. Se ocupou apenas em mudar de assunto, estava cansado de ser o centro da conversa.

***

 — Eu vou me atrasar, Donghae. — Siwon disse, a voz denunciando falsa impaciência ao passo que o ômega revirava os olhos e continuava sentado sobre o colo do marido, impedindo-o de se levantar.

O Lee sabia que era só Siwon empurra-lo para o lado e então se veria livre de si, mas sabia também que o alfa não faria isso. Ainda mais quando estava com as mãos fechadas na sua cintura, fazendo-o se movimentar para frente e para trás, do jeito mais vagaroso que conseguia. Era o ritmo deles: devagar.

Tinham demorado algum tempo para encontrarem o seu ritmo, ainda mais quando Donghae era tão sensível e Siwon tão sério. O ômega ainda lembrava do modo como o alfa tinha sido rude consigo no começo assim como se lembrava do modo como ele tinha tentado ser doce e gentil.

Deitou a sua cabeça no ombro do marido e gemeu arrastado, as mãos se fechando nas laterais da camisa dele, maltratando o tecido azul-escuro entre os dedos. Não se importava se o marido ia se atrasar ou não, ele era o dono da empresa afinal, podia se atrasar um pouquinho. Mexeu o rosto e então deixou beijos por sobre pele exposta do pescoço do alfa e o sentiu se arrepiar. Era o sinal que precisava para saber que o marido não se desvencilharia de si tão cedo, pois tão logo quanto queria, terminaram deitados na cama fazendo amor.

Donghae era uma bagunça de emoções. Havia algo de mágico em fazer amor com seu parceiro, alguma coisa tremendamente viciante que sempre deixava o ômega querendo mais dessa sensação. Ele não sabia o que era, afinal não tivera tempo de aprender muita coisa sobre ômegas na sua aldeia antes que fosse extinta. Na verdade, Donghae não sabia muita coisa sobre si mesmo. Sabia apenas o que havia aprendido com o tempo, como contar os dias para o seu cio e sobre como a Lua Cheia influenciava nisso.

Mas as vezes sentava-se na roda de conversa com outros ômegas da alcateia Byun e escutava os seus relatos. Aprendia coisas por aí, contudo ainda não sabia o que era aquilo que o deixava tão dependente de Siwon. Uma parte sua dizia que era culpa da marca, que os ligava mais profundamente que qualquer sentimento, já que era uma ligação de almas, outra parte só lhe sussurrava as velhas histórias sobre almas gêmeas.

Lembrava-se pouco delas. Eram palavras soltas na sua mente, pois quando escutar sobre aquilo era tão novo. Não tinha mais que dez anos quando sua mãe contou-lhe sobre como os antigos lobos reconheciam seus parceiros destinados pelo cheiro. Era uma história boba, ele sabia porque já não era mais assim que acontecia hoje em dia. No entanto, se permita acreditar que ele e Siwon eram parceiros destinados e talvez fosse por isso, que tê-lo tão junto de si quando faziam amor, era tão maravilhoso.

— Passe o dia comigo. — Donghae pediu, o cabelo azul-escuro parecendo preto naquele começo de manhã.

Estava embolado no lençol branco da cama, o cabelo bagunçado denunciando tudo o que tinham feito assim como as pequenas marcas avermelhadas na sua clavícula.

— Eu preciso trabalhar, Hae. — Siwon disse suavemente, de pé, ajeitando a gravata do paletó.

Donghae suspirou, frustrado. Queria o marido só pra si. Estava cansado de sempre ter que dividi-lo com a empresa ou qualquer coisa.

— Por favor. — pediu mais um pouco e o alfa veio até si, na cama, segurou-lhe o rosto e o beijou suavemente.

O ômega amava aquilo. Ser tratado como uma peça delicada, pois Siwon era sempre tão gentil quando estavam a sós. As vezes se perguntava se ele seria assim se a mãe de Baekhyun, Jihyun, ainda estivesse viva. Talvez, sua consciência sussurrou, pois o alfa sempre fora mais apaixonado pela Park do que pelo Lee. No entanto, era esse último que havia recebido a marca. Pois na sociedade em que viviam, um alfa podia apenas marcar um ômega, já que os betas até podiam ser marcados, mas a marca não durava muito.

— Prometo que volto para o jantar. — disse contra os lábios do marido e Donghae bufou se afastando, Siwon sorriu diante do modo emburrado do marido. — Há algo importante que tenho que fazer na empresa hoje, — começou a contar antes que Donghae ficasse com raiva de verdade. — sobre o casamento de Baekhyun.

— Casamento? — o ômega soltou, um pouco surpreso. — Mas Baek ainda é tão novo.

— Ele já tem vinte um anos, Hae. Está mais que na hora de isso acontecer e além do mais, nunca o vejo com ninguém.

— Baek é tímido, Wonie. — voltou a se aproximar do marido, encostando sua cabeça no ombro dele e o alfa deixo um beijo entre seus cabelos. — Eu lhe apresentei alguns ômegas, mas ele não gostou de nenhuma. Baekhyun não gosta do cheiro de outros ômegas.

— Não gosta? — Siwon estava confuso.

Como um alfa solteiro não gosta do cheiro de outros ômegas?

— Ele nunca passa o cio com ninguém. — Donghae contou o que sabia sobre o filho. — Nunca o vejo com ninguém e todas as ômegas que tentaram se aproximar de si, foram afastadas logo em seguida.

Siwon ergueu uma sobrancelha, totalmente desconfiado. Tinha conhecimento que Baekhyun era muito tímido, retraído demais para um alfa e que não tinha lá muito jeito com garotas ou garotos. Era por isso que o tinha levado naquele prostibulo há uns bons anos, acreditava que estava ajudando o filho a se tornar mais relaxado, mas o que tinha acontecido parecia exatamente o contrário.

— É por isso que estou escolhendo uma parceira pra ele. — decidiu dizer. — E depois que eu terminar isso, podemos escolher alguém para Chanyeol também.

Donghae engoliu em seco diante dessa última frase. Queria contar ao marido sobre o romance que o filho mais novo vivia com um Kim, mas tinha plena consciência que o alfa iria enlouquecer quando soubesse.  No entanto, não era como se houvesse hora certa para contar isso e ele já tinha sustentado essa mentira durante tanto tempo.

— Chanyeol já tem alguém. — se escutou contar.

— Ah, sim. O namorado secreto. — e riu ao passo que Hae tentava acompanhar, fingindo graça. — Diga a ele que deve me apresentar esse ômega se quiser casar com ele ou então arranjarei outro. — ditou, se afastando do marido e ficando de pé.

Procurou o seu paletó enquanto o ômega deitava-se na cama, puxando o lençol para cima de si. Queria ajudar o filho a ficar com Kyungsoo, mas não queria mentir para o marido. Estava com medo da possível forma como Siwon ficaria com raiva de si. Não queria ser rejeitado pelo mesmo, mas resolveu pensar mais tarde sobre o caso do filho. Ia primeiro se reunir com Baekhyun e Chanyeol e então decidir o que iam fazer sobre isso.

— Eu já estou indo. — Siwon anunciou e o ômega rolou na cama para poder olha-lo melhor.

Estava segurando uma pasta de couro preto e muito bem vestido em seu terno. Parecia como o dono de uma empresa, o que era verdade. Suspirou, apaixonado demais para negar para si mesmo.

— Tenha um bom dia de trabalho. — falou e o alfa sorriu para si, conseguia ler nos seus olhos que ele queria ficar, mas tinha compromissos demais para isso. — Não deixe Baekhyun trabalhar muito, você sabe que ele está com o pé machucado.

— Hae...

— Fale com ele, Wonie. — interrompeu o marido. — Nosso filhote acha que você está com raiva dele.

Siwon achava bonito quando Donghae dizia “nosso filhote” ao se referir a Baekhyun.

— Você mima muito Baekhyun, Donghae. — soltou, soando irritado porque sabia como estava errado, mas era orgulhoso demais para voltar atrás.

— Ele estava certo, Wonie. Se tivéssemos ficado, teríamos morrido. — argumentou tranquilo, queria trazer um pouco de razão para o alfa.

Siwon bufou, desviando os olhos do ômega. Não queria pensar em como quase perdeu Donghae. Ainda lembrava-se do modo como tinha ficado inquieto, sentindo aquela coisa pesada e dolorosa no peito ao sentir o desespero do marido através da marca. Tinha fretado um jatinho na mesma hora apenas para voltar o mais rápido possível.

— O que quer que eu faça? — perguntou de uma vez, sabia que Donghae não desistiria tão fácil.

 — Fale com ele. Tomem um café juntos, não sei. Só diga a ele que não está chateado. — falou e os olhos do alfa encontraram-se com os seus e o Lee teve coragem de sorrir, derrubando de vez as defesas do Byun. — E não o faça trabalhar muito.

— Tudo bem, Hae. — disse suavemente, seus olhos desviando-se para o contraste da pele dourada do marido contra o tecido branco do lençol de cama. Era terrivelmente bonito, atraente demais e só seu.

Voltou a se aproximar e dessa vez, deixou um beijo demorado na testa dele. Desejando que o mesmo ficasse bem durante o dia. Prometeu que voltaria à noite para o jantar, como era o costume. Donghae assentiu e o deixou ir, mesmo que não quisesse. E foi apenas depois que o marido saiu pela porta do quarto, que deitou-se de barriga para cima e suspirou. Precisava arranjar uma maneira de contar a Siwon sobre Kyungsoo.


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