Mirtilo escrita por OmegaKim


Capítulo 14
XII - Dupla face




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A mão dele acertou a sua bochecha direita com força, fazendo-o virar o rosto para o lado e o ardor inundar a sua face machucada. Fechou os olhos com a dor, afim de aplaca-la, tentando não se concentrar nisso, mas ao mesmo tempo que o fazia, sabia que merecia aquele tapa. Porque no fim das contas, o que acontecera no Festival, tinha sido culpa sua.

— O que estava pensando?! Enlouqueceu?! — Siwon esbravejou, usando sua voz de alfa e fazendo Donghae, no sofá da sala, se encolher minimamente mesmo que a pergunta não fosse dirigida a si. — Fugir de uma briga, onde já se viu... Nem parece um Byun.

Deu um passo para longe do filho mais velho e lançou um olhar para o marido ômega, aproximou-se de si e segurou-lhe o rosto, fazendo o levantar e fita-lo de volta. O alfa avaliou o corte na bochecha esquerda do marido e o seu lábio partido, fruto do pandemônio que aconteceu no Festival da Lua. Comprimiu os lábios, totalmente irritado com aquelas marcas no rosto do marido e soltou-lhe a face com nenhuma delicadeza, deixando que Donghae abaixasse os olhos novamente.

— Nós estávamos em menor número, não tínhamos como ganhar. Foi melhor para todos uma retirada. — Baekhyun arranjou coragem para dizer, a cabeça baixa e o corpo parado no meio da sala, em pé.

Siwon soltou uma risada desdenhosa antes de dizer algo:

— Foi melhor para todos uma retirada? É assim que você chama essa vergonha, de retirada? Antes tivesse ficado e lutado até o fim, em vez de sair correndo da presença de um Kim. — o alfa suspirou, pesaroso, voltando a andar em direção ao filho. — Você me envergonha, Baekhyun. — disse e o filho fechou os olhos, sem coragem alguma de levantar o rosto e ver a decepção no rosto do pai.

Sabia que não havia tido escolha ao organizar uma retirada, mas sabia também como tinha sido covarde. Devia ter ficado e enfrentado os Kim’s até que suas forças fossem esgotadas, do jeito que lhe foi ensinado. No entanto, os poucos da sua alcateia que estavam lá, estavam sendo massacrados pelos Oh’s e os Kim’s, e mesmo os Park’s — que eram seus aliados — não eram muitos e estavam perdendo também. A verdade, no fim das contas é que se não fosse Kim Minseok ajuda-lo a fugir daquela luta, eles todos estariam mortos.

Ainda lembrava do modo como o ômega o fitou, cheio de determinação ao dizer que ia ajuda-los a ir embora enquanto tinha uma arma apontada para si, para manter as aparências. “Pegue seu bando e saia, eu posso causar uma distração”. Baekhyun não entendia porque ele fizera aquilo, afinal fora alguém do seu clã o culpado pelo tiro em Sehun. Mas no momento em que recebeu a proposta, entendeu que não tinha tempo para respostas e era graças a um Kim, que Donghae ainda estava vivo.

Seu pai ômega, que não sabia lutar nem se defender. Baek e o irmão tinham montado um tipo de guarda em volta do pai, mas eram tantos Kim’s e Oh’s para se defender contra, que era praticamente impossível evitar que o ômega mais velho não tivesse nenhum arranhão. O que de fato havia. O rosto do pai estava desfigurado por um arranhão sangrento na lateral do rosto, mas não era fundo o suficiente para que uma cicatriz ficasse ali e os cortes que adornavam o seu tronco também não ficariam para sempre, bem diferente da mordida que Baekhyun levou do líder Kim no ombro ou da marca dos dentes do lobo prateado na lateral do seu corpo que seriam eternas lembranças.

Duas costelas quebradas, o tornozelo esquerdo quebrado e vários arranhões pelo corpo e rosto, além da perda de sangue demasiada, que o fez desmaiar durante o caminho até em casa. Mas estava tudo bem, porque dos poucos que foram consigo no Festival, conseguiram voltar com quase a metade. Era uma perda pequena se ele fosse comparar com o tanto de adversários que tinham, contudo não era assim que a alcateia pensava, já que continuavam pedindo uma retaliação. Pois, do modo como parecia quando olhado de fora: Kim’s haviam armado uma emboscada.

Contudo, Baekhyun não queria brigar, coisa que era bem diferente do pensamento do seu pai. Siwon queria destruir todos os Kim’s, a começar pelo grande líder deles, Baekhyun tinha esse conhecimento assim como sabia que o pai só queria fazer isso por causa da sua mãe morta. Ele tem inveja, sua consciência o alertou. Tinha inveja do modo como sua mãe foi capaz de amar um Kim, em vez de aceita-lo como o seu marido. Era toda essa inveja que inflamava os seus nervos e o fazia incapaz de pensar?

— Mas a besteira já está feita. — o líder Siwon falou e deu alguns passos para longe do filho, sentou-se no sofá. — Me conte por que eles nos atacaram. — mandou. — Qual foi a besteira da vez?

O alfa mais novo molhou os lábios com a ponta dos lábios, afim de evitar dizer como aquilo não fora culpa sua. Eles estavam quietos, os Byun’s bem comportados e agindo com respeito para cima dos Kim’s como tinham sido instruídos pelo mais velho, no entanto havia se distraído com a implicância de Chanyeol para cima de si ao tentar fazê-lo dançar com Kim Minseok, então não havia visto o começo da agitação que terminou naquela batalha sangrenta por algo que Baekhyun não entendia. Não havia sido sua culpa, tinha repetido para si mais tarde, porém mesmo quando dizia em voz alta ou quando pensava nessas palavras, sabia que uma parte disso tinha sido sua culpa, sim, pois tinha sido um líder relapso.

Talvez, se fosse o seu pai ali, no seu lugar naquela festa, tudo não teria ganhado essa proporção. Siwon, com certeza, teria conseguido ver como algo ia dar errado. Teria sido capaz de ver nos rostos de um dos seus lobos a traição ou no mínimo uma raiva que denunciasse o que ia acontecer. Ele estaria mais preparado.

— Não foi culpa dele, querido. — escutou Donghae interferir, a voz baixa e o instinto de ômega falando mais alto ao querer proteger o filhote.

O marido lançou um olhar raivoso para o ômega, irritado com sua interferência na conversa quando não havia sido solicitado a sua opinião. Acabou rosnando para o Lee, fazendo-o se encolher e abaixar a cabeça novamente, ficando do jeito que ômegas deviam ficar: quietos.

— Alguns do nosso clã foram pegos invadindo o escritório do líder Kim. — fez que não viu quando o pai repreendeu Donghae, contou o que sabia daquela noite, o motivo por qual estava sendo acusado. — Leeteuk nos atacou primeiro, disse que tínhamos armado uma armadilha. Então quando consegui o convencer de que estava errado, um dos nossos atirou no líder Oh e então...

— O pandemônio começou. — Siwon completou, erguendo a mão e balançando no ar como se estivesse espantando um mosquito. — Quem atirou em Sehun provavelmente estava querendo fazer um favor, é óbvio que aquele garoto não vai viver muito. — comentou, o canto da boca se enrugando em desagrado.

Seja lá o que aquele lobo estava pensando, fez tudo errado. Não deveria ter mexido com os Oh’s, logo os Oh’s que tinham uma longa história de amizade com os Kim’s, o que fazia um tomar as dores dos outros ainda mais por causa de Sehun, o alfa doente que além de líder era sobrinho de Leeteuk. Realmente, alguém do seu bando havia feito uma besteira e tanto.

— Onde ele está? — resolveu perguntar ao filho. Baekhyun o encarou meio confuso com a pergunta repentina. — A pessoa que causou isso. — especificou.

— Morto. — escutou o filho responder. — Morreu durante a batalha.

Baekhyun lembrou-se da cena do lobo prateado correndo na direção daquele que fez o disparo, não dando chance alguma a ele antes de cravar os dentes no seu pescoço e mata-lo.

Siwon, suspirou, frustrado demais com tudo isso. Já bastava a confusão que aconteceu na América do Sul, afinal tinha chegado tão perto apenas para perder tudo em um piscar de olhos... E quando voltava para casa, achando que podia usar Donghae para aplacar a sua frustração, apenas encontra mais bagunça. Parecia até que a Grande Mãe Lua estava testando a sua paciência, como que afim de saber quanto ele aguentava antes de receber a recompensa. O alfa podia aguentar bastante, apenas esperava que a recompensa valesse o esforço.

— Eu já ouvi o bastante. — se pôs de pé, passou a mão no cabelo e só então olhou em volta, só agora dando falta de alguém. — Onde está Chanyeol?

— Em repouso. — Baekhyun respondeu, abaixou os olhos para a bota ortopédica que usava. — Quebrou a perna direta.

— Tsc. — estalou a língua no céu da boca. — Kangin não anda ensinando nada a vocês? — perguntou retoricamente, se referindo ao beta que os ensinava lutas.

Baekhyun não respondeu e muito menos Donghae. O ômega sabia como o marido estava irritado, ainda mais porque o que quer que fora fazer fora da Coréia não havia dado certo e por isso achara que podia relaxar em casa, mas só encontrara isso. Donghae não o culpava por estar sendo rude, pois já estava casado com Siwon há tanto tempo, que simplesmente entendia como ele não conseguia controlar muito bem o seu gênio. Afinal, tinha sido ensinado que tudo devia ser perfeito e quando algo arruinava essa perfeição, apenas ficava irritado. E por saber disso, o Lee apenas tinha paciência. Seu amor paciente, que esperava quando o alfa estivesse mais calmo para poder se aproximar, porque só ele sabia como no silêncio do quarto dos dois, Siwon ia abraça-lo e esconder o rosto na curva do seu pescoço depois de deixar beijos na sua pele e fazê-lo suspirar seu nome.

Mas por enquanto, cabia a ele manter a cabeça baixa e aguentar.

— Realmente, vocês me decepcionam. — o alfa mais velho disse antes de soltar um suspiro e começar a se afastar.

O filho, fechou os olhos, guardando as palavras do pai. O modo como elas pesariam pelo resto da vida. Era uma decepção, no fim das contas. Sempre seria uma decepção, seja para a sua mãe morta ou para o seu pai, que ainda vivia. Tinha tentado com bastante afinco ser o melhor em tudo, havia se esforçado nos estudos, havia se esforçado nas aulas de estratégia e luta... Havia se esforçado tanto, para ao menos receber algum tipo de reconhecimento do pai, em vez do eterno olhar de “a culpa é sua”, que estava acostumado a receber. Mas decepção... decepção era um nível que Baekhyun não queria chegar.

Permaneceu de cabeça baixa enquanto escutava os passos do pai subindo a escada e quando percebeu que ele estava longe o suficiente, apenas se limitou a mancar até a saída mesmo que Donghae o estivesse chamando, saiu dali e só então foi capaz de respirar novamente.

Às vezes, aquela vida não era nada além de sufocante.

***

Minseok observou o corpo adormecido de Sehun na cama e suspirou. Como tinha sido burro. Tão imensamente burro, que não conseguia acreditar como tinha tido sorte em ainda ter Sehun vivo, mas ao que tudo indicava a Grande Mãe gostava de si, pois havia lhe dado uma chance de continuar o seu trabalho. No entanto, o Kim também tinha aprendido a lição: sem distrações.

Pois foi por estar distraído que acabara deixando que Sehun fosse atingido ou que toda aquela briga tenha começado. Se ele simplesmente não tivesse se deixado levar por seus instintos de ômega, nada disso teria deixado o Oh acamado com a respiração lenta.

Ergueu a mão e tocou a testa do noivo. Havia ardido em febre na noite passada além de ter delirado um pouco, ao resmungar palavras desconexas. Mas estava tudo bem agora. O Oh estava em um estado estável, fora de perigo. Iria sobreviver, de acordo com curandeiro da aldeia Kim. Contudo, o loiro sabia mais. Sabia como Sehun não iria chegar aos trinta anos com aquela saúde frágil.

Afastou os fios escuros da testa dele e meio sorriu, triste demais para esconder o tanto de culpa que estava sentindo por ter se distraído com o cheiro de Baekhyun e depois com o modo como tudo se tornara uma bagunça. Foi só um segundo, pensou. Um único segundo em que tirou os olhos do noivo para avaliar a expressão do Byun e saber se o alfa falava mesmo a verdade, quando o disparo aconteceu e tudo se tornou mais bagunçado que antes.

— Não devia se culpar. — foi pego de surpresa pela voz do noivo, baixa e rouca devido ao tempo que não usou.

O Kim desviou os olhos do ato de tocar-lhe a testa e fixou-os no rosto do alfa. Havia ficado tão distraído com a sua culpa, o sentimento de falha, que não percebera quando Oh Sehun abrira os olhos.

— E você não devia falar. — acabou dizendo, a voz suave aos ouvidos do alfa.

Sehun esboçou um sorriso doce, acalentador para o noivo. Conseguia ler no rosto do noivo o quanto ele se culpava por não ter conseguido evitar o tiro, mas não era como se o ômega pudesse evitar algo que ninguém sabia que ia acontecer. Era um Festival, afinal. Eles deveriam ter dançado e se divertido até o amanhecer, como era costume ou pelo menos Minseok deveria ter feito isso, já que o por causa da sua saúde precária, Sehun não podia fazer esforços grandes. Dançar, por exemplo, era como pedir para ficar uma semana acamado.

No entanto, quando estava com Minseok naquela festa, ele se esforçou em dançar um pouco, em parecer um pouco mais ativo para o ômega porque conseguia ver o entusiasmo no olhar gateado dele, o modo como queria pular e aproveitar o Festival, depois de tantos anos longe de casa. Sehun não podia impedir que o noivo se divertisse, então por isso se afastou com a desculpa de sentar-se um pouco como o tio alfa — Leeteuk — e conversar sobre alguns assuntos do casamento, mas no fundo aquilo era só uma desculpa para deixar que Minseok encontrasse um parceiro melhor para se divertir, um que não fosse desmaiar ao fazer movimentos mais animados.

E foi quase no meio da noite quando sentado junto do tio, que percebeu o modo como Minseok parecia com a atenção focada em alguém. Seguiu o olhar do noivo e encontrou, Byun Baekhyun não muito longe da fogueira, devolvendo o olhar para o ômega, na mesma intensidade. Sehun não entendeu o que acontecia ali, mas sabia que havia alguma coisa, ainda mais quando notou o modo como os olhos do Kim estavam brilhando em avelã por sobre todas aquelas labaredas laranjadas do fogo, mostrando que quem estava ali, não era exatamente seu lado humano e sim, o seu lobo. Mas antes que pudesse tirar mais conclusões, o pandemônio começou e quando deu por si, estava estirado no chão com um tiro na clavícula.

— Alguém mais se machucou? — ignorou o que o Kim disse.

— Entre mortos e feridos, salvaram-se todos. — Minseok teve coragem de brincar, o sorrisinho brotando no canto da boca e surpreendendo Sehun. Não sabia sobre aquele humor negro do ômega, sempre tinha lhe parecido e sido tão doce. — Alguns dos nossos mortos, mas nenhum número alarmante. Meus appas estão bem. Kyungsoo não se feriu, Henry conseguiu esconde-lo quando tudo começou. — contou mais sério e os olhos ficando naquele tom de castanho bonito. — E Junie teve apenas alguns arranhões no pescoço e braço. — parecia orgulhoso do irmão.

— Ele sempre foi ótimo em combate. — Sehun disse e Minseok alargou o sorriso, e até mesmo abriu a boca para dizer “eu também”, mas se conteve no último segundo, mordendo a parte interna da bochecha esquerda e se sentindo um idiota por quase revelar algo assim.

Não podia contar para Sehun sobre esse lado da sua vida. O noivo merecia apenas o Minseok doce e tímido. Não precisava da parcela confusa e perigosa, que era o Kim Minseok da França. Por isso engoliu as palavras, o modo como queria contar como havia lutado com outros lobos naquela noite e matado alguns, fincado os dentes nos seus pescoços felpudos ou subido em suas costas e os esfaqueado por trás, o modo como se sentia orgulhoso de si por ter feito isso. Mas esse orgulho pertencia apenas a si e a Heechul, assim como também podia compartilha-lo com Henry. Pessoas fora desse círculo não entenderiam. A verdade, no fim das contas, era que ninguém mais entenderia, além das pessoas que estavam envolvidas. O resto, acabava apenas se tornando resto.

— Sim, ele é. — consertou a tempo.

Não era fingimento. Sentia realmente orgulho do irmão mais velho, Junmeyon. Admirava como ele havia evoluído em personalidade. Tão sábio quanto o pai e tão amoroso quanto Heechul.

— Vai ser um grande líder. — elogiou o irmão e o alfa sorriu, concordando.

Minseok acariciou a testa do alfa por mais um tempo, seus olhos sempre nos do noivo. Ele era um alfa bonito, não podia negar. E se não fosse doente, com certeza seria um alfa atraente com músculos e toda aquela testosterona que eles costumavam ter e que chamavam tanto a atenção dos ômegas e betas. Mas havia esse pequeno erro genético, causado por uma marca malfeita que impossibilitava Sehun de ser um alfa de verdade, mas Minseok gostava assim apesar de tudo. Ele tinha uma personalidade calma e um sorriso fácil, era gentil e carinhoso. Tudo que um ômega podia querer e o Kim até mesmo se atrevia a acreditar que eles combinavam. Quer dizer, Sehun combinava com aquele antigo Minseok, não com esse que voltara da França.

Mas estava tudo bem, o ômega sempre se tranquilizava, ele não precisa saber sobre como tudo é uma farsa. Pois Sehun, acima de qualquer pessoa, merecia um conto de fadas, do jeito que o Kim um dia desejara.

Eles ficaram em silêncio por tempo suficiente para que o alfa erguesse a mão e segurasse os dedos de Minseok, interrompendo o carinho que ele fazia na sua testa e cabelos. Colocou a sua palma contra a sua bochecha macia.

— Deite comigo. — pediu baixo e viu, com certa satisfação, as bochechas do ômega se tornarem vermelhas.

Adorava quando isso acontecia. Era o indicativo de que aquele Minseok, que passara tanto tempo longe, ainda era o mesmo com quem ele havia passado o começo da infância. Ainda eram os mesmos e por isso, sabia que eles iam se entender e quem sabe no futuro, viessem a se amar.

— Ahn... Eu não acho que...  — estava tão envergonhado com aquele pedido repentino, sentia sua boca seca e as bochechas arderem, e tudo que vinha na sua mente era que não imaginava que Sehun seria tão apressado.

Eles não deveriam dormir juntos apenas depois da cerimônia de casamento? Não que Minseok fosse um garotinho virgem, não era. Kim Jongdae tinha feito o favor de mudar isso, contudo mesmo que tenha tido experiências sexuais na França, não achava que sexo deveria ser algo tão trivial. Acreditava, bobamente, como um ato intimo desse grau deveria ser feito com algum sentimento, em vez de só por diversão ou por curiosidade.

Era ainda um romântico, mesmo que tivesse tentado mudar isso ou que sufocasse tanto esse lado, que o mesmo já estivesse morrendo. No entanto, quando Oh Sehun o olhava daquele jeito, era capaz de trazer aquele velho Minseok de volta e junto deste, o romantismo recebia uma lufada de ar para sobreviver mais um pouco naquele porão abafado que o Kim chamava de passado.

— Vamos apenas deitar juntos. — Sehun tentou deixar claro que não era sexo que estava pedindo, porque nem sequer tinha condições para tal ato.

— Deitar? — o ômega perguntou, soando inocente e desconfiado demais para alguém que já tinha vinte e um anos.

O alfa assentiu e Minseok ainda com as bochechas coradas, deixou-se levar para o lado do noivo na cama, deitou-se ao seu lado e corou ainda mais quando Oh Sehun enlaçou a sua cintura e o abraçou por trás, meio deitados de lado. Sentiu quando a ponta do nariz dele tocou na base da sua nuca, fazendo arrepios surgirem por sua coluna, mas não eram ruins. Eram bons, de um jeito nostálgico. Lembrava-se desses arrepios. Eram os mesmos que costumava sentir quando namorava com Jongdae, em outra vida.

***

— Preparei esse emplastro com ervas, você pode aplicar sobre a lesão a cada dois dias. — Henry estava dizendo enquanto segurava um pequeno pote de vidro com uma gosma verde dentro. — Vai ajudar com a dor, inflamação e inchaço. — deixou o pequeno pote sobre o criado mudo e sentou-se na beira da cama de Heechul. — Quer ajuda com o banho? — perguntou, prestativo.

O ômega mais velho, mexeu-se na cama, ajeitando o corpo para cima para que conseguisse sentar. Puxou os lençóis até a cintura, deixando o tronco enfaixado a mostra. Havia sido ferido durante a luta, nenhum osso quebrado, mas havia aquelas marcas sangrentas na sua pele quando tudo terminara. Três arranhões profundas, feitas pelas garras de um lobo. Tinha quase certeza que quem as fizera. Park’s, pensou amargo.

Malditos Park’s.

Conhecera a sua líder na época de escola e depois conhecera a ômega que acabaria casando com ela. Não tinha se dado bem com nenhuma das duas. Então era normal que nenhum dos Park’s gostasse realmente de si, pois como um bando, tendiam a sempre seguir o seu líder. E se o seu líder não gostava de um Kim, então todos acabariam por cria uma antipatia por um Kim também. Nesse caso, todos os Park’s tinham uma antipatia com Kim Heechul.

— Não sou um inválido. — falou com todo o orgulho que ainda lhe restava. — Foram só alguns arranhões.

— Arranhões esses que quase perfuraram os seus pulmões. — Henry não podia deixar de lembrar. — Venha, vou te ajudar com o banho e o curativo. — estendeu a mão na direção do Kim e esperou, pacientemente, que ele a pegasse.

O Lu era conhecido por seus colegas de escola como o ômega de paciência infinita. Era realmente difícil vê-lo irritado com algo, era sempre muito educado e dócil coisa que combinava com a sua aparência pequena e delicada. Mas não era como se ele fosse assim o tempo inteiro, Minseok havia visto quando Henry perdera o controle.

Heechul resolveu aceitar a ajuda do Lu, pois ao que tudo indicava não estava mesmo em condições de recusar mesmo que o seu orgulho de Kim estivesse dizendo que podia muito bem fazer isso sozinho, afinal já fora tão sozinho que havia se acostumado com o modo como tudo dependia apenas de si. Não era que fosse egoísta ou algo assim, era apenas que aprendera desse modo. Aprendera na Escola Francesa, como maioria das coisas sempre ia depender de si, como a única pessoa capaz de o atrapalhar, era ele mesmo. E mesmo depois que casara com Leeteuk, não era como se o seu orgulho de fazer coisas sozinho tivesse diminuído, ainda mais quando com apenas um ano de casados o marido já estava correndo atrás de Ryeowook.

Se deixou guiar pelo mais novo, usando o corpo dele como apoio para chegar até o banheiro sem fazer tanto esforço e abrir os pontos nas laterais do corpo. Meio se encostou na parede do box enquanto via Henry ajustar a temperatura da água, para morna. Se ocupou em retirar a calça de moletom que usava e depois as faixas de ataduras no troco, esse último teve ajuda do ômega mais uma vez. E só então foi posto embaixo da água e durante cinco minutos, agradeceu silenciosamente por aquele Lu baixinho estar ali. Afinal, seria muito difícil fazer isso sozinho.

— Heechul-ssi. — escutou Henry chamar ao passo que suas mãos estavam lavando-lhe os cabelos escuros, permaneceu de olhos fechados esperando. — Por que não contou ao líder Leeteuk que havia se machucado?

E ali estava, pensou com uma diversão amarga, o grande momento.

O Kim já havia imaginado que o ômega faria essa pergunta em algum momento, pois o modo como o olhar dele havia se enchido de confusão ao encontrar Heechul, sozinho em seu quarto, com a ponta dos dedos cheios de sangue enquanto costurava suas feridas em frente a um espelho, deixava claro que ele não entendia porque o ômega fazia aquilo quando era o Ômega Principal de uma alcateia. Devia ter privilégios, certo? E tinha, realmente tinha. Podia entrar em qualquer lugar da alcateia sem pedir permissão ao líder, podia entrar no seu escritório também, além de ter presença marcada nos eventos e reuniões entre os Clãs, coisa que Ryeowook não podia fazer por ser o segundo. Apenas o primeiro era permitido nesses eventos enquanto Wook era totalmente excluído, com exceção dos seus filhotes, mesmo que no fim, Junmyeon fosse mais importante do que os gêmeos — Kyungsoo e Minseok.

E por ser o primeiro no casamento, não devia ser a primeira preocupação do marido, certo? Era essa a lógica, ele conhecia, mas não era assim que acontecia na realidade.

A grande verdade, era que Leeteuk gostava mais de Ryeowook. Gostava mesmo, quem sabe até mesmo amasse, Heechul não sabia porque nunca conversavam sobre o outro marido do alfa, mas não era burro. Via o modo como os olhos de Leeteuk sempre estavam direcionados ao ômega mais novo, querendo sempre ficar perto dele mesmo quando estava com o primeiro Kim. Contudo, não era como se Heechul pudesse culpa-lo. Sempre soube que nunca passaria de atração o que o alfa sentia e por isso admitia, que tinha se aproveitado dessa atração para casar com ele porque assim como Minseok, Heechul também tinha algo importante a fazer.

E essa coisa importante envolvia Leeteuk. Estava cumprindo seu objetivo ainda, vinte e dois anos depois ainda estava cumprindo o seu objetivo, vivendo ao lado de Leeteuk como seu ômega principal. Não era ruim. No começo era interessante, cheio de algum tipo esquisito de esperança que fazia Heechul pensar que eles podiam se amar e serem felizes, mas depois que Ryeowook apareceu e roubou o começo daquilo que eles estavam construindo, tudo acabou voltando ao velho vermelho luxúria, que ainda prendia Leeteuk ao seu lado, além do fato de que a lei dos lobos não permitia divórcio.

Era por causa desse vermelho luxúria que Junmyeon tinha sido concebido. Fruto de um cio, o seu único filho acabara se tornando sua fonte de alegria, quando Ryeowook era a fonte do marido. Acreditou que teria apenas o filho para ajuda-lo a digerir aquele casamento de três, onde só dois se amavam. Mas então vieram Minseok e Kyungsoo, seus pequenos ômegas tão diferentes um do outro mesmo que fossem gêmeos, e que lhe trouxeram mais alegria ainda e que fizeram Ryeowook mais doce diante dos seus olhos.

Não culpava Ryeowook também. Não culpava nenhum dos dois, pois sabia que mesmo que tivesse chegado primeiro naquele relacionamento, era o intruso. E por saber disso, que terminou sozinho, no seu quarto, fazendo os curativos nas suas feridas, sem a ajuda de ninguém e sem o conhecimento do marido. Em parte porque o curandeiro estava ocupado com Sehun, na verdade todos estavam preocupados com Sehun. Menos Leeteuk, o alfa estava preocupado com Sehun e com Ryeowook.

O pequeno e frágil, Ryeowook, com seus olhos grandes e mãos delicadas demais para alguém que gostava de brincar de jardinagem no quintal da sua casinha amarela ou de bater massa de pão, quando irritado. Ele não era um lutador, assim como o filho, mesmo que Heechul tivesse tentado ensinar algo aos dois. E quando a confusão começara naquela noite, tudo que Heechul pensou foi em onde esconderia Kyungsoo e Ryeowook enquanto aquilo não se resolvesse.

Havia, sim, colocado Wook em segurança. Levado-o para longe de todo aquele sangue, enquanto ele chorava, preocupado demais em perder o marido ou os filhotes. “Eles vão ficar bem”, Heechul tinha lhe dito apenas para depois voltar para a briga, pronto para lutar. Afinal, tinha sido treinado para isso, havia nascido um lutador. Lutou ao lado do marido e ao lado dos filhos, Junmyeon e Minseok.

— Leeteuk está ocupado com coisas mais importantes. — respondeu simplesmente, pensando em Ryeowook.

Ao término de todo aquele banho de sangue, a primeira coisa que Leeteuk fez foi correr atrás do ômega, procura-lo como louco afim de acalmar o seu lobo que estava agitado demais com a possibilidade de perde-lo. Mas Heechul o acalmou, indicando onde o Kim estava.

Viu os dois, mais tarde, através da janela da sua casinha. O menor agarrado ao alfa, totalmente aterrorizado com o que tinha acontecido e o mesmo, servindo de suporte, dando-lhe tudo que ele precisava e um pouco mais. Heechul podia ir lá e exigir atenção, mas que tipo de pessoa ele seria ao fazer isso? Era só o Ômega Principal, nada além disso. Era mais fácil erguer o queixo e caminhar até em casa e cuidar de si sozinho, do que pedir por alguma coisa que não era sua.

— Está se referindo ao Ryeowook-ssi? — Henry tentou continuar o assunto.

Tinha notado como aqueles três não combinavam. Era só Leeteuk que combinava com Ryeowook e vice-versa, enquanto Heechul parecia uma peça fora do padrão, um quadrado em meio a círculos.

— Ryeowook precisa de atenção, passou por uma experiência ruim. — falou calmo, franzindo a testa de dor logo em seguida quando sentia a ferida arder onde a água tocava. — Nunca passou por isso antes. Eu já estou acostumado, sei como lidar com feridas e dor.

Henry também sabia. Era a primeira coisa que aprendiam na escola: como lidar com suas feridas e dores.

— Entendo. — acabou dizendo.

Porque no fim entendia mesmo. Agora conseguia ver como aquilo funcionava, Heechul estava apenas recompensando Leeteuk por todos aqueles anos vivendo ao seu lado quando deixava que Ryeowook o roubasse de si um pouquinho a cada dia.

Voltou a se concentrar no ato de lavar os cabelos do ômega, os pensamentos indo um pouco para mais longe. Se pegou pensando na noite do Festival e em como tudo quase dera errado quando Oh Sehun foi atingindo. Lembrava-se de ficar totalmente paralisado quando aquilo aconteceu, porque sua alcateia dependia do casamento do Oh com Kim Minseok e ver o lobo caído no chão, a vida escorrendo para fora de si, levando a chance do seu povo. Parecia tão injusto que eles tivessem perdido tudo naquela noite, mas a Grande Mãe estava do seu lado quando deixou Sehun viver.

E com ele vivo, Minseok ia casar-se e cumprir o acordo com os Lu’s. Henry se sentia um pouco egoísta ao pensar desse jeito, mas sabia que o amigo entenderia sobre como era importante que esse acordo fosse cumprido, pois era a vida do seu Clã em jogo. E não era como se Oh Sehun fosse um alfa ruim, era bonito e gentil. Havia conversado um pouco com ele, quando o amigo os apresentara.

Minseok tinha sorte, no fim das contas, enquanto ele... Bom, ele não sabia. A Organização ainda não havia o designado para algo, tudo que Henry tinha certeza, era como seria um dos ômegas neutros, aqueles que serviam para qualquer momento. Eram muitos, conhecia alguns no seu clã e em outros clãs. O próprio Lu Han, seu líder, era um ômega neutro. Seria ativado quando a hora chegasse e enquanto essa hora não chegava, eles apenas tinham uma vida tranquila.

— Está pensando na sua missão? — Heechul perguntou quando o silêncio se tornou demais e ao perceber os olhos distraídos de Henry.

— Na falta de uma, na verdade. — respondeu e sorriu, achando graça do modo como não era tão importante.

— Ah, você é um ômega neutro? — o Kim soltou e quando o ômega assentiu, meio sorriu. — Isso é bom. — falou fechando o chuveiro. — Sempre quis ser um ômega neutro.

— Mesmo? — entregou ao outro uma toalha pequena, que o Kim usou para enxugar o tronco enquanto Henry enlaçava a cintura dele com a outra toalha, a prendendo ali.  — Mas os neutros são a classe mais baixa dos Ômegas na Organização.

— E são os mais livres também. — recebeu ajuda do menor para sair do banheiro.

— Eu não entendo. — Henry disse durante o caminho. — Você é um dos vermelhos.

Heechul soltou uma risadinha e depois que o ômega o sentou na beira da cama, começou a falar:

— Ser um dos vermelhos não é tão bom quanto parece. — confessou. — Nós somos os ômegas de longo prazo, usados para ficar de olho em alguém, espionando e tomando conta de algo até sei lá quando. Claro que não somos tão radicais como os ômegas negros, mas ainda temos que fingir, dissimular emoções e sorrisos. Se torna cansativo depois de um tempo, Henry.

Viu o ômega vir na sua direção com uma muda de roupas nas mãos, deixou a muda do seu lado na cama, pegou o potinho de vidro sobre o criado mudo e o abriu. Se aproximou do mais velho e começou a colocar o emplastro sobre os arranhões na lateral do seu corpo, antes de colocar a atadura e só então pegar uma camisa e ajuda-lo a vestir.

— Vocês, neutros, podem ter a ilusão de uma vida.

— Mas... mas você não gosta do que faz? — estava confuso, sempre achara que os vermelhos tinham as missões mais legais.

Diferente dos negros, que eram os primeiros na hierarquia, os vermelhos eram os ômegas geralmente designados para missões de longo prazo, como casar com alguém importante e ficar espionando o parceiro por tempo indeterminado, mandando relatórios constantes a Organização sobre os movimentos do Clã ou do marido/esposa. Eles eram importantes, tinham privilégios na Organização, bem diferente dos neutros, que não tinham uma ocupação certa e dos negros, que ninguém gostava de cruzar sem estar armado. Não conhecia esses últimos, pois eram os mais difíceis de serem formados, já que era apenas no fim do curso que cada um recebia a sua cor.

Henry não recebera nenhuma, o que indicava que ele era um neutro enquanto Minseok havia recebido um carimbo preto na mão. O Lu recordava-se como o amigo recusara a cor, apagando-a da pele e depois fingindo que havia recebido a cor vermelha, mas Henry sabia a verdade.

— Eu gosto. — observou Heechul sorrir, um sorriso verdadeiro. — Na verdade, é um negócio de família. — o ômega franzio as sobrancelhas na sua direção e uma risadinha escapou dos seus lábios. — Os ômegas da minha família eram todos ômegas vermelhos.

— Mesmo? — o Lu pensou no seu pai que também fora um ômega neutro e em todos os seus parentes antes dele que foram selecionados pela Organização.

— Pulou a geração da minha mãe, mas ainda assim... — deu de ombros meio sorrindo.

Henry sorriu também, porque entendia. Seu clã não havia sido reduzido a extinção por conta da Organização de Ômegas, que os acolhera. Lhes dera motivos para continuar, se reerguer. E mesmo que não tivesse feito isso com os Kim’s, ainda dera um objetivo de vida para Heechul, assim como deveria inspirar outros ômegas mundo a fora. Pensar nisso o fazia sentir-se orgulhoso por participar de algo tão grande, imensamente maior que si.

— Então por que... porque queria ser um neutro? — sentou-se ao lado do mais velho depois que o ajudou a se vestir, devolveu o potinho com remédio para o seu lugar sobre o criado mudo.

— Ah, é porque aí eu poderia casar com alguém que realmente me amasse e eu o amasse de volta.

— Não ama Leeteuk-ssi? Mas eu achei que...

— Nós vivemos há muito tempo juntos, é difícil que não tenhamos algum sentimento pelo outro. Mas somos mais amigos que amantes, Henry. — deitou-se na cama e deixou que o Lu o cobrisse.

— Diz isso por causa de Ryeowook? — estava realmente curioso sobre aquilo.

Tinha acreditado que Heechul havia conseguido realizar tudo que foi planejado, mas percebia agora como tudo não passava de ponto de vista. Heechul podia ser um dos melhores ômegas da Organização, mas não ficava livre de ter um casamento infeliz ou de ter decisões tomadas no seu nome apesar de todas as coisas que havia feito.

— Eles combinam mais. — fitou o teto do seu quarto. — Mas Ryeowook seria um péssimo Ômega Principal, então acho que não sou tão inútil aqui. — sorriu convencido para o outro e Henry devolveu, finalmente entendendo como aquilo funcionava.

Heechul estava onde tinha que estar, fazendo que tinha que fazer e vivendo uma vida que não deveria ser sua. E mesmo que isso parecesse solitário demais, Henry sabia que não era, porque eles estavam fazendo algo muito grande, algo tão importante que ninguém nem sequer podia sonhar e mesmo que nenhum lobo ou humano ficasse sabendo sobre o quanto eles foram importantes, não era ruim. Porque eles saberiam que tinham feito o certo.

— Você acha que com Minseok vai ser assim? — perguntou, lembrando só agora como o amigo era um vermelho e teria que se casar com Oh Sehun.

— Não, querido. — confidenciou e dessa vez mostrou um sorriso tão doce para o ômega, que Henry se sentiu aquecido. — Sehun realmente gosta de Minseok.

Mas mesmo que os dois ômegas soubessem disso, ambos não eram idiotas. Oh Sehun amava o antigo Minseok, não esse com uma vida dupla e sangue nas mãos. Não esse que tinha mentido sobre a própria designação, Henry pensou. No fundo, se perguntou se Heechul ficaria decepcionado quando soubesse.


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