Caso Elisabeth Von R. escrita por freudlicious


Capítulo 2
Capítulo 2 - Identificação




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POV Freud:

Na primeira entrevista, Elisabeth se mostrou inteligente e mentalmente normal, suportava os problemas com ar alegre. Comparei isso com a belle indifférence dos histéricos. Ela não apresentava sintomas que faziam suspeitar de um problema orgânico grave. Assim, acabei por concluir que era sim um caso de histeria, pois:

1. A paciente era muito inteligente, mas descrevia suas dores de maneira muito indefinida. Um paciente normal, não neurótico, descreve de maneira precisa, clara e calma. Logo, eu não poderia dizer que ela estava normal. Se não estava normal, será que era uma neuroastênica (hipocondríaca)? Neuroastênicos dão a impressão que a linguagem é pobre demais para descrever sua dor, sempre acrescentam novos detalhes na descrição do seu desconforto, mesmo assim sentem que as pessoas não o entendem completamente.  Elizabeth não era tão voltada assim para a dor, mas ainda assim dava importância suficiente aos seus sintomas. Portantanto, ela não se encaixava como normal, nem como neuroastênica. A atenção dela provavelmente estava voltada para outras coisas das quais as dores eram apenas fenômenos acessórios - ou seja, em pensamentos e sentimentos vinculados a essa dor.

2. Quando eu pressionava ou beliscava as regiões hiperalgésicas (regiões muito sensíveis a dor) de Elizabeth, sua expressão era mais de prazer do que de dor. Alguém normal, ou neuroastênico, não reagiria assim, reagiria com caretas de dor. Ficou, assim, o ponto de vista de que seu distúrbio era histérico, e que o estímulo tocara uma zona histerogênica. A expressão facial dela se harmonizava, nesses casos, com o tema dos pensamentos ocultados pela dor, despertados pela estimulação. Eu já tinha visto casos semelhantes.

Depois que eu concluí que o problema de Elisabeth era causado pela histeria, e que as pernas dela eram zonas histeriôgenicas, fiquei sem explicação para a localização inusitada da zona histerogênica.

Pelo fato de a excessiva sensibilidade a dor afetar principalmente os músculos, e posto que a paciente tinha muitas fibras endurecidas naquela área, parecia, organicamente falando, um reumatismo muscular crônico comum. Concluí que era provável que o problema orgânico tivesse se ligado à neurose. Então, segui o tratamento aceitando que o distúrbio era de espécie mista.

Recomendei para Elizabeth massagem e choques elétricos nas pernas, que eu mesmo aplicaria com o intuito de me manter em contato com Elisabeth. Curiosamente, Elisabeth demostrava gostar dos choques.


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