V.C. vol 6: O julgamento de uma Senhora do Tempo escrita por Cassiano Souza


Capítulo 6
Forjados no fogo


Notas iniciais do capítulo

olá! Novo capítulo, e um que sinceramente eu adorei. Não há nada mais a dizer, além de: BOA LEITURA!



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O ódio estava em seus visores, o fogo, estava em suas armas, e o sangue, em suas almas nascidas para matar. Os Daleks, tentavam ao máximo custo, penetrar o campo de força por envolta de Gallifrey. Eles, disparavam concentrando-se em um mesmo ponto, com toda a capacidade que possuíam, e com todas as suas mil e quinhentas naves, classe de frente campal, e as suas dez naves classe general. A concentração a lesar, era impressionante, de longe, há anos luz dali, se via um fiapo de luz estático, verde esmeralda.

O campo, era mantido graças a sete fontes de energias distintas, e paralelas no planeta. Mas, todas provenientes de algum Olho da Harmonia, em alguma grande capital. Arcadia, Saneta, Sodiba, Assede, Asule, Atrapse, Aeipmop, Artha, Assiral, e Selopan, todas, colaboravam com o campo. Sendo assim, seria difícil romper a impressionante defesa, mas, nada mais sábio do que não subestimar o inimigo, e ir contra ele. Estavam em cinco pontos distintos sobre o campo global.

Então, se teleportavam em imediato, várias das naves gallifreyanas classe ofensivas, pequenas e médias, para com os Daleks, em ambos os pontos, e assim, interrompiam a tentativa de invasão. Em segundos, a atenção não estava mais no campo, e sim, nos Senhores do Tempo a redor.

Os generais Dalek, ordenaram as tropas, e logo, uma guerra estava formada. Porém, os Senhores do Tempo haviam se teleportado por envolta da pilha de naves inimigas, assim, os-cercando, e assim, os-mantendo entocados em um ninho de fogo. Disparos e mais disparos, atingiam os Daleks, mas, eles não seriam tão tolos em apenas se manter em defensiva. Onde logo, centenas e centenas se retiravam das naves classe generais, e partiam em ondas terríveis rumo aos gallifreyanos. Eram muitos Daleks a frente, não poderiam mirar em todos.

E piorando o caso, as naves classe média Dalek, se teleportavam por de trás das naves gallifreyanas, e as apunhalavam pelas cosas. Era uma guerra, não havia pudor. Porém, da mesma forma, os gallifreyanos faziam. Parecia até, uma brincadeira ridícula de pega-pega.

As naves menores gallifreyanas, passavam velozes por entre os Daleks e naves generais, e disparavam sem medidas. E os Daleks em voou individual, miravam nas janelas e motores gallifreyanos, e escutavam o inimigo gritar dentro do fogo, a devorar o seu corpo. Destroços rodopiavam, e atingiam naves de ambos os lados.

E da cidadela, no salão presidencial, Romana, a presidenta, observava todo o conflito, por seu visor holográfico pã-topográfico, capaz de ver o todo do planeta. Porém, observando cada nave irmã cair, ou inimiga igualmente se sobressair ou ser derrotada, outra coisa a-chama atenção. Não emitia sinais algum, e não parecia querer entrar em batalha, já, que se mantinha distanciado da órbita.

— O que é isso?! - Observou, mas não conseguiu compreender. – Ah, mas sou um gênio! E não será um OVNI que irão me deter! - Manuseou a máquina, com toda a sua dedicação e força de vontade possível. Onde por fim, encarou a nítida imagem do OVNI a sua frente. – Não pode ser...

Nos olhos da presidenta, apenas espanto e apreensão. Mas, em seguida, pura admiração, descrita por o seu intenso brilho de felicidade:

— E-mails, é disso que preciso.

***

A presidenta, estava no panopticon, nas alturas dos últimos andares, enquanto o Doutor e Mestre, há centenas de metros abaixo da terra, frente a porta que dava para o espaço do Olho da Harmonia central.

Porém, mesmo que velhos amigos, não estavam em boas conversas sobre o que fizeram com o tempo em que não se viam, e sim, em uma conversa mais focada em críticas e ódios um do outro. O Mestre, acabara de revelar que havia infiltrado Daleks dentro do panopticon, e não somente sobre o planeta. O seu sorriso, era da mais cheia de luxúria e debochada cara de descaso.

Enquanto nos olhos do Doutor, apenas fúria:

— Você está matando Gallifrey. - Começou calmo. – E este é o seu planeta! - Terminou furioso.

— Ora, Doutor! São Senhores do Tempo! Morrem, e voltam. Não há drama, meu caro.

— “Senhor do Tempo” não significa imortal, significa apenas persistente. Nem todos podem voltar, e você sabe! As crianças... Muitas delas irão morrer.

— As crianças estão no labirinto, e você sabe muito bem, não se faça de tolo! Mas, acho que isto deve ser a marca registrada desta sua regeneração.

— Então por que não atacou lá? Poderia ser uma boa chantagem. Ainda possuem corações aí dentro?!

E o Mestre, apenas respira desconfortável, e ao mesmo tempo, torcendo a cara, como quem, fosse vomitar. O Doutor conclui:

— Ah sim, existe sim. - Esfregou as mãos, sorridente.

— Não seja ridículo! Eu sou o Mestre! Acha que nenhuma criança morreu por minhas mãos ou culpa antes?!

— Mas ainda possui família, Korschei, filhos e netos, bisnetos, e tataranetos.

O Mestre, engole a seco, e tinha cara de pura vergonha, ou algo semelhante:

— Acha que se eu me importasse com essa gente eu teria fugido?

— Se não se importasse com “essa gente”, você não teria vergonha de aparecer novamente. Até para resgata-los teme um reencontro. - Se expressou com os ombros.

— Se fosse assim... Significaria que você se importa com os seus.

— Eu me importo com os meus.

Porém, o Mestre gargalha. O Doutor franze a face, confuso:

— Perdi alguma coisa?

— Abandonou Susan! Abandonou a sua neta! Em um mundo primitivo, sozinha e indefesa. Eu posso até mesmo ir lá agora, e matar ela se quiser. Com quem você imagina se importar, Doutor?!

E o Doutor, respira pesaroso, mas, com um olhar imensamente maior:

— Eu não abandonei a Susan. Eu abri mão da Susan. Acha que se ela estivesse ao meu lado até agora, ainda estaria intacta?! Você e eu, ambos, não queremos ver quem amamos machucados!

O Mestre, encara conformado para o amigo, e suspira cansado:

— Mas a diferença, Doutor, é que eu faria de tudo para proteger os meus, já você... Apenas tagarelaria sobre paz.

— Talvez, depois de sua derrota.

O Mestre, franze o queixo, ofendido, e parte para as portas, para o espaço do Olho. Quando então, a voz do Doutor lhe chama atenção, trazendo mais questionamentos. O Mestre, revira os olhos. O Doutor indaga, retirando algo de seu paletó:

— O que é a Roda de Fogo?

— Onde encontrou isto?! - Questionou o Mestre, fitando admirado para um estranho objeto dourado e mecânico como um tipo de engrenagem, nas mãos do Doutor.

— Bem, talvez eu tenha tropeçado por aí. - Disse, olhando para cima, como se conversasse consigo mesmo. – Já tropecei em muitas coisas. Pedras, homens bêbados em York, montes de esterco de tiranossauro, e... A maçã de Newton.

O Mestre, toma a peça das mãos do outro:

— É meu! - Sorria diabólico. – Isto é algo poderoso demais para estar nas mãos de um imbecil.

— Hum, concordo.

E dizendo isto, o Doutor, acabava o Mestre sendo eletrocutado, por uma descarga elétrica azulada, a percorrer por todo o seu corpo. Ele gritava em agonia, e nem parecia ter forças para atirar longe a peça. Enquanto o Doutor, corre para dentro do espaço do Olho.

***

No prédio presidencial, salas eram estraçalhadas, obras demolidas, e soldados abatidos. Os Daleks, percorriam por todos os corredores, marchando por elevadores ou escadas, e exterminando os seus combatentes, que nem ao menos, pareciam estarem sendo capazes de regenerar, e voltar para a batalha. Inúmeros soldados se encontravam estirados pelo chão, mas, aos mesmo tempo, muitos soldados, surgiam dos elevadores, e disparavam contra os Daleks, se esgueirando pelos cantos.

Porém, na recepção, que era onde Grace estava, ninguém mais havia além dela, escondida, por de trás do balcão, e a TARDIS, que trafegou os Daleks. Mas, se essa TARDIS trafegou os Daleks, ela precisaria de alguém em seu comando, e, era com este alguém que Grace queria se encontrar.

Todos os Daleks já haviam se retirado da nave, e partido panopticon a dentro. A pilota, se retira sorridente, e fita os cadáveres a seus pés.

Grace, se retira do esconderijo:

— Feliz, Rustch?

A outra, fita-a enfurecida:

— Grace, a humana forte. Achei que não nos veríamos novamente? Que desprazer inesperado. 

— Queria tanto que eu morresse? O Mestre esperava que o Doutor escapasse, certo? Por que não eu?

— Porque não devia. - Disse rancorosa. – Devia estar morta. Enterrada... Ou, apodrecendo sobre a terra, com os vermes a corroerem a carne desprezível de sua raça inferior.

Grace, nega completamente descrente com a cabeça, ao que ouvira, não conseguia acreditar que a velha amizade dizia aquelas palavras:

— Rustch, eu te magoei? Perdão. Eu te deixei para trás? Perdão. Eu estou viva?! Perdão! Mas, não pode querer que eu simplesmente aceite o seu pensamento!

— O meu pensamento é justiça, apenas isso.

— “Justiça”? - Riu. – Eu arrasei os seus sonhos, ok. Mas e você? Acho que sejamos parecidas. Quantos sonhos e vidas acha ter arruinado ao lado do Mestre?

E Rustch, parecia querer argumentar, mas, nada de sua boca sai. Grace continua:

— Pode me odiar, pode me xingar, mas saiba... Muitos universo a dentro fazem o mesmo a você.

— Mas por culpa sua! - Berrou.

— Minha?! Uma humana idiota qualquer?! - Gargalha. – E arruinar o seu mundo, o seu povo? Você faz isso, não eu, pilota.

— Este planeta merece. - Possuía uma demasiada fúria no olhar. – Senhores do Tempo não são heróis, Grace, não são puros, não são divindades, são pestes. Acha que enquanto este mundo sofre muitos lá fora não comemoram? Há heróis de ambos os lados, e isto, você não pode negar.

— Ok, ninguém é perfeito. Mas... Que bom que ninguém morreu ou vai morrer hoje, não é, senhora heroína rebelde destrutora do sistema?

— Do que está falando?

— Bom, é que eu, o Doutor e o Jamie somos espertos, e pensamos... Ninguém precisa realmente morrer, então que tal se fizéssemos do panopticon uma grande armadilha? Sabe, corredores espaço-temporais num loop, para os Daleks andarem e andarem em círculos, campo de força para que não saiam cidadela afora, e... Soldados holográficos, projetados pela matriz, de antigos falecidos em combate.

— Ora, não ouse tentar me enganar!

— Não é enganar. - Grace, estala os dedos, e os soldados caídos ao seu redor, somem de suas presenças. – Hou, funciona mesmo! - Estava impressionada. 

Porém, enquanto Grace sorria, Rustch, cerra os dentes, enfurecida. E logo, juntamente entorpecida pela ilusão de vantagem, agora retira uma arma de seu sobretudo, e aponta-a para a inimiga. Grace, permanece séria, e solene, estaria preparada para morrer, se fosse preciso. Rustch prossegue:

— Pode me enganar, mentir... Mas não para sempre. Acho que fui muito burra em esperar que morresse pelos Oods. Então chegou a hora de eu definitivamente fazer aquilo que alimenta a minha respiração.

— Rustch... - Pôs as mãos para cima.

— Aprendiz! Me chame de Aprendiz!

— Aprendiz, certo.

— Você se sentiu poderosa demais, explicando sobre a minha desvantagem. Entretanto, agora... Como se sente?

— Sinto como a médica que sou, e a quase psicóloga que fui. Sinto como qualquer um se sentiria frente a um amigo perdido. Perdido... E só. Solitário, e achando que possui alguém ao seu lado. Quando na verdade... Tudo o que quer é alguém para abraçar, para abraçar e chorar, porque sabe mais do que qualquer um, o-quanto está só.

— Não seja ridícula! Você não sabe de nada.

— Não? Então diga em voz alta, “eu odeio todos neste planeta, e quero que todos, absolutamente todos, morram por minha birra”.

— Não se faça de sábia. - Encostou a arma ainda mais à humana, encarando-a, cheia de irá, e talvez, até vergonha.

— Diga, Rustch, repita o que pedi.

Os olhos da Aprendiz, marejam por completo:

— Eu odeio todos neste planeta, e quero que morram, que morram... Apenas, por... - Não queria dizer “birra”. – Que morram por culpa da Grace! Todos.

— Até o seu avô? Aquele que te criou? Que te deu amor, carinho, uma educação?! Que te contava histórias e te levava pra passear? 

Rustch, demonstra pura estranheza por seu olhar, parecia uma mudança ou aprofundamento de assunto:

— Qual o truque? Está brincando com os meus sentimentos. Tudo o que falta agora é dizer que o meu avô está aqui!

— Hum, quem sabe. Já pensou em se tornar a tia da bola de cristal? - Levou o pulso até a proximo da boca. - Pode vir.

Um flash de luz ilumina o ambiente, por de trás da Aprendiz.

E ela, se virando para o corredor da distinção, que nada mais era, do que uma passagem de aproximação espacial, tem a visão exatamente dele, o seu avô. Estando ele, triste, desolado, e completamente e absolutamente decepcionado, ou... Era o que diziam os seus olhos, pelo menos.

— Rustch, minha querida criança. - Dizia o homem, vindo próximo até a jovem. – Por onde você tem andado?

E sem responder, Rustch apenas engole a seco, encarando a face conformada da outra.

***

Mas, enquanto o caso de Grace ocorria, o Doutor, continuava há quilômetros abaixo da terra, já agora, no espaço do Olho da Harmonia, que nada mais era, do que uma gigantesca sala feita de blocos de granito e diamantes, com um enorme buraco de pedra, como um posso, ao centro, extremamente profundo, e com uma colossal esfera de luz ao fundo dele, que na verdade, nada mais era do que o Olho da Harmonia.

Os Olhos da Harmonia eram como o combustível dos Senhores do Tempo, uma fonte quase inesgotável e eterna de energia. Se tratando apenas, de uma estrela retirada de sua obtida, e posta em um estado permanente de decadência, estando ela, prestes a explodir e se tornar um buraco negro. Mas, de uma forma onde não poderiam se tornar.

Seu brilho, era dourado na maioria das vezes, mas, o daquele, era azul, intensamente azul. O Doutor, encarava admirado frente as barras de segurança.

Porém, deixando de lado a incrível visão, parte o Doutor até um computador de canto, na parede, e opera-o depressa. Parecia algo de extrema urgência.

E o Mestre, surge pela porta, e parte contra o Doutor, retirando-o do computador, e forçando-o contra as barras do posso. Nas duas faces rivais, apenas ira.

— Acha que truques como aquele podem me deter, Theta Sigma?! - Indagou furioso, o Mestre.

— Você caiu, não caiu?

— Maldito, desafia a minha magnificência!

— Você sempre foi tão exibido.

— E você nada diferente!

— Mas tenho boas piadas, você... Somente risadas malignas.

— Ora! - Pôs as mãos sobre o pescoço do outro, pressionando terrivelmente irritado. – Você está só! Gallifrey está só! Não há nada que possa fazer, Doutor!

— Bem. - Disse com dificuldade, devido ao leve estrangulamento. – O panopticon foi apenas uma encenação, e o campo de força se mantem firme.

— Não por muito tempo! - Forçou ainda mais. – Acha que conseguiu calcular todos os meus passos? - Sorriu provocante. – Eu também calculei os seus. Sabia que mandaria o seu assistente para lá, e felizmente antes de tudo, a minha assistente o-havia infectado com os meus nano hipnotizantes. Ele me obedece, Doutor! Ele é meu assistente!

— E o que quer que faça, dance ou lhe compre uma escova de dentes? Já notou o seu bafo?!

— Cale-se! - Berrou, e em seguida, suspirou paciente. – Jamie foi programado para três possíveis ações. Primeira, eliminar quem tente proteger o pilar do campo, segunda, desativar o pilar do campo, e terceira... Terá de esparrar para ver.

— Bem, ok, vamos pelo caminho mais longo então. Porém... Sabia que terem dopado Jamie possuía algum objetivo em particular, e não precisaria reprogramar ele! Apenas... Reprogramar o pilar.

— O que você fez?!

O Doutor sorri largo:

— Adeus Daleks no panopticon. A descarga de energia que você viria a cancelar aqui já foi enviada, no entanto... O pilar não mandará ela somente ao céu.

— Filho da mãe! - O Mestre põe uma enorme força sobre o pescoço do adversário, deixando-o já extremamente sem ar. O Doutor, tentava se desgarrar dos braços do Mestre, mas, àquela regeneração dele parecia muito mais forte.

O Mestre, se divertia com a face agoniada do outro, parecia um espetáculo tamanho sofrimento. Mas, onde o outro, logo agindo inesperadamente ou loucamente, de forma inteligente ou burra, abraça o amigo, e se atira junto a ele contra as barras de segurança, e partindo em imediata queda livre contra o brutal Olho da Harmonia.

***

No pilar de sustentação do campo, em Arcádia, Jamie chegava agora, calmo e sério, porém, uma seriedade completamente atípica, já que a sua face antes calma e positiva, se mostrava completamente sem vigores ou emoções. Os soldados frente a sala não estranharam a presença dele, pois, já haviam sido alertados pelo Doutor. Porém, o que não imaginavam, era que ele sacaria uma metralhadora a laser, e mataria todos, em um só segundo.

Os gallifreyanos, tentam se regenerar, mas, são interrompidos, com mais uma rodada de disparos.

O pilar, nada mais era do que a corrente de energia processada por um dos muitos prédios pela cidadela, e que emanava uma leve porcentagem de energia do Olho da Harmonia, que era reprocessada e programada a cada hora.

Então, Jamie adentra a sala do maquinário, arrombando-a com a sua arma. E logo, se dirigindo até o maquinário, e fazendo o que havia sido programado pela hipnose. Porém, só não contava que o Doutor já havia estado ali antes, e reprogramado a descarga de energia, para outro lugar, e não para ser cancelada.

Assim, um feixe de luz se retira do topo da torre, e segue para o centro da cidade. A energia, era assim dividida, para o campo, e para o panopticon.

***

E no panopticon, em sua recepção, Rustch encarava absolutamente enfurecida para Grace, e para o avô. Grace continua:

— Rustch, é este o momento da decisão. Você precisa escolher, entre estar com quem te ama, ou, estar com quem apenas te usa.

— Cala-se! - Enfureceu-se a aprendiz. - Você se acha inteligente, sábia, esperta... Mas não é, e nuca será!

— Já conversamos sobre isso em Linsunatsteev, e você sabe, o Mestre não se importa e nunca se importou verdadeiramente com você!

— E o Doutor se importa, e você, se importa? Vocês me fizeram o que sou hoje.

— Não, você escolheu. E ok, já fui uma adolescente, e erramos pra caramba! Mas... Também somos completamente capazes de acertar. Quantas bobagens acha que eu não já fiz, garota? Não somos diferentes, e não precisamos.

— Não quero estar com você! Também está me usado! Me quer apenas para saber quais serão os próximos passos do Mestre, e deixa-lo sem aliados.

E Grace, engole a seco, parecia realmente ser apenas aquele o seu interesse.

— Não parasse mais tão correta agora, parasse? - Continuou Rustch. – Prefiro continuar como estou, e com quem estou, do que me juntar a alguém muito mais hipócrita do que eu poderia ser.

— Sim, nós temos interesse em você se juntar a nós, correto. - Admite a ruiva. – Mas, acha que é apenas por isso que estou aqui?! Eu sei o que é estar emburrada com a família, se chatear com o avô, avó, mãe, irmão... Porque eu já fui tudo isso! E ainda mais, se chatear com um carinha que eu admirava! - Deu uma pausa. - E tive alguém querendo estar ao meu lado e me entender?! Não! Apenas eu, e amigas doidas, sofrendo da mesma forma. Pode não querer me escutar, Rustch, mas escute ele, seu avô. Sabe quantas vezes no futuro pode ser você no lugar dele?

O olhar da Aprendiz, desvia-se da humana para o velho. Ele prossegue:

— Volte para casa, Rust. - Pediu, aflito. – Eu não entendo o que houve a você, ou ao estado atual do mundo, mas... Seja o que for, eu te perdoou. Eu te perdoou, volte, minha querida.

— Não percebe, velho tolo. - Disse, tentando passar firmeza, e observando o olhar descrente do avô. – Está sendo usado, isso não o-torna diferente.

— Não! Eu estou tentando salva-la! Salvar a minha neta, salvar alguém que eu amo!

A Aprendiz, permanece sem palavras. Continua o avô:

— Eu a carreguei desde que era um garotinho, para todos os meus trabalhos, sujamos as mãos juntos, queimamos as mãos juntos, e ferimos as mãos juntos. - Sorriu recordando. – E uma vez, se afogou no processador de água ao lado de casa, e quase morreu. Crianças não se regeneram com segurança, fiquei semanas ao seu lado, contando histórias, sobre... Sobre o que era? - Não se lembrava.

— Sobre o Doutor. - Relembrou a Aprendiz, cabisbaixa.

— Sim, sobre o Doutor. Eu odiava ele, contava as histórias de seus piores crimes. Mas você... Conseguiu ver um brilho naquilo, um sentido dentro daquela confusão, e achar admiração.

— O passado está no passado, odeio ele agora. - Deixou a postura cabisbaixa.

— Eu também! Mas que se exploda esse meu ódio! Eu bati palmas para aquele homem Rustch... Ele se importa com você, ele se importa conosco! Veio até a minha porta, e me pediu perdão.

— Obvio, está usando de sua dor.

— E o Mestre, não?

A Aprendiz, permanece em silêncio. O avô se aproxima:

— Podem os dois serem hipócritas descarados, mas, quer saber... O Mestre nunca viria até a minha casa pedir perdão. Nunca.

E o que dizer? Como agir? A Aprendiz não possuía resposta, resposta alguma. Ela achava conhecer bem o Mestre, e mesmo apenas imaginando e supondo que conhecia tão bem, ainda era capaz de admitir em sua consciência, de que nem tanto, e que sim, o Mestre jamais viria a seu avô pedir perdão.

Aquela era uma hora de esperança por parte do avô, queria a sua neta de volta, queria uma parte de si mais próxima de seu coração. E ao mesmo tempo, era uma hora de revolta, a Aprendiz não queria se sentir enganada, ou derrotada, ela queria se sentir correta, e completamente justificável. Grace, vir com toda aquela articulação a-soou como uma completa audácia, já que teria sido ela a estragar os seus sonhos.

Sendo assim, orgulho e ira se abraçaram, e tudo o que a Aprendiz disse foi:

— O que você havia dito mesmo, Grace, sobre o pilar de energia?

— Que ele sobrecarregará o prédio, e em minutos todas as formas de vida estarão exterminadas, assim como os Daleks logo logo acabarão. Porém, esta é a hora da decisão, e precisa escolher, entre salvar quem ama ou correr para quem não pensaria duas vezes em te apunhalar pelas costas.

A Aprendiz, sorri malévola:

— Contava com uma redenção?

— Sim!

— Que pena, regra um do Mestre, “nunca, jamais, em hipótese alguma, preste atenção nos bonzinhos”. Falam demais, e só vão atrapalhar você. Dessa vez, você não pode escapar, humana suja. - Terminou, e ativou um aparelho pequenino retirado do seu casaco negro, zumbindo por toda a sala. - Teletransportes travados. Lhes vejo no inferno.

E após dizer isso, se retira a Aprendiz para a sua TARDIS. O avô e Grace não possuíam mais nada na face, além, de pura decepção.

A TARDIS se desmaterializa. E a dupla, permanece para trás, para a morte. O próprio avô, havia sido deixado para a morte. Ele não possuía mais esperanças, haviam sido por completamente dilaceradas. Grace, percebe o abatimento, e conforta o pobre homem, de olhos já marejados:

— Nós daremos um jeito, ela não é isto, e você sabe. Confie em mim, essa história terá um final feliz.

— Carbonizados?! Já sinto os meus pés formigarem!  

— Ah, não se preocupe com isso! Tudo sob controle, Romana nos aguarda na sala imune a energia. Apenas... - Sacou um aparelho de comunicação. – Romana, teletransportar. A Aprendiz disse que travaria, mas você pode dar um jeito, não pode? Repito, teletransportar.

Mas, nenhuma resposta era dada. Grace, respira apreensiva:

— Romana? Romana...? Teletransporte!

Porém, nada.

— Desista, minha jovem, ela não está a-ouvindo. - Disse o gallifreyano. 

— Mas tem de estar! Ela estava lá em cima! Se não... Iremos morrer! Como os Daleks! Ninguém merece morrer como os Daleks!

— Ora, não seja tola, sabe qual é o meu trabalho? - Corre para o computador sobre o balcão.

— Qual?

— Mecânico, técnico, encanador, e cozinheiro. Tudo o que precisamos é de... Tempo.

Porém, nos demais cômodos e corredores do prédio, os Daleks que continuavam a exclamar por “exterminar” e a perseguir os hologramas, agora, apenas berravam dolorosamente, para em seguida, em um terrível estouro explodirem, se espatifarem em destroços, faíscas e fumaça. Todos eles, todas as formas de vida presentes.

E sobre o campo de força, a batalha de galligreyanos contra as tentativas de invasão, continuavam acirradas.

 

 


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Notas finais do capítulo

e então? Se divertiu com o capítulo? Ação e emoção muito presentes, e ainda melhor, em Gallifrey! uuuoooh kk a série tinha que nos dar mais histórias assim, sorte que na série clássica Gallifrey tava interaça, e teve um monte de arco lá.
E o mestre, o que estão achando dele? interessante ou não? e estou sabendo trabalhar com ele? E o segundo doutor? interessante ou não? também estou sabendo trabalhar com ele? Responda, a sua opinião é muito importante para que essa história continua existindo.
Bom, na verdade eu amo essa história, e mesmo que não comente ou acompanhe não fará tanta diferença, pois quero terminar e ler as próximas emoções. Então caso você seja um leitor fantasma sem coração, tanto faz, te perdoou, e espero que faça um cadastro no site, e interaja com os seus autores favoritos.
Porém, direcionando o assunto pra quem se importa de verdade com a história, quais os seus momentos favoritos? Eu gostei do doutor e mestre se confrontando, desde o capítulo 3, e também a aprendiz e a Grace.
E por que o mestre faria o Jamie desligar o pilar ao invés de danifica-lo? Porque o mestre é cauteloso, e poderia muito bem supor que precisasse se esconder em Gallifrey, se descoberto pelos Daleks, então... um campo de força é bem útil.
E falando nisso, o que será que é a terceira coisa que o mestre disse que o Jamie fará? NEXT TIME....
Mas, sonavemte sobre o mestre, aquilo que ele falou sobre matar a susan é algo que já aconteceu no universo expandido, se não me engano.
E o nome dessas capitais gallifreyanas não são autênticos, só Arcádia, mas o resto é invenção, são nomes de grandes cidades romanas do passado, de trás pra frente. E dentre elas, pompeia e esparta. Cidades, que já foram presença na série. Acho que senhores do tempo podem ser comparados com os romanos.
Mas enfim, MUITO OBRIGADO PELA LEITURA!