Despertar escrita por Ragnar


Capítulo 3
Capítulo 2




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/787325/chapter/3

Arrastado para o meio da conversa ou “reunião obrigatória”, isso o lembrava dos primeiros capítulos da qual as guardiãs conversaram entre si sobre os deveres que tinham agora com o universo.  

Mas ali, ele tinha outro grupo o encarando com seriedade e até suspeita. Miss Fortune e Ezreal o encaravam com incerteza do que poderia estar acontecendo e o silêncio entre todos ali não ajudava nem um pouco, era até desconfortável saber que os personagens mais recentes — e ele deveria parar de se referir a eles como “personagens — o desconfiavam e nem faziam parte do grupo de Luxanna. Temia até alterar algo, de novo, entre eles. 

— Você não vai contar como foi parar no campus? — A voz de Miss Fortune ou Sarah estava serena demais para algo sério, insistindo em algo que ele negava um pouco em contar e ser descreditado por todos, ser taxado de louco — Se não vai contar, então vamos voltar a outros dois assuntos da qual você me chamou, Lux — E se voltou para outra guardiã, sorrindo fracamente — Vocês estão realmente considerando a palavra daquele cara? Aliás, você contou tudo tão apressada que não peguei todos os detalhes. 

— Ele disse que queria ajudar... — Contou, nervosa e encarando as outras amigas, encarando Yasuo. 

— Ele poderia ter matado vocês, todas vocês, Luxanna — Miss Fortune declarou, séria — Por favor, não pense que estou sendo a vilã aqui a repreendendo sobre suas atitudes, mas até agora, poderia ter colocado seu grupo em perigo — Falava — Vocês sabem o nome dele pelo menos?  

— Ele não falou o nome, mas ele sabia onde e como mandar um recado — Lux explicou — Você também sentiu, quando buscamos ele no quarto, a magia sombria que tinha. 

— E é por isso que a pergunta de como ele veio parar aqui deve ser respondida — Miss Fortune voltou a falar, a atenção voltada para Yasuo que apenas observava tudo como um “leitor” — Vocês têm um homem desconhecido na casa de vocês e nenhuma aqui é maior de idade além da Janna — E apontando para a garota de cabelos roxos, uma tensão óbvia ficou entre todos ali — Pense na Lulu e na Poppy, pense em todas Lux. 

— Eu penso, mas ele claramente não fala apenas para mim sobre ajudar algo, o desconhecido e que tanto o seu grupo de guardiãs e eu sabemos que vem pela frente — Luxanna argumentou — Ele viu o desconhecido, de olhar amarelo e traje de um guardião estelar — E se referindo a Yasuo novamente. 

— Me diga que vocês que carregaram ele — E pela primeira vez, a palavra era de Ezreal ali, a pergunta um tanto preocupada e tendo o breve aceno em concordância de Jinx e Janna da pergunta — Ótimo, seria péssimo esse “guardião estelar” saber onde vocês moram. 

Então, o Rakan meio que sabia sim onde elas moravam, só que o interesse não foi bem o grupo das guardiãs estelares ali ou dos aliados e sim do fracasso da maluca. Quem era essa maluca? Maldito momento que Sona e Akali não deram os rascunhos para um fã maluco como Yasuo. 

— Eu queria ter arrastado ele pelo cabelo, mas as meninas falaram que não seria civilizado — Jinx comentou, dando de ombros e até mais calma do que ele reconhecia dos mangás. 

Todos estavam falando tão abertamente sobre o assunto que chegava a ser estranho... Mas ele era um suspeito no final das contas, só que se manter neutro traria ainda mais desconfiança. Então ele ergue a mão timidamente, tentando o máximo esconder o próprio nervosismo e pensando em algo tosco para perguntar, mas não tão tosco. 

— Alguém pode me falar o que está acontecendo...? — Perguntou, olhando para todos e sua cara de confusão deveria ser genuína já que ele sabia onde e com quem estava, mas não entendia mesmo o que aconteceria dali. 

— Dez minutos aqui e ele não entendeu merda alguma, eu desisto! — Jinx bufou, aborrecida. 

— Yasuo? Somos guardiãs estelares, fomos escolhidas para proteger à todo universo em um dever que pesa em nossas costas, uma responsabilidade que carregamos para um bem maior de todos, para a segurança de inocentes — Luxanna explicava, mantendo um tom calmo e lento para que ele entendesse — Perguntamos coisas a você que podem sim parecer estranhas, mas não estamos aqui para fazer mal e até pedimos desculpas em o carregar até a nossa casa — Se desculpava, parecendo até ficar corada de vergonha. 

— Ele não vai acreditar... — A menina pequena de cabelos azuis, Poppy, resmungou enquanto parecia pegar a aura mal-humorada de Jinx.  

Elas realmente duvidavam da inteligência dele... Agora sabia o que o ex guardião estelar sentia. 

— Aquele cara que apareceu antes que eu tivesse desmaiado... Ele é alguém perigoso, não é? — Perguntou e agora tinha a atenção de Miss Fortune e Ezreal em si, notando Lux ficar tensa com a pergunta dele — Quando vocês subiram... Ele estava no quarto, comigo... — Contou. 

Péssima escolha só de ver o olhar assustado de todos ali. 

— Ezreal, veja as janelas da casa, agora! — Miss Fortune mandou e sem recuar, ele saiu da cozinha — Vocês, alguma de vocês praticou magia protetora? — Indagou e Janna e Lulu levantaram a mão — Vão com o Ezreal e o ajudem com a proteção da casa e você — Apontou para Yasuo — Vai falar tudo o que aconteceu. 

Ambas guardiãs que foram citadas saíram em seguida e nem mesmo Poppy ficou ali, restando apenas Lux e Jinx, as duas acompanhando o que Miss Fortune iria fazer ou falar.  

— Ele apenas falou que eu era um erro... Que não deveria ter acontecido — Contou, encarando cada uma e ficando nervoso a medida que as garotas ficavam mais perto dele. 

— Trazer ele aqui foi um erro — Jinx comentou — Não sabemos se é apenas aquele homem que ofereceu ajuda ou se tem mais, não sabemos nada de guardiões antigos além do teu grupo, pimentinha — E se referindo a Miss Fortune, o apelido nem mesmo a ofendeu ou chamou atenção — Agora temos que preocupar com a segurança da nossa casa. 

— Tem algo além disso, não é, Yasuo? — E novamente, Miss Fortune se voltou para ele, o encarnando com desconfiança — Você me é familiar de várias formas, mas não sei como... Talvez seja por se parecer muito com os colegas de faculdade da Syndra, mas quem sabe, é o acaso ou é estranho achar tudo tão normal. Não gritar que somos loucas ou acusar a todos aqui de sequestro. 

— Por favor, acredite em mim quando eu digo que não sei o que está acontecendo... Mas que também sei que não é algo da minha cabeça — Yasuo rebateu, nervoso — Um homem surgiu do nada no quarto que eu estava e quase poderia ter me matado...! 

— Mas ele não o fez, o que é mais suspeito ainda — Jinx o interrompeu. 

— Eu fui puxado do lugar onde estava, lendo e acalmando a mente e só por dormir, vim parar aqui — Confessou, negando com a cabeça — Eu quero voltar para casa, apenas isso... Parece que é um pesadelo!  

Era incrível, mas ele não mentia. Histórias de fantasia e de pessoas superpoderosas eram incríveis apenas no papel e na imaginação, imaginar estar ao lado daquelas meninas em ação causava pavor, ser morto ou nunca mais voltar para casa. 

O silencio delas com o que acabou falando causava ainda mais desconforto que o normal. 

— Você pode não ser da cidade... Mas acho que seria uma boa o deixar aqui por enquanto e depois, na casa do meu irmão até tudo se acalmar e arrumar uma forma de o fazer voltar para casa — Lux comentou — Não sei como, mas talvez podemos contar com a ajudar de vocês dessa vez também — E da frase, Luxanna se voltou para Miss Fortune. 

O grupo da Sarah... Lembrava que os criadores do mangá pegaram com a autorização da Ahri do K/DA a aparência e estilo raposa da vocalista para criarem a personagem do mangá e líder do grupo das guardiãs, seria bem estranho ficar cara a cara com alguém que conhecia e não o reconheceria. 

O que ele faria até elas acharem uma resposta?  

Quanto todos voltaram para a cozinha, Ezreal contou que a proteção da casa tinha sido feita e que não havia magia sombria que cercasse o lugar, mas não trazendo mais alivio depois da confissão que Yasuo fez, ainda tendo a tensão no ar que incomodava a todos, mas que queria ignorar. 

Miss Fortune contou que não deveria demorar, que deveriam voltar para casa e que a líder deles deveria já ter conhecimento da ausência deles, se despedindo das meninas e deixando Yasuo sozinho com elas, sendo acolhido pelo olhar de todas. Mas o que conseguiu quebrar aquele clima todo foi Lulu, a garota alegre e de sorriso acolhedor, falando que “a luz gosta dele”, tirando a tensão anterior, o fazendo ser acolhido e ainda beliscar o lanchinho noturno junto a garota. 

Acabou soltando um pouco de si mesmo, sobre o curso da faculdade, mas não falando que já concluiu, atraindo curiosidades e perguntas da pequena Poppy também que sempre séria ao lado da verdinha, mas não deixava de ter um ar inocente. Falando mais do que estava acostumado, bebendo água para repor saliva perdida e se resguardando com as farpas lançadas por Jinx, sendo devidamente apresentado para todas. 

Ele já as conhecia, mas ali... Ele estava vendo e reconhecendo que nunca as conheceu de fato, eram vivas e tinham profundidade, eram reais demais para um sonho. 

Sendo levado de volta para o quarto, ele sabia que elas deveriam ter recheado o lugar de magia para que Yasuo não fizesse nada e sabia que as mesmas estariam de guarda, se mantendo alerta quando as mesmas desejaram boa noite, o deixando só no quarto. 

Tentar dormir novamente não foi a coisa mais fácil, mas conseguiu dormir. Acordando apenas com a barulheira da manhã e sentindo a cara amassada e a baba na boca, se ajeitando da melhor forma enquanto voltava para a cozinha, vendo o que seria o café da manhã quase voar na cara e desviando de uma panqueca, vendo a mesma grudar na parede e coçando o olho ao ver a mesa cheia de coisas gostosas, sendo convidado a Lux para se juntar a elas. 

O que ela falou para ele acabou sendo breve, mas o irmão mais velho dela passaria parte da manhã ali com Yasuo antes de ir à universidade, o que não demoraria e seria uma garantia dele conhecer o tão temido e protetor, Garen. 

Quando deu a hora, todas se despediram e antes de chegarem a porta, alguém tocou a companhia e foi recebido para entrar, se mostrando ser o irmão mais velho de Luxanna. Pelo uniforme de jogador de basquete e ser realmente o mais velho, ele encarou Yasuo desconfiado e encarando a irmã, tendo a desculpa por parte de Janna falando que Yasuo era primo dela e tinha se perdido na cidade, a encontrando. 

Não tinha como pirar ao ouvir as palavras de Janna o chamando primo. Janna o chamou de primo. Ele poderia morrer em paz. 

Aquilo pareceu convencer um pouco o irmão de Lux e ele se despediu de todas, ficando em fim, os dois sozinhos.  

— Não sabia que Janna tinha primos — Garen, o grandão, falou enquanto largava a mochila no chão e deixava a bola de basquete ao lado de si enquanto sentado — Mas perdido? O que o fez ficar perdido para ficar dentro de uma casa cheia de meninas, hã? — Perguntou. 

A sim, irmão protetor e sensato. Se Yasuo estivesse no lugar de Garen, faria as mesmas perguntas, então ele deveria fazer desculpas que se encaixassem e fossem convincentes... As guardiãs eram as únicas que poderiam ajudá-lo e ele também deveria confessar a elas o que estava acontecendo realmente. 

— Eu estava meio que dando um tempo do curso... Vim para a cidade me encontrar com alguém e me perdi no final — Contou, coçando a nuca e vendo o outro franzir o cenho. 

— Esses dias a cidade está perigosa a noite, não deveria se envolver com alguém no escuro assim — Comentou e Yasuo segurou um grito interno, Garen estava soltando preocupação com ele? 

— Mas essa pessoa é meio que importante para mim — Sorriu sem graça, imaginando uma cena melosa de novela para passar realismo, mas a única coisa que pensou foi no ex-guardião estelar, no perigo, dele o cheirando de forma estranha no pescoço — Mas não deu certo... Janna me ajudou e acabou que vou passar o dia aqui... 

— Não deveria deixar isso abalar você, sabe — Comentou, dando um sorriso fraco para Yasuo — Já passei isso com duas pessoas, uma delas ainda tô enrolado, mas tem que seguir em frente e no futuro, isso pode se resolver. 

Yasuo nunca leu de fato a história de Garen, na verdade, o irmão de Luxanna aparecia pouco no enredo e não tinha foco, mas... 

— E a outra pessoa? — Ousou perguntar, vendo a face de Garen ficar séria. 

— Ele morreu... — E nesse momento, Yasuo sabia que deveria ter ficado quieto e mantido a curiosidade para si mesmo. 

— Eu sinto muito... — Sussurrou. 

— Não precisa se desculpar... — Suspirou — Eu tinha brigado com essa pessoa e como éramos orgulhosos, não voltamos a conversar... Então, se você gosta de alguém, não faça a mesma coisa, siga em frente e... Não deixe o orgulho engolir o que você é — Aconselhou e Yasuo apenas acenou em concordância — Lux pediu para você ficar na minha casa, mas não sei como isso vai ajudar. 

— É que... Meus pais, eles não me aceitam bem e Janna é minha protetora, ela me ajudou com a situação toda — Contou. 

— Você contou sua homossexualidade e eles o chamaram de aberração — Teorizou e Yasuo manejou “mais ou menos” com a cabeça — Quando a mãe soube pela Lux que eu ‘tava ficando com Taric, ela quase me jogou do monte Targon... Pelo menos a velha me respeito no final — Deu uma breve risada. 

Garen bissexual. Aquele mangá ‘tava ficando ótimo mesmo, saber o enredo e a profundidade melhor que qualquer um dava uma satisfação enorme para Yasuo, de ser único. 

— Você não tem problema em comentar sobre o assunto com alguém que não conhece? — Perguntou e Garen o olhou, surpreso e então, sorrindo. 

Sabe o sorriso que aquece o coração? Então. 

— Mesmo sendo primo da Janna e falando mais do que ela, gosto de conversar, não tenho vergonha de falar sobre esses assuntos — Confessou — Sinto que posso confiar em você, Yasuo. 

— Fico feliz... — E retribuindo o sorriso, aquela era a primeira vez que se sentia mal em contar uma mentira. 

Ouvir a confissão e desabafo de Garen fez com que ele refletisse sobre, se estava sonhando ou não, sobre ser real demais ou ser um pesadelo disfarçado, apenas... Queria não sofrer e ver a dor de personagens tão reais. 

Conversaram mais e Garen ainda aproveitou para pegar o videogame de Jinx para jogar, deixando com que Yasuo ficasse apenas observando as habilidades do outros e admirando em como alguém que nem parecia jogar ou ter interesse em jogos se divertir e ainda se oferecer para mostrar algo para Yasuo. Foi divertido e logo, Garen teve que se despedir e seguir para a faculdade, que deixar Yasuo sozinho. 

Se vendo cercado pelo silêncio, as meninas voltariam na metade da tarde e ainda era meio dia... E ele não tinha roupas. 

Um pequeno guinchar na cozinha naquele silêncio atraiu sua atenção e com calma, adentrou o lugar e devagar, pegou uma frigideira em cima da pia, indo até o outro lado da cozinha que parecia ter a origem do barulho, se aproximando e erguendo sua arma letal e... Um rato verde? 

Se encolhendo e com uma ratoeira presa no rabinho, o que o fazia guinchar e só de perceber Yasuo ali, armado para o atacar, foi então que a pequena criaturinha guinchou ainda mais alto cercada e tremendo. 

Seis patas e um olharzinho de durão bem molenga, ele deixou a frigideira de lado e tentou acalmar o pequeno ser, notando em como as três carapaças que cresciam do corpo dele brilhavam em neon nas pontas, ficando em um tom vermelho... Talvez pela dor, o que fez Yasuo se sentir um monstro e o pegar no colo. 

Dane-se se aquilo fosse um rato ou não, ele era incapaz de machucar até mesmo um raté mesmo um rato! 

— Ei... Eu não vou machucar você... — Sussurrou, o colocando na mesa e vendo que a criatura tinha paralisado de medo, o que facilitaria as coisas — Tem que ficar paradinho para que eu tire isso de você, sim? — Pediu, mesmo que a coisinha não entendesse e ele tentou com o máximo de cuidado, puxando as travas da ratoeira e tirando do rabinho neon do ser, jogando na pia — Acho que assim ‘tá melhor, não é? — Comentou, sorrindo. 

Quem diria que aquela coisinha saberia o significado de pedir “obrigado”. Não fugiu e sim... Caiu de lado as patinhas balançando e a língua estranha de duas pontas para fora, parecendo pedir carinho. 

— Você é um ratinho muito estranho... — Sussurrou, fazendo um leve carinho na barriga da coisinha — Mas eu não posso ficar com você, nem mesmo sou daqui... — Comentou, dando uma risada com a tentativa de mordida da criatura — Ratinho, assim fica mais fácil de reconhecer... 

Ótimo, de enxerido para inquilino temporário... Com um bichinho de estimação. Mas como aquilo tinha entrado se todas as janelas e entradas da casa estavam com proteções? 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Despertar" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.