Despertar escrita por Ragnar


Capítulo 4
Capítulo 3




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/787325/chapter/4

A primeira coisa que Yasuo fez foi esconder o ratinho de neon verde no quarto e recepcionando as meninas quando chegaram, ficando eufórico ao arrumar a cozinha e a pequena bagunça que fez aos montes ao alimentar a pequena criatura, mas tentando ao máximo não chamar atenção... Não queria deixar nada mais errado do que a própria presença dele em um lugar da qual não pertencia. 

O que foi bem fácil e simples, as meninas chegaram eufóricas e Luxanna logo veio perguntar como Yasuo se saiu com o irmão dela, já pedindo desculpas adiantadas pela possível grosseria que Garen deveria ter feito, o que não aconteceu e ele não contou detalhes, apenas deixou entrelinhas de que de fato aconteceu e para decepção de Jinx, Yasuo não levou um soco na cara e nem mesmo brigou com o mais velho, pelo contrário, ganhou simpatia.  

E ele ainda foi considerado como prima de uma das personagens que mais gostava de todas as guardiãs. Depois de Lux, claro. 

Só com o passar do restante da tarde e se estendendo para noite, Yasuo se perguntava em como uma mentira poderia se estender tão bem até aquele ponto para todos a sua volta naquele mundo, era praticamente um enredo muito louco de ficção do criador e a obra, mas ele claramente não era criador algum ali, nem mesmo criou fanfictions sobre quando adolescente, mas... Pensar em como voltar ficou de lado quando ele se juntou a elas no jantar e acompanhou a rotina noturna de fato, rindo e sorrindo, deixando que Lulu o introduzisse melhor nas conversar e falasse de boca cheia enquanto Jinx reclamava das aulas que teve, além de reclamar de tudo que Yasuo poderia ter feito na casa na ausência delas. 

Claro que ele nem tentou argumentar e aceitava a repetição do prato que Janna tinha feito, apreciando bem a comida enquanto em meio ao termino de toda refeição, Lux continuava a explicar o que ele já tinha conhecimento prévio, tentando tirar mais respostas dele e só obteve parte do que Yasuo contou para Garen, recebendo a face corada dela como resposta e um breve aceno de Janna para a situação, constrangendo todas ali um pouco.  

Elas não o tinham parado para perguntar mais sobre si, mas sabendo daquela forma e tirando ser parente da garota de cabelos roxos, parecia fazer sentido, mas uma delas ainda o olhava com desconfiança... Poppy. Mas a pequena não comentou nada. 

Ainda receoso com uma nova visita, todas asseguraram que não aconteceriam nada... Mas ele conseguia sentir que elas mesmas queria acreditar do que lhe confiar tais palavras, apenas desejando “boa noite” e o deixando sozinho no quarto. 

Talvez fosse melhor ficar na morada de Garen do que constranger as meninas, era um homem com várias garotas colegiais... Não era aquele tipo de cara de ecchi. 

O ratinho dormia e ocupava parte da cama, coragem foi o que faltou em Yasuo para expulsar o bichinho dali, se acomodando melhor na cama e tirando a blusa que usava, adormecendo e não tendo nenhum sonho. 

Os três dias seguintes seguiram tão tranquilamente que Lux já o preparava para o levar para a casa de Garen, o dando as poucas roupas que o irmão largou com ela e dando para Yasuo... Roupas que ficaram muito folgadas, mas ele não reclamou, adorou um banho gelado pra ver se acordava e usar roupa limpa que era de outro homem. Incrível. 

No meio da correria que foi difícil esconder o ratinho, o deixando ficar debaixo da cama quando Lulu lhe dava alguns desenhos e todas corriam para se arrumar para a última aula da semana. O momento perfeito para Garen voltar em aparecer e o levar para a casa dele... A desculpa de ser primo da Janna ainda estava de pé e a guardiã estelar firmou ainda mais a mentirinha ao forjar uma mochila e colocando coisas para mostrar algo. Yasuo conseguia sentir compaixão do olhar da mesma e naquele momento, ele se sentia um idiota por mentir. 

— Espera aí, essas não são as minhas roupas? — Garen perguntou, olhando estranho para a irmã e para Janna, mas recebendo apenas um beijinho no rosto enquanto as meninas se apressavam para sair. 

Janna apenas deu um longo abraça em Yasuo e um breve sorriso, saindo junto com as outras e deixando ambos sozinhos, o mesmo silêncio reinando e sendo menos constrangedor para os dois. 

Yasuo pode ver as roupas diferentes do outro, um preto bem presente da blusa e do casaco, além de um buquê de flores bem cheirosas com pedras pequenas e brilhantes, já sabia que iriam fazer algo antes do outro o levar para onde morava e então, ir a faculdade. 

— Não avisei a Lux, mas eu planejava faltar hoje e ir ao cemitério... — Contou, coçando a nuca. 

— Tudo bem, já fico muito agradecido por me deixar ficar um tempo na sua casa, não quero incomodar — Yasuo suspirou, sorrindo fracamente — Eu posso ficar no carro se quiser 

— Eu que não queria incomodar, mas... Obrigado. 

Como um acordo silencioso, ambos se retiraram de casa e ele já pode ver o carro pomposo que Garen tinha e que causava certa inveja em Yasuo, um com pouco espaço atrás e parecendo algo bem esportivo, deixando as coisas no banco de trás e torcendo para ratinho não fazer barulho algum no caminho. 

Até o cemitério, não demorou como esperava e mesmo sabendo que seria invadir o espaço de alguém, Yasuo se retirou do carro e acompanhou Garen, vendo o quão afetado ele estava a cada passo dentro do lugar, a cada lapide enfeitada e mausoléu grandioso, cada enfeite de luxo e de status, mas cada minuto que passava, mais longe da entrada ficavam e as lapides sem enfeitei haviam ali, mas uma se destacava. 

— Ei... Eu disse que voltaria — E deixando o buquê ali, junto de vários outros que começavam a murchar aos poucos, Yasuo viu em como Garen se preocupava em limpar e dar atenção a aparência da lapide — Trouxe alguém... Mas não esqueci as suas rosas favoritas. 

O ex-namorado dele... O que a teimosia e o orgulho separaram. 

Não houve mais palavras vindas do grandão, que apenas prestou silêncio e Yasuo não ficou para trás... Se ajoelhando ao lado de Garen e rezando.  

Poderia não entender a dor dele, mas prestaria respeito e condolências para a pessoa ali. Sentindo paz e não apenas morbidade do lugar, com o cheiro de rosas e outras flores lindas que ali tiravam o cinza do lugar. 

Foi algo breve, mas que para voltarem para a saída do cemitério demorou um pouco, sem nenhum dos dois falar algo ou comentar do que aconteceu, Yasuo respeito Garen em seu luto e o tocando no ombro antes de entrarem no carro, viu como o outro já tinha absorvido o que aconteceu, mas ainda triste. 

Dentro do carro, o silêncio se desfez com o barulho de algo rosnando no banco de trás, atraindo a atenção de ambos e a tensão de um, se mostrando ser o ratinho e saindo da segunda mochila que Yasuo tinha. 

— Eu posso explicar... — Sussurrou, engolindo em seco quando o mesmo franziu o cenho e se ajeitou no banco, os braços cruzados e aguardando a “explicação” — É uma história engraçada... Mas ele apareceu na casa das meninas e como ele não parecia uma ratazana, acabei meio que adotando ele?  

— Meio que o adotou? — E em tons mais baixos e roucos, ignorando a autoridade de Garen e o medo na face de Yasuo, o ratinho acabou saindo do banco traseiro e foi para o colo do.... Garen. 

Imagine alguém sem reação e pegando o serzinho nas mãos, o encarando enquanto o ratinho deixava a língua de fora para lamber o olho direito. 

— É “ela” — Falou por fim, voltando a deixar o rato ou “ratinha” no próprio colo enquanto ligava o carro. 

— Espera, não vai impor alguma regra sobre ter um bicho bizarro dentro do seu carro? — Perguntou. 

— Essa é uma conversa mais apropriada para quando chegarmos em casa — Garen respondeu e Yasuo negou com a cabeça. 

Não iria ser tão fácil. 

— Garen, por favor, não tem problema falar que aceita bichinhos na sua casa, mas esse não é o mais comum, vamos combinar — Tentou voltar para o assunto novamente, sendo dessa a vez do Garen negar com a cabeça. 

Mas não teve resposta alguma e apenas quando chegaram em frente a uma casa de dois andares é que Yasuo temia pela agora, pequena ratinha. E claro, por ele mesmo. 

Pegando as duas mochilas no banco de trás e acompanhando Garen até a porta, a mesma estava aberta e havia bastante gritaria de duas pessoas ali, mas quem os recepcionou foi um coelho com um rabanete na boca. 

— Já falei mil vezes para Katarina não deixar ele solto.. — E suspirando, entregou a ratinha nos braços de Yasuo enquanto pegava o coelho, adentrando mais a casa. 

Fechando a porta, Yasuo voltou a colocar a ratinha na mochila e recebendo reclamações no processo, mas deixando o zíper um pouco aberto.  

Pedindo “com licença” adentrou um pouco mais a casa e a gritaria que parecia vir da cozinha aumentou com a voz de Garen, vendo uma garota de cabelo ruivos e um de garoto de capuz azul, nem mesmo se intrometeu e saiu de perto, ficando na escada e se sentando ali mesmo, esperando Garen aparecer, isso quando a gritaria deu uma “diminuída”. 

Bufando e mostrando um pouco a casa, Yasuo tinha plena certeza de que Garen estava sendo movido pela força do ódio, sendo apresentado ao quarto que Lux ficava no início e que pelo momento, era o quarto dele. Sem mais palavras, apenas um breve pedido de desculpas e com ele se despedindo da pequena ratinha, assim deixando Yasuo e a pequena sozinhos. 

Sem paredes rosas, lençóis neutros e um guarda roupa vazio, um lugar bom para ficar e moscar o resto do dia, mas ele saberia se virar... Por enquanto. 

Arrumando as coisas como podia, se ajeitou da melhor forma e soltou a ratinha, se sentando na cama e ficando com a mesma... 

— Se você é fêmea, então é melhor algo bonitinho... — Sussurrou, olhando para a porta fechada e dando graças por isso — Petúnia? — Perguntou e a ratinha o encarou, piscando os olhos amarelos — Você não é tão adorável assim em aparência para ser Petúnia.. — Comentou e a mesma deixou de lado, a língua de fora e as seis patinhas balançando em alegria — Espera... Você gosta de “Adorável”? — E em resposta, “Adorável” balançou ainda mais as patinhas — ‘Tá bom, Adorável... Precisamos colocar algumas regras aqui... Não sei de que ninho ou toca você surgiu, mas não podemos mais invadir a cozinha e fazer um lanchinho da noite, entendeu? — E a resposta de Adorável foi um arroto que trouxe bolhas neon — Mas é claro que você não entende, tô falando com um ser que saber rosnar apenas... 

Explicar regras foi mais difícil do que parecia, mas a gritaria do andar debaixo parecia ter cumprido melhor o papel de educar, fazendo Adorável se esconder atrás de Yasuo. Recado dado. 

Batendo na porta, um Garen sujo de farinha apareceu e pedindo “com licença”, entrou e fechou a porta atrás de si, sendo recepcionado por Adorável. 

— Sabe... Não acho essa coisinha estranha, Yasuo — Deu início, tendo Adorável se colocando e acomodando no ombro esquerdo — Luxanna sabe? 

— Não... Mas como você fica tão tranquilo sobre? — Perguntou, tendo uma risada de Garen. 

— Eu vi a minha irmã caçula vestida como uma garota mágica ou seja lá o que chamam — Contava — Ela me fez jurar para que nunca contasse a ninguém, nem mesmo da criaturinha que acompanhava ela, parecida com essa aqui, inclusive — E falando, acariciou a cabeça da ratinha — Não sei o quão envolvido você está nessa história também, mas algo me diz que quanto menos eu ficar sabendo, melhor. 

Belo irmão mais velho sem a tropê clichê. 

— Ela me contou algumas coisas com a minha prima também... — Deu de ombros, sem graça. 

Ele já disse que era o primo da Janna? 

— Então vamos fazer um trato de não falar desse assunto enquanto estivermos sob o mesmo teto?  

— Fechado — E erguendo a mão, ambos fizeram um “trato” estranho, de não falar de meninas de bichos estranhos. 

Ótimo. 

Faltando apenas a convivência, Yasuo foi convidado para se juntar para o almoço, sendo assim apresentado finalmente para Katarina e o irmão dela, Talon. Sem gritaria ou guerra, a comida sendo servida e de canto, Garen preparava um prato separado para Adorável, colocando um pouco de tudo em uma tapoé e se juntando em seguida a eles. 

Então as perguntas surgiram e Yasuo respondeu da mesma forma pela terceira vez, sabendo de decoreba e ficando receoso pela vergonha de mentir e não por ser tímido. Isso pareceu atrair a desconfiança de Katarina que parecia até mesmo mortal ao entregar a lasanha no prato de Yasuo, segurando a faca de uma maneira pouco gentil e bem habilidosa para uma civil comum, mas Garen interviu, trazendo a ira de Katarina para si. 

Mas o silêncio que ficou entre eles durante a sobremesa foi um tanto constrangedor, havia uma tensão no ar da qual Yasuo não sabia, mas não perguntou nada ou tentou quebrar o clima ali. 

Com o pote em mãos entregue por Garen, acabou sendo recusada a ajuda para lavar os pratos e então, sem querer se intrometer na próxima gritaria, foi para o quarto que agora era seu. 

Mas o momento de paz teria que ir embora em algum momento, não é? 

— Adorável... Venha cá — E fechando a porta atrás de si, manteve a pose de valente contra o guardião corrompido. 

Mas a ratinha o ignorou, pulando na cama enquanto “brincava” com a mascote estelar de Rakan, recebendo até mesmo um carinho do guardião. Aquilo, para Yasuo, soou como uma ameaça. 

— Um nome longo para o seu familiar. 

Aquele arrepio foi de medo ou de “tensão” sem o “n”? 

— Adorável, querida... Venha cá — Pedindo novamente, a ratinha ignorou a mascote voador e deu atenção a Yasuo, indo até o mesmo e sendo pega no colo. 

— Nossa “conversa” de uma quase semana atrás não acabou — Declarou, o familiar dele voando ao redor do mesmo. 

— Pergunte o que quiser, mas eu já disse que não sei de nada e de nada eu digo “nada” — Rebateu, mantendo Adorável ainda mais acolhida em seus braços — Você não é o único que gostaria de ter algumas respostas e até soluções vindas das respostas. 

— Uh? Então você quer uma solução? — E do sorriso longo do mesmo e se aproximando, Yasuo mordeu a própria língua com o que acabou falando — Então você sabe de algo, intrometido... 

— Do que adiantaria contar algo a você se vai me matar? — Replicou, mas tais palavras fizeram o mesmo parar, o olhar arregalado. 

— Matar...?  

— Não é isso o que você vai fazer? Me matar? — Cenho franzido, era clara a confusão na face de Rakan, a luta interna que deveria ter. 

Sempre que lia os mangás e das interações dele com Xayah, conseguia ver em como ele batalhava para se manter sã, um pedaço dele ainda queria ser e manter a amada a salvo, pelo menos ela longe da corrupção do grande vilão. Mas Yasuo se lamentava pelos volumes recentes não mostrarem quem era o grande inimigo. 

Ao falar em “matar”, algo dentro dele parecia o trazer algo, um pedaço dele que deveria estar quebrado ou da qual gostaria de esquecer. 

— Eu... Não mato ninguém — Sussurrou, soando mais como um rosnar animalesco e longe de um ser pensante — Aquela pirralha não vai me obrigar a matar ninguém...! 

— Mas é o que parece — Rebateu, trazendo atenção para si — Você mataria para se salvar... Salvar ela... — Comentou em um tom baixo. 

Palavras erradas ao ter o olhar arregalado novamente de Rakan para si, o familiar dele sendo ignorado e até mesmo Adorável, que pulou para longe de seus braços quando Rakan o pegou e o empurrou pelos ombros. 

— O que você disse?!  

— N-nada! 

Não era raiva... Era medo. Rakan estava com medo. 

— Como você sabe dela?! — Repetiu, mas Yasuo não tinha medo ali e sim Rakan. 

— Vai me matar se eu contar? — Perguntou de volta e ele... Recebeu um puxão de orelha? — Ai! 

— Pare de falar que vou matar você, seu idiota — Rosnou — Agora, fale o que você sabe e não me responda a mesma coisa, não foi normal e a magia sombria em você não foi acaso... Esse familiar seu aparecer não foi acaso e nem mesmo estar diante de um grupo estelar. 

Merda. 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Despertar" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.