Across the universe escrita por Artemis Stark


Capítulo 2
Parte 2




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Hermione embarcou, sorrindo para os amigos com um aperto no coração. Pegou de sua mochila de contas o velho diário desgastado. Era de sua avó contando as aventuras da mãe quando fugiram de Witchnham. Ela e August despistando os perseguidores, a chegada e acolhida da família Nolet.

Claro que ela poderia viajar com os amigos, mas todos sabiam que era uma jornada que ela precisava fazer sozinha.

Desceu na estação e foi andando até a pequena pousada, após pedir algumas orientações.

— Seja bem-vinda, querida. Vou acompanha-la até seu quarto.

Hermione agradeceu, desfez as malas e trocou por uma roupa mais leve. Logo depois saiu novamente e foi andar pela orla da praia.

Dois dias depois, já conhecia a cidade e voltou novamente até a praia que era praticamente deserta, exceto por poucos pescadores. Continuou andando, indo mais longe do que já tinha ido. Olhava ocasionalmente para a direção da floresta, no entanto, sabia que seria impossível achar qualquer vestígio do casebre descrito por sua avó.

—--

Legolas estava ao lado de Aragorn e Arwen. Desceu do seu cavalo e encarou a floresta que entrou anos antes, fugindo dos orcs.

— Não sei o que encontrarei. Nossos anos passaram em ritmos diferentes.

— Quando voltar, ainda estaremos aqui. Esperando – sentiu a mão da elfa em seu ombro. Seu toque dizia que estariam lá, mesmo que a escolha fosse não voltar na próxima abertura do portal.

Demorou mais do que queria para voltar, porém não poderia abandonar seus amigos naquela batalha. Acreditava, de coração, que Jean estaria protegida com August. Era nisso que precisava acreditar.

O trio despediu-se e o elfo colocou a mão sobre o carvalho, murmurando as palavras que não recitava desde que voltara para seu mundo. Sobre seu ombro, uma sacola de pano com trocas de roupas.

Dessa vez saiu de forma altiva, sabendo onde pisava e para onde ir. Olhou de um lado para o outro, então a viu. Andava pela orla, usando uma roupa que não condizia com o que vira da última vez. No entanto, os cabelos cacheados eram o mesmo.

O barulho de passos fez com que Hermione virasse para trás, erguendo sua varinha.

— Jean...

O olhar dela se estreitou, com a varinha preparada. O homem era alto, vestia roupas de tons de verde. Em suas costas, era possível ver a ponta do arco e algumas flechas. Abaixou a mão lentamente. Continuou perscrutando os longos e lisos cabelos loiros, a orelha pontuda.

Legolas se aproximou alguns passos, fazendo o mesmo que a mulher à sua frente e disse:

— Você não é Jean. Quem é você? – viu o pedaço de madeira na mão dela e a sua foi até o arco, porém estava indeciso do que fazer.

— Jean era minha tataravó – Hermione abaixou a varinha, meio sem palavras – Vim até Witchnham para conhecer sua história, a história da minha família.

— Tataravó? – Legolas analisou o ambiente que parecia não ter mudado naqueles anos que passaram naquele lugar. Muitos anos.

— Você é o elfo. O elfo que ela contou histórias para minha avó, porém seu nome se perdeu... Sou Hermione Jean – guardou a varinha e estendeu a mão.

Legolas continuou parado, a marola batendo em sua bota.

— Achei que poderia reencontrá-la, ajudar Jean a fugir... – andou em direção à areia e Hermione foi atrás. Aproximando-se.

— Se estou aqui é porque fez algo, não?

— Seus cabelos são como os dela. Assim como seus olhos – Legolas inclinou-se encarando-a profundamente, porque os olhos eram iguais e, ao mesmo tempo algo era diferente.

— Obrigada. Pelas anotações da minha avó eu sabia sobre esse momento, não vim antes porque meu mundo estava em guerra.

— Ainda? As bruxas queimadas vivas?

— Você não envelheceu nada – disse, de repente. Sua mão indo automaticamente até o rosto dele. Aquele gesto surpreendeu o elfo, porém ele não se afastou.

— No meu mundo não se passaram tantos anos e eu sou imortal.

Hermione tocou o rosto extremamente alvo, pensando que aquele elfo era um elo com sua própria origem.

Legolas sentiu o toque, contudo, não era como o de sua amiga Jean. Não, aquele toque tinha algo de único.

— Desculpe – Hermione afastou-se de repente, dando-se conta de sua atitude.

— Jean ficou bem, então?

— Sim. Ela teve muitos filhos, mas só ela era curandeira – os ágeis olhos claros foram até a cintura da Hermione e ele compreendeu, pegando a varinha – Sim, sou uma bruxa. No nosso mundo usamos as varinhas para fazer feitiços. Com um movimento, fez surgir alguns passarinhos que voaram delicadamente sobre Legolas, que sorriu.

— Conte-me mais sobre seu mundo.

— Podemos ir até a cidade, mas suas roupas vão chamar muita a atenção.

— Venha comigo – ele pediu e começou a andar em direção da floresta. Depois de alguns minutos parou e disse – Foi aqui que Jean me salvou usando suas ervas.

— Ainda usamos essas ervas no preparo de poções. Posso transfigurar suas roupas? – Legolas olhou para um ponto distante.

— Há pessoas se aproximando – Hermione seguiu o olhar dele, sem ver nada.

— Nós, bruxos, ainda vivemos escondidos, mas temos um mundo nosso. Os trouxas, pessoas não bruxas, não sabem de nossa existência. Porém, aqui, estamos numa comunidade bruxa.

— Não parece muito bom viver assim – Hermione deu de ombros, pois sabia que era o melhor jeito de terem paz – A guerra que falou era sobre isso?

— Não, não era.

— O que é transfigurar? – ele perguntou.

— Vou transformar suas roupas em algo do meu mundo. Seu arco-e-flecha...

— Não. Ele fica como está.

Hermione concordou, pois sabia que seria como tirar sua varinha.

— Posso lançar um feitiço que fique apenas invisível para os outros?

Ele anuiu em silêncio. Com um gesto de varinha, as roupas élficas foram transformadas em roupas modernas, mas manteve os tons verdes que ele usava anteriormente. Aquilo impressionou Legolas, que não disfarçou pelo seu olhar.

Sim, havia algo de diferente na descendente de sua antiga amiga.

Retomaram o caminho para a cidade, passando por um grupo de jovens que corria e atirava água um no outro com suas varinhas, fazendo pequenas magias. Hermione os conduziu até um pequeno café e ninguém disfarçou o olhar de surpresa ao vê-la com um total estranho.

— Então – ela começou após fazer os pedidos – Nem sei por onde começar, na verdade – parecia que só agora deu-se conta que todas as histórias eram reais, que realmente havia outro mundo, que os elfos eram como Jean descrevera.

— O que foi? – perguntou, ao ver um sorriso.

— Nesse mundo os elfos são bem diferentes e quando eu contava sobre o que minha tataravó falava, meus amigos não acreditavam.

— Diferentes como?

— São baixos, olhos e orelhas grandes... Ah! Olhe aí – um elfo com roupas modestas apareceu, com uma bandeja flutuando ao seu lado. Com um estalar de dedos, os pratos foram servidos na mesa.

Legolas olhou espantado a criatura que se curvou e seu longo nariz quase tocou o chão.

— Elfos? Por isso seus amigos não acreditaram em você – dizendo isso, escolheu algo para comer.

Então, começaram a conversar, Hermione contando sobre sua família, o mundo em que viviam, Hogwarts. Legolas a interrompia para algumas perguntas e falava sobre seu próprio lugar.

Anoiteceu quando estavam chegando na pousada, Hermione se deu conta de algo:

— Você precisa de um lugar para dormir.

— Posso ficar na floresta. Não estou acostumado a dormir em estalagens.

— De forma alguma – Hermione insistiu, puxando-o pelo punho – Boa noite. Encontrei um amigo da minha família. Tem um quarto disponível?

— Temos sim.

— Hermione, eu insisto. Não precisa.

— Pronto – a recepcionista e proprietária entregou uma chave para ele. Aquilo encerrou a discussão.

Nos outros dias, a conversa fluía tranquila entre os dois que passeavam pela orla.

— Quer aprender arco-e-flecha?

— Eu? Não levo muito jeito.

— Jean estava ficando muito boa. Eu te ensino – Legolas retirou o arco das costas – Eu fiz um menor para Jean – Hermione fez um floreio com a varinha, juntando algumas madeiras que se transformaram no objeto.

O elfo se surpreendeu, novamente. Hermione era uma mulher de riso fácil, que sempre parecia ter algo novo a ensinar, a mostrar. Via-se querendo conhecer mais e mais.

—- Então...

— Sim, claro – Legolas regulou a corda, depois devolveu-o à Hermione. Pegou seu arco e colocou uma flecha. Posicionou-se, puxando o braço para trás. Naqueles breves segundos, antes de atirar, Hermione viu a concentração e o cenho levemente franzido. A trança longa que descia ao longo do cabelo preso em um meio rabo-de-cavalo. A flecha fincou uma árvore que estava relativamente próxima.

— Vou tentar – Legolas ajudou Hermione colocar a flecha e posicionou-se atrás dela. Seus braços foram ao redor do corpo da bruxa, ajudando-a a posicionar.

— Respire fundo. Com o tempo, a arte da arquearia ficará simples como o respirar – ele disse, sentindo o calor que vinha dela, sua mão ao redor da mão dela. Hermione vive uma outra época e tocava-o com frequência, num gesto de amizade. Aquilo mexia com Legolas de uma forma cada vez mais forte.

Hermione queria ignorar o corpo atrás dela, contornando o seu para mostrar a melhor posição para atirar. Alguns fios claros batiam em seu rosto. Aspirava o perfume dele que lembrava terra e folhada após a chuva. Greenleaf.

— E agora?

— Mire – ele afastou-se - Puxe seu braço direito para trás e solte a flecha.

Hermione fez, porém o objeto mal projetou-se por alguns metros. Os dois riram, divertidos pela situação.

— Eu disse, Legolas.

— Não se preocupe. É a primeira vez – disse, segurado levemente o ombro dela e passando confiança – Você vai melhorar com o tempo.

Os dois sentaram-se na areia e Hermione começou a fazer traços com o dedo, sem qualquer figura definida.

— Por que voltou por Jean? Você... – ela ia perguntar algo que estava em sua mente há muito tempo – Você era apaixonado? Ou ainda é?

— Não, Hermione – ele sorriu – Todos no meu mundo perguntaram isso e poucos acreditam quando eu digo que não. Era amizade. Uma linda amizade que tivemos pelo ano que fiquei aqui.

— Você voltou disposto a ficar outro ano apenas para vê-la novamente?

— Sim – o olhar dele dirigiu-se para o mar – Eu sabia que não encontraria a mesma Jean, porém não esperava que tantos anos... Tantos séculos houvesse se passado.

— Agora você ficará preso aqui mais um ano. Está arrependido?

— Claro que não, Hermione. Ficar mais um ano aqui? É um bom descanso depois da guerra. O que foi? – perguntou, ao notar a mudança na expressão dela.

— Legolas, eu preciso voltar para Londres em breve.

Ele levantou-se, pois havia se esquecido desse fato. Ali não era o lar dela. Não, não era esquecimento. Era não querer pensar sobre esse momento.

— Quando parte?

— Daqui três dias – Hermione já estava ao lado dele.

Estavam há quase 15 dias naquela vida de conversas, jantares, passeios na orla da praia. Porém, Hermione precisava voltar ao trabalho no ministério.

— Venha comigo. Venha conhecer Londres comigo e depois...

Hermione respirou fundo antes de continuar. Sabia que era uma decisão ousada, mas nunca estivera tão certa de algo.

— Depois?

— Depois eu vou com você.

— Hermione – ele sorriu e delineou o rosto dela com seu indicador – Não é necessário.

Ele ainda não sabia que quando a jovem bruxa tomava uma decisão, ninguém podia demovê-la.

Na hora de partir, Legolas optou por usar suas próprias roupas e ser quem era. Ele ficou impressionado com o trem que os levava a uma velocidade até então desconhecida.

— Vamos para Toca. Meus amigos nos esperam lá. Agora nós vamos aparatar – dizendo isso, segurou o punho dele, porém o elfo mudou a posição para que suas mãos se entrelaçassem.

Legolas olhou para a casa e, principalmente, para o terreno. Sentiu-se em casa.

— Venha conhecer os Weasley’s. Eles devem estar jogando quadribol.

Legolas ficou impressionado ao ver tantos ruivos em cima da vassoura. Uma vassoura que voava.

— Hermione, querida! Você voltou! – Molly parou uns instantes ao ver o homem atrás dela, que se curvou num cumprimento respeitoso – Você é o elfo.

— Legolas Greenleaf, senhora Weasley – logo Arthur chegou e se apresentou. Na sequência, ouviu-se alguém chamando Hermione e ela virou-se.

— Harry! – ele vinha acompanhado da família toda que estancou ao ver Legolas. Ele vestia vestes pratas, longas, usando seu típico arco-e-flecha nas costas – Um pedido de desculpas viria a calhar – falou, brincando.

Os gêmeos foram os primeiros a chegar, George ajoelhando, enquanto Fred pegava a mão dela e a enchia de beijos. A brincadeira deles continuou sem que notassem o incômodo do elfo, que olhava a tudo com seriedade. Apenas Gina percebeu e sorriu de lado.

—--

— Preciso ficar na floresta dessa vez, Hermione – Legolas disse, quando anoiteceu e todos foram se deitar.

— Mesmo?

— Sim – um silêncio caiu entre os dois – Ficarei bem. Boa noite, Hermione.

 


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Notas finais do capítulo

N.B.: Como assim? Que final foi esse? Me apaixonei muito por esses dois, quero mais, preciso demais. Amiga do céu, nem me considero sua beta. Você facilita muito o meu trabalho rsrsrs. Eu adorei essa sequência, a volta dele, a leve confusão. Mione descobrindo mais sobre seu passado. Tudo foi descrito de um jeito extremamente encantador. Parabéns. Já quero a próxima parte para ontem. Bjs, bjs. Fhany Malfoy!