Across the universe escrita por Artemis Stark


Capítulo 1
Parte 1




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Legolas pegou as flechas, duas de uma vez e lançou contra os orcs. Cada vez que matava um, parecia que surgiam dois. Corria desesperadamente sem dar muita atenção ao caminho que seguia. Sentiu um corte no supercílio, mas não podia parar de correr. Derrubou um com as adagas que trazia presa em sua perna. 

Quando deu por si estava separado do seu grupo. Apenas orcs a sua vista. Focou seus olhos em um ponto distante e xingou em voz alta. Estava muito longe dos seus aliados. Disparava as flechas ininterruptamente. Parou por uns instantes quando sentiu que entrava em uma floresta com grande poder mágico. Não conhecia aquelas terras, mas não podia parar agora, então respirou fundo e entrou naquela floresta. Era elfo e um poder daquele poderia ajuda-loajudá-lo. 

Viu um antigo carvalho e sorriu. Podia ser uma passagem para terras protegidas por outros grupos de elfos. Era o príncipe de Mirwood, afinal. Precisava escapar dali e não pensou duas vezes ao encostar a mão no tronco e fechar os olhos. Murmurou palavras élficas. Uma neblina o envolveu. Sentiu uma dor trespassar seu corpo. A grande arma usada pelos orcs atravessou sua coxa. Continuou murmurando em élfico. Tudo ficou escuro. 

—--

Jean caminhava pela orla. Pegava algumas conchas e jogava-as de volta para o mar. A barra do vestido molhava conforme ela andava. Sabia que sua mãe ficaria furiosa, mas mesmo assim diria com voz calma para tomar um banho. Sabia de cor o discurso que ouviria. A jovem não entendia por que não podia andar sozinha ou caçar. Então, escondida da sua família montou um pequeno casebre próximo ao mar. Era para lá que ela se dirigia. Olhou a água que refletia os raios do sol. 

A água translúcida... A água com uma pequena veia vermelha. Parou no lugar. Levou a mão ao peito ao ver alguém estirado na margem. Correu para ajudar. Ao ver os longos cabelos loiros achou que fosse uma mulher, mas chegando perto viu que era um homem. Estranhou aquilo. As roupas também não eram condizentes com um homem de sua época. Uma arma que ela não conhecia estava fincada na coxa esquerda dele. Afastou os pensamentos e tentou puxá-lo. Não conseguiu. 

— Ei! Senhor! – Balançou levemente o corpo dele. Sentiu o vestido encharcar ao se abaixar. Ele gemeu e abriu levemente os olhos. Ele falou numa língua que ela não entendeu. – Não entendo... Precisa sair do mar, mas não consigo te puxar. 

Legolas tentou abrir os olhos. A claridade o cegava. Ouvia alguém falar com ele. Era a língua de Aragorn. Sentiu o corpo molhado. Uma dor excruciante. O rosto embaçado ganhou forma. Uma jovem de cabelos longos e levemente cacheados.

— Arwen...

— Não entendo o que o senhor fala. Precisa levantar-se. Posso ajudá-lo, mas não aqui... 

Legolas fechou os olhos com força e depois os abriu. Não era Arwen. Tampouco conhecia aquele lugar. Sentiu a perna doendo extremamente. 

— Senhor, apoie-se no meu ombro e ande com a perna que não está lesionada. – Legolas levantou-se e comprimiu um grito de dor. – Tenho um casebre logo adiante. 

Chegaram até lá, deixando uma trilha de sangue atrás de si. Não era fácil andar na areia fofa. Jean fazia uma força extrema para aliviar ao máximo o apoio da perna esquerda. Ao chegarem, ela tirou o arco e as flechas das costas dele. Ajudou a se deitar em uma cama improvisada de palha.

— Precisa puxar de uma vez. Não pegou o osso. Puxe de uma vez. É capaz disso, Lady...

— Jean... Jean Taylor  - Ela respirou fundo. Tinha alguma experiência com animais que cuidava ao encontrá-los no terreno (ou fazenda, algo do tipo) do seu pai, no entanto nunca tinha cuidado de pessoas... – Isso vai doer... – Ficou em pé e puxou a arma transpassada.  Dessa vez, Legolas não conteve o grito de dor. Rapidamente, Jean rasgou uma parte da calça e começou a limpar o ferimento. Levantou-se e voltou com um frasco. Legolas apenas acompanhava o que ela fazia. 

— Obrigado, Lady. Onde estamos? – falou meio atordoado. Jean olhava nervosamente para porta com medo que o grito do homem pudesse chamar a atenção do povoado.

— Witchnham, Inglaterra – ela continuou a administrar folhas na ferida, depois colocou a água para esquentar, foi até a porta e olhou para fora. Fechou novamente de forma apressada.

— Witchnham? Quem é o rei?

— Richard III.

Legolas fechou os olhos porque nada daquilo fazia sentido. O lugar não existia, tampouco aquele rei. Ela se assemelhava ao povo de Aragorn, mas nada daquilo fazia sentido. 

— Suas orelhas... – Jean falou, aproximando-se. O elfo foi rápido e a segurou pelo punho, nisso a chaleira começou a apitar. 

— Preciso voltar ao meu povo.

— O senhor não tem condições de andar uma longa distância, senhor....

— Sou Legolas Greenleaf. Preciso ir para meu povo – ele tentou se levantar, porém não conseguiu. 

— Há algum tipo de veneno nessa arma. Tome isso – a mulher disse servindo uma xícara fumegante do chá de ervas.

— Você é uma bruxa?

Aquelas palavras fizeram a mulher mudar de coloração e começar a tremer.

— Nunca diga isso – disse em voz baixa – Nunca. Bruxas não existem – porém ela mesma não acreditava em suas palavras, porém era dizer aquilo ou morrer queimada – Tenho algumas roupas aqui. Se te encontrarem com essas roupas – pensou no cabelo, porém não falou nada – Melhor tira-las. Está molhado e mais tarde vai esfriar – ela pegou mais folhas – Não fique desnudo agora, senhor Greenleaf.

— Apenas Legolas. 

Ela separou algumas folhas, fez um emplastro e deixou ao lado dele.

— Ali atrás há um lugar que pode usar para... para... – ela corou e Legolas sorriu perante àquela timidez. As folhas e o chá aliviaram a dor que sentia – Apenas Jean.

— Jean, preciso saber mais sobre onde estou.

— Eu preciso ir. Ninguém pode saber sobre esse lugar. Ninguém. Volto amanhã cedo – foi até um armário e pegou algumas frutas secas e outras frescas. Havia poucos pães – Sei que não é muito. Tentarei trazer mais. 

Entregou novamente o arco e flecha para ele.

— Você estará em segurança, mas...

— Obrigado – ouviu as orientações dela sobre como trocar o curativo. Logo em seguida, ela saiu correndo pela porta. 

—----

O atraso dela foi punido como esperava, porém aquilo não era motivo para detê-la. Continuou indo até a praia, intrigada pelo misterioso homem de longos cabelos platinados e orelhas pontudas.

Jean veio com mais roupas e comidas, contando para ele sobre seu mundo, sobre a perseguição às bruxas. Ela ouviu sobre elfos, orcs, anéis mágicos. 

Queriam tentar desvendar como ele havia cruzado aquele mundo. Aqueles mundos.

Logo Legolas começou a andar com mais firmeza, a medicação de folhas e diversas ervas o ajudava. A ferida já estava cicatrizando, porém eles ainda não sabiam como sair daquele mundo. 

Apesar dos protestos de Jean, ele não cortou seus longos cabelos. Logo começaram a andar pela praia, passeios curtos que iam prolongando ao passar do tempo. 

Ocasionalmente Jean aparecia durante a noite, onde faziam mapas para tentar descobrir como ele chegara ali. Depois de alguns meses, parecia que ela tinha chegado à resposta.

Evitava a qualquer custo fazer essas pesquisas em sua casa, mas parecia urgente que ele partisse. Legolas era um homem, não... um elfo bonito, alto, inteligente. Ao mesmo tempo, parecia que a ligação deles não passava por nada romântico. Admiração e respeito.

O som de passos fez com que ela juntasse todas suas anotações e colocasse embaixo de um assoalho solto. Pegou a partitura e fingiu estudar as notas musicais. Já sabia aquela merda de cor. 

— Filha, estamos esperando por você na sala de jantar. 

Ela sabia o que era aquele jantar, aquele encontro. Uma porcaria de casamento arranjado. Bufou, nervosa. Pensando palavrões e até falando alguns em voz alta, quando as aias entraram para arrumá-la. 

Não iria aceitar aquele homem. Estava decidida em partir com Legolas para qual mundo fosse. Estava aprendendo a usar o arco e flecha. A visão dele era de grande ajuda quando precisavam se esconder. 

Estava brava e sua expressão não disfarçava, afinal, o que ela poderia esperar de um homem chamado August Nolet? 

Jean entrou no salão pronta a destilar toda sua ironia, porém calou-se. Era um homem com um sorriso simpático, com grandes olhos castanhos que passavam paz. Os longos cílios completavam o rosto pacífico e amigável. 

Apaixonou-se imediatamente.

—--

Legolas a ouviu animado, pensando que era uma mulher forte. Ela contava sobre o novo pretendente e como aprovava suas ideias, seus ideais e sua vontade de conhecer mais. Escondido, em seus passeios, o casal conversava sobre assuntos proibidos e August ensinava Jean a ler e escrever.

— Escute, - a voz dela interrompeu seus pensamentos – você precisa partir daqui três semanas. Acontece na lua cheia que antecede o solstício do verão. Algo vai se abrir.... Um portal, talvez. Seu sangue élfico fará com que volte para seu mundo. Você murmurou algo antes de vir para cá.

— Sim... Mas e você?

— Ficarei bem. August entende quem sou e o que faço. Contei sobre você e quer te conhecer.

—--

Legolas estava indeciso. Mulheres sendo queimadas vivas? Em que mundo fora parar? Andava pelos arredores, treinava arco e flecha e pensava o que estava acontecendo em seu mundo. Apesar de gostar da companhia de Jean, ainda pensava em seu povo, Aragorn... 

Já estava vestindo novamente suas roupas, o arco-e-flecha posicionados atrás do corpo. Faltavam poucos minutos para sua partida.

De repente ele mudou de posição, seus olhos encarando um ponto distante. Pela expressão do elfo, Jean sabia que vinha problemas.

— É sir Nolet. Ele está vindo à cavalo... – a mão dela segurou seu braço, com apreensão. Entrou no casebre e encheu uma sacola de pano com algumas roupas, plantas, cantil de água. 

Encontrou com Legolas já com o arco posicionado. 

August apareceu cavalgando, fugindo de uma horda de pessoas que o perseguiam. Uma espada em suas costas, uma mão segurando a rédea do cavalo e a outra com uma tocha...

Legolas tencionou o arco. Era o dia de partir e, ao mesmo tempo, como abandonar Jean?

— Precisa colocar fogo nesse lugar – August gritou, uma tocha em sua mão. Jean não pensou duas vezes ao pegar da mão dele e atear fogo ao lugar. Legolas viu a aproximação e disparou seu arco com três flechas.

— Legolas – Jean disse, tocando seu braço – É sua hora. Vá! – August ajudou Jean a subir no cavalo.

— Para onde vamos?

— Lavenham. Minha família irá nos acolher.

— Vou retardá-los enquanto partem. Quando chegar o momento... Vou para meu mundo, mas voltarei para ajuda-los. Lavenham.

Deu um tapa no lombo do animal que partiu. A última coisa que viu, foram os cachos castanhos de Jean. Soltou algumas flechas e depois murmurou as palavras élficas. Estava de volta ao seu mundo.

—--

Harry sorriu discretamente, perante os risos histéricos dos Weasleys. Hermione já havia se sentido ofendida, porém compreendia que aquilo era realmente outro mundo para os bruxos de sangue puro.

— Hermione... – Fred começou – Sua avó...

— Jean. Herdei meu segundo nome dela. 

— Ela... Elfos bonitos? – George complementou. Todos caíram na gargalhada, lembrando da aparência do Monstro. 

— Segundo ela, eram os seres mais lindos do mundo, com uma beleza resplandecente. Cabelos longos, com visão de longo alcance e ela até conheceu um... Mas o nome dele perdeu-se nas histórias.

Hermione cruzou os braços.

— Se isso é verdade, você não seria nascida trouxa – Ron disse, mexendo uma peça no jogo de xadrez bruxo.

— Ronald! Jean era minha tataravó! Só que ela era considera excêntrica. Sabem o que isso significa?! Sabem o que foi a inquisição? Ela apenas estudava as plantas e tentava curar as pessoas.

Sem saber porque daquela sensação, saiu da Toca irritada. Harry a seguiu, dividido entre os dois mundos, conhecendo ambas histórias.

— Para eles é diferente, Mione. Também li sobre elfos mágicos e arqueiros.

— Não enche, Harry.

— Não é isso. Espere – puxou algo de seu bolso – É um presente de todos nós – estendeu um envelope que Hermione pegou. Era uma passagem para Witchnham. Em alguns momentos era realmente hilário para todos pensar na imagem que Hermione trazia de elfos, contudo, em outros momentos, se deliciaram com as aventuras que Hermione narrara. 

— Harry...  

— É a história de sua família e veja...  Daqui dois dias temos a última lua cheia antes do solstício do verão. Também reservamos uma pequena pousada na comunidade bruxa. Aqui – um pergaminho com os dados do local.

— Preciso preparar meu malão e....

— Gina cuidou disso – Ron apareceu, sorrindo com o objeto ao seu lado -- Vamos com você até King’s Cross.

Logo em seguida, o leve som de aparatação revelou os gêmeos. Um de cada lado de Hermione, sorrindo.

— Sabe que nunca a gente debocharia...

— ... de você – Fred continuou dando um beijo estalado na bochecha.  

—--



 


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Notas finais do capítulo

N.B.: Oi minha amiga/beta... Senhor, que interação foi essa? E essa junção dos dois mundos, nunca imaginei, mas quando me contou a ideia, super te apoiei, e qual não é minha surpresa? Algo bem escrito, bem construído, sem afobação, algo seguro, completo. Bem contado. Ansiosa pela segunda parte, você arrasa amiga. Bjs, bjs. Fhany Malfoy ♥



N.A.: Talvez essa seja minha única fic crossover. rsrsrsr Espero que tenham gostado! A fic tem três partes! Bjs bjs, Ártemis