Missão: Vingar a Noiva escrita por Beykatze


Capítulo 3
Família feliz


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem, hoje vamos conhecer um pouco mais sobre a família da Ágata
Boa leitura



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— Nossa Edu - Ágata limpou as lágrimas, provenientes do riso, dos olhos - Muito obrigada por ter limpado a minha casa. Não precisa se desculpar, puxa. Na verdade eu que devia pedir desculpas por te deixar sozinho nessa bagunça.

Eduardo suspirou de alívio e tornou a rir junto com a garota. Os dois pareciam malucos, em um apartamento silencioso e sozinhos, gargalhando como nunca.

***

Logo saíram do apartamento de Ágata e voltaram caminhando até a padaria, onde pegaram o carro de Eduardo e foram para a casa dele. O rapaz rapidamente montou uma mala e rumaram para a estação de trem onde compraram as passagens, deixando o carro em um estacionamento próximo. Já era dezoito horas e a família estaria esperando eles para jantar na fazenda.

Ágata estava de pé na plataforma, observando o trem contrário parar e partir. Estava voltando para casa e aquilo era estranho. 

Lembrou-se da época em que usava tamancos e morava na fazenda com sua avó, sua mãe e suas tias. Sorriu lembrando de sua mãe, uma costureira muito boa, que remendava seus jeans velhos quando arrebentavam, pois não tinham dinheiro para comprar novos. 

Sorriu tristemente pensando que não veria mais seus cabelos crespos ou seus olhos gentis.

—Você está bem? - Eduardo indagou olhando para ela, suas malas estavam todas amontoadas em seus pés.

—Sim, só não sei se tô pronta para ver a família toda.

—Quanto tempo faz que você não vê eles?

—Bom - Desde o funeral da minha mãe, pensou. Entretanto respondeu: - Faz dois anos.

—E como acha que vai ser?

—Ah, a Cristina...

—A noiva? – Perguntou ainda confuso com os nomes.

—Ela mesma. Ela vai ser perfeita, fazer jantares e ser linda. Minha avó, Maria de Lourdes, vai elogiar ela e diminuir eu e minha outra prima, a Lise. Meu avô, Osvaldo vai repreender ela por fazer isso e assar bolo.

—Que avós - Eduardo comentou humorado - Parece que inverteram os papéis de avós tradicionais, onde o avô reclama e a avó faz o doce.

—É verdade - Riu da comparação – Tipo assim, eles estão sempre se bicando, mas no fim do dia se amam. Eu acho.

—Sinto saudade dos meus avós - O rapaz comentou, recebendo um olhar triste de Ágata - Oh, não se preocupe, eles estão vivos, só moram longe.

—Ah bom, que susto.

—Tá, mas e o resto da família? São difíceis também? - Eduardo pediu. A garota levou a mão para enrolar uma mecha de cabelo nos dedos, mas os mesmos estavam presos em um coque, então baixou o braço e fuçou nos puxadores da calça jeans.

—Deixa eu ver... Hum, tia Marta, a mãe da Cristina, vai criticar a filha por tudo e o Jefferson, pai dela, vai beber e dormir na frente da TV. Tia Tânia, a última irmã, vai contar muitas fofocas da família. A filha dela, a prima Lise vai só tentar botar os filhos em ordem enquanto o marido bebe e dorme com o tio Jefferson.

—Você já é tia então? – Perguntou achando graça na narração esdrúxula que ela fazia da família.

—De três porquinhos - Falou - João, de onze anos, Enzo, de seis, e a Valentina, de sete.

—Então, alguma dica pra me dar sobre o que me aguarda?

—Ainda dá tempo de você desistir?

—Não mais - Eduardo deu de ombros vendo o trem se aproximar da plataforma.

—Tenha paciência. Basicamente, sorria e acene.

—Quer que eu seja um pinguim de Madagascar? – Ágata riu da referência concordando com a cabeça.

—Isso mesmo - Falou juntando as malas e entrando no trem.

***

A fazenda da família era composta por um terreno amplo e arborizado, uma casa grande com cinco quartos acomodados atrás de uma sala de estar e uma cozinha sempre ativa. Os quartos, um para o casal, mais um para cada uma das três filhas e um para visitas, possuíam uma cama de casal, armários e janelas grandes que permitiam uma grande circulação de ar.

Ágata, se aproximando da entrada com Eduardo, não conseguia parar de pensar em como Bernardo gostaria daquele lugar. Irritou-se consigo e focou em ser alegre para a família, lembrando que tinha escolhido aquele dia para ser um novo dia, sem lamentações sobre aquele homem.

—Ágata? - Tia Marta chamou, sua silhueta marcada na luz que saia da casa. A mulher saiu correndo para abraçar a sobrinha, que apenas deixou as malas caírem no chão.

***

Na mesa, muito farta e variada, estavam sentados Ágata e Eduardo; os avós da garota, Maria de Lourdes e Osvaldo; Tia Marta; Jefferson, o marido da tia; Cristina, a prima perfeita e seu noivo, Douglas; Tia Tânia; Tio Vladimir, marido dela; Lise, a outra prima e o marido Paulo e seus três filhos.

Eduardo notou que realmente fazia tempo que a família não se reunia, pois todos queriam saber as novidades de Ágata. Imaginou o porquê disso e porque a mãe dela não estava ali, mas não quis concretizar a imagem que criara em sua cabeça.

—E o trabalho? – A avó perguntou.

—Estou trabalhando como balconista em uma padaria - Ela respondeu dando uma garfada na massa caseira. O rapaz agradeceu por eles terem apenas o cumprimentado e, em seguida, ignorado sua presença, pois faziam tantas perguntas à ela que o deixavam tonto.

—Balconista? – A senhora fez uma expressão de desgosto - Porque não pede um emprego para Cristina? Você é tão bonita, com certeza ela teria um espaço na estética.

—Com certeza - Cristina sorriu para a prima.

—Obrigada. Mas estou feliz com o meu trabalho.

Aquilo era verdade: com o trabalho ela estava feliz, o problema era o resto da vida e o resto dos problemas.

—Feliz sendo balconista? – Indagou novamente a avó.

—Sim - Ágata só queria que trocassem o foco da conversa.

—Tem gente que se contenta com pouco mesmo.

—EI! - Osvaldo repreendeu a esposa - Deixe a menina em paz.

—Obrigada, vovô - Agradeceu acariciando a mão dele sobre a mesa.

—E você, o que faz? – Tia Marta perguntou direcionando o queixo pontudo para Eduardo, que sentiu o mundo afundando sobre seus pés.

—Eu sou...

—Tá, mas e a faculdade? – Maria de Lourdes interrompeu a fala do rapaz questionando mais uma vez a neta.

—Está trancada, vovó.

Na voz da garota Eduardo podia sentir desânimo. Quis que o assunto parasse, poxa porque não conversavam sobre como a massa estava deliciosa? Ou sobre o arroz que estava duro? Porque o foco tinha que ser Ágata? Sabia que era porque eles não se viam há alguns anos, mas aquilo parecia um interrogatório, não uma conversa de boas-vindas. 

Não se admirou que ela tinha ficado tanto tempo longe. Divagando, direcionou seu olhar para Douglas, o noivo, que estava sentado ao seu lado. O homem mexia no celular e Eduardo pensou em como ele era mal educado, mandando mensagens àquela hora. Não podia ser trabalho, era oito horas da noite e também tinha o fato de o contato se chamar... Se aproximou um pouco mais disfarçadamente... “Gata”.

Uau, aquilo era esquisito ou muito romântico. Os dois em um jantar com a família trocando mensagens apaixonadas no meio da conversa sobre a vida profissional da prima.

—Ainda? Porque não volta a estudar?

Eduardo encarou Cristina do outro lado da mesa, que estava com as mãos livres sobre a mesa e prestava atenção à conversa da família.

—Estou em um período... Não muito legal - Ágata riu sem graça.

Na mesma hora, a resposta para Douglas veio. E os dedos de Cristina seguiam à vista e sem celular.

—E porque isso? – A avó era mesmo inquisidora.

—Mamãe... – Tia Tânia, quieta até o momento, chamou a atenção da progenitora.

Se Cristina estava ali, sem mexer no celular... Então Douglas estava traindo ela? Na mesa de jantar? Com a família dela na volta?

Na lista dos homens que não prestam e eram muito caras de pau, aquele exemplar ali certamente estava no topo.

—Porque minha mãe morreu - Ágata comentou baixinho, assustando os presentes e até Douglas guardou o celular. A garota suspirou e levantou da mesa, se retirando para o quarto onde tinha deixado suas malas.

Eduardo olhou ao redor e levantou também.

—Com licença - Pediu. Enquanto se afastava pelo corredor, pode ouvir apenas o tilintar dos talheres nos pratos. 




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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado
Como será que vai ser esse reencontro?



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