Missão: Vingar a Noiva escrita por Beykatze


Capítulo 4
Conversa de travesseiro


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura :D



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—Me desculpa por isso, Edu - Ágata pediu - Nós somos só colegas de trabalho, você não precisava ter visto isso.

Os dois estavam sentados na cama macia de casal do quarto onde dormiriam. O lugar estava com as luzes apagadas e com cheiro de guardado. Na cozinha, a família ainda jantava em silêncio.

—Está tudo bem - Garantiu.

—Me desculpa ter te arrastado pra cá.

—Você não me arrastou. Me convidou e eu aceitei.

—Eu sei, mas... Eu não deveria. Isso é um ninho de cobras. O problema é que eu entrei em pânico, eu não conseguiria fazer isso sozinha.

Eduardo não soube o que falar, então apenas segurou a mão de Ágata e a deixou divagando.

—Minha vida está uma bagunça desde que minha mãe morreu - Contou com um suspiro - E agora ainda terminei um relacionamento.

Um riso abafado saiu da garota, que apertou os dedos de Eduardo. Ele pode sentir um sorriso se formando no rosto dela.

—Que barra - Comentou - Quer me contar o que aconteceu?

—Descobri que ele estava me traindo com a ex-namorada quando tínhamos quase um ano de namoro. E ele ainda teve coragem de me dizer que pensava em mim quando estava com ela.

—Eu nem sabia que você namorava - Falou suavemente. 

—Porque você era meu colega de trabalho e só.

—E o que mudou?

—Eu - Respondeu simplesmente com um dar de ombros.

***

—Mamãe, precisa ser tão desagradável?  – Tânia indagou à mesa.

—Eu não falei nada demais - Maria de Lourdes retrucou irritada torcendo a boca.

—Pra que fazer tantas perguntas pra menina? Você sabe que ela não está bem.

—O que aconteceu com a mãe dela? – Enzo perguntou puxando a manga da blusa de sua mãe.

—Ela morreu, querido - Lise respondeu.

—Eu só queria saber como ela estava!

—Mas podia ser mais delicada - Pediu a filha mais nova.

—Mamãe, ela morreu de que? – João, o mais velho das crianças, questionou achando, de repente, a comida menos saborosa.

—Ela que está muito sensível - A avó falou subindo seu tom de voz.

—NÃO! – Tânia se exaltou levantando da mesa.

—Talvez a senhora que esteja muito insensível - Marta sugeriu.

—A SENHORA ESTÁ INSENSÍVEL- Tânia concluiu aproveitando a sugestão da irmã.

—Mamãe! – Valentina chamou. Lise estava chocada com a família, não conseguia falar nada nem responder seus filhos.

—ESTÁ FRÍGIDA DESDE QUE A REGINA MORREU - Tânia acusou gritando.

—MAMÃE - Valentina gritou.

—ELA MORREU, DROGA! - Lise gritou aos filhos. 

***

—O que é essa gritaria lá fora? – Eduardo perguntou. Os dois já estavam quietos há alguns minutos, apenas curtindo o som da cortina voando com a brisa que entrava pela janela quando ouviram as vozes altas. Não podiam entender o que diziam, mas sabiam que estava alto.

—Devem estar brigando por qualquer motivo. Isso é normal. Ai, que vergonha. Mais uma vez me desculpa por ter trazido você pra cá.

—Imagina, estou até me divertindo.

—Ah é?

—Sim, vou chegar em casa e escrever um livro sobre vocês. O nome vai ser “casos de família”

—Posso te oferecer material para uma série inteira – Encorajou-o rindo.

—Ei - Chamou curioso - Acho que vi uma coisa na mesa de jantar e... Pode parecer meio estranho.

—Além dos monstros se alimentando? – Ágata fez uma expressão exageradamente surpresa - Preciso saber.

—É meio sério. Cristina que vai casar né?

—Isso - Estranhou a seriedade na voz dele e começou a ficar preocupada. Ainda no escuro não conseguia ver bem o rosto dele.

—E o Douglas é o noivo - Afirmou recebendo um “Uhum” de encorajamento - E o Douglas é o cara que estava sentado do meu lado na mesa?

—Ele mesmo.

—A Cristina por acaso - Cogitou - Consegue digitar mensagens sem as mãos?

—Eu acho que entendi onde isso vai chegar - Lamentou sentindo uma pontada de empatia pela prima - E a resposta é não.

—Teria outro motivo pro noivo ter um contato chamado “Gata”?

Ágata sentiu uma bigorna afundando em seu estomago enquanto piscava os olhos para afastar as lágrimas. Não, não tinha motivo. Negou com a cabeça.

—Poxa - Falou - Não queria estar certo.

—Eu não queria que estivesse - Concordou - Eu preciso falar pra ela.

—Eu acho que sim - Eduardo constatou. Estava com pena da noiva e de Ágata, que parecia muito abalada com o acontecido - Quer me falar alguma coisa?

—Porque? – Indagou.

—Mesmo no escuro eu consigo ver sua cara de bunda - Brincou.

—Eu só... Fico abalada com essas coisas porque né, também ganhei um parzinnho desses na testa.

—Ah, é verdade. Me desculpa, eu sou um péssimo fofoqueiro, dá dois minutos e eu já esqueci de tudo.

—Eu to vendo, ta complicado contigo - Riu - Mas tudo bem, não me importo de contar as fofocas um milhão de vezes mesmo.

—Ainda bem, porque vai precisar. 

Mais uma vez no quarto se instalou uma total quietude e os dois se acomodaram melhor, deitando na cama de casal lado a lado olhando para o teto.

—Esse era o quarto da minha mãe - Contou torcendo as mechas do cabelo entre os dedos claros - Quando ela morava aqui.

—Você morou aqui? – Eduardo podia ver marcas de adesivos fluorescentes que haviam sido arrancados do teto branco.

—Com a minha mãe. Por bastante tempo. Eu dormia naquele canto ali - Apontou para o lado da cama de casal - Com a minha caminha, porque minha mãe dizia que é bom dormir separada pra aprender a ficar só.

—E funcionou?

—Acho que não. Não sei. Eu sei viver sozinha, mas não sei se sei viver sem ela.

—Essa frase foi muito incerta - Eduardo concluiu.

—Eu sou assim - Confidenciou. Ouviram as portas abrindo e fechando, das tias, primas e avós indo para seus quartos para dormir - Eu acho que eu devia ir contar para a Cristina.

—Não acha melhor amanhã? Deixar ela ter uma boa noite de sono antes de largar a bomba no colo dela.

—Não tinha percebido como era uma coisa forte - Ágata refletiu - Não é só uma traição, é uma traição na véspera do casamento.

—O que ela tem que ele quer? – Eduardo perguntou estreitando os olhos, tentando enxergar algo naquela história que se ocultava.

—Como assim?

—Por que motivo ele ficaria com ela, até casaria, sendo que não a ama ou respeita - Explicou.

—Basicamente pelo motivo que quase todos os homens casam. Ou pressão da família, ou da sociedade, ou sexo, ou...

—Dinheiro - O rapaz completou.

—Minha família não é rica - Ágata descartou a possibilidade - Deve ser medo de ficar sozinho. E porque a Cristina é bonita.

—A família não tem dinheiro - Ponderou - Mas sua prima não tem uma estética?

—Isso... – Ágata engoliu em seco sentindo a cama afundando abaixo do seu corpo.

—E o negócio é dela mesmo?

—É - A cada resposta a garota sentia o estômago mais e mais agitado.

—Tá ai a nossa explicação - Eduardo concluiu tristemente.

Ágata engoliu o ar e tentou não chorar enquanto pegava no sono e imaginava como contaria aquilo para Cristina. Embora atualmente não gostasse dela, ainda tinha lembranças das duas pequenas correndo pela grama vestindo calcinhas cor de rosa e capas no pescoço. Não conseguiu tirar a imagem das crianças de sua cabeça a noite inteira.





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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado
E como será que eles vão conversar com a Cristina?



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