Missão: Vingar a Noiva escrita por Beykatze


Capítulo 2
Casa limpa


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura
Espero que gostem ❤️



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Ágata encarou o doce “Delicia lilás”: um cupcake macio com uma cobertura roxa que escorria pelo bolinho. Parecia gostoso, mas já tinha experimentado e tinha sido uma decepção sem tamanho. 

O bolinho decepcionante lembrava seu ex-namorado, Bernardo. Era bonito, charmoso e parecia divertido. Mas por dentro não era nada disso.

Um cliente chegou, tocando o sino da porta e despertando-a do ódio ao homem que a traíra. Bateu as mãos no avental que cobria sua camisa polo branca e sua calça jeans azul e sorriu para o visitante.

— Boa tarde, em que posso ajudá-lo?

— Boa tarde - O senhor respondeu. Com sua mão frágil, pele machada e dedos finos, apontou um salgado pelo vidro do balcão e falou rouca, mas animadamente - Quero cinco desses. Minha filha vai vir me ver depois de passar três anos na gringa, quero fazer uma surpresa.

— Que bom, senhor - Ágata sorriu e o homem sorriu de volta. O homem lembrava seu avô, muito frágil e idoso, mas ainda ativo e amável. Entregou o papel pardo com a comida recebendo o dinheiro e se despedindo do alegre senhor com um aceno de cabeça, seus cabelos compridos presos em um rabo de cavalo alto.

Mais uma vez ficou sozinha. Com tristeza, sacou o celular do bolso e abriu a conversa com Bernardo, lendo pela enésima vez as últimas mensagens que ele enviara. Tinha começado com aquela mania: olhar a conversa com o ex-namorado, ler as mensagens, ver sua foto... Tudo para “matar” a saudade, embora acabasse apenas mais pra baixo.

“Eu nunca tive a intenção de te causar alguma dor” Amor – 22:48

“Só queria dizer que sinto muito e que te amo do tamanho de tudo” Amor – 22:48

Precisou de muita força de vontade para ignorar aquelas falas no dia em que recebera, depois se arrependeu e torceu para que ele a chamasse mais uma vez, as lágrimas de mágoa manchando seu rosto e os soluços desesperados cortando sua respiração. Entretanto, para desilusão das esperanças bobas de Ágata, uma semana depois do término, ele estava na praia com uma garota nova e não tinha chamado ela novamente.

— Ei - Virou para trás com um pulo, saindo assustada de seus devaneios e olhou para onde Eduardo a chamava da porta cozinha. Ele usava um avental igual o dela, branco com um bolso grande na frente e com o logo da padaria estampado colorido no peito. 

Eduardo era bonito, tinha a pele negra, os olhos castanhos, cabelos black power curtos e um sorriso que mexia com todos. A garota se xingou internamente, estava agindo como louca: concordando em levar namorados inexistentes para um casamento, lendo mensagens do ex e agora reparando em sorrisos bobos.

— Sim?

— Quantos pãezinhos franceses tem ai?

O rapaz era o cozinheiro da padaria. Fazia pães, salgados e bebidas quentes e geladas. Os doces, como o “Delícia Lilás” a filha do dono que fazia, por isso não podiam reclamar da falta de sabor ou do gosto engraçado.

— Doze – Contou - Mas só tem mais meia hora hoje, então não precisa assar mais nenhum.

— Meia hora? Vamos fechar mais cedo? - Indagou confuso.

— Amanhã é feriado, lembra? – Enrolou uma mexa castanha entre os dedos, pensando o que faria com sua situação de madrinha de casamento sem namorado para levar.

— Ih, nem lembrava - Riu. Ágata achou encantador, mas afastou aquilo da mente. Tinha coisas demais pra se preocupar e somar um crush no colega de trabalho era demais para administrar.

— E sexta não vamos trabalhar, vamos fazer feriadão - Relembrou.

— Quanto tempo livre, credo - Eduardo riu - Vou poder fazer nada o final de semana inteiro sem culpa.

De repente, uma ideia maluca atravessou a cabeça da garota. Virou seus olhos castanhos para o colega com esperança e chamou:

— Edu?

— Ágata? – Brincou.

— O que você vai fazer no feriado?

***

— É aqui que eu moro - Ágata falou apontando para o prédio.

Eduardo concordou em viajar com ela e se passar pelo namorado; o rapaz, sempre muito bem humorado, achou a situação hilária e quis participar. Assim, quando deu cinco horas da tarde, os dois fecharam a loja e rumaram para a quadra ao lado, onde ficava o apartamento que a garota morava.

Subindo as escadas, começou a perceber como era uma má ideia, dada a bagunça que seu espaço estava. Roupas reviradas, calcinhas pela sala de estar, blusas sujas de molho no sofá, pratos usados, copos com marcas de batom... Já na porta do apartamento, virou-se para Eduardo remexendo nervosamente na blusa branca.

— Seguinte – Ditou - Meu namorado me deu um pé e eu estou em uma fossa e a casa tá uma zona. 

— Ah, eu não sabia - A expressão dele era de confusão completa. Não entendia o porquê daquele assunto naquele momento e estava achando a colega bem maluquinha aquele dia, especialmente com aquela história de ser seu par no casamento da prima perfeita da qual ela morria de inveja (mesmo que não tivesse admitido a última parte em voz alta).

— Isso foi há algum tempo, não vamos falar disso - Disse cortante. Eduardo piscou algumas vezes.

— Está bem. Quanto ao apartamento, eu juro que não vou reparar - Falou.

— Sim, você vai - Ágata sorriu exibindo os dentes brancos e desparelhos de quem nunca tinha usado aparelho dentário - Está uma verdadeira bagunça.

— Sem problemas - Eduardo sorriu, derretendo o coração machucado de Ágata. Ela nem mesmo tinha notado o quanto precisava de um amigo naquele momento.

— Certo. Eu vou tomar um banho, arrumar minha mala e depois vamos para a sua casa e compramos a passagem.

— Ok - Acenou positivamente com a cabeça, vendo Ágata abrir a porta. A garota entrou rapidamente, a cabeça meio baixa, pois 1estava com vergonha da reação do rapaz, mas não tinha outra escolha naquele momento. Não podia perder para a Cristina, a prima perfeita.

— Vou tomar banho - Avisou e correu para dentro do banheiro que ficava no quarto, deixando Eduardo sozinho com a bagunça infernal que era sua casa naquela semana.

Ágata despiu-se da roupa que usara no trabalho e ligou o chuveiro, e, enquanto esperava a água esquentar, leu mais uma vez as mensagens de Bernardo e jurou para si mesmo que era a última vez.

“Eu nunca tive a intenção de te causar alguma dor” Amor – 22:48

“Só queria dizer que sinto muito e que te amo do tamanho de tudo” Amor – 22:48

Suspirou e, antes que desistisse, limpou a conversa e deletou o número dele, finalmente entrando para o banho, deixando que a água caindo limpasse sua dor.

***

Ágata saiu do chuveiro sentindo o corpo renovado e a alma calma. Seria um novo começo. Maluco, mas novo.

Saiu do banheiro enrolada na toalha rosa e entrou no quarto, largando a cobertura e buscando uma roupa para usar na viagem de ônibus. Apanhou uma regata azul e uma calça jeans preta com uma sandália da mesma cor. Penteou os cabelos e prendeu-os em um coque alto. 

Pegou uma mala no alto do armário e guardou lá o necessário para o final de semana na fazenda e algumas roupas bonitas e arrumadas para jantares chiques e ensaios de casamento, que sabia que seriam alguns. 

Assim que acabou essa parte, encarou a bagunça do quarto e, com um suspiro de orgulho ferido, começou a arrumar. Juntou as roupas sujas e colocou-as no cesto, arrumou a cama, guardou as roupas limpas no guarda-roupa, fez uma pilha de louças sujas e abriu a porta do quarto para largá-las na pia.

Olhando a sala de seu apartamento seu queixo caiu até os joelhos.

— Eduardo... O que você está fazendo?

A sala e cozinha que estavam uma lixeira quando os dois chegaram no apartamento estavam, naquele momento, um brinco. As roupas sujas em um canto do lado da máquina de lavar roupa, as louças limpas no escorredor, o chão varrido e secando do pano que o rapaz havia passado.

— Eu... Eu... Estava entediado - Falou envergonhado - E só dei uma arrumadinha. Me desculpa, eu não quis me meter.

Ágata atravessou a sala pequena e limpa, a casa estava cheirosa e aconchegante, bem diferente do que estava anteriormente. Largou as louças sujas que retirara do quarto dentro da pia.

— Você fica entediado e... Limpa a bagunça infernal dos outros?

— Me desculpa, Ágata – Pediu, a voz levemente trêmula - Eu achei que você não teria tempo e acabei me empolgando.

Os dois ficaram em silêncio se encarando. Eduardo com as bochechas negras ruborizadas e Ágata com a sombra de um sorriso nos lábios pálidos.

A mudez foi cortada com uma explosão de riso da garota, que deu um susto no colega de trabalho e agora mais novo amigo.




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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, e espero que tenham gostado do Edu ♥
No próximo capítulo vamos chegar na fazenda )0(



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