Sono Eterno escrita por Nat Rodrigues


Capítulo 4
Medo da perda


Notas iniciais do capítulo

Olá! Primeiro cap em que vcs escolheram alguém para salvar e alguém para acusar. Boa leitura ^^



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04 de outubro, domingo.

O salão estava cheio. As quatro mesas, representando as quatro casas, possuiam alunos de todos os anos, e a mesa para funcionários e professores estava quase completa. Havia dois únicos espaços vazios: a cadeira da diretora e na mesa da lufa-lufa, o espaço que costumava pertencer a Natalie Primus. Apesar de todos estarem ali, o silêncio era avassalador, como se engolisse cada um presente; se prestasse atenção poderia até mesmo escutar o fogo das velas crepitando e derretendo a cera que iluminava o salão todo. A comida ainda não havia sido servida, e os pratos de prata refletiam a imagem distorcida dos rostos ansiosos dos alunos. Como que anunciando sua chegada, os passos de Minerva puderam ser escutados ecoando pelo salão. Junto dela, estavam dois aurores do ministério da magia com expressões ameaçadoras (e isso nunca era um bom sinal), enquanto que a da diretora aparentava estar melancólica. Minerva caminhou até a mesa dos funcionários, deu um suspiro e fez um feitiço para que sua voz pudesse ser ouvida por todos. 

— Bom dia, alunos. Como avisado ontem pelo jantar, a visita a Hogsmeade hoje está cancelada, passível de punição aqueles que desobedecerem. Ontem, uma das alunas do terceiro ano não retornou ao castelo no horário de recolhimento. Após uma busca com os professores, encontramos Natalie Primus. - Iniciou seu discurso. Um murmúrio atravessou entre os alunos, alguns aliviados e outros irritados imaginando que a terceiranista havia se perdido e por isso impedia a ida deles para fora do castelo. — É com pesar que constatamos que seu retorno não aconteceu devido… Devido a sua morte. 

A expressão de horror perpassou por vários alunos, que não conseguiram esconder o espanto e o medo. Uma aluna havia sido morta, mesmo com Hogwarts sendo considerados um dos locais mais seguros da Europa. Várias foram as falas entre os alunos, que, agitados, reagiam cada um à sua maneira. 

— Como algo assim aconteceu? - Uma grifinória do segundo ano murmurou. 

— Por Dumbledore, ela era tão nova… - Um garoto da sonserina constatou.

— Como ela morreu? Porquê morreu? - Uma corvina exclamou assustada.

— Se eu for para Hogsmeade também vou morrer? - Um lufano do primeiro ano questionou. 

 — Quero voltar para casa… 

— Silêncio! - Um dos aurores, Michael Tribiane, bradou chamando atenção. Seu colega, Arthur Rissi permaneceu quieto, analisando meticulosamente cada reação dos alunos a sua frente, afinal, o assassino podia estar entre eles.  

— Acalmem-se, por favor. - Minerva pediu. — Desejamos a todos os colegas da lufa-lufa e amigos, nossos sentimentos. A família de Natalie já está ciente e irá organizar seu funeral. Ainda não se tem a causa exata da morte, por isso haverá uma investigação junto ao ministério da magia. Aqueles que tiveram contato com Natalie nas últimas 48 horas serão interrogados e até que essa situação se resolva, as idas para fora do castelo estão proibidas. 

— Não temos autorização para ir ao velório nos despedir? - Dara Hunt levantou-se do banco e perguntou. Seu rosto estava manchado por lágrimas, e os cabelos azuis bagunçados. Aparentava estar confusa e sem conseguir processar a notícia. 

— Infelizmente não, senhorita Hunt. Como alguns de vocês devem saber, Natalie era mestiça e sua família optou por realizar uma cerimônia trouxa. Para segurança de todos, vocês devem permanecer no castelo. - Minerva explicou. Ao lado de Dara, estava Ian Hwang que também se levantou para poder falar. 

— Ela era da nossa família também… - Argumentou, colocando a mão sobre o emblema da lufa-lufa em seu uniforme. - É injusto que vocês nos proíbam. 

— Injusto é uma vida tão nova ter sido perdida e outras correrem esse risco por desobediência de ordens. - Michael rebateu. Paciência não era uma das qualidades que o auror possuía; já estava irritado o suficiente por não encontrar pistas no chalé em que o corpo de Natalie havia sido encontrado, e ter que lidar com crianças pelo resto da investigação não era uma ideia agradável. Toda a sua postura era fria e o semblante impassível ajudou a fazer os alunos o temerem. Minerva, porém, considerava que não era de medo que eles precisavam agora, e sim de consolo. 

— Faremos uma cerimônia de despedida hoje a tarde aqui no castelo, e escreveremos uma carta mostrando condolências a família de Natalie. Aqueles que souberem qualquer informação, venham até o segundo andar após a refeição. Isso é tudo. - Finalizou. Com um leve movimentar de sua varinha, transportou a comida da cozinha para as mesas, e deixou o salão sendo acompanhada pelos dois aurores. 

Muitos alunos também deixaram o salão, sem acreditar no que acabara de acontecer. Alguns choravam em silêncio, lamentando a morte; outros choravam por medo de perder suas próprias vidas. Outros ainda reviraram os olhos diante de tanta comoção, e comeram como se nada tivesse acontecido, como que criando uma defesa para o clima de tensão que se instalara. Alguns deram de ombros, supondo que poderia ter morrido de causas naturais (apesar de, no mundo mágico, isso ser quase impossível). A palavra “assassinato” não havia sido dita, mas era implícita diante da investigação que seria feita. E, pensando nisso, que Lilith de Aradia levantou-se da mesa da grifinória, sacou sua varinha e andou a passos largos até Fernanda e Mary na mesa da sonserina. 

— Foram vocês! - Gritou chamando a atenção. Seu cabelo naturalmente ruivo, tornou-se vermelho escuro como sangue, assim como seus olhos, devido a habilidade de metamorfa, como se toda a situação ativasse em si suas partes mais sombrias. As mãos tremiam, balançando a varinha que apontava perigosamente na direção das sonserinas. Se perdesse um pouco mais do controle, acabaria se tornando o animal da sua maldição sanguínea, e não era isso que ela queria. Queria vingar a morte de Natalie, e expor suas assassinas. 

— O quê? - Mary praticamente cuspiu as palavras, sentindo-se extremamente irritada. Fernanda, que desde que ouvira a notícia encarava um ponto aleatório da mesa, sem reação, apenas levantou o olhar para a grifinória. Quase todos presentes no salão prestavam atenção na cena. 

— Vocês mataram a Natalie! Eu vi! - Lilith reforçou, desta vez, porém, sua voz saiu falhada e trêmula. Pesadas lágrimas desciam por seu rosto, molhando seu uniforme. — Sexta-feira vocês… 

Expelliarmus. - Neville Longbottom, o atual professor de herbologia de Hogwarts e diretor da grifinória, lançou o feitiço em Lilith, fazendo sua varinha voar longe. Conhecia a aluna da sua casa, e sabia que suas ações impensadas poderiam resultar em mais feridos. — Essa é uma acusação muito séria, Lilith. Vocês três, me acompanhem. - Mandou e mesmo a contragosto as três garotas deixaram o salão, acompanhadas do professor. 

Foi necessário alguns minutos para que as coisas se acalmassem novamente no salão, entretanto, não demorou para que teorias do que tinha acontecido corressem por entre os alunos. Uns diziam que já era de se esperar que um aluno da sonserina tenha feito isso, enquanto outros rebatiam que Lilith era uma lunática que queria chamar atenção, e poderia estar querendo tirar o foco dela. A única certeza que tinham é que, a partir de agora, Hogwarts não seria mais a mesma. Havia um assassino a solta. 

Irritada com toda a situação que havia sido criada e dos olhares de desprezo dirigidos às pessoas da sua casa, Elizabeth Rosier levantou-se abruptamente da mesa e deixou o salão. Dirigiu-se até o lago e se sentou próximo às raízes de uma das árvores que ali tinha. O vento estava fraco, e o lago refletia o sol causando uma luminosidade incômoda. Era irônico demais aparentar ser uma calma manhã de domingo enquanto a semente do caos havia acabado de germinar. Elizabeth fechou os olhos e tentou desviar seus pensamentos de tudo que acabara de presenciar, desejando ter um livro ali para lhe fazer companhia. Como um estalo, lembrou-se da situação que presenciou na biblioteca em que a garota morta conversava nervosa com outra garota da lufa-lufa de cabelos azuis e uma garota loira da corvinal  (de quem não lembrava os nomes) e no dia seguinte aparecia desacordada e suja de sangue próxima a entrada da Floresta Proibida. Estariam elas envolvidas com sua morte? Para descobrir, precisava ir até a enfermaria, confirmar com a curandeira responsável o que havia sido a causa do desmaio dias atrás. 

Tamanha foi sua surpresa ao chegar à enfermaria e encontrar uma das garotas, a loira baixinha da corvinal, e Lisbeth Louviere. Claire, a quem Elizabeth não sabia o nome, ocupava uma das camas, parecendo sedada. Havia passado mal depois do anúncio de Minerva e seus colegas da corvinal a levaram até ali para que pudesse se recuperar. Lisbeth, entretanto, parecia que ia colapsar a qualquer momento se a enfermeira não a respondesse direito. O problema é que quando ficava nervosa, Lisbeth tinha o costume de falar apenas em francês e a enfermeira não a entendia, e já estava perdendo a paciência em explicar isso a garota a sua frente.  

— O que aconteceu? - Elizabeth perguntou, chamando a atenção. 

— Por favor, explique para sua amiga que se ela não se acalmar e falar de uma forma que eu entenda, não consigo respondê-la. - A enfermeira pediu, revirando os olhos. — Ela está causando um alvoroço desnecessário aqui. - Completou cruzando os braços. 

Stupide vieille*… - Lisbeth bufou irritada. 

— Você está machucada ou precisa de ajuda? - Elizabeth indagou. Lisbeth suspirou e balançou a cabeça indicando que não. Contou sua respiração enquanto formulava em inglês o que queria dizer. 

— O resultado da Natalie… - Murmurou. Elizabeth olhou-a de cima a baixo, suspeitando. Ela havia tido o mesmo pensamento que o seu ou apenas queria apagar alguma prova? 

— Acho que Lisbeth está falando do teste feito na lufana sexta-feira. Nós duas viemos junto com o professor Longbottom avisar que ela tinha passado mal. - Elizabeth começou a explicar. - Ela tinha desmaiado e sua roupa estava suja de sangue. 

— Ah… Vocês se referem a Natalie? Coitadinha… - A enfermeira finalmente entendeu. Sabia do que acontecera já que foi informada quando foi falar com Minerva pela manhã. — Só vou dizer a vocês porque ajudaram a cuidar dela no outro dia, mas não podem espalhar essa informação por aí, está bem? Jurem por suas varinhas. 

— Eu juro. - As duas sonserinas falaram. Entretanto, de nada valia aquele juramento já que para quebra ser algo temido, deveria ser feito um voto perpétuo (que o descumprimento pode tomar sua vida). Mas a enfermeira não iria tão afundo e acabou sendo descuidada, repassando as informações que deveriam estar em sigilo dentro das investigações.

— Sexta-feira encontramos um tipo muito raro de veneno no corpo de Natalie. Ele só pode ser ingerido por vias aéreas e tem um efeito lento, o que possibilitou que vocês a trouxessem para cá e ela se recuperasse. Mas a pobrezinha não teve sorte e encontrou a morte mesmo assim… 

Envenenamento. Isso comprova que a morte não foi uma coincidência ou um acidente. O que torna as coisas ainda piores. Era preciso conversar com a diretora e os aurores para ter maiores pistas e conclusões. Afinal, ainda não sabia onde a lufana havia sido encontrada e nem a causa de sua morte. Com isso em mente, e Lisbeth ao seu encalço, Elizabeth rumou para o segundo andar a fim de testemunhar o que sabia. 

Enquanto isso, o salão comunal da lufa-lufa parecia com uma foto desbotada e sem cor, como se a felicidade houvesse sido perdida. O que, de fato, era um sentimento muito real a cada aluno daquela casa. Sentiam a perda, mesmo que não fossem muito próximos da garota que se fora. Com a ajuda das garotas que dividiam o dormitório com Natalie, Dara organizava uma mortalha amarela e preta, representando as cores da lufa-lufa e uma foto em que Natalie sorria e abaixava a cabeça, tímida. Junto de Ian, montava uma coroa de frésias amarelas, flores bonitas e vivas, para representar como a vida de Natalie havia sido até ali. 

Pela tarde, quando todos (até mesmo os aurores e aqueles que haviam ido conversar com eles) se reuniram para se despedir, um vento frio de tristeza tomou posse do jardim e tudo parecia melancólico. A dor da perda era tão grande que outras atividades ou preocupações podiam ser deixadas para outra hora, menos, é claro, para quem observava os alunos, identificando quem seria sua próxima vítima. 

                                             ~~***~~

*velha estúpida, em francês. 

Vidas correm perigo e você só pode escolher um. 

Quem você quer salvar? 

Dara, Ian, Mary, Fernanda, Lisbeth, Claire, Elizabeth e Lilith 

Quem você acha que é o assassino? 

Dara, Ian, Mary, Fernanda, Lisbeth, Claire, Elizabeth e Lilith 

 


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Notas finais do capítulo

Sei que vão me odiar por cortar as narrações tudo no meio, mas é q n posso entregar as coisas de cara sahuasuhsa Obrigada por ler!
Lembrem-se de mandar um review escolhendo uma pessoa para salvar e uma para acusar; A prox vitima e o assassino já foram escolhidos por mim, e a pessoa só vai ser salva se 3 leitores escolherem ela, assim como só revelarei u assassinu quando 3 pessoas acertarem quem elu é.
**dica: os primeiros personagens a morrer serão daqueles q só mandaram a ficha e não acompanham mais a história
Qualquer dúvida ou critica é só chamar! Beijoss



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