A Voz Do Destino. escrita por Flor Da Noite


Capítulo 7
Capítulo 7


Notas iniciais do capítulo

Atrasada eu sei.
Desculpa gente, to tentando manter o prazo de uma semana, mas ta sendo complicado já que esse era o prazo que eu usava em Amor & Ódio, em que os capítulos tinham literalmente a metade deste, então to tentando me acostumar.
Espero que gostem do capítulo mesmo assim!



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— Vamos apostar corrida. – Rio e disparo escadaria acima.

— Há, pensa que ganha de mim?

Matt e eu corremos toda a escadaria até o nosso andar como duas crianças. Aliás, foi exatamente isso que a senhora Bekkan comentou quando tivemos de desviar dela ou derrubaríamos a mulher.

Talvez, em outro momento, eu teria me incomodado horrores com o comentário, mesmo que tenha sido proclamado de forma inocente. Aquilo era parte de tudo o que a Voz me alertava.

“18 anos e chamada de criança? Que vexame.” Ela com certeza teria dito-me.

Mas não naquele momento, não havia espaço para a voz, mesmo que eu quisesse não conseguiria prestar atenção em nada. Estava me divertindo como nunca.

— Droga. – Reclamo quando ele chega primeiro que eu. – Vou entrar para a equipe de natação só para ganhar de você na corrida de escada. – Digo e ele cai na risada.

— Então vou está esperando pela próxima corrida. – Diz. – Aliás, vai fazer alguma atividade pela faculdade?

— Não sei, a Debbie me disse que o que eu quero provavelmente vai ser difícil de entrar.

— Ah, você consegue. Qual é essa atividade... – Seu celular o interrompe, ele o pega rapidamente e bufa quando vê na tela quem é. – Eu preciso atender... – Diz e ameaça a abrir sua porta, mas para. – Olha, eu sei que sou quase um estranho pra você, mas também sei que tem algo muito de errado acontecendo com você, eu não sei o que é... E talvez eu esteja sendo um tremendo intrometido. Só quero que saiba: se quiser falar sobre isso, eu estou aqui do lado, literalmente.

Eu não esperava por isso, por isso fico por vários segundos o encarando sem reação. Mas o telefone toca de novo me tirando do pequeno transe. Lhe dou um aceno de cabeça e abro minha porta.

— Obrigada. – Lhe digo antes de fechar a porta.

Ouço a porta do Frankart se fechar também e me escoro na porta, vou deslizando até o chão.

— Isso é loucura. – Murmuro.

Sozinha, sem ninguém para me distrair do silêncio opressor, sem ninguém para me ajudar a fugir do castigo, sem ninguém para me ajudar a ultrapassar o que há dentro de mim.

Estou absolutamente, totalmente só. Ou é o que eu preferia realmente que acontecesse.

Eu não sabia o que faria agora que estava sozinha com a Voz. Ainda nenhuma interferência dela, mas sei que haverá, pois eu a enfrentei e ela não vai deixar tão barato assim.

“Eu apenas me preocupo com você.”

É. A Voz se preocupa comigo e por isso ela tem de exorcismar essa vontade minha de viver a vida fora da linha do destino. Ela me diz que o meu futuro já está escrito nas páginas do grande livro do destino e que só ela sabe como posso segui-lo, se eu não o fizer vou acabar em uma sarjeta suja e fedorenta para o resto da vida.

E pior, se eu não seguir a risca esse destino, ela pode acabar com todos ao meu redor, pois esse será o preço por eu ter acabado com a chance dela.

Não sei mais quanto tempo fiquei ali em choque, sentada com medo de fazer qualquer coisa que irrite ainda mais a voz. Acabo dormindo ali, encostada na porta.

Nessa noite sonhos estranhos me inundaram por completo. Eu estava em uma ilha deserta, a areia era cinza e em volta da ilha havia uma grande barreira de fogo.

— Onde eu estou? – Minha voz ecoa e a cada vez repedida ficando mais baixinha até virar um sussurro e em seguida desaparecer. – Socorro!

De repente minha voz começou a ser repetida de uma forma ainda mais estranha. Uma sombra humana aparece um pouco distante.

— Socorro. – Ela repete.

— Socorro. – Outra voz diz parecendo mais perto.

A sombra aparece em vários lugares a minha volta, todas com repetições do que eu disse. Uma aparece na minha frente e grita no meu rosto a mesma coisa: Socorro!

Fico tão assustada que não consigo gritar outra vez, apenas me sento na areia cinza e quente, apoio o rosto sobre as pernas e choro.

— Socorro – As sombras continuam a gritar a minha volta de forma amedrontadora.

— Eu me preocupo com você. – Uma das sombra pronuncia diferente das outras, olho para cima e a vejo mudar de forma e por um momento penso estar olhando para um espelho, é idêntica a mim. Ela sorri de forma maquiavélica para mim enquanto se aproxima lentamente. – Eu me preocupo com você.

Aquilo era mais do que eu podia aquentar, eu estava tão amedrontada quanto uma criança ao ouvir um barulho estranho vindo de baixo da cama, se não ainda mais.

— Vão embora, vão embora. – Começo a repetir também com os olhos bem fechados e as mãos sobre os ouvidos. – Vão embora!

Acordo suando, estou tremendo freneticamente. Demoro a perceber que estou no chão gelado em frente à porta. Todo o meu corpo dói. Me sento lentamente, cada movimento uma dor diferente.

“Para que pedir socorro? O mundo não está aqui para você, ou você faz o que as pessoas a sua volta querem ou não haverá espaço para você. Poupe-me pelo menos uma vez Maeve.”

Mal consigo pensar no que a Voz me diz, tudo o me é permitido fazer no momento é levantar do chão e ir para cama, ainda tremendo. Mesmo assim, não dormiria tão cedo, as cobertas não pareciam suficientes e eu continuava a tremer e o medo era tanto que meus olhos mal se permitiam piscar.

..........

O sol parece acordar na paz, pois seus raios são suaves ao entrarem no meu quarto. Porém não é uma manhã de paz para mim, não dormi quase nada durante a noite por causa do pesadelo. O cansaço se acumulou com a dor de ter adormecido no chão e estou um verdadeiro caco.

Contudo, me forço a levantar da cama e começar minha manhã. Ainda estava com as roupas do dia anterior, felizmente elas eram mais confortáveis do que eu estava costumada a usar. Tomo um banho relaxante para tentar diminuir a dor e até que ajuda um pouco.

Enquanto faço meu café da manha vou lendo a lista de matérias necessários exigidos pela faculdades. Acabei descobrindo também que os clubes sobre os quais Debbie havia me falado na verdade não eram exatamente clubes e que muitos deles ajudavam a alguns alunos obterem bolsa e não eram tão simples de entrar. Os esportivos, por exemplo, só era possível entrar caso um dos olheiros te achasse bom o suficiente para competir pela universidade e os olheiros normalmente procuravam no último ano do colégio ainda.

Dou uma boa olhada nas atividades, poucas me interessaram de verdade, uma delas foi o jornal da universidade que também tinha um pedacinho reservado no jornal da cidade. Mas ele era mais voltado para os alunos de jornalismo.

— De qualquer forma não é o tipo de foto que curto tirar. – Dou de ombros enquanto mordo minha torrada com geleia.

As aulas começariam na segunda, ou seja, dali a dois dias. Por isso decido que é um dia bom para comprar o que preciso para os próximos meses de estudo.

“Saia o mais cedo possível, não quero que veja aquele garoto hoje.”

Resolvo que é melhor fazer o a Voz manda já que ela esta fingindo que não a desobedeci por um dia inteiro, por enquanto claro. Eu ainda estava brava por ela tentar destruir minha câmera, mas agora entendia que foi apenas porque mereci.

Visto-me com um suéter branco e uma saia rosa e calço botas, eu até que fiquei uma gracinha. Faço uma maquiagem levinha porque a Voz acha importante uma garota estar sempre maquiada e, por último, pego minhas coisas, saindo de casa.

Novamente preciso do meu celular para descobrir como chegar ao melhor lugar para comprar as coisas. Aliás, acrescento um carregador portátil à lista para o caso de meu celular acabar a bateria e eu me perder nessa cidade quase que desconhecida.

Descubro que existem vários pequenos centros na cidade, assim fica fácil de comprar coisas sem precisar ir muito longe, e também que há um grande centro que, na verdade, é uma gigantesca rua onde não passa veículos e que interliga os dois shoppings da cidade.

Dou preferencia ao pequeno centro próximo ao meu bairro e deixo ao grande centro para a próxima. Entro em uma livraria chamada “Stop and Read”, um nome bem legal até, dou uma risadinha com a frase bordão: Deixe de ser ignorante e torne-se interessante!

— Bom dia. – A atendente se aproxima com um sorriso, ela parece bem simpática, respondo seu bom dia com o sorriso mais simpático que consigo dar sem parecer que quero me esconder. – Você é nova aqui?

— Pareço tão perdida assim? – Pergunto meio sem graça e ela da uma risadinha.

— Relaxa flor, é que acabam vindo as mesmas pessoas sempre então a gente se acostuma com as pessoas.

— Ah, te entendo, quando se mora em uma cidade pequena são sempre as mesmas pessoas durante toda a sua vida.

— Nossa, e eu achando ruim virem poucos jovens aqui. – Ela suspira. – Me chamo Alex Milicentt.

— Maeve Willys.

— Então Maeve, como posso te ajudar? – Pergunta ela. Eu lhe entrego a lista de livros e ela sai para buscar no estoque. Pouquíssimos minutos se passam e ela volta com uma pilha deles. – Quer ver algum outro também?

— Bem que eu queria levar toda a loja, mas assim eu vou falir antes mesmo de começar o ano. – Digo. – Mas tenho certeza que em duas semanas meu estoque de livro vai acabar e vou ter que renovar.

— Então te espero em duas semanas hein. – Ela fecha a compra e eu pago. – Já conhece alguém do bairro?

— Além de você agora, só o Matthew Frankart.

— Ah, o Matt. – Ela da um aceno de cabeça. – Ele é legal, pode confiar, o meu namorado é amigo de infância dele. 

— Bom saber. – Ela separa a sacola com os meus livros em um canto, pois iriam entregar na minha casa já que era bastante coisa. – Você sabe onde tem uma papelaria por aqui? – Pergunto com preguiça de ter que pesquisar novamente no celular.

— Claro, eu vou sair do trabalho em quinze minutos, quer que eu te leve até lá? Preciso mesmo comprar algumas coisas novas para a minha aula de desenho.

Não tinha certeza de que era uma boa escolha, então esperei alguns segundo para ver se a voz se pronunciava. Nada.

— Eu gostaria, por favor. – Respondo já que nenhum som retumbara pela minha mente.

Ela me pediu pra esperar os quinze minutos enquanto ela termina o trabalho e para isso eu me sento em uma das almofadas fofinhas da livraria e fico analisando as sinopses dos livros. Acabo adicionando três na minha lista de comprar mais tarde.

Vejo outra pessoa entrar na loja, ela apenas me da um aceno rápido e ocupa seu lugar no caixa. Alex vem até mim e nós saímos da livraria.

— Eu normalmente saio mais tarde, mas nessas férias acabei fazendo muitas horas extras, logo eles mal me querem ver na loja. – Ela explica o porquê de estar saindo do expediente às dez horas. – Vai fazer faculdade de que?

— Medicina.

— Nossa que coragem!- Ela exclama. – Eu não me daria nada bem, sangue me dá horror.

— Dizem que você se acostuma depois de um tempo. O que você faz?

— Artes, sou ótima com telas. Você gosta?

— De artes? – Pergunto e ela afirma. – Bastante, principalmente de fotografia.

— E quem é você nessa? A fotografa, a modelo ou a telespectadora?

— Eu sou a por trás das câmeras mesmo.

Alex parece bem surpresa pois me analisa por alguns segundos e depois abana as mãos como se espantasse uma mosca irritante do rosto, olho para ela sem entender, mas descido nem perguntar.

— Desculpe te julgar, mas pensei que fosse a segunda opção. – Diz sincera. Franzo o cenho com essa afirmação. – Quero dizer, você tem esses olhinhos azuis quase angelicais e deve fazer um sucesso com eles. 

— Tudo bem, a Debbie disse a mesma coisa. Digo... Sobre os meus olhos fazerem sucesso. Mas na verdade eu sempre fui à garota do canto.

— Ah, isso faz sentindo. – Ela fala e eu a encaro. – Você não era superficial o suficiente para os garotos do ensino médio.

Caio na gargalhada com essa afirmação. Eu estava gostando do jeitinho dela, era bem divertida.

— Estou falando sério May!

Presto atenção no final da frase, era a segunda pessoa que me chamava de May. Talvez fosse mesmo o apelido mais óbvio de Maeve.

— O meu namorado era um tremendo babaca no início do ensino médio, ele me zoava o tempo todo por causa das peças que eu fazia e a gente se detestava, mas eu o desafiei a fazer uma peça e hoje ele também faz artes.

— Wou. – Fico de boca aberta. – Isso daria um livro.

— Pode escrever se quiser. – Ela ri.

— Já sei até o nome! Unidos por um palco. – Brinco.

— Adorei! – Ela exclama e caímos na risada.

Fomos conversando e caminhando até a papelaria. Alex era bem divertida e brincava tão naturalmente que me deixou impressionada. Por incrível que pareça eu estava interagindo com uma completa estranha como se fossemos amigas mesmo. Amigas? Será que isso é possível.

“Nem sonhando.”


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Notas finais do capítulo

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