Você é uma exceção escrita por ZeroLouise
Notas iniciais do capítulo
Boa leitura
—Ah! Te achei— Falei encontrando Kim que se assustou e dando um pulo dentro do banheiro.
—Como me achou se você saiu atrás de mim? — Ela perguntou rindo.
—E até que faz sentido. — Falei dando de ombros e me encostando na pia do banheiro.
Estávamos no primeiro horário de terça e como já havia feito o exercício de espanhol aproveitei o momento para seguir Kim e fui liberada.
—O que gostaria de falar? — Ela perguntou ficando em minha frente.
—Como sabe o que eu quero...
—Não sei, só te conheço mesmo. — Disse sorrindo e eu bufei.
—Ok, queria perguntar o que você sente em relação ao Ox?
—Não sei. — Ela deu de ombros e corou levemente — Ele não me procurou depois do encontro.
—E isso te incomoda? — Perguntei curiosa.
—Talvez. Como aquele nerd idiota não age mais? — Perguntou bufando. Ótimo
—Você fez algo para que ele agisse assim? — Perguntei sem qualquer tipo de provocação na voz e ela bufou.
—Ele te contou como foi né? —Dei de ombros. — Fui malvada sabe, não devia ter falado algumas coisas, ele só estava se esforçando para ser legal, mas estudos não são meu assunto referido fora de aulas.
—De quase ninguém. — Falei dando de ombros. — Mas não é por isso que você vai simplesmente magoar alguém ou tratar mal alguém que você sabe que é apaixonado por você.
—Odeio quando você tem razão e eu preciso me redimir. — Disse bufando e cruzando os braços, eu sorri.
—Não estou falando que você precisa aceitar os sentimentos dele, namorar ou casar. Apesar do nerd de hoje ser o rico de amanhã — Falei sorrindo provocativa. — Só se esforçar para não magoar ninguém atoa.
—Eu sei, ok. Obrigada! — Ela disse sorrindo e me abraçou. — Acho que eu precisava disso.
—Ainda bem, agora vamos voltar antes que venham nos buscar.
Falei me soltando do abraço e indo para a sala com ela que contava uma fofoca sobre Patty e Liz estarem tramando algo antes de saírem do colégio, já que Kim também descobriu que elas vão embora do país. Esse se dúvidas era o meu lado de ter uma família com boas condições financeiras.
(...)
— Ah! Oi professora — Falei correndo e parando ao encontrar a professora de arte após o almoço, enquanto ela ia para a sala de música na qual também lecionava.
— Oi, Maka — sorriu carinhosa, ela sem dúvidas era a minha favorita — No que posso ajudar? — Ufa, era nesse ponto que eu queria chegar, suspirei.
—A senhora tem aulas por agora? — Perguntei ansiosa e ela sorriu.
—Não, tenho essa tarde livre, algum problema? — Perguntou curvando a sobrancelha.
—Podemos conversar? — Perguntei corando e ela colocou os cadernos apoiados no braço esquerdo e com a mão direita alisou minha cabeça.
—Claro que sim, venha a sala de música fica vazia esse horário.
É, eu Tsu e Black sabíamos disso, pensei sorrindo e acompanhando enquanto ela abria a porta e me dava passagem, logo em seguida ela ascendeu as luzes olhando ao redor e ao constatar que não havia ninguém, ela fechou e trancou a porta nos dando privacidade. Por maior que a sala fosse, era impossível alguém se esconder ali e isso me tranquilizava. Não queria que mais alguém ficasse sabendo do que iria falar com ela.
A senhorita Margot, caminhou até sua mesa e deixou os cadernos em cima dela e caminhou em direção aos sofás da sala, super confortáveis diga-se de passagem. Sentou-se e me chamou com um movimento de mão. Engoli seco criando coragem e segui até ela sentando-me ao lado dela que sorriu.
—Não tenha vergonha, pode se abrir comigo. — Ela disse virando se para mim e me olhando e eu suspirei.
—Estou com algumas dúvidas e queria alguns conselhos. —Falei desviando o olhar e ela tocou minha mão.
—Imagino que você não tenha muitas presenças femininas para tirar dúvidas, certo? — Concordei e ela sorriu — Quer começar por onde? — Ficamos em silencio enquanto ela pensava. — Como você vem lidando em estudar no mesmo colégio que seu pai trabalha depois de tantos anos afastados? —Ela perguntou movimentando a conversa e a olhei curiosa.
—A senhora já sabe...
— Que seus pais são separados? — Concordei —Ah sim! Lembro de você pequena quando seu pai te trazia algumas vezes para passar um tempo com ele, eu tinha acabado de começa a trabalhar aqui e pode-se dizer que seu pai já deu em cima de mim várias vezes — Disse bufando e revirando os olhos, acabei de soltando uma curta risada.
—Infelizmente não me surpreende — Falei sorrindo. — Sabe, vem sendo estranho. Eu tinha outra visão dele. — Falei abaixando a cabeça e ela murmurou algo.
—Será que você não criou muitas expectativas?
—Talvez sim, mas ele sempre foi maravilhoso antes de trair a mama, ele era o melhor pai. Depois ele traiu a ele e consequente a mim e depois ambos foram embora. — Falei dando de ombros.
—Isso explica seu comportamento pouco social. — Ela disse pensando alto e me olhando em seguida. — Mas você mudou um pouco desde que chegou aqui. — Sorriu — Você nem falava com as pessoas ao não ser Tsubaki, Kid e Kim. Hoje você já conversa com toso e até mesmo pessoas de outras salas. — A olhei curvando a sobrancelha e ela deu de ombros — Passamos o dia aqui, então acabo observando vocês.
—É, isso realmente é verdade, melhorei bastante depois das novas amizades. — Falei sendo sincera e ela sorriu. — Já consigo confiar nas pessoas com mais tranquilidade, apesar de ser bem complicado algumas vezes.
—Homens em especial? — Concordei, apesar de hoje em dia isso ser mais uma restrição a ele. — Seu pai é terrível, hein? — Bufou e eu sorri. — E como está em relação a sua vida sentimental? — Perguntou sorrindo e eu corei e com isso o sorriso aumentou.
—Está um pouco confusa. — Falei sendo sincera.
—O Evans é um bom rapaz. — Disse confiante e eu curvei a sobrancelha.
—Como sabe que é sobre ele? — Não lembrava dela sabendo de algo.
—Pode se dizer que o Evans é meu xodó desde que entrei no colégio, ele ainda era pequeno, ninguém estava disposto a “encara” e eu fiz isso com todo o amor de uma professora de arte, e esse amor aumentou depois de o escutar tocando piano e violão. — Ela disse e em seguida sorriu de forma carinhosa.
—Isso explica a senhorita brava por meu pai querer tirar ele de sala. — Falei lembrando da cena e eu não queria nem chegar perto dela aquele estado.
—Quando o assunto é o jovem Evans eu não tenho medo, e seu pai sabe disso. Já fomos parar na diretoria três vezes por causa disso. — Ela disse bufando. — O jeito que ele ´persegue ele é desnecessário. — Disse cruzando os braços e ela pareceu ser mais jovem do que já era.
—Já briguei com ele por causa disso, naquele mesmo dia que ele tentou tirá-lo de sala e a senhora o barrou. — Ela sorriu.
—Você é justa. Sem contar que ele já fez o bastante separando vocês dois.
—Como sabe? — Perguntei curiosa e ela deu de ombros.
—Observo todos vocês, mas Soul sempre teve mina atenção em especial, ele é como um filho que não tive, e foi evidente a mudança de vocês, então eu fui atrás de Spirit e o questionei. Ele disse que não era da minha conta, mas quando ameacei contar para o diretor ele abriu a boca rapidinho, dizendo ter feito o melhor e quando perguntei para quem, já que você e Soul estavam sofrendo ele ficou sem palavras e sozinho.
—Ainda lembro das palavras dele, infelizmente lembro. Mas o que me deixou mais triste foi a falta de empatia por mim e minha felicidade, Soul não vinha me machucando, na verdade, ele vinha me fazendo bem feliz. — Falei dando e ombros e ela me encarou.
—Seu pai não sabe mais lidar com você e com o fato de você ter sentimentos por alguém que ele “não acha certo”, mas acredito que ele está começando a se esforçar. Na semana passada ele me perguntou se você vinha mostrando algo diferente em sala de aula e eu apenas dei de ombros. Mas ai entendi que algo poderia estar mudando.
—Duvido muito.
—Então você gosta do Soul? — Perguntou sorrindo e senti minhas bochechas esquentarem.
—Sim, ultimamente venho pensando neles mais que o normal — Desviei o olhar.
—Por que você não me conta todo o trajeto ate aqui? Prometo que não irei contar nada para ninguém. — Disse beijando os dedos em forma de juramento e eu sorri.
—Certo, mas tenha paciência. —Falei sorrindo e começando a contar tudo para ela que ria em algumas partes e fechava a cara nas partes tensas.
E com isso venho um alivio tão grande que respirei fundo sentindo o coração tranquilo.
(...)
—Hum, o relacionamento de vocês só precisa de uma coisa. — Ela disse pensativa após eu contar toda a historia.
—O quê? — A olhei com expectativas.
—Dialogo. — Disse sorrindo. — Você mesma acabou de dizer que quase conversaram e se acertaram no sábado. — Concordei — Inclusive, daqui a pouco vamos falar dessa parte sexual. — Fiz bico e ela sorriu. — Que tal vocês irem para algum lugar que esteja somente vocês dois e conversem sobre as coisas que faltaram no sábado, exponha seus sentimentos, ele vai fazer o mesmo. — Disse confiante.
—Como tem tanta certeza? — Perguntei curvando a sobrancelha e ela deu de ombros.
—Ele já começou a fazer e você mesma disse que ele te procurou algumas vezes ontem para conversar, mas foram atrapalhados em todas as vezes, certo?
—Sim, é verdade. — Falei pensativa ao lembrar de Kid me puxando, ou Black atrapalhando ou Tsu me puxando para algum lugar para ficamos eu, ela e Crona. Realmente, Soul tentou várias vezes. — Para ser sincera, até antes de eu vir para cá ele tentou. — Falei pensativa.
—Eles crescem tão rápido. — Suspirou e eu sorri tocando a mão dela e sorrindo. — Antes ele vinha tocar comigo e a turma de terça, mas quando o pai ficou sabendo veio aqui e disse que eu estava proibida de ao menos falar com ele sobre música, e o ameaçou também. Isso tem uns dois anos, disse que iria tirar meu emprego e bom todos sabem que se ele quiser, ele consegue. — Ela deu de ombros enquanto eu estava chocada a encarando. —Então Soul veio triste e disse que não iriamos poder continuar, mas que eu o havia ajudado e muito a aprender sobre música e a crescer como uma pessoa normal.
—Queria muito que ele não fizesse parte de uma família dessa. — Era tão triste saber que ele fazia parte de uma família dessa. — Mas hoje é terça, não tem mais a turma? — Perguntei curiosa e ela deu de ombros.
—Os liberei para resolverem coisas dos jogos. Sim, eu também queria. Mas falando em família... Não é por causa disso que vocês não vão se proteger e formar uma nova família daqui uns meses, certo?
—Quêêêê? — Perguntei assustada e sentindo o rosto queimar em seguida escutei a risada da maior.
—Bom, vocês são jovens, então imagino que o clima deve esquentar muitas vezes.
—Sim, mas não fizemos nada.
—Planejam, não é mesmo?
—Ainda não sei, tenho medo sabe.
—Se você se sentir preparada e encontrar a pessoa certa, acho que isso não será problema.
— E como saber se a pessoa é certa? — Perguntei pensando em Soul e a olhei.
—Bom, acredito que quando você estar apaixonado pela pessoa e ela é recíproca, fazendo o possível para estar com você, isso é a prova que falta. — Disse sorrindo. —Principalmente quando você confia nela.
—É isso foi esclarecedor. — Falei sorrindo e ela sorriu compreensiva.
—Não estou falando para que transe amanhã, nem anda do tipo. Estou apenas falando que se você se sentir preparada você deve tentar e aproveitar.
—Eu sei. —Falei me levantando— Foi muito bom conversar com a senhora.
— Na verdade, eu que agradeço por ter sua confiança para isso. — Ela disse levantando-se e me puxando para um abraço carinhoso e mesmo sem querer senti lagrimas brotando em meus olhos, afinal garotas geralmente conversam sobre isso com suas mães e nesse momento nem sei se a minha ainda está em Roma ou Paris ou ate mesmo na Suécia. — Querida? — Margot chamou e eu a apertei mais forte e ela soltou uma curta risada. — Não precisa se preocupar, sempre pode vir até mim, Ok?
Concordei e ela me soltou olhando para os meus olhos.
— Lembrei de algumas coisas, mas estou bem. Obrigada por tudo. Tenho treino agora. — Falei colocando um sorriso no rosto e seguindo em direção a porta que ela logo destrancou.
Nos despedimos e eu sai andando pelos corredores, passei no quarto para buscar minha roupa de treino. Hoje seria apenas vôlei e eu agradecia no momento, o treino de muay thai acabou comigo ontem. Decidi por vestir a roupa lá mesmo, e segui pensativa em direção a quadra. Chegando lá a gangue babaca já estava uniformizada e as meninas indo para a quadra. Cheguei a tempo, por mais estranho que pareça.
— Pensei que não iria vir... — Tsu disse baixo enquanto eu colocava minha bolsa ao lado da dela perto da quadra.
— Ainda pensei nessa possibilidade — Falei sorrindo e ela suspirou e sorriu.
— Pensei que tinha acontecido algo grave, você sumiu depois do almoço. — Falou enquanto íamos em direção a quadra e nos posicionávamos e dei de ombros.
— Estava tirando dúvidas. — Falei sorrindo e ela fez careta.
— Nerd nas horas vagas. — Disse tranquila.
— Talvez, sabe né, o primeiro lugar não se conquista atoa.
— Falando em primeiro lugar, certo albino estava surtando e só parou quando Ben veio até a gente e perguntou de você. — Disse rindo e eu sorri.
—Olá meninas, concentração hoje. Ok? — Professor Sid apareceu segurando a rede. — Semana que vem começa os jogos e vocês serão as primeiras. Quero que deem tudo de si e ganhem de todas que vierem. — Disse confiante e acenamos em concordância. — Agora vamos lá. Dividir e conquistar. — Disse sorrindo e sentando -se perto da rede e assistindo os lances.
Depois da conversa eu estava mais tranquila e relaxada, meus toques foram mais objetivos e meus saques mais certeiros. Acabei ficando como defesa central e Tsu ficou com saída de rede, ela era ótima no bloqueio e ataque, enquanto eu ficava melhor na defesa. Crona ficou com defesa direita por ter o melhor saque, apesar de ser ótima no ataque, ela em quadra nem parecia a garota tímida que diz não estar preparada para isso.
Observação: continuo odiando fazer a defesa dos saques dela.
Depois de uma hora, já estávamos ofegantes e suadas, enquanto terminávamos a ultima jogada que daria a vitória para o outro time, assim que o professor apitou, sentamos no chão ofegantes. Mas descanso dura pouco.
— Albarn. — Levantei a cabeça me deparando com papa ao lado de minha mochila. Suspirei.
—Sim? — Queria tanto que ele não dissesse que eu precisava acompanha-lo.
—Sid, a liberou. Acompanha-me. — Disse colocando as mãos nos bolsos da calça social e se virou em direção a saída.
Olhei para o professor pedindo ajuda e ele mexeu os lábios falando “desculpa”, fiz careta e levantai-me tirando a sujeira do short e me abaixei para pegar minha bolsa dando de cara para os meninos que me olhavam com expressões curiosas e eu apenas dei de ombros. Soul desceu as escadas da arquibancada e veio em minha direção.
— Ta tudo bem? — Perguntou receoso e eu concordei. — Precisa de ajuda? Posso te desmaiar. — Disse sorrindo e eu sorri também.
—Você fica ótimo nesse uniforme. — Falei corando e o vendo corar também. Por que eu falei isso mesmo?
—Já você fica linda e principalmente gostosa no seu. —Ele falou baixo assim como eu e eu corei.
—É... é... — Tentei falar algo enquanto ele ria.
—Vamos logo, Albarn. — Meu pai chamou da porta e eu dei de ombros para Soul.
— Até mais. — Falei acenando para o albino que sorriu.
Papa me esperou passar e fechou a porta que levava a quadra, ele parecia sério e levemente emburrado, lembrou quando mama me contava algo e ele queria descobrir o que era.
— Isso vai demorar? — perguntei arrumando a bolsa. — Estou fedendo.
— Não, vamos para um local mais afastado, quero conversar com você, mas será rápido. — Disse sério e eu dei de ombros começando a acompanha-lo para onde quer que ele queria ir.
O observei enquanto seguia-o em direção ao jardim, que nesse horário estava fazia, já que os alunos sempre participavam de no mínimo dois clubes. Papa continuava com as mãos nos bolsos e concentrado em algo, como se viesse repassando falas, provavelmente as que ele iria me falar em pouco tempo. Decidi não atrapalhar esse momento, mas sentia toda a tensão se apoderando de meu corpo, e eu jurei que dessa vez não iria chorar por anda que ele falasse, estava feliz e aliviada depois a conversa com a senhorita Margot e isso não seria arrancado de mim tão facilmente.
Depois de chegamos a um local mais afastado e que daria para notar caso alguém se aproximasse, papa sentou-se em um banco e deixou um bom espaço para mim, sentei-me colocando a bolsa em cima das pernas e esperei que ele começasse.
— Serei objetivo. — Concordei — O que você foi conversar com a senhorita Margot que levou tanto tempo? — Perguntou sério e eu paralisei tentando absorver e a informação.
— Não entendi onde deseja chegar. — Falei confusa e deixando claro para todas as partes de meu corpo que isso não iria acontecer, eu não iria contar nada. Vergonhoso demais.
— Por que não veio atrás de mim? — perguntou sério, mas dava para sentir a magoa em sua voz.
— Poderia ser mais claro? Primeiro, como o senhor sabe que eu fui lá? — perguntei o observando e ele suspirou.
— Eu estava te seguindo. — Afirmou com vergonha e eu suspirei. — Pressionei a Margot, mas ela disse que se eu quisesse saber deveria perguntar para você, pois você confiava nela. Então, por que você confia nela e não confia em mim que sou seu pai? — Ele perguntou sério e eu bufei. Isso é sério
— O senhor está brincando, certo? — Ele me fuzilou com o olhar e eu suspirei. — Spirt ou papa...
— Papa, Maka. Papa. — Disse frisando o que queria ser naquele momento e eu engoli seco, acho que a ultima vez que ele havia agido assim tinha sido no dia do parque de diversões.
— Ok, papa. Fui pedir conselhos para ela, satisfeito? — Falei evasiva e ele suspirou.
— Por que não comigo? — Perguntou se virando para mim e eu sorri com desdém.
— E por acaso o senhor iria querer saber que estou apaixonada pelo Evans e que não estou sabendo lidar com isso? — Perguntei séria e falando a verdade na intenção de que ele me liberasse logo daquilo.
— Sim, é obvio que eu iria querer saber! — Disse firme e o olhei incrédula.
— Que dia estranho...
—Maka, é a mim que você tem que procurar e não sua professora de arte. Você tem pai e mãe. — Não aguentei a segurar uma leve risada de desdém.
— Melhor começamos de novo, o senhor não acha? — Perguntei tentando engoli as palavras que queriam sair.
— Não, eu quero escutar as palavras que você está segurando nesse momento, eu estou pronto. — Disse mais relaxado.
—Certo, não consigo me recordar de ter escutado mama falar qualquer coisa sobre paixão na nossa ligação da semana passada quando vocês estavam naquele simpósio e se me lembro bem o senhor fez tudo para nós afastar e só por sua vontade sofri por duas semanas. Não que o senhor tenha reparado já que estava caçando Soul por aí. — Falei dando de ombros e ele suspirou.
—Eu errei, estou admitindo isso e nesse momento, Maka. Estou implorando seu perdão. — Disse sincero e o olhei estática, sem saber como reagir. — Sei que parece estranho — Sorriu — Sua expressão deixa bem claro o quanto está surpresa e na verdade eu também estou. — Disse dando de ombros. — Tive uma conversa séria com sua mama durante o final de semana. E não, nós não reatamos. Ela está bem fazendo todas essas viagens e trabalhando sem uma moradia fixa e se culpa por ser assim e te abandonar. Não posso dizer que acho ruim, assim posso passar mais tempo ao seu lado. Chegamos a conclusão que eu vinha sendo um péssimo pai no últimos dias — O encarei com olhos semicerrados —ou meses — deu de ombros — percebi que estava te perdendo, acredita que cheguei a sonhar e com você e Soul fugindo do país, não sei se você sabe, mas ele pode fazer isso a qualquer momento. O irmão me contou na ultima vez que o pai deseja emancipa-lo. E depois desse sonho quase surtei chorando pensando que a culpa seria minha.
— Então se arrepende das coisas que fez? — Perguntei duvidosa e ele concordou e ficou de cabeça baixa. — Papa... — Tentei formular algo, isso parecia estranho.
—Maka, sei que falhamos e queria saber se deseja fazer acompanhamento com psicólogos, poderia te ajudar a se livrar desses maus pensamentos e do leve vazio que sente, poderia ate mesmo ajudar com sua relação e de sua mama, só depende de você. — Disse com um sorriso que transmitia confiança.
—Acha que pode ser bom? — Perguntei receosa, já havia ido algumas vezes com uns doze anos, mas logo havia parado por medo das emoções.
— Sim, acho que você está mais madura e pronta para lidar com tudo que aparecer. — Sorriu e sorri para ele. —Você me perdoa? — Ele pediu sincero e sorri deixando algumas lagrimas escaparem.
—Só se o senhor prometer...
—Não ser mais o idiota que vinha sendo e sendo mais profissional, e principalmente não te decepcionando. Aquela sua frase de “não seja uma decepção para não se decepcionar” mexeu comigo. — Disse sem graça.
—Então sim, papa. Eu te desculpo e te dou meu perdão. — Falei sorrindo e ele suspirou claramente aliviado e me estendendo o dedo mindinho que logo entrelacei ao meu.
— Agora podemos começar de novo? — Perguntou sorrindo e relaxando o corpo e eu fiz o mesmo — Então está mesmo apaixonada pelo Evans? — Corei e ele passou a mão em minha cabeça.
—Sim, papa. Estou. — Suspirei pesadamente.
—Queria que esse dia nunca chegasse. — Disse sorrindo — É terrível a sensação de saber que sua filha pode arrumar outro herói e gostar de outro homem além de você. — Disse com seu obvio ciúmes.
— Mas o senhor sabe que sempre será meu herói principal e favorito. — Falei sorrindo e ele concordou sorrindo.
— Irei conversar o Evans em breve.
— Sobre o quê? — Falei agitada e ele sorriu.
— Calma, não irei falar sobre isso, mas sim ir pedir desculpas sobre como o tratei, apesar que ele será mais difícil que você.
—Sem dúvidas, papa. O senhor o magoou muito nesses anos. — Falei dando de ombros e ele concordou.
— Sim, mas sempre é hora de mudar. Principalmente quando ele vier conversar comigo sobre vocês dois. — Disse com desdém e sorriu em seguida me deixando corada.
— Papa! Nós não temos nada. — Falei suspirando.
— Acho que é pressentimento de pai, mas acho que isso mudará em breve. Prometo me esforçar para não o matar a cada vez que ver os dois andando de mãos dadas.
— Ok, sem pular etapas, ok? Primeiro vamos ver no que vai dar.
— Por falar nisso, que história é essa que você estava “ficando” com o Ben/? — Me olhou interrogativo e fez aspas com as mãos.
— Quem é que te conta essas coisas? — Preciso matar alguém.
— Tenho alguns informantes. — Deu de ombros e eu bufei.
— Não temos nada demais, ele é meu amigo e me ajuda nos treinos de muay thai e o que precisar. — Falei sincera apesar de Ben, ainda tentar me beijar às vezes.
— Certo, ele é um bom rapaz. Mas acho que ele gosta de outra. — Disse fazendo careta e eu ri.
—Sim, ele gosta da amiga de Jully. — Falei sorrindo e dando de ombros.
— Vocês são bem complicados, mas tudo certo.
— Papa. — Precisava de coragem para a próxima pergunta, ele pareceu notar e sorriu carinhoso. — Como — desviei o olhar — a mama está?
— Bem... eu acho — Disse chamando minha atenção. — Tão linda quanto você, você não faz ideia do quanto são parecidas. Ela parece estar feliz fazendo todo o trabalho que vem fazendo e está conhecendo um homem que parece ser bem legal. Passamos esses dias juntos. — Deu de ombros — Passeamos pela cidade e ela mandou vários presentes para você que devem chegar na semana que vem. Digamos que ela comprou todo um guarda roupa para você.
— Sem saber minhas medidas? — Fiz careta pensando no que iria chegar e ele riu.
— Para sua sorte eu sei e cortei todas as milhares de roupas cor de rosa que ele queria comprar. — Disse rindo — Optei pelas cores que te via usando em casa, já que aqui vocês vivem de uniforme.
— Preciso dizer que agradeço? — Perguntei ansiosa e ele balançou a cabeça.
— Ela sente sua falta, espero que me desculpe, mas ela disse que estava pensando em pedir sua guarda na justiça.
— O senhor deixou? — Começando a imaginar inúmeras situações e ele balançou a cabeça.
— Não, não mesmo. Agora iremos ficar em paz e não iria te perder assim. Na verdade, acabei falando que se ela fizesse isso sem sua vontade eu iria entrar pedindo a guarda também e iria comprovar que ela não a visita há alguns anos.
—E ela sabe que o senhor iria conseguir. — Falei concluindo aquilo.
— Não queria ter que agir assim, mas foi necessário no momento e não estou arrependido. Não agora que vamos começar a ter uma boa convivência.
— Entendo e agradeço, acho que isso poderia estragar tudo o que vem acontecendo e todas as minhas conquistas diárias. — Falei pensativa e ele me estendeu a mão apertando a minha.
— O início das suas conquistas, certo? — Concordei. — Agora vamos? Você precisa tomar banho, ficar com roupas suadas não faz bem. Sem contar que certo Evans está nos espionando lá da entrada do colégio. — Disse rindo.
Disfarcei e lá estava ele fingindo se esconder. Pois se ele estava crente que estava dando certo, alguém precisava avisar que não estava rolando. Papa me abraçou antes de começarmos a caminhar lado a lado e comentou sobre algumas partes da viagem que ele gostou até pararmos em frente a Soul e Kid que olhava constrangido por ser flagrado assim como Soul.
— Olá, Spirt. — Kid foi educado.
— Olá Kid e Soul. — Soul apenas balançou a cabeça e Kid deu um leve sorriso. — Soul poderia me acompanhar? Preciso falar com você.
Antes de responder ele me olhou procurando algo e eu sorri concordando. Ele ergueu a sobrancelha a mostrei a ponta da língua em divertimento e ele deu de ombros.
—Vai demorar como sempre? — Perguntou sem esboçar sentimentos, completamente neutro e papa deu de ombros ao meu lado.
— Não, dessa vez não vai demorar.
— Um pouco suspeito, não acha? — Soul disse começando a seguir meu pai e deixando eu e Kid os observando.
— Preciso tomar banho. — Falei olhando para Kid que despertou. — Vai fazer algo daqui a vinte minutos?
—Sim, irei estar deitado na sua cama enquanto você toma banho e em seguida vamos conversar. — Ele deu de ombros e eu sorri.
—Era realmente isso que eu imaginava. — Falei sorrindo e indo em direção ao dormitório acompanhada de Kid.
Ele me contou sobre ele e Soul terem faltado treino para me espionarem de longe e o quanto ele estava feliz em ser o zagueiro, cometei sobre o vôlei. Logo depois eu tomava banho enquanto Kid escutava música usando meu celular. O engraçadinho estava cochilando na minha cama usando o uniforme do colégio. Talvez minha conversa com papa tenha demorado ou ele só seja dorminhoco mesmo, o acordei recebendo uma cara zangada.
— Então vocês se acertaram? — Kid perguntou mudando de posição enquanto víamos o pôr do sol sentados no terraço do colégio e sorri.
— Aparentemente sim, estou achando até estranho falei pensativa e Kid soltou uma risada.
—Você sabe que isso iria ter que acontecer. Como se sente depois de conversar com a senhorita Margot?
— Bem, muito bem! Eu precisava tanto e nem sabia.
— Presença materna...
— Nem fala, mas parece que vai dar certo. Kid...
Perguntei manhosa e ele curvou a sobrancelha.
— Sinto que lá vem problema e perguntas difíceis de responder. — Sorri e concordei.
— O que é esse tal clube das cinco de Soul?
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