Você é uma exceção escrita por ZeroLouise


Capítulo 10
Um momento tenso


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura ♥



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Acordei depois do que pareceu serem dois dias de sono, o que sem dúvidas deveria ser só uma ilusão, se não papa já estaria aqui gritando. E que os deuses me protegessem, pois, minha cabeça doía pra caramba. Mas sem dúvidas melhor do que o primeiro pt. Estava deitada virada para a porta, o quarto estava escuro e a única luz que entrava era a que passava pela fina brecha da cortina. Minha vista ardeu um pouco, esfreguei os olhos e tentei me situar.

Suspirei sem vontade de levantar em si. Fazia um pouco de frio. Mexi-me sentindo algumas dores pelo corpo. Provavelmente fruto da “briga” de ontem. E isso me lembrava que eu deveria banir bebidas alcoólicas do meu mapa. Se bem que eu falei isso uma vez. E aqui estou na mesma situação.

Por mais que a cama em si fosse grande sentia Soul ao meu lado, ressonava baixo e seu corpo transmitia calor. Me virei com cuidado para não o acordar e ele parecia um anjo dormindo, estava completamente coberto, engoli seco sentindo meu coração acelerar pela ação, mas o sorriso foi inevitável.

Senti uma leve vergonha ao lembrar que ontem quase chegamos a vias de fato, não que eu lembrasse da parte em que tirei a roupa e fiquei somente de sutiã e calcinha e só de pensar nisso senti uma boa quantidade de sangue indo para em meu rosto. Meu celular vibrou dentro da minha bolsa e somente isso me fez levantar.

O procurei às cegas o mais rápido possível para não acordar Soul, seria muito constrangedor caso ele acordasse e visse-me somente de roupas intimas, ok. Ele viu antes de dormi, mas ele estava um pouco bêbado e agora ele estaria bem sóbrio.

Encontrei a bolsa em cima de uma cadeira que havia no quarto, o motivo era Kid perguntando se já havíamos acordado e que eles viriam almoçar aqui. Já passava das dez da manhã e pelo jeito que Soul dormia, esse almoço se dependesse dele seria somente amanhã. Procurei minhas roupas pelo quarto e as encontrei jogadas do lado da cama em que Soul dormia e logo as vesti. Procurei o mesmo banheiro de ontem e la estava a escova que usei. Agradeci aos deuses por essa graça alcançada e fiz minha higiene matinal.

Preferi evitar esse contato logo agora e sai o mais discreta possível do quarto, o único barulho que vinha era da sala. Lá Black assistia tv de mau humor, mas sorriu ao meu ver chegar e sentar no outro sofá.

—Bom dia, nanica. — Disse se encostando no sofá de novo.

—Bom dia, idiota.

—Está de ressaca? — Perguntou curvando a sobrancelha.

—Muita —Fui sincera e ele riu.

—Deixei comprimidos para você e o Soul. Bebe lá.

—Você sabe que é um ótimo amigo né? — Perguntei sorrindo e ele concordou orgulhoso.

—Eu sou um deus.

—Não exagera.

Levantei-me e segui em direção a cozinha. Black ou Killik -que não havia dado sinal -tinham deixado café pronto e pães. Tomei o remédio mesmo odiando o gosto e bebi água, no momento eu não tinha apetite nem para uma fruta.

Voltei para o sofá e sentei-me relaxando um pouco.

Nota mental: vodka banida do mapa.

—Relaxa —Black disse tranquilo —O remédio tem efeito rápido.

—Tomara, já estou quase arrependida de ter bebido —escutei o riso baixo de Black.

—Penso nisso todas às vezes, mas sempre estou lá de novo.

—Os machucados estão melhores? —Perguntei ao vê-lo passar a mão em um hematoma.

—Estão limpos, mas estão uma porcaria. Se Spirit ver, vai me perturbar a semana inteira. Acho que você também —Disse olhando sugestivamente para as marcas de arranhões nos meus braços.

—Ontem estavam bem piores — dei de ombros — Sem contar que vou usar o blazer a semana toda —Falei sorrindo e ele mostrou a língua.

—Aquilo me dá agonia, preciso deixar meus músculos a mostra —Revirei os olhos e tal ação trouxe uma leve dor.

—Como se alguém olhasse para isso —Disse o albino com voz de tedio aparecendo no corredor.

—Claro que tem —Black disse confiante — Sou o rei delas. —Disse orgulhoso e eu fiz careta.

—Rei da tragédia só se for —Falei rindo.

—Só não irei te falar e fazer nada por você estar apaixonada pelo meu melhor amigo —Black disse bufando.

—Tsc. O que quer insinuar com isso? —Soul perguntou de mau humor e Black deu de ombros.

—Geralmente eu provo para elas que sou o melhor, mas a Maka pode passar tranquilamente.

—Como se eu quisesse... — Falei revirando os olhos e me arrependi depois, ainda doía.

—Sem gracinhas Black. —Soul disse sentando-se ao meu lado.

—Blá, blá, blá. Vou tomar outro banho, minha ressaca está passando. —Disse levantando-se e seguindo para o corredor.

Soul que estava ao meu lado suspirou e me olhou.

—Já tomou algum remédio? —Perguntou sorrindo.

—Sim, Black ou Killik deixaram para nós dois em cima da mesa da cozinha.

—Ufa! Já voltou —Disse levantando-se e voltando em seguida.

Soul estava somente de bermuda, uma que eu nunca vi na vida e não o vê de uniforme era algo bem interessante.

Ele veio e praticamente se deitou ao meu lado.

—Esse remédio é ótimo, logo passa todos os sintomas. Mas só de olhar aquela comida quase vomitei — Ele disse dando de ombros e eu sorri.

—Te entendo perfeitamente, quase desmaiei só de imaginar.

—Kid disse que vem almoçar aqui com os meninos. Parece que tenho cara de master chef. —Soul bufou.

—Ele mandou mensagem avisando. —Falei dando de ombros. —Ui Soul chef. —Falei sorrindo e ele bufou.

—Vou fritar ovo e eles se viram.

—Então você cozinha bem? —Perguntei com muita curiosidade.

—O básico —deu de ombros.

—Em que momento... — Deixei escapar e ele curvou a sobrancelha fazendo careta em seguida.

—Em que momento o quê?

—Você aprendeu a cozinhar —dei de ombros —você disse que estava na Shibbusen há muito tempo.

—E estou —disse com tédio olhando para a televisão e mudando os canais— mas nas férias saio de lá. Às vezes fico aqui ou viajo.

—Interessante. Soul — ele me olhou —Por que você já tem um apartamento?

—Meu pai acredita que eu precise de tempo sozinho. —Riu com desdém — O apartamento está em meu nome e aqui é minha casa, inclusive bem-vinda — disse sorrindo.

—Então você não visita seus pais? — Ele me olhou fixamente e engoli seco, acho que perguntei demais. —Hã, não precisa responder —Falei sem graça depois de um tempo em silencio.

—Não gosto de falar disso, mas se eu não falar provavelmente você vai perguntar para outras pessoas —Disse se sentando e me olhando —Não tenho uma relação tão boa com meus familiares, tirando minha mãe e minha avó, obviamente. Então, não. Eu não vou a casa deles. Para isso acontecer, precisa ser algo bem sério —deu de ombros.

—Então nada de boas relações familiares —falei sorrindo e ele me encarou achando que eu estava debochando-o —Normal. Meu único familiar no momento é meu pai e você já viu como é —dei de ombros.

—Você não tem nenhum irmão? —ele perguntou voltando a se deitar.

—Não que eu saiba —dei de ombros.

—Sortuda. —Disse sorrindo.

—Não se dá bem com o seu?

—Como sabe que tenho um?

—Se fosse único, não estaria em um internato, não com seu pai sendo um músico famoso. —Falei olhando para ele que fez careta. Queria dizer que não sabia, mas agora olhando para ele me lembrava a família de músicos.

—Boa dedução, loira. Na verdade, você está certa, existe o babaca no Wes.

—Brigas bobas de irmãos ou ódio de irmãos?

—Imagina seu irmão ficando com todas as garotas pelas quais você demostra interesse.

—Você está brincando né? —Falei receosa.

—Queria muito.

—Isso sim precisa de tratamento —Falei tranquila e Soul sorriu.

—Vamos deixar isso para lá? Não me faz bem. —Ele disse triste e eu concordei.

—Quer ajuda para preparar o almoço na hora que for fazer? —Perguntei trocando de assunto. Soul aprecia ter ficado mal com isso e era minha obrigação trazer alegria, principalmente depois de eu ter tocado no assunto.

—E você sabe cozinhar? —Perguntou sorrindo

—Faço o melhor miojo e o melhor brigadeiro da cidade. —Falei com orgulho e ele mostrou a ponta da língua.

—Tá, você pode ajudar senhorita master chef.

Ficamos calados por um tempo assistindo algo que passava na tv. O silencio era bem-vindo, a ressaca passava aos poucos e já começava a relaxar. Comecei a quase cochilar de novo sentada no sofá confortável de Soul. Mas esse cochilo parou sem nem começar direito quando escutei o riso do albino.

—Quer voltar para o quarto? Não precisamos voltar para o colégio até as 22h.

—Não precisa —Falei corada só de imaginar ir para a cama dele, de novo.

Então senti meu corpo ser puxado e quando ele parou eu estava deitada no sofá com ele bem próximo e deitado ao meu lado. O rosto bem próximo ao meu.

—Soul...

—Relaxa. Não vou fazer nada. —Disse sorrindo de lado. —Eu quem deveria ficar preocupado em deitar com você.

—O que quer insinuar com isso?

—Depois te conto, agora quero outra coisa. —Disse sorrindo e se aproximando de mim. Ainda bem que escovei os dentes.

Prendi um pouco a respiração em ansiedade pelo que estava por vir. Senti a respiração dele e em seguida seus lábios encostando nos meus. Pensei que seria como os beijos de antes, mas esse foi carinhoso, a mão dele tocou minha bochecha fazendo círculos e em seguida seguiu em direção a minha nuca. O beijo era lento, tranquilo, minha mão disponível seguiu para as costas dele querendo contato. Mas eu apenas a mantive o tocando, os lábios macios, os sorrisos em meio ao beijo. Nos separamos quando foi necessário, nossas testas encostadas e outro sorriso.

—Foi diferente ne? —Ele perguntou me dando um selinho em seguida.

—Sim, você gostou? —Perguntei com toda a coragem que havia em meu corpo.

—Ainda estou procurando coisas que não gosto em você. —Disse sorrindo.

—Eu por exemplo odeio os dois no momento —Black disse sentado no sofá e mudando e canal. Quase desmaiei de susto e o albino sorriu me segurando.

—Relaxa cara. —Soul disse em tom pacifico. Me deu outro selinho e sentou-se. — Vem.

O olhei com dúvida, mas o segui segurando em sua mão que estava estendida. Soul me levou de novo para o quarto e fechou a porta.

—Soul! —Tentei voltar, mas ele sorriu e me encostou na porta.

—Relaxa, queria mais um beijo daquele, mas não queria fazer isso na frente do Black.

—Promete? —Perguntei fazendo bico e ele me deu outro selinho encostando o corpo ao meu.

—Falou a pessoa que tirou toda minha roupa hoje de madrugada, e quando falo toda é toda mesmo. —Engoli seco.

—Fizemos algo? — Perguntei empurrando e olhando nos olhos dele.

Ele negou com a cabeça e sorriu de lado.

—Você nem imagina o esforço que foi —Falou voltando a me abraçar e falando no meu ouvido. —Pode ser que pouco depois de você ter cochilado você tenha acordado e começado a me beijar. Um beijo bem quente e começado a tirar minha roupa. Por mais que eu tenha dito que não faria nada foi um pouco difícil resistir —Disse rindo e segurei seus braços —Ta, calma. Você tirou minha blusa e eu tirei sua roupa, você ficou com raiva por estar em desvantagem e só parou de reclamar quando tirou tudo. Queria uma foto sua ao meu ver sem nada —Disse rindo de novo e eu corei. — Disso tudo só estou triste por você não lembrar do seu primeiro orgasmo.

—Quuuê? —Perguntei quase surtando.

—Se você quiser posso começar tudo de novo até você se lembrar. —Disse tranquilo.

Engoli seco.

—Então você me tocou?

—Desculpa, na hora parecia certo. Foi uma das melhores sensações da minha vida e acho que dá sua também, tive que tapar sua boca para não acordar os meninos.

O empurrei e ele me olhou confuso.

—Preciso dissolver isso. Isso não foi legal. — Falei saindo do quarto em seguida.

Pensei que ele viria atrás, mas ele não veio. O que era bom. Me encostei na parede do corredor antes de chegar à sala. Como confiaria nele? E se na verdade, foi ele que começou tudo e não eu? Se bem que se ele tivesse feito algo eu provavelmente sentiria alguma dor.

Precisava dissolver tudo isso. Segui em direção a sala e Black cochilava no sofá. Sentei-me e encarei a televisão por algum tempo sem na verdade pensar em alguma coisa. Parecia drama, mas eu ainda era virgem e queria lembrar da minha primeira vez.

Depois de um tempo prestei realmente atenção ao que passava na tv, era aquele programa de pessoas que acumulavam objetos, no momento passava uma mulher que acumulava esmaltes, mas as unhas dela estavam sem esmaltes, iria julgar, mas parando para pensar todos acabam acumulando coisas na vida, sejam elas materiais ou sentimentos. Eu por exemplo, acumulava magoas e isso era desgastante.

Já nem lembrava mais o que acontecia ao redor entretida com o programa, mas isso passou quando senti o cheiro de Soul no corredor se aproximando e indo para a cozinha, ele não disse nada e sequer olhou para cá.

Alguns barulhos de panelas, torneira e geladeira sendo aberta e fechada. Eu havia dito que iria ajuda-lo, mas não tinha coragem nem para levantar, parecia que havia algo na minha garganta me impedindo de falar. Infelizmente eu sentia que também havia magoado Soul.

Respirei fundo, iria encarar. Quando ia me levantar a campainha começou a tocar.

—Sooul. —Kid chamou e levantai-me abrindo a porta.

Como era de se esperar Kid estava acompanhado de Hero, Ox, Harvar e Killik.

—Ora, ora se não é a loira briguenta. —Hero disse fazendo um golpe com a mão enquanto os meninos riam.

—Tsc. Já podem voltar de onde vieram —Falei com tedio e eles riram ainda mais.

—Oi Maka! —Kid disse sorrindo e beijou minha testa.

—Oi Kid —Ele me entregou uma bolsa —O que é isso?

—Ah! —Ele deu de ombros —Roupas suas, pedi para Kim entrar e escolher.

—O melhor amigo —Falei sorrindo e abraçando-o.

—Imagino que ficar com a mesma roupa não é tão legal.

—Vou tomar outro agorinha —Os meninos se jogaram no sofá e no tapete da sala —Preciso ajudar Soul com o almoço —O olhei e ele fingia que nem existíamos.

—Hum, pode ir tomar banho, só tem uma pessoa que cozinha melhor que eu nessa casa e essa pessoa já estar na cozinha —Disse sorrindo.

—Tem certeza? —Perguntei curvando a sobrancelha e ele sorriu triste.

—Ele deixa a salada assimétrica. —Bufei —Pode ir é sério —Disse me empurrando para o corredor e indo para cozinha. — E aí Soul.

—E ai. —Soul disse sem animação. Suspirei e segui para o banheiro.

Entrei no quarto de Soul e encostei a porta dando acesso caso Soul quisesse pegar algo, no tempo que ficou aqui, ele arrumou a cama e abriu as cortinas dando uma nova vista ao cômodo, eram simples mas sofisticado, na parede que ficava a porta do banheiro era como um mural de coisas que lembram Soul, como posters de bandas, fotos, notas musicais e outras coisas,  a porta do banheiro eu tranquei e me encostei nela olhando meu reflexo. Suspirei e abri a bolsa tirando as coisas que Kim havia escolhido, como eu sabia? Só ela colocaria uma lingerie de renda, perfume, creme de pele e minha escova. Sorri e tirei a roupa indo em direção ao box. Tomei um bom banho relaxando e lavando o cabelo que cheirava a álcool. Foi praticamente o banheiro do descarrego.

Minutos depois eu era outra Maka. Deixei minha bolsa no canto e voltei para sala. Os garotos fizeram desenhos sexuais no rosto de Black que roncava como se fosse o dono da casa.

Kid e Soul conversam sobre algo na cozinha e o cheiro de comida já era presente no ar.

—Maka vamos ao mercado comigo? —Kid disse sorrindo e seguindo para o mercado, precisava de um pouco de ar mesmo.

Falando em ar, assim que saímos do prédio senti o vento tocar meu corpo, talvez chovesse mais tarde. O condomínio em si era bonito composto por dois prédios altos, parquinho, churrasqueira, quadra e área de skate. Sem dúvidas um condomínio para pessoas de boas condições.

—Aqui é bonito né? —Kid disse andando ao meu lado e eu sorri concordando.

—Jamais imaginei que Soul já tivesse vivido tantas coisas, como a casa própria —Falei sorrindo e ele me acompanhou.

—Está melhor depois da festa e da briga de ontem?

—Me lembra de não querer ir mais para essas festas da irmandade. —Falei sorrindo.

—AH para! A de ontem foi tranquila.

O olhei com descrença.

—Sim, sério. Já teve uma que um garoto passou a mão na bunda de uma garota que se assustou e por estar perto de Soul derrubou toda a bebida nele. No mesmo dia Spirit o pegou pulando o muro. O cara bêbado olhou para ele e disse “qual foi otario?” e ele só olhou para o garoto e disse “lá fora” —Kid imitou a voz de Soul me fazendo ri— Foi uma das melhores brigas da festa de irmandade, a maioria dos caras caíram na porrada um por um, saímos de lá roxos, mas valeu a pena. Valeu a pena a semana de castigo que ficamos.

—Kami-sama! Até você? —Perguntei assustada.

—Claro! —Ele disse dando de ombros. —Se seu líder entra em uma briga você vai junto, principalmente quando o líder também é seu melhor amigo.

Curvei a sobrancelha enquanto ele sorria como se a resposta fosse a mais obvia possível, e reparando com o histórico de ontem, Soul foi o primeiro a ir separar a briga e também limpou e cuidou dos ferimentos de Black.

Chegamos ao tal mercado e compramos refrigerantes. De acordo com Kid nada de bebidas com álcool ate amanhã. Kid carregou as sacolas e voltamos conversando sobre como ele havia sumido na festa.

—Maka... —O olhei e ele vinha um pouco mais devagar.

—O que aconteceu Kid? —Paramos perto do jardim.

—O que aconteceu entre você e Soul de ontem para hoje? — Ele perguntou direto, tinha aquele olhar de conforto e acabei me virando para as flores, não queria encarar Kid. Estava com um pouco de vergonha.

Suspirei. Precisava desabafar.

—Dormimos na mesma cama, não lembro de muita coisa. —Ele colocou a mão em meu ombro e eu o olhei.

—Ele te... eu nem consigo pronunciar —Respirou fundo —Soul tentou algo ou fez algo?

—Eu... —suspirei, não posso ser injusta com Soul. —Kid, não lembro. Soul disse que ficamos durante a madrugada, mas que não chegamos a transar. Ele apenas me tocou. —Uma lagrima escorreu —E eu não lembro, Kid. —Ele colocou as sacolas no chão e sorriu me abraçando em seguida. —Eu não deveria lembrar?

—Ah Maka! Que alivio, pensei que teria que subir sozinho e matar meu melhor amigo por ele ser idiota e ter feito algo horrível.

—Mas ele fez!

—Sabe Maka, não vou falar muito para você não achar que estou somente do lado dele. Pois Soul obviamente era o mais sóbrio entre vocês dois. Você já tentou conversar com ele?

—Não, eu sai de perto dele depois que ele disse que aconteceu.

—Ele está pensando que você acha que ele estuprou você...

—E não foi? —Kid me olhou sério.

—Isso é uma coisa um pouco grave para dizer. —Ele disse em tom sério e eu abaixei a cabeça envergonhada. —Você vem passando muito tempo com Soul. Pensa um pouco se ele faria isso com você. E que tipo de postura Soul possui. Não julgue assim do nada. Se mesmo assim você achar que foi isso que aconteceu, sem problemas. É sua opinião e sempre vou respeitá-la.

Ele sorriu me abraçou de novo e eu concordei. Seguindo em direção ao apartamento. Kid trocou de assunto assim que entramos no elevador.

—Na próxima festa nem pense em se esconder de Mary. Ela ficou triste por você não ter aparecido —Ele disse com aquele sorriso debochado e eu mostrei a língua.

—Fiquei sabendo que não da pra aguentar ela por mais de uma hora, então não sei —Dei de ombros e ele riu.

—Foi Soul, né? Aquele pilantra estragou meus planos —Disse rindo.

—Que planos?

—Ia te apresentar para ela e sumir um pouco na festa —Disse rindo.

—Vou repensar isso de melhor amigo —Falei sorrindo e me sentindo mais leve.

O elevador chegou ao andar. Kid abriu a porta e os meninos estavam todos na sala rindo, pelo jeito Black tinha acabado de acordar, o cheiro da comida tomava conta do lugar. Soul estava encostado na porta da cozinha e também ria de Black, senti um bolo na garganta. Não, eu estava sendo idiota. Soul não faria nada comigo. Sou uma idiota.

Mas talvez eu tenha percebido isso um pouco tarde ao me ver seu sorriso foi sumindo e ele voltou para a cozinha.

—Uma coisa de cada vez —Kid disse baixo e seguiu em direção aos meninos rindo da cara de Black que estava sem entender nada. — Ei Black, então quer dizer que você tem caralinhos voadores?

—Não acredito, seus filhos da —Correu para o banheiro xingando os meninos

Suspirei e fui em direção a cozinha. Soul estava colocando as comidas em cima da mesa. Havia feito três lasanhas, arroz e salada. Coloquei os refrigerantes perto e ele nem sequer me olhou.

—Soul —o chamei baixo —podemos conversar? —Falei olhando para ele que nem me deu atenção.

—Depois, agora estou em um momento de reflexão.

—A culpa é minha, me deixa consertar...

—Depois do almoço. —Ele me olhou, sem olhos transmitiam tristeza —Pode ser?

—Sim. —Falei abaixando a cabeça.

Eu era muito idiota mesmo.

—Toma — me estendeu um prato —pega antes deles, eles parecem animais esfomeados.

Aceite de bom grado estava morrendo de fome e ele fez o mesmo.

—Ei! —Soul chamou assim que pegamos nossa comida. —O almoço está pronto.

 Poucos segundos depois os meninos brigavam afirmando que o outro havia furado fila e eu pleníssima sentada no sofá comendo e assistindo filme.

Soul sentou na outra ponta do sofá.

—Vou sentar entre os pombinhos. —Kid disse nos fazendo revirar os olhos.

Era uma das melhores, se não fosse a melhor lasanha e arroz que já comi, os meninos comiam felizes e  saciados enquanto Kid conversava com Soul sobre uma mensagem da Raimon’s.

Em seguida os meninos lavaram os pratos a mando de Soul e sentaram no tapete da sala ao redor da mesa de centro.

—Hora do jogo —Ox esfregou as mãos e Black pegou algo dentro do rack e sentou-se praticamente em cima dos meus pés.

—Eu começo porque ganhei a última —Hero diz todo feliz.

—A ultima de 2015 — Harvar disse bufando.

—Isso mesmo, pois quem ganhou a desse ano fui eu! —Killik sorrindo.

—Eles estão brigando pelo jogo? —Perguntei descrente.

—A nanica —Black disse se virando —E que você nunca jogou. Vem cola comigo que você vai aprender —Disse me puxando e em fazendo sentar ao seu lado no tapete.

—Tsc. Vou tomar um banho. Não sujem a casa. —Disse Soul se levantando e indo para o quarto.

Kid me olhou e curvou a sobrancelha e eu neguei, nem a pau que eu iria invadir o quarto dele. Kid fez cara de deboche balançou a cabeça afirmando que sim.

Concordei, mas iria esperar um pouco. Prestei atenção no tal jogo que os meninos estavam quase se matando por ele, e não é que era interessante. Era de estratégia e dados, poderia ter prestado mais atenção se Kid não tivesse me arrastado disfarçadamente (lê-se arrastando literalmente), os meninos estavam tão entretidos que nem perceberam.

—Vai resolver logo isso sua medrosa.  —Disse me levando para a porta dele.

—Aff, estou indo.

—Eu vou estar aqui.

Ele abriu a porta e me empurrou lá dentro. Suspirei. Às vezes só te falta um empurrão amigo, logo escutei o barulho do chuveiro e olhei ao redor do quarto, opa minha mochila estava ali e eu não havia escovado os dentes. Perfeito. Peguei minha escola e na hora que coloquei o pé no corredor Kid estava lá.

—Você achou que eu estava brincando?!

—Você é o Julius por acaso? —Perguntei rindo e ele bufou. Vindo para me empurrar —Ei estou indo escovar os dentes.

Ele rolou os olhos e me acompanhou ate a porta do banheiro. Ficou observando-me enquanto eu escovava dos dentes e me acompanhou até eu voltar.

—Estarei aqui se precisar. Ok?

Concordei e quando fechei a porta do quarto a do banheiro abriu revelando um Soul do de toalha e fruta que partiu que homem. Soul curvou a sobrancelha e passei a chave na porta.

—Não pode ser mais tarde? —Perguntou olhando para a janela.

—Não, vai ser agora —Falei firme e ele deu de ombros sentando-se na cama ainda de toalha.

Me sentei perto dele e respirei fundo.

—Me desculpa, Soul. Fui idiota em pensar que você poderia fazer qualquer coisa comigo. —Sorri sem graça —Você só me protegeu de uns tempos para cá. —Soul suspirou.

—Queria que você confiasse mais em mim, loira. E também deveria ter te contado de outra forma, mas estava tão empolgado por termos feito algo que enfim, nem pensei como você iria reagir. E não eu não te es...

Pulei em cima dele e ele se assustou me olhando sério.

—Não completa isso! Falhei nisso, nós dois falhamos. Vamos esquecer esse momento?

—Esquecer tudo? —Perguntou fazendo careta e eu sorri me deitando ao lado dele e neguei.

—Não só a parte do mal-estar e da falta de diálogo.

—Vamos sim —sorriu— Ufa pensei que você iria querer que eu esquecesse de você gemendo meu nome.

—Você é um idiota né! —Falei dando tapas nele que sorria se defendendo.

—Sabe, Maka —Falou me puxando para perto de si— Pensei que não iria mais chegar perto de você. —Mas ainda bem que não aconteceu.

—Pensei que você não fosse me desculpar —Falei sincera.

—Que tal você deixar eu te beijar só para testar uma coisa.

—Que coisa?

—Só para ter certeza que estou vivo e que não estou sonhando. —Disse sorrindo e eu corei.

—Idiota mesmo. —O puxei e ele segurou minha nunca aprofundando o beijo que assim como o último, foi calmo e cheio de tranquilidade.


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Notas finais do capítulo

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