P.O.V Da Sam

Freddie me olhou assustado, o fuzilei. Meu rosto ardia e minhas mãos coçavam, não sabia se era de mais raiva ou vergonha. Piscou atordoado, o agarrei pela gola da camisa engomadinha e gruni furiosa, ele tremeu diante de mim, apavorado temendo pelo pior. Se a Srta. Briggs não tivesse interferido, eu teria o arremessado pela janela sem dó, nem piedade. Sorte dele que a velha o salvou, mas ela não iria protegê-lo para sempre, certo?

O Nerd me pagar por aquilo. Ele tinha acabado de entrar na minha lista negra. Mais um que ia se ferrar na minha mão.

Freddie: - Sinto muito, eu não... 

Sam: - Bico calado! - Me segurei para não dar uns bons tabefes nele. - Você me paga, Benson! Uma hora eu te pego! - Avisei apontando para ele que quase se borrou todinho.

Babacão, frouxo, filhinho da mamãe.

Ele se afastou, se espremendo todo contra a janela, ficando o mais longe de mim. Garoto esperto. Não por muito tempo.

Billy: - Professora, quero fazer xixi! - Avisou, agoniado.

Srta. Briggs: - Não dá para segurar, Boots? - Perguntou, carrancuda.

Gibby: - Eu também quero! - Informou.

Srta. Briggs: - Quêm mais precisa se aliviar? - Pareceu impaciente.

Uma pequena confusão se formou, de repente quase todo mundo queria aliviar a bexiga. Até o Benson ergueu a mão, a professora pediu para o motorista parar o ônibus e os apertadinhos formaram uma fila para descer.

Billy, Gibby, Shane e Freddie desceram acompanhados pelo nosso monitor.

As meninas também se agitaram, reclamando que precisavam ir com urgência. Carly, Valerie, Shannon, Megan e Wendy levantaram afobadas. Correram para a porta.

Srta. Briggs: - Acompanhe elas, Puckett! - Ordenou me olhando.

Sam: - Por quê eu? - Me indignei.

Não era responsabilidade dela? 

Srta. Briggs: - Porque estou mandando, obedeça, garota! - Me lançou aquele olhar severo.

Aquela cara de Bulldog velho era um saco mesmo. Professora infernal.

Revirei os olhos, bufei e levantei praguejando mentalmente, xingando até sua última geração. Que escolha eu tinha?

Sam: - Andem logo e nada de frescurinhas! - Avisei para as meninas, Valerie e Shannon me olharam de cara feia. - Cara feia para mim é fome! - As encarei, séria.

Ambas empinaram o nariz.

Descemos do ônibus, vimos os meninos na beira da estrada, urinando ali mesmo. Taylor, o nosso monitor bonitão, estava ali os supervisionando perto do ônibus. Que sonho de consumo, um gatão daqueles...

Valerie: - Como vamos fazer? Não dá para fazer como eles. - A tonta resmungou para as amigas.

Shannon: - Sam, como a gente vai fazer xixi agora? - Me cutucou.

Sam: - Não toca em mim, cara de rato! - Lhe olhei brava. - Se virem, é vocês que estão com vontade, não eu! - Falei não dando a mínima.

Megan: - Ai, como você é grossa, garota! Vamos, meninas! E nem tente espiar a gente, sei muito bem o seu tipo, Puckett! - O que diabos ela estava insinuando?

Antes que eu pudesse retrucar, elas adentraram a região verde, sumindo de vista junto com a Carls. O vento balançava o mato. Carros e mais carros passavam na estrada. Cruzei os braços e dei uma olhadinha para o Raymonds. Ele sorriu e piscou para mim, o encarei embasbacada e sorri um pouco tímida.

O Gibson não estava entre eles e logo imaginei que o gordinho tinha ido dar uma "adubada"... Que nojo.

[...]

P.O.V Do Freddie

Terminei de fazer xixi, limpei minhas mãos com lenço umedecido. Ainda bem que tinha um saquinho com 10 unidades no bolso. Era bom sempre andar prevenido, e fui para perto do Raymonds, o nosso monitor. Billy e Shane estavam urinando e o Gibby tinha sumido, talvez ele estivesse... Eca, não era melhor nem imaginar. Vi quando a Sam olhou para o Taylor, ele sorriu e deu uma piscadela para ela que ficou toda boba, acabou sorrindo também.

A loira estava ali na beira da estrada e nem sinal das outras meninas. Assim como o Gibson, deviam estar em algum lugar no mato que balançava com o vento. A Puckett tinha sumido, quando olhei para o lugar onde ela estava, a loirinha não se encontrava mais.

A professora estava nos aguardando no ônibus com o motorista. Ouvimos um carro passar e buzinar, sobressaltei com o susto e o Raymonds acabou rindo de mim, saí de perto dele meio bolado. Não fui nem um pouco com a cara dele.

Carly: - SOCORRO, UMA ONÇA! - A Shay saiu do mato correndo.

Shannon: - TEM UM MACACO! ME AJUDEM! - Foi de encontro com a outra morena, também aos gritos.

Wendy: - É UM LEÃO, ELE VAI NOS DEVORAR! - A ruiva correu em minha direção e me abraçou.

Fiquei confuso. Afinal, que bicho era? Uma por uma aos berros, sairam do mato desesperadas pedindo ajuda.

Megan: - AAAAAAH! É UM JAVALI! - Tropeçou e caiu de joelhos.

Shane foi ajudá-la a levantar. Billy catou um pedaço de pau e ficou em alerta, se preparando para pegar o bicho assustador.

Valerie: - SOCORRO! TEM UM BICHO ENORME! - Essa veio em disparada e se jogou no nosso monitor, que assim como eu, estava confuso e sem saber o que fazer.

Wendy tremia feito vara-verde em meus braços, me apertando e escondendo o rosto em meu peito.

Gibby: - É UM CROCODILO! QUERO A MINHA MÃE! - Também saiu de sabe Deus onde, correndo afoito com a bermuda arriada e papel higiênico enrolado pelo corpo.

A professora e o motorista desceram para ver o que era. Shannon e Megan choravam. Carly estava toda pálida, coitada. Valerie se encontrava no colo do Raymonds, agarrada ao pescoço dele.

Carly: - AAAAAAAH, A SAM! O BICHO PEGOU A MINHA AMIGA! ALGUÉM AJUDE! - Começou a se desesperar dando pulinhos.

Olhamos para o mato que apenas balançava. Capim alto. A Puckett apareceu, estava inteira. O rosto corado, os cachos bagunçados. A baixinha olhou para todos nós, seus lábios tremeram e ela se aproximou, começou a gargalhar que nem uma doida.

E foi então que entendemos, só podia ser coisa dela mesmo. Sam Puckett e suas gracinhas. Bem a cara dela assustar os outros.

Gibby: - Por quê fez isso? - Olhou para ela incrédulo.

Sam: - Ah, qual é? Foi engraçado, gente! - Disse risonha.

Billy: - Foi mesmo! - O idiota concordou e riu.

Valerie: - Sua maluca! - Gruniu.

Carly: - Isso não teve graça, Sam! - Resmungou chorosa.

Shannon: - Manda ela ir de volta para casa, professora! - Pediu para a Briggs.

Taylor: - Que fedor é esse, pessoal? - Indagou fazendo careta.

Gibby: - Me borrei todo e é culpa dela! - Apontou para a loirinha. - E foi irado! - Deu um soquinho no ar.

As meninas ficaram enojadas e correram para o ônibus, exceto a Puckett.

Sam: - Estou ferrada? - Deu um sorrisinho para a Briggs.

Srta. Briggs: - Vá já para o ônibus, Puckett! Quando chegarmos ao acampamento, conversaremos sobre isso! - Avisou, séria.

Freddie: - Se ferrou, bem feito! - Falei quando ela passou perto de mim.

[...]

P.O.V Da Jade

Cat: - Já estamos chegando? - A irritante da ruivinha perguntou pela vigésima vez.

Prof. Sikowitz: - Não, Cat. - Respondeu cansado/sonolento.

Cat: - E agora? Já chegamos? - Qual era a porra do problema dela?

O professor não respondeu, acho que capotou no sono, ou só estava ignorando mesmo.

Sinjin: - Toma um amendoim! - Ofereceu para ela, torci para a criaturinha chata aceitar e morrer engasgada. Seria perfeito. 

Cat: - Não, obrigada! - Ah, droga. - Uma vez o meu irmão enfiou um no nariz, liguei para a mamãe e ela disse que eu devia tirar, mas daí o meu irmão ficou nervoso e...

Jade: - Ah, cala a boca, Cat! Ninguém quer saber das histórias malucas envolvendo você e o seu irmão retardado! - Reclamei com dor de cabeça de tanto me estressar naquela porcaria de viagem.

Ela exclamou horrorizada e soltou um choramingo.

Prof. Sikowitz: - Peça desculpas, West. Não é nada legal ofender os colegas! - Disse num tom que eu nunca tinha ouvido ele usar antes.

Até ele estava estressado e não era para menos.

Jade: - Me obrigue, velho biruta! - Quando dei por mim, já tinha o respondido.

Silêncio total... Até um alfinete poderia ser ouvido se caísse. Oh, merda.

Prof. Sikowitz: - Quando as aulas voltarem você vai me entregar uma peça sobre contos de fadas, que tenha unicôrnios no roteiro e vai atuar com a Cat, e o Sinjin. - Disse com calma.

Mas o quê? Ele tinha pirado de vez? Não tinha outro castigo menos pior?

Cat: - Eba! - Comemorou.

Sinjin: - Posso ser o príncipe e a Jade, a minha princesa? - Indagou feliz da vida.

Prof. Sikowitz: - Mas é claro! - Respondeu se divertindo.

Jade: - Isso não é justo! - Protestei. - Diz para ele, Vega! - A cutuquei, talvez ele pudesse ouví-la já que a irritante era a sensata e a queridinha dele.

Tori: - Não quero me envolver. - Murmurou. Maldita seja.

Jade: - Quer que eu peça desculpas, professor? Eu não queria te chamar daquilo, não sei o que deu em mim, eu...

Prof. Sikowitz: - Nada disso, West. E terá que beijar o Sinjin na peça, pois será a princesa de... - Nem deixei ele terminar a frase, levantei louca da vida e avancei nele. 

Eu ia fazer ele engulir aquela porcaria de Coco, mas fui detida pelo Oliver. Ele me segurou com força e me arrastou para longe do nosso professor. Sabia que era ele pelo cheiro de sua colônia, maresia e toque de limão. Seus braços me envolveram, eu gritava e me debatia. O Oliver me segurava firme, abraçando meu corpo.

Prof. Sikowitz: - Santo Deus! - Fez o sinal da cruz após largar o Coco. Começou a rezar, parecia apavorado.

Robbie: - ELA ESTÁ POSSUÍDA! - Gritou alarmando todos.

Oliver sentou comigo ao lado do André que me olhava assustado. Meu amigo imbecil tentava me acalmar, tentei me livrar de seu aperto e sair de seu colo. Eu tremia de raiva. Queria esganar um.

Jade: - ME SOLTA, OLIVER! VOU MATAR TODO MUNDO! - Berrei no calor da fúria

Cat chorava agarrada com o Sinjin, que também chorava com pena de mim. Robbie se juntou ao professor, ambos rezando sem parar.

Meus colegas me olhavam, uns chocados, outros incrédulos e alguns acreditando que eu estava mesmo possuída. Era só o que me faltava.

Beck: - Ei, ei, ei! Fica calma! Jay, estou aqui! Está tudo bem... Calma, calma, Jay... Ei, olha para mim! - Pediu.

Parei de gritar, meu coração batia acelerado e eu estava ofegante, tremendo...

[...]

P.O.V Do Beck

Jade teve um ataque de fúria, só eu entendia e todos ficaram com medo. Ela não era louca, talvez fosse um pouquinho, mas estava estressada e acabou surtando, e indo para cima do professor. Não pensei duas vezes, a contive e a segurei, a puxei para longe do professor, voltei para o meu lugar levando ela, e a sentei em meu colo, começando acalmá-la.

A morena bufava, tremia, estava muito nervosa... Comecei a conversar com ela num tom calmo e baixo, abraçando-a contra mim. Ela foi parando de gritar e me fitou, os olhos arregalados, o rosto vermelho.

Afaguei suas costas, sentindo-a ainda tensa.

Jade: - Não é justo... É culpa da Valentine... O Sikowitz endoidou pra valer... Não quero beijar o Sinjin, prefiro morrer... - Resmungou/choramingou.

Trina: - Alguém tem corda? Amarrem ela! Ela é perigosa! - Se alarmou.

Beck: - Calem a boca! - Pedi em alto e bom som. - Está tudo bem, foi só um surto! - Falei para acalmá-los.

O chororô e todo aquela rezadeira não ajudavam em nada. 

Se calaram, agradeci mentalmente por aquilo. Jade já estava mais calma.

Jade: - Quero as minhas tesouras! - Agarrou um dos botões da minha camisa.

Beck: - Onde estão? - Encarei seus olhos acinzentados.

Jade: - Na minha mochila. - Respondeu.

Beck: - Tori, pega a mochila dela, por favor. - Pedi.

A Vega pegou a mochila preta com estampa de caveirinhas e me entregou. Agradeci.

Prof. Sikowitz: - É seguro? - Perguntou incerto.

Apenas assenti, estava tudo sob controle. Eu cuidaria dela. Jade não machucaria ninguém.

Observei ela tirar uma das tesouras do estojo preto aveludado. Era pequena com cabo vermelho. Olhou para mim, os olhos claros brilhando, sorri para ela.

Jade: - Valeu. - Sussurrou e encostou a cabeça em meu peito.

Não era uma declaração de pazes, sabia que era apenas uma trégua. A West ainda estava chateada comigo.

Ela acabou pegando no sono, no meu colo, contra o meu peito, segurando uma das tesouras... Só assim ela se sentia segura.

Ninguém mais a entendia, apenas eu.