P.O.V Do Freddie

Sam Puckett não queria ser vista comigo, ela tinha vergonha de mim, é claro que aquilo me magoou. Pensei que pudéssemos ser amigos, porém, eu estava errado... Uma garota como ela, tendo a reputação que a mesma têm, jamais iria querer ser vista por aí andando com um nerd feito eu. Gostei de ficar com ela, mas depois daquilo, achei melhor me manter afastado mesmo.

Eu que não iria forçar a barra.

Carly: - Você viu a Sam? - A Shay me abordou.

Freddie: - Não faço ideia, a amiga é sua, não minha... - Respondi.

Carly: - Nossa! Que bicho te mordeu? - Me olhou incrédula.

Freddie: - Nenhum! Eu só não sei sobre nada daquela garota e também não me interessa... Tô indo para a minha barraca. Boa noite! - Eu disse antes de lhe dar as costas.

Carly: - Eu hein! O que deu nele? - Ouvi ela falar sozinha.

Eu não queria ter soado rude com a morena, mas aconteceu... Depois eu me desculparia com a Shay.

Avistei a loira parada ao lado da minha barraca, estava um pouco escuro, a fogueira se apagando lentamente, mas eu conhecia a sua silhueta e os cabelos volumosos mesmo com pouca iluminação.

Eu ia passar reto e entrar na barraca, a ignorando. No entanto, a loira me barrou, entrando na minha frente.

Ela só era alguns centímetros mais baixa que eu.

Sam: - Não me ignora, tô querendo falar contigo. - Segurou meu braço.

Freddie: - Dá licença? Eu quero me acomodar agora, não estou a fim de conversar com você. - Afastei sua mão.

Sam: - Peraí, é por causa daquilo? Você tá com raivinha de mim? - Me encarou.

Freddie: - É melhor ir para sua barraca, não vai ser bom para a sua reputação se formos vistos juntos. - Eu disse com deboche.

Sam: - Não seja idiota, Benson! Eu só quero trocar umas palavrinhas contigo, não precisa ficar bravinho, me deixa explicar. - Havia algo nos olhos dela que eu não pude identificar.

Freddie: - Não tenho nada para falar com você, Puckett. Somos de mundos diferentes, você fica na sua e eu fico na minha, é simples assim! Minha mãe tinha razão sobre você e sua família, vocês são um bando de ignorantes. - Esclareci.

Sam: - Não acredito! Você é muito idiota mesmo! Pensei que fosse diferente dos outros! Só porque você têm uma mãe que trabalha, e uma situação financeira melhor que a minha, e é o filhinho da mamãe engomadinho, não precisa jogar na minha cara que é melhor que eu e não fale mal da minha família! Foi um erro ter vindo aqui me desculpar com você! Ah, claro, somos de mundos diferentes, pode deixar, já saquei... - Ela passou por mim me dando um forte esbarrão e saiu correndo, sumindo pela floresta adentro.

Droga... Que merda eu havia feito?

[...]

P.O.V Da Sam

Idiota... O Benson era um engomadinho filhinho da mamãe idiota ao extremo. Como ele pôde falar daquele jeito comigo e jogar aquelas coisas na minha cara? Nunca falaram assim comigo antes... E aquilo era o que mais me revoltava...

Pensei que ele fosse diferente dos outros garotos.

Eu só precisava esfriar a cabeça, não me afastei muito do acampamento. Me perder estava fora de cogitação, ainda mais no escuro, sem nenhuma lanterna.

Sentei numa pedra mediana que tinha ali, ela tinha um formato oval engraçado. O vento noturno esvoaçava meu cabelo e arrepiava meus braços. Eu não vestia agasalho, esqueci na barraca.

A floresta não era nenhum pouco silenciosa à noite, piados de corujas e ruídos de bichos soavam para todos os lados... Não estava um breu, a luz da lua iluminava um pouco, o vento batia nas folhas, e todas as árvores enormes ao meu redor tinham formatos sinistros nas sombras da noite.

Não. Eu não estava com medo... O acampamento estava à poucos metros dali. Se um urso ou qualquer animal perigoso surgisse, eu poderia escalar uma árvore ou voltar para o acampamento correndo, e jamais seria alcançada.

Grilos e cigarras criquilavam... Mas cigarras não cantavam?

Ouvi barulhos de passos apressados, e galhos estralando. Olhei ao meu redor procurando algo para me defender.

E se por acaso fosse algum maníaco da floresta?

Peguei uma pedra, aquilo poderia ferir gravemente se eu arremessasse com força.

Seja lá quem fosse, não seria páreo para mim. Eu tinha uma ótima mira.

A pessoa surgiu com uma lanterna e eu levantei rapidamente, atirando a pedra no indivíduo.

— AIII! - Era um grito masculino.

A lanterna foi derrubada e rolou pelo chão coberto de folhas secas.

Acertei na mosca... Só podia ser o maníaco da...

— Ai, isso doeu! Acho que me brechou... - Aquela voz era muito familiar.

Ele estava alguns metros, nas sombras escuras.

Sam: - Benson? - O reconheci pela voz.

Freddie: - Cadê você? Acho que tô sangrando... - Ele soou desnorteado. - Ah, é sangue mesmo... - Em seguida só vi sua silhueta despencar.

O Benson havia desmaiado.

Minutos depois...

Sam: - Isso é culpa sua! Quêm mandou vir atrás de mim? - Segurei sua camisa dobrada contra a sua testa.

Ele não podia ver sangue... Mas era muita frescura mesmo. Só podia ser o engomadinho.

Freddie: - Você saiu correndo que nem louca, se algo te acontecesse, a culpa seria minha! - Retrucou.

Sam: - E daí? Desde quanto isso importa para você? - Rebati apertando a camisa para estancar o sangramento.

Ele estava deitado com a cabeça sobre minhas coxas.

Freddie: - Eu só vim me desculpar, precisava mesmo me receber com pedradas? - Estava nervosinho.

Sam: - Eu não sabia que era você! Se soubesse, eu te receberia com pauladas! - Falei.

Ele bufou. Fiz o mesmo.

Sam: - Consegue levantar? Ou ainda tá zonzo? - Indaguei.

Freddie: - Me desculpa por aquilo... Sei que fui grosso com você, eu não devia ter falado que você e sua família são ignorantes... E sobre nossos mundos serem diferentes, eu não me referia ao fato de você ter menos condição financeira... - Ele me encarou, eu segurava a lanterna iluminando seu rosto. - Apenas me perdoe se eu te ofendi. - Se desculpou.

[...]

Horas atrás...

P.O.V Do Jade

Eu realmente não imaginava que o plano daria tão certo, ainda tinha minhas dúvidas... E nunca pensei que o Oliver cairia facilmente em nossa cilada. As meninas fizeram um bom trabalho, cada uma a sua parte... E ficamos bastante orgulhosas com o nosso feito.

Após completarmos a última parte do plano, elas me deixaram sozinha com o Oliver.

O moreno estava desacordado e preso num tronco de um carvalho, usamos duas cordas na hora de amarrar, deixando-o de pé, bem preso ao tronco grosso.

Eu sabia de todos os pontos fracos dele.

Ser sequestrado e ficar amarrado vendado, era um de seus maiores medos, e ainda colocamos uma mordaça em sua boca.

O cutuquei com uma vara, ele nem se mexia... Será que a Puckett exagerou na pancada?

Destampei a minha garrafinha de água e joguei o líquido em seu rosto, na esperança que ele despertasse...

Nada... Me aproximei para checar sua pulsação.

Foi quando ele se mexeu e eu recuei, me afastando.

Soltou um murmurinho abafado pelo pano cobrindo a boca.

E após alguns segundos, começou a se mexer agitado, havia despertado e eu desespero bateu.

Ele tentava gritar, o som saía abafado. Segurei o riso. O Oliver já estava entrando em pânico.

Amarrado, vendado e amordaçado.

Desatei a mordaça e ele soltou um palavrão.

Beck: - SOCORRO! SOCORRO! SOCORRO! - Gritou rouco.

Dei um tapa nele, só para fazê-lo calar a boca.

Beck: - Ai, doeu... - Choramingou. - Que brincadeira de mau gosto é essa? Garota misteriosa? É você? - Indagou.

Me aproximei deslizando as unhas em seu peito por cima da camisa.

Beck: - Jade? - Droga. Como ele sabia? - Jade, eu sei que é você. Reconheço o seu perfume. - Merda.

Jade: - Na mosca! - Eu disse retirando sua venda.

Beck: - O que significa isso? - Me olhou intrigado.

Jade: - Hum... Será mesmo que não sabe? - Cruzei os braços.

Beck: - Não faço ideia. - Como ele era tapado.

Jade: - Vou te dizer. - Falei. - Vingancinha. - Cantarolei.

E o Oliver me encarou aterrorizado.

Aquilo com certeza seria muito divertido.

[...]

P.O.V Do Beck

Ah, claro... Aquilo só podia ser coisa da West mesmo. Como eu não havia cismado? Eu deveria ter desconfiado desde o início... Ela realmente me pegou. Eu estava fodidamente ferrado. A morena não teria dó de mim... Vingança? É, eu estava muito ferrado mesmo.

"Droga! Droga! Droga!"

Beck: - Você não precisa fazer isso, Jay. Ah, qual é? Somos amigos! - Eu disse tentando fazê-la mudar de ideia.

Jade: - Éramos amigos... Amigo? Amigo da onça, só se for... - Debochou.

Beck: - Você está me chamando de falso? - Me indignei.

Jade: - É isso mesmo, Oliver! E você vai pagar por isso! - Avisou.

Eu a olhei assustado, West sorriu maldosa.

Se abaixou pegando o baldinho de alumínio, pegou um punhado de minhocas e ergueu para mim.

Beck: - P-pode ir p-parando... - Gaguejei.

Eu tinha pavor de minhocas desde quando era criança.

Jade: - Elas não são fofinhas? - Mostrou as minhocas se contorcendo.

Comecei a suar e tremer... Aquilo era muita maldade.

[...]

P.O.V Da Jade

Sam e eu havíamos pegado as maiores.

Beck: - Não chega perto... - Seus olhos estavam esbugalhados.

Gargalhei e fui até ele, puxei sua bermuda pelo cós junto com a barra da cueca e joguei as minhocas ali.

Jade: - Elas vão brincar com a 'amiguinha'! - Me afastei batendo palmas, rindo da expressão de horror que ele tinha.

Antes que ele começasse a gritar que nem mulherzinha, coloquei a mordaça nele.

Foram quase 5 minutos de tortura e desespero. O Oliver quase desmaiou de pavor.

Minutos depois...

Beck: - Você é cruel, acabou com o meu cabelo. Trocou o meu desodorante e... As minhocas... - Estremeceu.

Ele estava livre das amarras, já tinha se livrado das minhocas.

Jade: - Coitadas... Lamento por ter feito aquilo com as pobrezinhas. - Fitei minhas unhas.

O encarei, cínica.

Beck: - Ha, ha... Muito engraçado. - Falou revirando os olhos.

Jade: - Diz aí, qual foi a sensação de...

Beck: - Para com essa merda! Isso não teve graça! Você já teve a porra da sua vingança, agora me deixe em paz! - Disse furioso.

Jade: - Ainda foi pouco, até que peguei leve com você! - Retruquei.

Beck: - Não fale mais comigo! Não somos mais amigos! Você é uma garota muito nojenta, West! - Cuspiu as palavras e foi embora me deixando sozinha.

Eu devia estar satisfeita... No entanto, só me sentia mais frustrada.

Será que peguei muito pesado?