Planos em Ação escrita por Denise Reis


Capítulo 6
Capítulo 6




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Debruçado sobre a bancada de granito da ilha da sua cozinha, Castle finalizava o preparo da refeição especial para o almoço e estava ansioso para a chegada da Beckett.

Era visível sua inquietação.

Ele se portava como um adolescente aguardando a primeira namorada e olhava a cada segundo o relógio.

— Você bem que podia ter marcado de pegar a detetive Beckett em casa, pai... Do jeito que tá, com o olho grudado no relógio, tá arriscado você se atrapalhar na receita ou, pior ainda, passar mal. – Alexis brincou com o pai.

— Oh, meu Deus! Parece que meu relógio parou. – Castle falou assustado ao fixar os olhos no seu relógio de pulso, mas logo dá um longo suspiro de alívio – Ah!... Foi engano... O ponteiro está rodando... Parecia que estava parado. – ele deu um sorriso fraco, sinal de que estava aflito.

— Hummm! Você disse para ela chegar que horas, pai?

— Falei que ela poderia chegar às onze e meia...

— Mas ainda são dez horas, pai... Não sei porque você olha o relógio a cada segundo.

— Também não sei, filha. – Castle respondeu, fazendo uma careta de tensão e eles riram.

Ainda bem que você é brincalhão, viu, pai...

Bem, já terminei tudo que eu tinha que fazer nessa primeira parte do preparo do almoço. A segunda parte eu farei somente quando a Beckett chegar.

Castle lavou e limpou tudo que sujara.

Vou tomar um banho gostoso e vou seguir seu conselho filha e irei pegar a Beckett em casa.

— Ponto positivo para você, papai! Assim que se fala! Mas vou logo te advertindo, viu... Conhecendo-a como nós a conhecemos, toda autossuficiente, imagino que ela vai dizer que você não precisa busca-la, blá, bla, blá... Mas não custa tentar, né, pai.

— Isso mesmo, filha. Concordo contigo.

Assim que terminou de se arrumar, Castle telefonou para a detetive Beckett.

Ela atendeu a ligação no terceiro toque.

— Oi, Castle, já está me dando pressa? Ainda são dez e quarenta. – Ela já atendeu na defensiva, uma forte característica da Kate.

— Longe de mim te apressar, Beckett. Apenas quero te dizer que estou próximo da sua casa, então aproveitei para te oferecer uma carona.

— Você não ia fazer o almoço?

— Sim.

— Então, o que veio fazer aqui perto da minha casa?

— Estou me sentindo num interrogatório policial, Detetive Beckett... – ele a provocou e ambos deram risada e ele continuou – Só para você saber, Detetive, eu já preparei as coisas do almoço e o resto só poderei fazer quando você chegar, por isso que eu resolvi eu mesmo pegar algo muito importante aqui perto... Deixe de tanta pergunta, Kate, você bem sabe mora perto de mim.

— Hummm!! – Kate resmungou.

— Você já está pronta?

— Se você me der mais dez minutos...

— Ok! Quando eu chegar na porta do seu prédio eu te telefono.

✿ • ♡ •

Quando Castle viu Kate, ele ficou boquiaberto.

Ele já sabia que ela era belíssima em qualquer ocasião, tanto no trabalho, quanto nas festas e principalmente nos lançamentos dos seus livros e nas premiações e eventos em que ele a convidava, mas naquele momento ela se superou. Estava simples, descontraída e muito linda naquele vestido próprio para o verão.

Assim que ela entrou no carro dele, antes mesmo de ter tempo para cumprimenta-lo ele a elogiou – Oi, amor, você está deslumbrante!

— Obrigada, Castle, e você também não está nada mal! – Kate derreteu-se com o elogio dele, mas logo indagou a forma como ele se dirigiu a ela – Você disse “amor”!?

Temos que nos acostumar com formas de tratamento carinhosas, Kate, e foi até bom eu ter vindo te buscar. Já pensou se você me faz essa pergunta na frente de Alexis e de minha mãe? Do jeito que minha mãe é observadora, ela iria logo descobrir a farsa...

Kate ficou pensativa. – Verdade... – ela o olhou meio insegura, mas depois arriscou – Verdade! Você também está um escândalo de lindo, “amor”! – ela sorriu e piscou o olho para ele.

— Então, eu ganho um beijo? – ele a provocou.

Ao ouvir tal gracejo, Kate fez uma careta para ele – Não, Castle, você não vai ganhar um beijo.

Nem mesmo um beijinho?

Nem beijo nem beijinho, Castle Como ele fazia uma expressão divertida no rosto, ela não teve como segurar uma risada – E acho bom você se comportar, viu, “meu amor”?

— Ok!! Ok!! Entendi o recado! Mas eu tentei!

Castle pôs o carro em movimento e seguiram para o loft e no percurso ele pôs a mão direita sobre o joelho esquerdo de Kate e fez uma leve pressão, como um carinho.

Neste instante, o coração de Kate veio até a boca, uma vez que ela adorou aquele contato inesperado.

Contudo, como ela o amava, não queria se machucar. Ela teria que rejeitar, já que o relacionamento amoroso deles era de fachada.

Ela tocou de leve na mão dele para que ele parasse com aquele carinho – Richard Castle, você sabe que isso não está incluído no nosso namoro “fake”, né, “meu amor”? - ela ralhou de um jeito leve e até divertido.

— Ops! – ele fez uma nova pressão no joelho dela antes de retirar a mão – Ver você assim, tão linda, aqui no meu carro, Kate... Fiquei confuso! Foi igual quando fomos para Las Vegas a fim de resolver o caso do assassinato do Mike Royce. Eu e você ficamos conversando no sofá da sala central do nosso quarto do hotel... Eu queria você, mas você me rejeitou... Você se levantou e foi dormir no seu quarto... – ele relatou baixinho.

Aproveitando o carro parado no sinal vermelho, Castle lançou um olhar apaixonado para ela que, encabulada, respirou fundo e fez o possível e o impossível para seu coração não sair pela boca.

Naquele exato momento Kate queria confessar que ela também o queria e que naquela noite em Las Vegas ela abrira a porta do seu quarto no exato instante em que ele fechara a porta do quarto contiguo.

Essas lembranças aceleraram a pulsação de Kate, mas ela não revelaria nada sobre aquela emocionante viagem à Las Vegas, pois a proposta dele era de namoro “fake”.

Neste exato momento, Kate percebera que cometera um erro ao aceitar participar deste plano para dissuadir Martha a arranjar uma namorada para o Castle. Mas já era tarde e não voltaria atrás. Iria encarar este desafio.

— Castle... Não me leve a mal, mas eu não queria falar sobre aquela nossa viagem a Las Vegas... – Kate avisou baixinho e, de relance, viu que o sinal verde acendeu o ele fez o carro andar.

— Você está certa, Kate. Aliás, você sempre está certa. – Castle concordou, meio a contragosto, ao falar de modo doce.

Mesmo com o carro em movimento, eles trocaram um olhar... Um olhar eletrizante que dizia muita coisa, mas que ambos não enxergavam ou fingiam não enxergar.

O trajeto final até o loft foi feito em silêncio, mas a energia e a química que os circundavam, era fortíssima.

Assim que entraram no elevador do prédio do Castle, Kate viu que seu namorado "fake" estava com as mãos vazias.

— Castle, não estou vendo o que você foi pegar perto do meu apartamento. – ela o advertiu.

Sem falar nada, ele a pegou pelos ombros, com muita delicadeza, e a girou para que ambos ficassem de frente para o espelho da cabine.

— Hey! O que houve... – ela indagou, sem entender o motivo dele tê-la girado seu corpo.

— Eis o que eu fui pegar... – Castle apontou para a imagem dela refletida no espelho.

Kate ficou vermelha ao constatar que ele não foi pegar nenhuma encomenda material. Ele saiu de casa unicamente para pegá-la.

— Você disse que iria pegar algo... Mas...

— Sim, Kate, eu fui buscar você em casa, mas tive que usar uma desculpa para isso, porque se eu dissesse a você que iria “apenas” para te pegar... – ele fez o sinal das aspas com o dedo –, você não aceitaria. Estou certo?

Olhando-se, olhos nos olhos, ainda por meio dos reflexos do espelho, Kate demonstrou uma timidez que ele não sabia que ela tinha.

— Sim, você está certo. Kate murmurou.

Quando o elevador parou no andar do Castle, logo pararam à porta do loft.

Ele apanhou o chaveiro no bolso, balançou as chaves, mas ele não fez menção de abrir a porta.

Ficaram parados.

Ele ficou de frente a Kate – Você ficou chateada porque eu fui te pegar em casa, Kate? – ele perguntou bem baixinho.

— Não, Castle... Confesso que gostei! – com o coração ainda muito acelerado, ela franziu o nariz ao confessar e depois deu um sorriso – Não acredito que eu te confidenciei isso...

Castle sentiu-se nas nuvens com aquela revelação inesperada e, muito naturalmente, eles sorriam e olhavam-se apaixonados e, não havia ali nada que fosse “fake”. Tudo era real.

Amoroso, Castle toca em uma mecha do cabelo da detetive.

O clima era de romance.

Como um imã, seus rostos se atraíram, seus olhos se fecham e seus lábios se tocaram no exato momento em que Martha abre a porta do loft e Alexis aparece atrás da avó.

— Hey, vocês chegaram! Que maravilha! – Alexis os recepcionou.

Ouvi baraulho de chaves Martha comentou, observando o clima romântico do filho com a detetive.

— Pelo visto, vocês não conseguem se desgrudar um segundo, né... – A ruivinha demonstrou estar feliz por presenciar uma cena romântica entre o pai e a Kate.

Kate e Castle pareciam duas estátuas e Kate ainda permanecia de olhos fechados, com o coração quase saltando pela boca.

Castle foi o primeiro a se afastar, mas sorriu meio sem graça – Que flagra, eihm? – ele brincou para descontrair.

A tensão no peito de Kate era imensa, não só por quase ter beijado o Castle espontaneamente, mas também por terem sido flagrados por Martha e por Alexis em um momento tão íntimo.

Percebendo que Kate ficara encabulada, ele lhe dá um rápido selinho, a pega pelos ombros e a impulsiona a andar – Vamos entrar, amor.

Eles entram no loft e Alex dá um forte abraço em Kate – Detetive Beckett, preciso dizer que estou muito feliz por saber que você e meu pai estão namorando.

Kate estava vermelha como um pimentão – Que bom que você gostou, Alexis... Confesso que fiquei preocupada com sua reação, mas vejo que não tenho com o que me preocupar.

— Só em saber que você ama o meu pai, isso já me deixa feliz, detetive Beckett.

— Ah.. Que bom! E nada desse negócio de “detetive Beckett”, Alexis... Que tal você me chamar de Kate, eihm? - Kate comentou já mais descontraída e entrando na personagem de "namorada fake".

— Então, tudo bem! – a ruivinha deu um lindo sorriso – Ótimo, Kate!!

Kate sorria – E onde está a Martha? Ela estava aqui mas desapareceu...

— Estou aqui! – Martha respondeu cantarolando, como era seu costume e logo se aproximou e deu um abraço bem apertado na nora – Katherine, quero que saiba que estou muito feliz com o namoro de vocês.

— Fico feliz que você também gostou, Martha, mas saiba que eu também estou nas nuvens... – Kate deu um amplo sorriso, na intenção de comprovar o que dissera – Bem... Acho que podemos mudar de assunto... – ela continuava rubra.

Kate respirou fundo e se dirigiu para o namorado “fake” – “Amor”, que tal aquela taça de vinho que você me prometeu, eihm? – ela inventou aquela promessa do vinho para mudar de assunto e deu certo.

— Venha comigo que eu vou pegar, “amor”. – Castle respondeu e a pegou pela mão, levando-a até a adega climatizada onde os vinhos estavam armazenados e lá, ficaram escolhendo o rótulo das garrafas.

Martha e Alexis se deliciaram com os diálogos trocados pelo casal e pela forma como se tratavam e adoraram vê-los de mãos dadas.

O almoço transcorreu naturalmente e foi melhor do que o casal imaginara.

Kate e Castle se encarregaram de lavar a louça e arrumar a cozinha, mas Alexis e Martha se ofereceram para ajudar e a conversa continuou animada.

A tarde foi perfeita num clima bem familiar.

Quando a noite chegou, Kate disse que iria para casa, mas Alexis deu ideia de pedirem pizza e disse que a detetive não deveria sair antes de comer a pizza e moça aceitou o convite.

O namoro “fake” seguia de forma tão perfeita que nem mesmo Kate e Castle percebiam que o relacionamento era de fachada. 

Palavras carinhosas saiam dos lábios deles com uma facilidade sem igual e trocavam afagos e gestos românticos com muita espontaneidade.

Depois da pizza, Kate se despediu de todos e houve nova rodada de cumprimentos da família, com beijos e abraços em Alexis e Martha e a promessa de novos encontros, novos almoços e jantares.

— Eu pensei que você iria dormir aqui, Kate? – Alexis lamentou.

— Hoje não, querida. Outro dia... – Kate respondeu com naturalidade.

— Então, tá... – Alexis aquiesceu.

Alexis abraçou e beijou o pai e depois se afastou.

— Vou dormir, crianças! – Martha anunciou.

Martha e Alexis subiram para seus respectivos quartos, deixando o casal a sós, mas a Alexis desceu em seguida.

— Vou ficar aqui na sala. Vou fazer maratona da minha série favorita... Finjam que eu não estou aqui. – ela brincou com o pai e a Kate.

Um pouco distante do local onde Alexis estava, Castle abriu a porta do loft – Foi uma tarde e uma noite maravilhosa, Castle! – Beckett comentou bem baixinho para a Alexis não ouvir.

— Eu também adorei, Kate! – ele fez um carinho em uma mecha do cabelo dela.

— Então... boa noite! – ela se despediu, mas foi interrompida por ele.

— Eu vou te levar em casa, Kate.

— Não precisa, Castle, eu peço um carro de aplicativo... Ou um taxi. – ela sussurrou, preocupada para Alexis não ouvir.

— Quando é que você vai parar de ser assim tão teimosa, Kate? – ele perguntou em tom de brincadeira – Sabe de uma coisa... Eu vou ter que ir perto da sua casa, “amor” para levar uma coisa... – ele disse a palavra “amor” de um jeito muito bonitinho.

Ao ouvir do termo “amor”, seguido da mentirinha sobre ele ter que levar uma coisa perto do apartamento dela, Kate começou a rir e não conseguia parar e a risada dela foi contagiante e ele também ria sem parar.

— Você não tem jeito, eihm, Castle... Ok! Eu aceito sua carona, “amor” – Kate copiou exatamente a mesma entonação da palavra “amor”.

— Tchau, filha, nós já vamos! – Castle falou um pouco mais alto para a filha ouvir lá da sala de TV.

— Tchau, Kate... Tchau, pai. Vou te ver amanhã, Kate?

Antes mesmo que Kate pensasse em algo para dizer para a garota, Castle tomou-lhe a dianteira e deu uma satisfação para Alexis – Amanhã vamos fazer um passeio de namorados, filha. – o que ele não imaginou é que ao falar aquilo, ele ganharia uma cotovelada da namorada “fake”, o repreendendo por ter respondido por ela.

— Ui! – ele fez uma careta, mais de susto do que de dor, propriamente dito.

Sem perceber o que se passava entre seu pai e a Kate, Alexis os cumprimenta de longe - Então tá... Até amanhã. Durmam bem! – Alexis gritou de lá onde estava assistindo TV.

Recuperados do susto, Kate e Rick deixaram o loft e seguiram para o elevador.

 

 

Continua...


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