Universo em conflito escrita por Mallagueta Pepper


Capítulo 31
Começa a conspiração




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Dentro do colégio, Antônio tentava desempenhar sua função como sempre embora já não sentisse mais nenhum prazer em mandar os alunos para a diretoria. Quando deu a hora do recreio, ele foi para o refeitório e viu que Denise estava andando com as amigas e nem olhou para o seu lado. Bem, ele não podia culpá-la por achar que era um idiota.

Como precisava muito falar com ela, ele pensou rápido e esbarrou nela fazendo-a derrubar a bandeja com seu almoço.

— Olhe só o que você fez! Desperdício de comida é muito grave! – a moça não falou nada e apenas olhou para baixo como todos sabiam que deviam fazer diante dos inspetores. – Irá para a diretoria agora e cuidarei disso pessoalmente!

As meninas ficaram a beira do choro quando a viram seguindo o truculento Tonhão da Rua de Baixo. Já Denise parecia disposta a enfrentar seu castigo com dignidade.

Quando saíram da cantina, Antônio olhou para os lados e saiu dali rapidamente puxando a moça pela mão, que o seguiu sem entender nada. Eles percorreram alguns corredores até chegarem ao almoxarifado, que não tinha ninguém naquela hora.

— Mas o que tá... –

— Eu precisava falar com você sem que ninguém visse.

— E pra isso estragou meu almoço?

Ele e tirou duas barras de cereal do bolso.

— Pode ficar, mas tem que comer aqui mesmo.

— Você come barra de cereais?

— Tem gosto de espuma com serragem, mas é o que dá pra levar no bolso sem que vejam.

Sem outra escolha, Denise abriu uma das barras e ele continuou falando.

— Sobre outro dia... você estava certa. – disse como se tivesse pregos dentro da boca. – Sr. Malacai sabe do que fazem com os alunos do colégio militar.

— Como descobriu?

— Eu vi. E depois ele me contou. – Foi só o que ele disse. – Estou tentando ajudar um rapaz que está desaparecido a mais de um ano, só que tenho medo de falar com a família dele e chamar a atenção. Preciso que você faça isso para mim.

— O que quer que eu fale pra eles? – ela perguntou começando a segunda barra.

— Eles precisam saber que o filho está vivo e bem, só isso. Mas não podem fazer nada porque a situação é perigosa.

— E é mesmo. Se eles descobrirem, nós três vamos comer capim pela raiz!

Ele abaixou a cabeça e depois olhou para um lado.

— Sei que é arriscado, por isso vou entender se não quiser se envolver.

— Acho que posso dar um recado. Esse rapaz, qual é o nome dele?

— Manuel. – a moça levou um susto.

— Manoel? Sério?

— Por que, você conhece? – ele sentiu uma coisa meio desagradável

— Quando a gente era criança, tinha um Manoel na rua, que a gente chamava de Manezinho. Você não lembra? Ele andava muito com o Franja, Titi e Jeremias. Isso foi antes da Magali endoidar o cabeção e tocar o terror em todo mundo. – ela não tinha certeza se eram a mesma pessoa, mas Manuel não era exatamente um nome comum para jovens.

Antônio acabou se lembrando.

— Eu vou dar um jeito de falar com a família dele. – ela disse pegando o papel com o numero deles da mão de Antônio.

— Está certo. Agora temos que ir.

Ele saiu primeiro para ver se estava tudo limpo e depois a tirou dali sorrateiramente. Os dois saíram para o corredor e cada um tomou um rumo diferente. Eles não perceberam que um inspetor tinha observado aquela movimentação. 

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No fim do treino, Cascão estava muito satisfeito. Entrar para o time não foi tão difícil assim quanto ele pensou. Bastou pedir ao treinador Átila para jogar uma partida e pronto. Seu talento foi notado rapidamente. Aos poucos os rapazes foram se aproximando ao ver que ele não era mais aquele delinqüente de antes.

Até seu cheiro ruim tinha melhorado, uma vez que ele passou a tomar banho três vezes por semana. Ainda precisava melhorar, mas ele estava no caminho certo.

— Oi! – alguém o cumprimentou quando ele foi enxugar o rosto com uma toalha.

— Hein?

— Tudo bem?

Ele olhou para os lados e se deu conta de que Cascuda estava falando com ele.

— Puxa, você jogou muito bem viu? Aposto que o treinador vai te deixar jogar no próximo campeonato entre os colégios da cidade.

— É...

Ainda era difícil acreditar que sua ex-namorada de infância estava falando com ele após tantos anos virando a cara e até mudando de calçada quando o via.

— Cascuda, a gente tá indo! – Marina chamou.

— Bom, eu já vou. A gente se vê!

— ...

O rapaz ficou olhando-a se afastar com o coração batendo forte. Que coisa mais estranha... ele pensou que tinha superado, mas vê-la tão bonita e lhe dando bola pareceu ter mexido um pouco com seus sentimentos. No entanto, a imagem da Magali voltou a sua cabeça, deixando-o confuso.

“Bah, qualé! Ela só me cumprimentou, não tá me dando bola nem nada.” ele procurou esquecer aquilo, pois Cascuda ainda tinha namorado e ele não queria arriscar suas chances com a Magali por causa de algo tão incerto.

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— Menina, você tava mesmo falando com o Cascão? – Keika perguntou tão incrédula quanto as outras.

— Só um pouquinho.

— E o seu namorado? – Marina quis saber.

— Foi só uma conversa, gente. Só queria mesmo saber como ele tá indo. Vocês viram como ele jogou bem? Nossa, fiquei de queixo caído e até o treinador ficou sorrindo! E ele tá um gatinho, viu?

— Só que tem uma coisa. – Denise, que até então estava calada, falou. – Ele só fica andando pra cima e pra baixo com a Magali.

— Hunf! Não sei o que o Cascão vê nela. – Cascuda cruzou os braços e fez uma careta. Marina não concordou.

— A Magali nunca foi feia, só não sabia se vestir direito. Com a ajuda da Mônica, ela tá se cuidando e ficando muito bonita.

— É mesmo, Mônica-chan tá cuidando bem dela. E até que ela é legal quando não tá aterrorizando ninguém.

Cascuda teve que concordar com aquilo.

— É.. e também foi graças a ela que a Srta. Duister saiu desse colégio. Gente, isso foi um alivio tão grande!

Denise não gostou muito e procurou reverter a situação um pouco.

— Bom, mas não tá nada assim definido entre ela e o Cascão. Você tem tantas chances quanto ela, amore!

As garotas levaram um susto, até Cascuda.

— Ai, peraí! Eu ainda tenho namorado, esqueceu?

— Um namoradinho bem sem graça aquele. – Denise fez um muxoxo. – Já pensou em mudar?

— Er... as vezes até penso, mas não quero terminar e ficar sem ninguém. Se o Cascão tomasse a iniciativa e me pedisse em namoro, aí tudo bem. Sem isso, não!

Denise deu um sorrisinho maldoso. Se voltasse a namorar Cascuda, Cascão ia se afastar da Magali para ficar com a nova namorada. E se a Magali estivesse mesmo gostando dele, as coisas iam ficar melhores ainda. Ou ela ia partir para cima da Cascuda e ser expulsa do colégio, ou então ia ficar chorando pelos cantos a dor de cotovelo. De qualquer forma, ela vencia.

Por mais que Mônica e as outras garotas conversassem, Denise não conseguia perdoar Magali pelos anos que lhe maltratara. Era difícil esquecer os tapas na cara, insultos e o quanto ela lhe proibia de fazer as coisas que gostava. Não era justo aquela magrela ser perdoada assim tão facilmente.

No início foi fácil fazer a cabeça das meninas, mas depois do episodio com Agnes, tudo ficou complicado porque os alunos passaram a vê-la como uma heroína. E com a ajuda da Mônica, Magali estava se tornando mais fácil de lidar e até meiga às vezes. Ela não queria aturá-la entre as suas amigas de jeito nenhum!

Mas antes disso, ela tinha um assunto importante para cuidar, pois tinha prometido ao Antônio. Era bom saber que ele estava abrindo um pouco aquela cabeça dura.

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— Hã... você tem certeza? – Cebola perguntou não conseguindo acreditar no que estava ouvindo.

— Tenho sim. Não há mais necessidade de eu continuar morando aqui. Sinto muita falta da minha casa e você sabe que eu nunca gostei desse bairro.

Vários dias tinham passado desde o velório e enterro de Rômulo. Rosália ainda estava triste e de coração partido, mas sabia que precisava seguir em frente. Uma vez que não tinha dívida para pagar, ela decidiu que podia voltar para sua casa porque não precisava mais do aluguel e ela contava com um bom dinheiro para lhe sustentar se soubesse administrar bem.

— O inquilino vai sair daqui a uns dias e eu não quero mais alugar minha casa. Quero voltar para lá e cuidar das minhas coisas.

— E o resto da família? Você falou que ia ser minha tutora até eu completar dezoito anos.

Afonso, que estava do lado dela, explicou.

— Entrarei com um processo para que você tenha maioridade legal. Você já tem dezesseis anos e renda própria. Daremos um jeito.

— E a pensão da minha mãe?

— Se você entrar na faculdade ao terminar o ensino médio, continuará tendo direito a pensão até completar 24 anos.

Aquilo era bom demais para ser verdade. Finalmente Cebola ia ficar livre de Rosália. Ela não o maltratava mais, nem gritava ou xingava. Mas o relacionamento deles não era de afeto, era apenas cordial. Ela não queria ficar e ele não fazia nenhuma questão da sua presença.

— Só entenda, rapaz, - Afonso falou, - que morar sozinho é uma responsabilidade muito grande. Eu vou te ajudar, mas para evitar problemas com seus parentes você deve ser muito responsável e mostrar que poderá cuidar de si mesmo e da casa sem ajuda.

— Pode deixar, eu vou me esforçar bastante! – ele respondeu com os olhos brilhando de alegria ao imaginar que ia ter a casa só para ele.

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Denise desligou o telefone com o coração aos pulos.

— Droga, eu devia ter pensado nisso antes!

Quando tentou ligar para a família de Manoel, ela notou um som bem agudo e muita interferência durante a ligação. Podia não ser nada, mas podia significar que aquele telefone estava sendo grampeado. Felizmente ela não tinha falado o motivo do seu telefonema.

Como entrar em contato com eles? Se o telefone estava grampeado, era bem possível que a casa estivesse sendo vigiada. Ela não podia facilitar. 

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— Algum problema, Sr. Malacai? – Antonio perguntou quando entrou no escritório do velho e o viu com aquela cara de múmia.

— Ainda não sei exatamente. Chegou ao meu conhecimento que uma aluna do colégio do Limoeiro tentou fazer uma ligação para a família do Manuel.

Seu estômago deu um nó. Por que ele não foi capaz de imaginar que aquela família poderia estar sendo vigiada?

— Já sabem qual aluna fez a ligação?

— Sim, sabemos. Seu nome é Denise e ela tinha horríveis cabelos ruivos que felizmente foram tingidos. Você já a mandou para a diretoria várias vezes.

Seu rosto não mostrou nenhuma alteração, mas ele tentou dar um tom de repulsa na sua voz.

— Ela está sempre quebrando alguma regra e só me resta fazer meu trabalho.

— Sei. – Ele não parecia muito convencido, mas não tinha razões para pensar o contrário. – Por acaso você faz idéia do por quê ela ter tentado fazer essa ligação?

— Não senhor. Infelizmente eu não sei.

— É muita coincidência nós tirarmos aquele rapaz do confinamento e pouco tempo depois alguém tentar ligar para a casa dele, não acha?

Suas pernas tremeram um pouco e ele teve que fazer grande esforço para se controlar. E para piorar, estava fazendo calor e um pouco de suor escorria pelas suas costas.

— Eu não sei explicar isso, senhor. Ela pode apenas ter tentado passar um trote, eu não sei dizer.

O velho apertou os olhos e lhe deu aquele olhar cortante.

— Espero que seja somente isso mesmo ou teremos que tomar providências muito sérias!

— Entendo, senhor. Mais alguma coisa? – seu tom de voz era totalmente neutro, mas ele temia ser traído pelo leve tremor das suas pernas, ou talvez pela vermelhidão do seu rosto.

— Apenas volte ao seu trabalho. Ficaremos de olho nessa messalina.

— Sim senhor.

Antônio voltou aos seus afazeres e procurou agir como se nada de mais tivesse acontecido. Ele precisava passar a idéia de que estava tranqüilo e não se importava nem um pouco com o que poderia acontecer com Denise embora estivesse louco de preocupação por dentro.

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— Sério mesmo? Rapaz, nem dá pra acreditar! – Cascão falou empolgado com a última novidade.

— E não é? A Rosália vai embora e eu vou ter o maior sossego!

Os rapazes vibraram de alegria e quando as garotas chegaram, elas também ficaram muito alegres. Isso só até cruzar o portão da escola, porque depois eles tiveram que ficar sérios e deprimidos para não chamar a atenção dos inspetores. Ainda assim eles seguiram conversando.

— Ela vai levar os móveis quando for embora? – Mônica quis saber.

— Tomara que leve tudo!

— O Careca tá certo. Aquela mulher tem cada coisa cafona que nem minha avó ia querer!

— Os móveis lá de casa estão no porão. Quando a Rosália for embora, eu vou ter que levar tudo de volta.

— A gente ajuda. – Magali se ofereceu. – Até que vai ser bem divertido.

— Você é bem novo pra morar sozinho. Não tá com medo?

— Até que não, Mô. Renda pra me sustentar eu tenho, só preciso administrar bem pra não faltar nada. No resto, acho que vai ser tranqüilo.

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Cascuda observava os quatro conversando e reparava especialmente no Cascão. Ele estava tão bonito e elegante naquele uniforme! O corte padrão de cabelos para os rapazes do colégio ficou bem nele, dando um ar mais sério e maduro. E não sentir mais aquela catinga quando ele passa por perto era muito bom!

“Ai ai... ele tá um gato mesmo! Será que tenho alguma chance?”

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Falar durante a aula era perigoso, então Denise teve que esperar até a hora do recreio e foi se sentar na mesa onde os quatro comiam, tomando cuidado para ficar longe da Magali.

— E aí, gente? Querem minha gloriosa companhia?

Mônica riu.

— Claro, senta aí. Tem alguma fofoca boa pra gente? – Mônica convidou.

— Menina, você não sabe do último bafão!

Ela olhou ao redor e falou em voz baixa.

— Cebola, eu tô precisando da sua ajuda. É o seguinte. – ela contou sobre Manuel, deixando-os assustados.

— Eu lembro do Manezinho. Caramba, como isso foi acontecer? – Magali falou chocada.

— Eu também lembro dele. – Cascão disse. – Cara, isso é sinistro demais!

— É claro que eles andam grampeando telefones. Eles vigiam até o que a gente pesquisa na internet! – Cebola disse. – Você não pode tentar ligar de novo ou vai se encrencar feio. Se aquele pessoal da Organização descobrir que você sabe do Manuel, o Tonhão vai se complicar também.

Denise deu uma garfada daquela comida insossa e voltou a falar.

— É que eles precisam saber que o filho tá vivo, como faz?

Cebola raciocinou um pouco e teve um plano.

— Mônica, você não teria algum celular velho na sua casa?

— Sim, tem um monte. Meu pai vive comprando celular novo e acaba encostando os velhos.

— Beleza. Dá pra arrumar dois sem ele perceber? Pega os mais antigos que tiver.

— Claro!

— O que você vai fazer com esses celulares? – Cascão quis saber e Cebola deu aquele sorriso que todos temiam.

— Eu tenho um plano!

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A casa de Agnes estava de pernas para o ar. Com a ajuda de Rosália, ela embalava as coisas dos seus pais para vender ou jogar tudo fora. Eram muitos livros, documentos e velharias que ela não pretendia guardar de jeito nenhum, pois estava farta de viver cercada por quinquilharias velhas e mofadas. Ela queria renovar tudo, queria coisas bonitas e modernas.

Rosália pretendia sair daquele emprego, mas devido a morte dos patrões, ela prometeu ficar mais uns dois ou três meses para ajudar Agnes a arrumar tudo. Depois disso, ela estaria livre.

— Mãe do céu, é muito livro aqui! – a mulher exclamou ao ver a biblioteca da casa.

— Acho que nós duas não vamos dar conta. E ainda tem o escritório lá na sede... 

— Não mesmo, vai levar uma eternidade.

Sem fazer muitos rodeios, ela perguntou.

— Seu sobrinho não poderia nos ajudar?

— É mesmo, com a ajuda dele vai ficar mais rápido. Só não sei se ele vai querer... – ela sabia que sua autoridade sobre o Cebola tinha reduzido muito e não podia simplesmente obrigá-lo a fazer mais nada.

— Diga que eu pagarei cem reais por um dia de trabalho. Só podemos contar com ele porque eu não consigo encontrar mais ninguém que queira trabalhar aqui em casa...

— Cem reais? Ah, então ele vai querer sim! Dinheiro é sempre bom!

— Se vocês puderem vir no sábado, agradeço. É um bom dia. Nós cuidamos do escritório na sede e ele fica aqui organizando a biblioteca. Será mais rápido.

As duas voltaram ao trabalho e Agnes estava feliz por ter sido fácil convencer Rosália. Só restava torcer para que Cebola aceitasse o trabalho e encontrasse a pista da qual as sombras tinha falado. Aquele moleque bobo mal sabia que era apenas uma marionete nas mãos de uma força maior.

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Depois da saída, Cebola correu para casa porque precisava de dois itens muito importantes para o seu plano. Sem isso, tudo ia dar errado.

“Tomara que a Rosália não tenha jogado o lixo fora, tomara! Ai pindarolas!” no desespero, ele virou o cesto de lixo deixando tudo cair no chão e foi mexendo cuidadosamente separando pedaços de papel, cascas de vegetais, uma coisa molhada e gosmenta que o fez tremer de nojo e latas de conserva. “Opa, achei um! Falta o outro!”

Foi preciso revirar o lixo mais duas vezes até conseguir encontrar. Após colocar o lixo de volta no cesto, ele limpou cuidadosamente cada item para não danificar. Eram dois chips para celular pré-pago que pertenciam ao Rômulo. Cada um era de uma operadora diferente. Quando Rosália separou as coisas do filho, viu que o celular era muito bom e decidiu vendê-lo. Com isso, acabou jogando os chips fora. Ainda bem que ele a viu fazer isso.

Para sua sorte, ambos estavam funcionando e até tinham um pouco de crédito. Colocar mais ia ser fácil.

A campainha tocou. Eram Cascão, Denise e Mônica. Magali chegou pouco depois para desagrado da ex-ruiva. Aquela assombração tinha que segui-los por toda parte?

— E aí? – Cebola perguntou com expectativa e Mônica tirou dois celulares da bolsa.

— São de modelo bem antigo, como você pediu.

— Tá ótimo! Vamos testar. – ele colocou um chip em cada e fizeram ligações. Tudo estava funcionando muito bem.

— O que você vai fazer com isso? – Magali quis saber.

— Não é óbvio? – Denise deu uma alfinetada. – Ele vai dar um deles pra família do Manezinho, não é?

— Sim. E você vai usar o outro pra telefonar pra eles. Eu configurei esses celulares pra não acessarem a internet de jeito nenhum, assim eles não vão ter como rastrear as ligações. E qualquer coisa, a gente tá usando os chips do Rômulo que já morreu mesmo.

O plano era muito bom, só faltava entregar um dos celulares sem que ninguém da organização percebesse. Daquela vez foi Cascão quem teve a idéia.

— Eu posso fazer isso durante a noite, assim ninguém vai perceber.

— Tem certeza? Seus pais podem dar falta... – Cebola avisou.

— A casa do Manezinho não é longe não, eu vou num pé e volto no outro.

Tudo combinado, Denise decidiu ir embora porque não suportava ficar no mesmo espaço que Magali. Quando pudesse ela pretendia conversar com o Cascão sobre sua ex-namorada. Mas tinha que ser longe dos outros três.

Depois que Denise saiu, Magali suspirou com tristeza

— Ela me odeia, não é? – Perguntou para os outros.

— Não acho que seja assim, ela só tá magoada.

— Caramba, já tentei conversar e ela nem quer saber. Tá muito chato isso.

— Dá um tempo pra ela. – Cebola aconselhou. – Não força nada que é pior. Uma hora vocês se resolvem.

A moça deu um suspiro triste, pois sabia que as coisas não eram tão simples assim.


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