Uma Nova Alvorada escrita por MoonLine


Capítulo 18
Capítulo 18- Plano em ação




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A medida que corria desesperadamente, também tentava manter o cuidado para não tropeçar contra as várias pequenas rochas escondidas pela grama no chão. Agora já não era mais possível ver Shizen, levando em conta que, além de usar uma roupa que o permitia se camuflar relativamente bem, seu local de ação era mais elevado do que a posição do castelo. Da mesma forma, Suna já havia sumido de minhas vistas, se escondendo por detrás do muro frontal do castelo. Minha respiração estava pesada, meu pulmão consumia o ar sem um ritmo certo ao passo que queimava do esforço exigido. Meus olhos estavam ardendo devido as lágrimas que secavam rapidamente graças ao vento frio que chocava contra meu corpo. Em minha mente, eu refazia as instruções do lorde para encontrar facilmente a sala que os prisioneiros poderiam estar: assim que entrar vire à sua esquerda; depois do longo corredor vire à direita e encontrará a primeira escada; então vire a esquerda novamente e permaneça no corredor até a primeira saída; vire à esquerda e continue até a segunda saída; vire a direita e vá de encontro com o final do corredor; terá uma escada que levará até a torre do castelo; eles estarão lá.

Consegui adentrar o território do castelo e a partir daqui tentei ser mais discreta, controlando minha respiração e os sons que meus passos emitiam. Tive a grande sorte de entrar pela porta designada sem grandes problemas, os soldados ainda não estavam alertas, a maioria estava de costas para mim, um ou outro estavam de olhos fechados e um, até mesmo, olhava para o céu desatentamente preso em seus próprios pensamentos, o que me ajudava bastante. Ando alguns metros antes de ouvir um disparo, que logo em seguida foi acompanhado por outros. Deduzi que os soldados já haviam notado Suna. Corro com mais urgência, já estava prestes a virar pela segunda vez e a iluminação estava desfalcada, quando um soldado aparece disposto a atirar com tudo em minha direção, sua voz grave ordena que eu permaneça parada, enquanto endireitava a postura e mantinha sua arma apontada para mim, mas é atingido por um projetil na lateral direita da sua cabeça, o que faz com seu corpo atinja o chão. Meu instinto é olhar pela janela, à minha esquerda, já em estilhaços, na esperança de poder agradecer Shizen, mas tento não perder tempo e continuo fazendo o percurso passado.

As paredes do castelo eram todas iguais, um quadro ou outro era o que poderia diferenciá-las, tornando ainda mais difícil me encontrar naquele labirinto cheio de janelas e quartos. Meu coração estava acelerado, meu sangue fervia, a adrenalina e o medo começavam a me deixar desorientada. Mais um soldado aparece e novamente Shizen cuida dele, o que me frustra.

—Precisa começar a agir Amaya! – grito comigo mesma.

Dois soldados aparecem novamente, mas dessa vez forço meu corpo a se mexer. Direciono minhas mãos para os inimigos e ordeno um jato de água com muita pressão contra os mesmos, que são arremessados para o final do corredor, não espero para ver se levantariam e continuo minha maratona, virando a esquerda e depois a direita, e novamente. O caminho começa a parecer distorcido, as paredes agora não são tão majestosas e o piso parece manchado de vermelho, tudo isso somado ao aspecto de pedras gastas. Corro mais e não encontro o local que deveria virar, era apenas um corredor sem fim, sem curvas. “Você errou Amaya?” penso enquanto continuo correndo e olhando para todos os lados, na esperança de encontrar algo que denuncie sua posição. Meu coração aperta e novamente lágrimas se formam em meus olhos. Luto contra o desespero e o medo de perder tudo, mas perco as forças e caio de joelhos no chão. Grito, tentando extravasar todas essas emoções e sentimentos. Mesmo não sendo uma atitude sensata e segura, foi o que me deu clareza para me colocar de pé e seguir em frente, caminhando sem parar, até finalmente encontrar uma leve curva para a esquerda, que devido as cores e sombras do lugar, estava escondida até que me aproximasse.

Percebi que estava na direção certa ao ser recebida por um grupo de quatro soldados me esperando. Todos estavam armados, então reparei que havia apenas uma pequena janela que estava fora do campo de visão de Shizen, mas também reparei que há um tempo ele não atirava em nenhum soldado que aparecia para mim, o que significava duas coisas: ele não poderia me ajudar agora e que a situação estava pesada e complicada para Suna. Pensei por alguns segundos antes de ser obrigada a criar uma barreira de água densa que segurava as balas disparadas em minha direção. A mantive com a mão esquerda e usei a direita para mandar uma onda na direção dos meus obstáculos, que os engoliu, fazendo com que os mesmos se debatessem e lutassem para se manter em superfície, mas fiz questão de impedir, os afogando de vez, preenchendo todo o corredor, apenas o suficiente para mergulhar suas cabeças. Desfiz a onda quando percebi que não havia sequer um movimento partindo deles e avancei. Logo encontrei a porta que Suna havia mencionado (alta e grande, com trancas pelo lado de fora e com pequenos espinhos de ferro em formato triangular por toda ela).

Abri a porta desesperadamente e encontrei vários aliados. Kasai e Kuroi estavam em guarda, juntando toda sua energia na força de vontade de proteger os civis que estavam junto a eles. Quando me viram, sua guarda perdeu forma e a chama da esperança acendeu seus olhos. Ao olhar mais a fundo, observei uma senhora com cabelos grisalhos sentada segurando os joelhos, ela era mais baixa que eu e murmurava “proteja meu filho”, logo ao seu lado estavam meus pais.

—Pai! Mãe! – os chamei ao mesmo tempo em que corria para abraçá-los – Onde estão os meninos? – olhei ao redor sem sucesso em minha busca.

—Eles se esconderam, estão à salvo por enquanto. – meu pai responde à medida que me aperta em seus braços.

—Precisamos sair daqui! – tento me livrar do aperto – Shizen está por perto e...

—Shizen? – senhora grisalha indaga – Meu filho? Onde?

—Senhora Sasaki? – minha ficha demora a cair – Ele está em um local seguro, irei levá-los até o mesmo. Kuroi e Kasai. – olho em suas direções e ambos estavam com uma postura determinada, embora estivessem visivelmente fracos – A ajuda de vocês será mais que bem-vinda, mas apenas se tiverem em condições, não os forçarei a lutar.

—Suna tentou me proteger desde criança, não irei abandoná-lo agora. – Kasai dispara e Kuroi apenas balança a cabeça em sinal positivo.

—Tudo bem, então preciso que Kuroi leve à todos os reféns em segurança para onde Shizen se encontra, e Kasai, você vem comigo ajudar Suna.

Todos concordaram. Me despedi brevemente da minha família e da senhora Sasaki, expliquei para Kuroi onde o jovem soldado se encontrava e parti junto a Kasai em busca de Suna.

Estava sendo liderada por Kasai, já que o castelo era um verdadeiro desafio para mim, não podia deixar de me sentir feliz por saber que todos os inocentes estavam libertos agora, mas também me angustiava saber que nosso último obstáculo estava torturando Suna à medida que demorávamos para nos encontrar. Meus olhos começaram a dar sinal de lágrimas, mas balanço a cabeça na expectativa de mandá-las embora, então olho para Kasai, que corria usando toda sua força, conforme sua expressão de dor se tornava mais evidente. Embora desejasse saber o que havia acontecido com todos enquanto estávamos foragidos, a urgência da situação me fez passar por cima de minha curiosidade e preocupação.

De repente uma onda de água vem em nossa direção, arrastando todos os móveis e quadros que se encontravam naquele corredor, atinge meu peito em cheio e sou mandada para longe de Kasai, que lutava contra sua fraqueza física e psicológica de mais uma perda ao passo que era engolido pela água. Olhei assustada na direção do ataque e imediatamente reconheci a silhueta que se fazia cada vez mais próxima: Mizu.

O lorde estava com um sorriso de vitória nos lábios ao mesmo tempo que demonstrava estar bastante concentrado na movimentação da água. A ansiedade e angustia começam a querer controlar meu corpo, mas me lembro da fala de Suna, seguida pela imagem no dia que despertei meus poderes, ele controla a água que já existe, não cria, então de onde estaria vindo tanta água? Mizu conseguia controlá-la de tal forma, que a impedia de transbordar para outro cômodo, ou mesmo ultrapassar o corredor no qual estávamos, ao mesmo tempo, o volume da água era tamanho que quase chegava ao teto, dando apenas uma pequena brecha para respirar. Procuro atentamente por algum lugar que estivesse permitindo tamanho fluxo de água, mas não havia nenhuma saída óbvia na superfície. Então fecho meus olhos, respiro fundo e mergulho na imensidão que antes lutava para me engolir.

Havia algumas cômodas flutuando e se chocando contra as paredes e portas dos quartos, um dos quadros estava afundando mais do que os outros e prende minha atenção por alguns instantes, fazendo com que meus olhos seguissem sua trajetória, foi então que observei que uma das portas do lado esquerdo do corredor estava mais corroída por baixo, apresentando um aspecto mais desgastado e por isso se destacava das demais. Antes que pudesse tentar alcançá-la, uma cômoda acerta a lateral direita do meu corpo, causando um susto repentino. Então voltei à superfície e gritei por Kasai, que parecia extremamente nervoso e se debatendo, numa falha tentativa de se manter respirando na superfície, até seus olhos encontrarem os meus e se obrigar a se concentrar em mim, ele estava próximo à porta.

—A porta Kasai! – gritei, no entanto seu rosto agora demonstrava confusão – A porta!

Antes de poder tentar gritar mais uma vez, outra onda de água me atingiu e o rosto do inimigo agora não estava orgulhoso, o que me fez acreditar em meus instintos de que aquela seria a origem de tanto liquido. Olhei para Kasai e ele lutava contra a agitação da água para alcançar a porta como havia pedido, mas nada aconteceu. Tentei criar um golpe com uma pressão muito grande de água, mas ele fazia esforço para controlar o que eu conseguia criar e com isso diminua o impacto e a força. Assim, a luta parecia não sair do lugar, o que fazia com que nossas chances de vitória diminuíssem drasticamente.

Olho novamente para Kasai, que agora estava se rendendo as ondas, seu olhar buscava por uma saída e sua boca implorava por Suna. Então concentrei o máximo de forças que ainda me restava e toda aquela energia se acumulou em meu peito, enquanto me encolhia mais e mais, então abri meus braços e gritei com todo o ar que havia em meus pulmões, liberando uma explosão de água equivalente à da primeira vez, que empurrou toda a água que estava no ambiente em direção ao lorde fazendo com que o choque atingisse Mizu e o jogasse contra a parede, ele perdeu a concentração e o controle sobre a enorme quantidade de liquido que ocupava o ambiente e dessa forma pude dominar a água e direcioná-la para as janelas do corredor, as quebrando com a força do impacto e esvaziando-o. Kasai aproveitou a oportunidade para se aproximar do moreno e lhe deixar inconsciente.

—Isso... Isso não vai matá-lo. – ele fala com dificuldade, tentando recuperar o fôlego – Eu- eu não quero isso agora.

—Você não precisa. – ando em sua direção e o ajudo a caminhar, com seu braço em volta do meu pescoço – Só precisamos ajudar o Suna agora.


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