Uma Nova Alvorada escrita por MoonLine


Capítulo 17
Capítulo 17- Preparativos




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Acordei com Suna me chamando, o céu ainda possuía estrelas o preenchendo, mas era hora de partir, seria uma longa caminhada até que chegássemos ao nosso destino. Shizen estava tenso, mas não deixava de sorrir toda vez que seus olhos encontravam os meus e de Suna. Não tínhamos pertences, o que de certa forma ajudava em não ter peso para carregar, mas deixar aquele lugar pareceu doloroso para mim, afinal, eu aprendi muito e de uma forma que não me deixou cicatrizes profundas, na verdade, as curou. E agora, eu estava partindo para finalizar de vez esse capítulo da minha vida.

—A cidade fica relativamente próxima daqui, então vamos deixar para fazer uma pausa e descanso enquanto estivermos por lá. – Suna informa o plano para a viagem – É importante evitar perdas de tempo desnecessárias, então vamos nos concentrar.

Shizen e eu concordamos com a cabeça e nossos olhares firmes e determinados. Graças ao extrovertido soldado, tínhamos potes capazes de armazenar água, o que ajudaria quando o calor falasse mais alto.

Enquanto caminhávamos, era possível perceber a gradativa coloração que o céu nos apresentava, passando por um horizonte laranja claro que aos poucos introduzia o sol, clareando cada vez mais o dia que estava bem a nossa frente. Por volta de meio dia conseguimos chegar a cidade, que estava mais próxima do Castelo do que do nosso ponto inicial. As pessoas passavam por nós com urgência e rapidez, os rostos se perdiam em meio ao vai e vem e se eu não estivesse prestando muita atenção ao nosso local de encontro, não seria capaz de observar os detalhes em formato de flores rodeadas por espirais que entalhavam todos os cantos das casas até se aproximarem do centro da cidade, sendo que os detalhes nesse momento partiam dos telhados para irem de encontro ao chão, e logo em seguida formando um grande círculo que abraçava uma estátua de um homem mascarado com um buquê nas mãos.

—Ele foi um homem importante na cidade. – Suna observa minha curiosidade – Sendo conhecido como o “Senhor das Rosas”, ele foi um dos idealizadores do treinamento que você teve que passar. Junto à sua esposa, que conseguia, através das rosas, envenenar aqueles que ela desejava. – ele percebe meu olhar de espanto e confusão – Não sei porque ele foi um dos idealizadores, já que sua mulher era a que possuía poderes, mas é assim que contam a história, além disso, ele tinha muito dinheiro e conseguia manter a cidade inteira sozinho enquanto era vivo.

Suna para de repente, o que faz com que Shizen fique atento e segure meu braço para que eu fizesse o mesmo. E então, um homem alto, com cabelos e olhos igualmente castanhos e com uma voz grave e assustadora anda em nossa direção enquanto diz um sonoro “oi”. O lorde se curva para ele, que retribui e sorri, copiamos o movimento de Suna, entretanto, mantendo nossas posturas atentas e desconfiadas.

—Vocês podem descansar na loja da minha mulher. – ele fala sem tirar os olhos de Suna – Você deve estar bem desesperado para aparecer aqui sem me avisar. E com essas roupas...

—Eu preciso da sua ajuda. – Suna fala de forma direta, mas com um certo amargor na voz – Precisamos de roupas. E de uma arma.

O homem o olha com espanto, para logo em seguida voltar a sorrir, se vira e faz um sinal com a cabeça nos ordenando a segui-lo. Shizen e eu ficamos completamente sem reação, enquanto esperávamos por aprovação de Suna para que finalmente pudéssemos nos mexer.

Em momento algum foi mencionado seu nome, eles falavam de forma informal e cuidadosa ao mesmo tempo. Ao chegarmos na tal loja mencionada anteriormente, foi nos dada permissão para escolhermos roupas confortáveis que sentíssemos a necessidade. A mulher do homem era igualmente alta, muito bonita e bem vestida, seu rosto era delicado e ela parecia gentil, mas sempre mantinha distância, como se não fôssemos realmente bem vindos. Eu escolhi um moletom preto para vestir, apesar do calor excessivo que fazia, algo me dizia que estaria frio quando finalmente chegássemos ao nosso destino, mas coloquei uma blusa leve e fina por baixo, caso estivesse errada. Shizen fez o mesmo que eu, mas escolheu um moletom camuflado, o que não só fazia sentindo, mas representava muito da personalidade dele. Já Suna, sumiu por um tempo, pois havia saído para conversar com o sujeito suspeito.

Enquanto esperávamos o regresso de nosso amigo, passei a refletir sobre a história que o loiro havia me contado mais cedo: por causa de um homem que queria poder em suas mãos, mulheres morreram em um “treinamento”, suas famílias sofreram suas perdas, tudo porque um homem queria poder e não conseguia se colocar no lugar daquelas que iriam enfrentar esse terrível destino. A subjugação por você ser apenas quem você é, uma mulher, com potencial ou não para liberar seus poderes. Mesmo que o treinamento tenha sido criado em conjunto com sua mulher, não foi ela a homenageada pela cidade, mas o homem, segurando em suas mãos o símbolo da própria esposa. O que me deixou incomodada, no entanto, é o fato de que todo o Reino é comandado por uma mulher que perpetua tais comportamentos, que continua a exercer a opressão em seus iguais.

Meus devaneios são interrompidos por um elegante lorde que caminhava em minha direção, suas roupas o caiam muito bem, com sua blusa social azul e uma calça preta de um tecido que eu não seria capaz de saber o nome. Suna se juntou a nós na espera, estávamos sentados em uma fileira de cadeiras que se encontrava no interior espaçoso da loja. Ele percebeu nossa inquietação e resolveu, finalmente, nos dar explicações.

—Eu o conheci enquanto exercia meu papel de lorde. – ele para e pensa – Ou diplomata, mas a questão é que ele contrabandeava, e ainda o faz, armas de todos os tipos. Eu deveria tê-lo entregado para Chikaku, já que o mesmo era uma ameaça ao seu comando absoluto, mas negociei com ele uma troca equivalente.

—Troca equivalente? – Shizen indagou confuso, para logo depois suspirar quando percebeu a intenção – Ah, você quer dizer: eu ajudo você e você me ajuda.

—Exatamente. – o loiro fitava o horizonte preenchido por roupas e mais roupas em varais.

—Suna? – chamo sua atenção – Por que você está vestindo uma camisa social? Nós vamos caminhar muito ainda...

—É meu estilo de roupa, me sinto mais confortável assim do que em moletons ridículos. – ele ri quando percebe meu olhar furioso – Além disso... – ele para e não fala mais, pois o homem suspeito havia chegado.

—Trouxe a arma que pediu. – ele sussurra quase inaudível – Eu não sei o que você vai fazer, mas boa sorte.

Suna agradece e o homem se vira, esperando que com isso saíssemos rapidamente do local, e assim fizemos. O lorde entrega a arma para o jovem soldado, que já o olhava com excitação, apenas esperando pelo o momento de colocar as mãos em um dos seus instrumentos de trabalho. Assim que a recebe, suas mãos passam por seus contornos escondidos na bolsa em que se encontrava, logo em seguida colocando-a em suas costa, mostrando um olhar de “vamos!”.

O sol estava, lentamente, sendo coberto pelas nuvens cinzas que preenchiam o céu agora, o que amenizava a temperatura e tornava nossa caminhada suportável. O silêncio era algo que não poderia ser substituído facilmente, por diversas vezes tentei falar algo, pensei por minutos e quando minha boca se movia para falar, nada além de um suspiro era audível. Mas não era somente eu que estava nesse dilema, ao observar as expressões de desconforto que se faziam presentes nos rostos de meus companheiros.

Às vezes o silêncio seria bom, assim poderíamos nos concentrar de verdade, no entanto, às vezes era de partir o coração, pois alimentava as vozes na minha cabeça que diziam que tudo isso seria terrível e que seria muita sorte que um de nós saíssemos vivos de lá. Era praticamente impossível não pensar em como a Imperatriz foi implacável, fazendo todos na arena sentir um apavorante medo e angustiante dor, e então, apunhalando Rin...

Meus pensamentos vão longe ao passo que caminho automaticamente, sem reparar na paisagem ou na passagem de tempo. Sou desperta quando Suna aponta para o horizonte, fazendo com que minha cabeça se levantasse e então avistasse o castelo de longe. O sol estava completamente tomado pelas nuvens, o que tornava o clima, de certa forma, mais sombrio e frio. Não demoraria muito até chegar o momento que nos separaríamos.

Aproximadamente duas horas se passaram desde o momento que meus deprimentes pensamentos foram interrompidos, para contemplar nosso destino se mostrando cada vez mais próximo, quando chegamos ao local que Shizen ficaria sozinho.

—Aqui vai me permitir uma visão ampla de todo o castelo e de vocês também. – ele afirma e parte para abraçar aos amigos – Eu terei que escolher em quem focar a partir de um determinado momento... – sua respiração pesa – Farei isso com base na quantidade de oponentes que cada um tiver em seu caminho.

—Quando eu perceber que você não está atirando mais eu irei dar um jeito. – seu olhar agora tem um peso – Vocês me treinaram bem, apesar do tempo, então não precisa se preocupar. E quanto a você... – me virei para Suna – Te espero vivo e sem ferimentos graves! Eu vou te alcançar o mais rápido possível.

—Você sabe o caminho que precisa fazer. – os olhos verdes penetram minha alma – Estarei te esperando para lutar.

Seguimos caminhos separados a partir daqui. Enquanto corria em direção à uma entrada afastada do castelo olhei para trás e vi Shizen se posicionando com a arma, sua expressão era séria e concentrada, então olhei para meu lado esquerdo e vi Suna correndo e se distanciando de mim aos poucos. Voltei minha atenção para meu caminho e segurei forte para que as lágrimas fossem contidas. Esse seria o momento de nossas vidas e a adrenalina lutava para me consumir.


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