Ocean Motion escrita por Camí Sander


Capítulo 19
Capítulo 17 - Presente


Notas iniciais do capítulo

Bem, meninas, eu vou postar agora porque quero me distrair do choque da morte do Vini Piccoli (o nosso eterno Mr G. da série Entregue à Você). Por favor, não briguem comigo!



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Presente

 

Dormi por mais alguns minutos. Tempo suficiente para a morena passar o café e vir puxar as cobertas de cima de mim. Agarrei-me firmemente na ponta que cobria meu tórax e resmunguei.

—Levanta, seu preguiçoso! – insistiu ela.

—Ah, não, Marie! – choraminguei. – Hoje é domingo, ninguém precisa de mim... Deixe-me dormir até o almoço! Se te fizer feliz, vem deitar comigo e pedimos comida depois que acordar!

Ela largou o cobertor, pegou seu próprio travesseiro e jogou o objeto na minha cara. Eu ri de sua atitude infantil enquanto tirava aquilo de cima de mim. Isabella grunhiu de raiva.

—Você pode fazer o que quiser na sua cama, mas tira sua bunda da minha!

Ainda com um sorriso no rosto, deitei-me de bruços, puxando o travesseiro cheiroso dela para baixo do meu corpo. Aquela brincadeira estava divertida. Será que ela viria pular em cima de mim como fazia quando éramos apenas crianças? Decidi provocar um pouco mais.

—Prontinho – falei de olhos fechados. – Sem bunda na sua cama. Boa noite.

Fui recompensado com duas mãos em meu braço. Perfeito. Segurei um dos pulsos pequenos e puxei-a para cima de mim enquanto voltava a deitar de costas. Isabella caiu em meu peito com um "humpf" soprado em minha orelha.

—Larga, Cullen! – ordenou.

Sorri matreiro, ignorando sua raiva totalmente, e ajeitei sua postura para rodear a cintura com meus braços e beijar sua bochecha.

—Bom dia, minha pequena Marie. Dormiu bem?

Bella correspondeu meu sorriso, como percebi que fazia quando a chamava assim. Talvez eu devesse chamar a Swan sempre de pequena Marie. Mesmo quando ela me incomodava... se bem que nessas horas era difícil pensar que poderia sair qualquer bondade daquela louca.

—Dormi, mas estaria ainda melhor se um certo Cullen não tivesse invadido a minha casa.

Revirei os olhos. Esqueça aquela ideia de chamar a mulher de pequena Marie. Ela era uma provocadora do inferno! Como podia me acusar de algo quando eu estava ajudando?

—Ouvi seus gritos de saudade e vim aplacar seu sofrimento como o melhor amigo que sou – comentei. – Agora, o que você acha de me retribuir com um maravilhoso café da manhã ao seu lado?

—Para isso, você tem que me soltar – lembrou marota. – E prometer que vai tirar todas as minhas dúvidas sobre o casamento da Rose.

Franzi o cenho. Dúvidas?

—Você tem dúvidas?

—Eu não lembro de quase nada depois que Alice me chamou para dançar – confessou.

Abri o maior sorriso que pude.

Ah, Isabella, você acabou de me entregar o melhor presente de todos num domingo pela manhã: a possibilidade de criar a história mais surreal e completamente plausível daquele dia!

—Não aconteceu nada demais – dei de ombros. – Você se declarou para mim e transamos no banheiro do hotel. Então te trouxe para casa e você apagou de vestido e tudo.

Sua olhos se arregalaram e ela se desvencilhou de mim para postar-se de pé e gritar:

—Você está brincando comigo!

Sua expressão era tão engraçada que, mesmo ofendido pela reação, eu ri. Poderia ter acontecido, se eu fosse um depravado, como ela sempre me pintava, ou se estivesse bêbado. Não teria possibilidade alguma de ter recusado suas investidas se eu estivesse embriagado.

—Edward, você é um retardado! – brigou me batendo. – Nunca mais me dê um susto desses, seu idiota! Eu seriamente pensei que você tinha cedido e eu não poderia lembrar como foi. Isso me castigou a semana inteira!

Ergui uma sobrancelha.

—Você se lembra de ter implorado que eu tirasse o seu vestido? E... Porra, Isabella, você estava com uma fodida calcinha de renda. Levou tudo de mim fingir que você é praticamente da família. Nunca mais fique bêbada!

Ela ergueu as mãos em defesa.

—Não fui eu que pedi uma bebida daquelas. Alice me deixou provar a dela e eu gostei... Nem percebi que tinha álcool! – desculpou-se ela. – Agora, por que você não se levanta para tomar café e me explicar o que aconteceu? Seu bilhete me apavorou demais... E, obrigada pelo carinho.

O sorriso tímido estava de volta em seu rosto, mas a lembrança da calcinha de renda me impediu de sair da cama. Pelo menos, Isabella não estava em cima de mim para sentir o resultado.

—Vai na frente – sugeri. – Só preciso cuidar de um probleminha aqui e já te alcanço.

Os olhos chocolates passaram pelo cobertor até meus pés antes de voltar para minha face.

—Não suje minha cama!

Lambi os lábios olhando com malícia para ela que saiu correndo do quarto. Gargalhei da sua atitude previsível. Apenas outro dia em que Isabella não confiava no meu caráter.

 

Encontrei Isabella batendo nervosamente o pé no chão enquanto bebia seu café.

—Bella, eu não sou tão idiota – revirei os olhos. – Sabe que nunca me aliviei nos seus lençóis. Você é gostosa, mas eu não fui criado para me aproveitar disso. Minha mãe ficaria ofendida com os seus pensamentos.

Ela sorriu para mim, mas não disse nada, nem aliviou a batidas no chão. Decidi beber uma xícara de café antes de iniciar os assuntos pendentes.

—Você já me perdoou por ter escondido sobre ser o seu Thony?

Ela assentiu uma vez e suspirei mais calmo.

—Ótimo, porque teria sido um inferno de lembrança o sábado passado. Você sabe que se jogou para cima de mim.

—Sim. Lembro vagamente de você me rejeitar por causa da sua dama.

Nessa hora, eu ri.

—Tenho certeza de que ela me odiaria se eu me aproveitasse da minha acompanhante bêbada. Mesmo que, naquele momento, ela já tinha partido. Eu te rejeitei para que você não fizesse algo que se arrependeria na manhã seguinte, Isabella. Falei que não por causa de você. E de você.

Ela piscou algumas vezes.

—Mas você está apaixonado... É falta de caráter ficar com alguém estando apaixonado por outra.

Soltei um riso descrente.

—Falou a mulher que até outro dia estava pedindo que eu a beijasse para treinar e fazer bonito para o noivo.

—Mas você era o tal noivo, no fim das contas!

Dei de ombros.

—Você não sabia disso na época.

—Agora eu sei.

—E ainda quer que eu te beije?

—Não, Edward! Mais respeito pela sua dama.

Bufei.

—Não é como se estivéssemos falando de uma desconhecida, é, Isabella?

—Se você apenas me dissesse quem é, deixaria de ser desconhecida, Cullen.

Olhei em seus olhos.

—Tem certeza?

—Já passou do tempo! Não sei nem como te ajudar se não conheço a mulher e é visível que você precisa de ajuda.

—Bella, se eu disser, nunca mais poderei dormir aqui.

—Qual é a parte ruim de ter minha cama só para mim?

Passei a mão pelos cabelos.

—Por favor, Bella!

Ela grunhiu, sacou o celular e discou para alguém colocando no viva-voz.

—Olá, princesa, do que precisa? – a voz de Seth ecoou pelo cômodo.

—De um nome.

—Mas o seu é lindo, Bella!

—Não para mim.

—Vai colocar nome na bonequinha de vudu que eu fiz para Heidi?

—Não – ela riu. – Eu preciso do nome da namorada do Edward.

—Ah, Bella, aquele lá não namora ninguém!

—Ei! – reclamei divertido.

—Entendi! O Edward está se acovardando de novo? Porra, cara, você costumava ser meu ídolo! Agora virou maricas! Estou revogando a sua divindade. Bella, acredita que o puto não me deixou dançar com ela no casamento?

—Seth – avisei.

—Até o meio-dia, Cullen – retrucou e desligou.

Meus olhos dispararam para o relógio mais próximo, assim como os de Isabella. Dez e meia. Gemi de frustração. Tinha certeza de que o garoto ligaria para a Swan assim que os ponteiros estivessem no topo. Ela não esperou por qualquer comentário meu, apenas discou outro número.

—Qual o nome da mulher do Edward? – questionou assim que atenderam.

—Bom dia, Bella! – respondeu minha irmã com sarcasmo. – Estou muito bem também, obrigada por perguntar!

—Não vem com essa, Alice! Eu ainda não te perdoei por me embebedar.

—Qual é, Bella, uma vez na vida, você precisava extravasar! – explicou a baixinha. – Como foi a noite com Edward? Ele foi carinhoso?

—Virou para o lado, depois de roubar meu travesseiro, e roncou como se não tivesse invadido minha casa de novo.

O tom de voz de Isabella foi tão arrogante e seu olhar fuzilou-me com tanta intensidade que eu ri. Cruzei os braços e sustentei seus olhos com a sobrancelha erguida.

—Edward, pensei que você fosse deixar a menina confortável ao invés de deixar que ela se virasse – ralhou minha irmã.

—Ela estava falando de ontem, Alice. E, se você falar qualquer coisa sobre deixar confortável, vou te dar o confortável sapato que Isabella usou no casamento na cara!

Porque, é claro, Alice e Rosalie confessaram que o vestido, o tratamento no spa, o sapato e a lingerie foram escolhidos especialmente para me deixar louco.

—Ah, então você já disse para a minha amiga que a ama e agora ela quer confirmar? – a voz saiu animada e acho que ouvi palmas. – É verdade, Bella, ele descobriu que estava apaixonado por você quando você pediu pelo noivo. Ei, vocês estão noivos, então vai ter casamento quando?

—Alice! – gemi.

Caralho, eu ia matar aquela anã!

Sem dizer nada, Isabella desligou o telefone e prendeu os olhos em meu rosto.

—Desculpe minha irmã – sorri apologeticamente. – Ela é muito precipitada, mas acho que foi por isso que você ligou justo para ela.

—Então... Então é verdade?

Engoli em seco e assenti. A morena fitou um ponto atrás de mim por alguns minutos, mas não tenho certeza de que ela estava realmente vendo alguma coisa. Decidi explicar o que aconteceu.

—A Alice tem razão. Eu sei que conversamos sobre isso meses antes do sequestro, mas eu não sabia nomear o sentimento. Apenas deixei que você nomeasse como quisesse. Quando percebi exatamente o que sentia... quando perguntei para minha irmã quem diabos era Thony e por que você pedia desculpas a ele... foi quando o ciúme me apunhalou, quis encontrar Anthony para dizer que o homem tinha a mulher mais incrível do mundo e se ele não cuidasse dela, eu mesmo socaria sua cara. No fim, tia Renée apareceu no hospital e todas as loucuras se encaixaram... fiquei com tanto medo de te falar! Você ainda me odiava tanto! E veio com aquele papo de romper o noivado... eu me apavorei. Achei que, se pudesse fazer com que gostasse de quem me tornei, não ficaria ressentida com o fato de ser o Thony. Esses meses todos sofri a dor de saber que você se culpava tanto pela promessa quanto pelo sequestro. E a culpa nunca foi sua. Aquela maldita lista foi feita para que eu não me apaixonasse... para que eu esperasse minha pequena Marie... – neguei com a cabeça pela minha estupidez. – Você me intrigou desde o primeiro dia. As respostas afiadas e a falta de interesse em mim... era muito surreal para ser verdade!

Olhei atentamente para sua reação. Ela estava chocada, absorvendo cada palavra.

—Você pediu por isso – lembrei-a assim que voltou a me fitar.

Pânico pingava de seus olhos e cobriu sua voz.

—Eu nunca poderia imaginar... Eu.. Eu nem sei o que dizer, Edward!

É, eu sabia que seria assim! Choque... negação... pelo menos, os gritos ainda não faziam sua vez, não é? Sorri um pouco e dei de ombros.

—Você é muito desligada, Swan. Se for pensar, os sinais e dicas estavam todos ali.

Ela piscou várias vezes em confusão e assentiu.

—Sim, sim. Eu sei. Agora eu sei. Só... Edward, eu...

As palavras que ela não proferiu entraram como facas no meu peito. Senti o medo que ela tinha de me magoar e soube que não era correspondido. Engoli em seco e tentei tranquilizá-la.

—Não estou pedindo que você sinta o mesmo, Isabella – revirei os olhos. – Só que dê uma chance para eu me aproximar. Se você quiser, é claro. Sei que o trauma que passou pode impedir você de tentar um relacionamento e que fui o maior responsável por ele...

—Não é culpa sua, Edward – interrompeu-me ela.

—Eu sei, mas velhos hábitos são difíceis de se desprender – desculpei-me pela repreensão. – Façamos assim: Vamos fingir que nunca falei nada, que Alice nunca deu com a língua nos dentes e você não desconfia de nada. Continuamos com essa amizade estranha conquistada nos últimos meses e, se você perceber que sente algo além disso, voltaremos a tocar no assunto. Tudo bem?

Seu olhar torturado doeu em mim, mas sorri consternado.

—Está tudo bem, Isabella – repeti para ela.

—Mas...

Coloquei o indicador em seus lábios e balancei a cabeça em negação.

—Tenho convivido com esse sentimento por um bom tempo e não me importo em continuar desse jeito. Na verdade, eu quero muito ter aqueles momentos de trégua e poder brigar por coisas bobas, como os cuidados da minha mãe. Essas últimas semanas foram horríveis! Estive a ponto de implorar para que você viesse brigar comigo no escritório como se a empresa fosse sua.

Ela ergueu uma sobrancelha e afastou minha mão para comentar com arrogância:

—Tenho vinte por cento das ações. A empresa é minha.

Eu ri, feliz por perceber minha Swan tomando as rédeas novamente.

—Decididamente, contratarei um advogado para pegar meus 5% de volta, amanhã mesmo!

—Ainda terei 15% – lembrou-me com altivez.

—Mas eu serei acionista majoritário e você terá que me obedecer – repliquei no mesmo tom.

Isabella caiu na gargalhada.

—Nem quando fui contratada eu te obedeci!

O som de alegria espontânea dela me relaxou. Estávamos de volta ao jogo. Se Isabella quisesse brincar de medir poderes, vamos brincar de medir poderes!

—Sabe que as mulheres devem obedecer aos homens – apontei cruzando os braços.

—E você nunca foi tão religioso – retrucou com atrevimento. – Leu a parte que o tal homem deve cuidar, respeitar e amar a mulher a ponto de dar sua própria vida para protegê-la? A obediência não é um dever, é uma consequência dos atos do homem. Aliás, eu não sou sua mulher, portanto não preciso te obedecer.

Sorri de lado.

—A minha Marie confiava a vida aos meus cuidados.

—E eu cresci. Você vai ter que fazer mais para ter aquela menina boba de volta.

Ah, não! Nada de falar mal da menina! A brincadeira acabava por aqui mesmo!

—Ela não era boba – grunhi. – Você nunca foi boba! Pare de se menosprezar! Sabe? Essa é uma das partes que mais me irritam em você: Sua falta de consideração em si mesma.

Bells revirou os olhos.

—Virou defensor dos fracos e oprimidos?

Sorri torto e neguei com a cabeça, arqueando uma sobrancelha.

—Não. Eu sou defensor apenas da minha Marie – constatei. – Bem, agora que sabe o porquê de eu ter rejeitado todos os seus impulsos e agido como um idiota, podemos partir para assuntos mais interessantes? – praticamente implorei pela troca de assunto.

Não queria brigar com ela. Não de verdade, pelo menos. Briguinhas bobas até eram divertidas, mas ficar tempo indeterminado sem falar com ela era cruel.

O que pode ser mais interessante do que essa sua paixonite por mim?

Rosnei de raiva.

Está bem, então! Se ela queria mesmo uma briga, eu poderia dar isso e acabar com o nosso fim de semana por completo. Se essa era a maneira que Isabella encontrava para rejeitar minhas investidas, ao invés de dizer que não poderia tentar, que se foda também!

—Vamos deixar uma coisa bem clara aqui, Isabella: Você não pode desmerecer meus sentimentos! Não sente o mesmo por mim? Tudo bem, mas nunca diga que o que eu sinto é uma paixonite. Já passamos da adolescência há muito tempo e eu aprendi a diferenciar uma paixão de um amor, ok? – passei as mãos pelo rosto de frustração antes de voltar a encará-la. – Quer saber? Eu ia convidá-la para almoçarmos juntos, mas isso não faz sentido no momento. Tenha um bom domingo, Swan.

Com isso, saí de seu apartamento batendo a porta atrás de mim.

Fodida Alice e sua boca malditamente grande! Fodida Isabella e sua maldita inclinação para me tirar do sério! Fodido Seth que me pressionou! Porra, eu fodi com tudo de novo! Inacreditável!

Passei o resto do dia e a semana que se seguiu evitando qualquer contato com ela. Rosalie mandou-me para o inferno algumas vezes e eu ignorei todas as tentativas de Alice de participar do almoço delas. Contudo, para ser totalmente sincero, evitar Isabella foi a pior decisão que tomei desde iniciar a lista. Meu humor estava péssimo!

 

Meu aniversário caiu como uma maldição naquele sábado. Fui convocado pela minha mãe para almoçar com a família e precisei de todo o meu autocontrole para não demonstrar o desapontamento que tive quando não encontrei Isabella entre as pessoas ali na casa.

O almoço acabou se estendendo ao café da tarde e à janta. Pensei em dormir ali, mas Alice e Rosalie disseram que meu presente estaria esperando por mim em casa. Frustrado pela falta de consideração delas, e pela falta de notícias da Swan, voltei ao apartamento por volta das dez e meia.

A porta dela estava fechada. Meus dedos coçaram para bater, contudo, reprimi a vontade. Eu parecia uma criança birrenta, mas sentia-me chateado por não ter recebido nem mesmo uma mensagem de “feliz aniversário”. Ela nunca evitara a data antes. Podia até dizer com má vontade, no entanto, estava sempre presente no almoço em família. Cheguei a receber abraço alguma vez.

Enrolei por uma hora inteira entre tomar banho e olhar as redes sociais. Atualizei algum status, reagi a fotos de crianças que usavam as marcas da empresa e chequei a situação do Instituto mais uma vez. Precisava de campanhas para recuperar os danos sofridos pelo sequestro de Isabella.

Isabella. Será que já estava dormindo?

Lembrei-me das vezes que Marie dormia na minha casa. Acabávamos assaltando a geladeira para comer sorvete depois que todos iam para a cama. Sorri com a ideia e corri para a cozinha. Abri o frízer e peguei o pote de sorvete.

Dane-se o tratamento de silêncio!

Meu caminho até sua porta foi repleto de ansiedade. E isso só ficou pior com a nota colada ali. Porque a Swan não se encontrava em casa. Obriguei-me a voltar e arrumar duas colheres para levar comigo ao encontro dela. Terraço. Corri para o local como se minha vida dependesse disso.

Isabella tinha reproduzido o cenário da noite que Anthony Biers apareceu para meu inferno pessoal, exceto que bebia alguma coisa em uma caneca enquanto apreciava a vista.

—Sentimos sua falta hoje – comentei enquanto me aproximava dela.

A morena sorriu com ternura, baixou a xícara na mesinha de centro e encolheu os ombros.

—Pensei que você precisasse de espaço, já que me evitou por uma semana.

Ergui a sobrancelha. Isso nunca a impedira, por que agora seria diferente?

—Se eu não tivesse aparecido agora, o que faria?

Ela deu de ombros e levantou-se para me estender uma pequena caixa de presente.

—Feliz aniversário.

Sorri e questionei enquanto pegava o objeto de suas mãos:

—E esse presente é para seu chefe idiota ou para seu melhor amigo de infância?

Sua olhos brilharam e um sorriso largo desenhou o rosto.

—Para os dois. Meu melhor amigo vai adorar e meu chefe vai ficar com muita raiva... Então é o presente perfeito.

Ergui uma sobrancelha e abri a caixa.

Um peso de papel com o formato de uma casa na lua fez-me gargalhar.

—Onde conseguiu isso?

—Tenho alguns contatos... Mas esse não é o presente. O presente está embaixo.

Revirei os olhos para a besteira dela. Se Isabella achava que eu devolveria aquele objeto, ela sonhava alto. Então retirei meu presente da caixa para encontrar uma folha de papel dobrada.

—Uma folha? – desdenhei.

Assentindo, ela mordeu o lábio. Pela sua expressão apreensiva, deveria ser muito importante. Entreguei o peso para ela e tirei a folha para desdobrar.

—Isso é uma piada? – rugi.

As palavras dela ecoavam em minha cabeça: “Meu chefe vai ficar com muita raiva”. Só poderia ser uma piada. E era de um mau gosto enorme.

—Não – ela engoliu em seco. – Eu passei a semana inteira pensando qual seria o melhor presente que poderia dar ao meu melhor amigo. Acho justo dar uma chance.

Um beijo.

Era o que estava escrito no papel.

Lentamente, as palavras dela fizeram sentido. O melhor presente... Eu iria adorar...

Uma chance? – repeti me aproximando mais. – Uma chance para nós?

—Eu deixei o local do beijo por sua escolha – murmurou tímida.

Parei a poucos centímetros do seu corpo e olhei no fundo dos olhos chocolates.

—Eu escolho beijar você bem aqui – sussurrei e passei o polegar por sua lábios. – Posso?

Meu dedo ficou ligeiramente molhado quando ela puxou o lábio inferior para morder novamente. Um arrepio passou por meu corpo e segurei sua nuca. Busquei em seus olhos qualquer advertência, mas só encontrei a insegurança de mulher pouco experiente, nada que gritasse “afaste-se!”. Sorri para confortá-la e recebi seu meio sorriso.

—Você sempre pode voltar atrás nesse presente e virar o rosto – lembrei-a baixinho, porque, ao mesmo tempo que queria essa chance, queria que partisse do coração dela. – Eu adorei a nossa casa na lua e ficarei muito feliz apenas com isso. Sabe que não precisa fazer isso, não sabe?

Ela assentiu com rapidez sem desviar os olhos dos meus.

—Só me prometa que não me irritará nuca mais.

Aproximei-me até encostar nossos narizes.

—Não faço promessas que não posso cumprir, minha Marie.

Percebi que a mulher forçava o sorriso a permanecer em uma careta de raiva e revirei os olhos. Afaguei seu rosto e uni nossos lábios.

O beijo durou pelo que pareceu uma eternidade, mas que fez muita falta quando acabou. Foi algo calmo e natural, como se nossos corpos soubessem exatamente como agradar o outro. As carícias dela em meu pescoço, as minhas em seu rosto... Tudo tornou o momento sublime.

—Feliz aniversário, Cullen – sussurrou ela.

Beijei-lhe a testa e a abracei.

—Melhor aniversário da minha vida, Marie! Eu te amo— falei contra seus cabelos.

Então ela me empurrou, mas sorriu.

—Agora eu quero meu sorvete!

Rindo, segui sua liderança até o banco, peguei uma das colheres que trouxe e puxei-a para perto de mim, abraçando seus ombros e beijando sua bochecha.

—Você não me disse como se sente depois do meu beijo – comentei olhando-a de soslaio.

Bella deu de ombros.

—Não quero ferir seus sentimentos.

—É mesmo?

—Sabe como é – desenhou ela. – Depois de tanto praticar, pensei que você fosse melhorzinho.

Meu queixo caiu em descrença. E Isabella tombou a cabeça em gargalhada. Tirei o pote de sorvete de suas mãos, sob protestos, e posicionei-me em cima dela rosnando de brincadeira.

—Você precisa aprender a não mexer com meu ego, Isabella – alertei. – Porque pode não gostar do castigo!

E minhas mãos começaram o ataque de cócegas em sua barriga. Bella gritava e se retorcia embaixo de mim. No entanto, só parei quando percebi que ela estava com muita dificuldade para respirar. Voltei a deitar ao seu lado e beijei seu cabelo.

Sabia que aquele relacionamento ainda teria picos de emoções contraditórias, como os movimentos do oceano, mas eu faria de tudo para dar certo. Porque o oceano é um mistério. Quando você pensa que o conhece, uma tormenta abala o teu barco e te leva às profundezas desconhecidas. Apenas duas opções te restam: Nadar em descobrimento ou afogar de medo. E eu não teria medo de nadar se a minha Marie estivesse comigo.

 

Fim


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Notas finais do capítulo

Siiiiiiiiiiiimmmm, chegamos ao fim (mas teremos o epílogo, porque sou querida) e quero saber o que vocês acharam do capítulo... o que gostaram, não gostaram... tudo! O que acharam da história... contem-me suas frustrações e felicidades... Por favor, divirtam-me! E perdoem-me por ter demorado tanto para postar.

PS: Eu revisei por alto, se tiver algum erro de digitação ou incoerência, me avisem, por favor!



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