Until My Last Breath escrita por Lady


Capítulo 2
Primeiro


Notas iniciais do capítulo

Neste capítulo introduzirei as Moiras (ou Parcas no grego). O nome das três irmãs estarão em romano. Os acontecimentos escritos aqui são antes do prólogo.



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Will estava animado.

Completar um ano e meio de namoro, ainda mais com Nico di Angelo, era um feito maravilhoso para si. Naquele dia, ele havia acordado cedo e já rumava para o chalé 13, dos filhos de Hades. No caso, o chalé do único filho reclamado do deus dos mortos.

O dia havia amanhecido bonito. Os primeiros raios de sol iluminavam todos os cantos do acampamento meio-sangue e deixavam-no com uma sensação de aconchego quando tocavam sua pele. Desde que Apolo havia conseguido realizar suas provações e se tornar deus novamente, seus filhos podiam sentir o carinho e orgulho do pai, além da enorme gratidão pela ajuda quando estava vulnerável.

Cumprimentou alguns campistas que já estavam acordados e quase correu quando viu o chalé 13 com o fogo grego que queimava 24h por dia. Entrou sem nem ao menos bater na porta e encontrou o recinto ainda escuro e o corpo magricela de Nico estirado no colchão. A blusa estava levemente levantada, a bermuda mostrava a borda da cueca boxer que usava e os cabelos estavam esparramados pelo travesseiro. Will sorriu para aquela cena e se sentou delicadamente na cama.

Os dedos tiraram os fios de cima do rosto jovem e emaranharam-se naquela confusão de fios. Os lábios beijaram-lhe as bochechas e um resmungo saiu dos lábios do rapaz adormecido.

— Hora de acordar — Will sussurrou ao pé do ouvido do moreno.

Nico se espreguiçou na cama e sorriu para o namorado.

— Bom dia... — falou com a voz rouca. — Se Quíron te pega aqui, nós dois vamos estar encrencados. Sabe disso, né?

O loiro apenas deu de ombros e selou os lábios nos do namorado. A vontade que tinha era de permanecer o dia deitado ali com Nico, mas tinham as tarefas diárias do acampamento para cumprirem. Quíron certamente notaria o sumiço deles e iria atrás dos dois para saber o motivo por faltarem às tarefas; e ser flagrado pelo centauro em momentos íntimos, mais uma vez, era a última coisa que os jovens queriam que acontecessem.

— Feliz um ano e meio — a voz de Nico quebrou o silêncio quando as bocas se separaram.

— Feliz um ano e meio.

Os olhos brilhavam em alegria e ambos sabiam que aquele dia seria, sem sombra de dúvidas, apenas deles dois. Nico levantou-se e rumou para o banheiro, a fim de fazer sua higiene diária, enquanto Will escolhia uma roupa para o namorado.

Ele adorava poder escolher as roupas do moreno, mesmo isso quase nunca acontecendo. Desde o fim da guerra contra Gaia e a estadia de Nico no acampamento, Will pode notar que o moreno já não estava tão sombrio quanto antes e até sorria com mais facilidade.

— Porque você insiste em me fazer usar roupas coloridas?

— Porque você fica sexy com elas — Will brincou e sorriu mais ainda quando viu as bochechas do moreno ganharem uma coloração rosada.

— A blusa do acampamento está de bom tamanho — o moreno resmungou enquanto tentava esconder o sorrisinho divertido. Ele adorava contrariar Will.

O loiro apenas revirou os olhos e voltou a se sentar na cama, que ele já havia arrumado para Nico. Aproveitaram para conversaram um pouco sobre amenidades – e se beijarem mais apropriadamente – antes de, enfim, saírem do chalé 13. Ainda eram sete e meia da manhã e mesmo sendo tão cedo, alguns campistas já estavam de pé fazendo as obrigações ordenadas.

Quíron trotava averiguando cada atividade realizada e anotando algo na prancheta que mantinha em mãos. A barba, que antes vivia desalinhada, agora estava bem aparada dando ao centauro uma aparência mais séria.

— Bom dia, Quíron — Will, sempre solícito, falou quando passaram ao lado do homem-cavalo.

— Bom dia rapazes. Qual são as atividades pra hoje?

Will sorriu.

— Eu e Nico adiantamos nossas atividades pra ontem, então hoje nós estamos livres — o sorriso contagiante chegava aos olhos do rapaz. Quíron apenas arqueou as grossas sobrancelhas.

— E posso saber o motivo?

— Hoje nós completamos um ano e meio de namoro e queríamos tirar o dia de folga das atividades — a resposta foi simples, mas mesmo assim Nico corou levemente.

Mesmo depois de um ano e meio, falar de seu namoro abertamente sobre seu relacionamento era complicado. Medos vindos da década de 40 ainda assolavam o rapaz moreno.

O centauro sorriu genuinamente surpreso, e soltou uma leve risada.

— Parabéns, rapazes! — congratulo-os — Fico feliz por vocês dois. Por hoje, não há problemas em tirarem uma folga das atividades.

Os enamorados sorriram e agradeceram Quíron. Passaram o resto de toda a manhã no local preferido dos dois: nas colinas a leste do acampamento. A visão que tinham do estreito de Long Island era magnífica, a grama verde e rasteira exalava um cheiro de natureza que fazia Nico se lembrar das tardes na casa de campo na Itália, quando ainda tinha Bianca e Maria, e a paz e o silêncio daquele lugar era perfeito para os dois.

Ali, eles podiam conversar rir, se abraçar, se beijarem, serem eles mesmos sem restrição alguma do acampamento, já que os campistas não gostavam de ter que subir os morros das colinas e Quíron também parecia não se lembrar daquele pedaço do acampamento. Ali eles eram eles mesmos.

Os rapazes se encontravam sentados lado a lado observando as águas calmas do lago. O sol estava escondido em meio a algumas nuvens, por isso o calor não os incomodava naquele momento. Mantinham as mãos entrelaçadas e sorrisos sinceros nas faces.

— Nico, — chamou o loiro, apertando de leve a mão do namorado. A respiração estava forte e as mãos tremiam. — Eu te amo.

Aquela era a primeira declaração da relação. Nico arregalou os olhos marejados e prendeu a respiração. O coração batia tão forte que ele temia que Will escutasse. As mãos tremeram e as bochechas ficaram rosa. A respiração estava travada e a garganta doía.

— Eu nunca pensei que eu, um filho de Hades, pudesse escutar isso — falou depois de longos segundos. A voz tremia e saia baixinha. — Obrigada Will... Eu te amo também.

As lágrimas de alegria se misturaram em meio ao beijo apaixonado do jovem casal. Os corações estavam batendo em sincronia, a certeza da reciprocidade do sentimento nutrido deixava a ambos em êxtase.

Naquele momento, quando Will e Nico sentiram uma leveza no coração e uma certeza de que aquilo era verdadeiro, eles souberam que o amor era puro e abençoado por Afrodite.

*

As três velhas dispostas num pequeno semicírculo sussurravam palavras desconexas aos que viam de fora. Estavam numa sala relativamente pequena, mas bem arejada e iluminada. Haviam recém voltado para lá, depois de alguns bons anos andando pelas ruas dos Estados Unidos e aterrorizando semideuses jovens com seus novelos de lã.

Décima olhava atenta a sua irmã, Nona, tecer cuidadosamente o fio da frágil vida dos humanos. As mãos habilidosas da senhora iam e vinham conforme a roda da fortuna mexia e um sorriso emoldurava a face enrugada.

— Às vezes me pergunto como seria se pedíssemos descanso — Décima falou de súbito.

De repente, o trabalho que não era para ser parado, parou por breves segundos. Nona olhou descrente para a irmã e apenas balançou a cabeça. Os cabelos brancos mal se mexeram do coque.

— Porque diz isso, irmã? — quem perguntou foi Morta.

Nona permaneceu tecendo os fios do destino e repassava-os a Décima, para que ela pudesse analisar a vida do indivíduo para, então, entregar-lhes a Morta.

— Já fazemos isso há milênios. Desde que Gaia pariu os primeiros filhos. Não acha que merecemos descanso?

Morta pareceu ponderar o que Décima falou e, quando ia falar algo, o trabalho que não deveria parar, parou pela segunda vez em menos de cinco minutos. Nona olhava abismada para as irmãs.

— O que fazemos aqui, ninguém mais pode fazer. Nós existimos para fabricar, tecer e cortar o fio da vida. Nós decidimos o destino de cada ser humano que nasce e decidimos quando ele tem de morrer. Achas mesmo que outro alguém pode fazer isso que fazemos?

Décima se envergonhou perante o olhar da trigêmea mais velha e suspirou pesarosa. Milênios fazendo a mesma coisa deixavam-na cansada. Nada era mais entediante do que analisar a vida de todas as pessoas e decidir se era a hora de sua morte.

Nona entregou-lhe alguns fios, porque sempre eram vários de uma vez, nunca apenas um, e com um olhar de que o assunto havia acabado, voltou a tecer. Morta apenas observou aquilo e cortou o fio que Décima outrora lhe entregara.

A cena que a trigêmea do meio via a sua frente era apenas mais uma repetição de várias outras cenas. Era o fio de um punhado de pessoas que se encontravam numa loja conhecida como Mc Donalds. Um grupo assaltava aquela loja e eles pareciam particularmente nervosos.

Décima sabia que o homem na fila para comprar um lanche reagiria ao assalto e acabaria morrendo ao levar um tiro no peito. Tudo estava como planejado, mas quando o tiro aconteceu, Décima suspirou entediada e sem nem analisar uma segunda vez o fio daquele homem, entregou-o a Morta.

Ambas as irmãs estavam imersas em pensamentos sobre a conversa de minutos atrás. Se acaso Morta houvesse analisado com maior afinco aquele fio, notaria que era um fio jovem e abençoado por Afrodite.

Quando a tesoura cortou o fio errado, a temperatura do local abaixou e um pesar se instalou em as três. Nona olhou abismada para as irmãs e, com a voz trêmula, perguntou:

— O que fizestes?

Enquanto isso, o dito homem discutia com um assaltante. Will Solace estava logo a sua frente. Num descuido, por mãos nervosas e tremidas, acabou derrubando o copo de refrigerante no chão e o homem, sem querer, escorregou e caiu ao chão. O barulho alto do tiro, enquanto o homem ia ao chão e Will olhava abismado a cena se desenrolar a sua frente em câmera lenta, assustou a todos.

O grito feminino denunciou o corpo do adolesceste ao chão banhando pelo sangue. A vida dele se esvaiu pelo tiro certeiro no peito.


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Notas finais do capítulo

Até o próximo!



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