Just another girl escrita por Nina Spim


Capítulo 1
Chapter Um


Notas iniciais do capítulo

oi, moças! voltei com mais essa história.

espero que gostem ♥



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O mundo acaba hoje e eu estarei dançando com você.

(Dançando, Agridoce)

De algum modo, sinto-me aliviada por averiguar a boate e saber que ela não é daquelas esquisitas. É um lugar bastante normal, com luzes baixas, mas o suficiente para que enxerguemos quem está à nossa frente. E a música também é boa. Não é qualquer coisa remixada ou eletrônica.

Kurt me diz na mesma hora:

— Não esqueça, você tem 19 anos. E não, não é para ficar me seguindo como se nunca estivesse estado num lugar desses.

Rebato na mesma hora:

— Hm, você sabe que nunca estive num lugar desses antes.

Rachel – Kurt suspira pesado, irritado –, é só fingir que isso não é verdade. – e me dá um tapinha no ombro.

Kurt é o meu melhor amigo. Conhecemo-nos num curso de teatro nas férias há três anos. Ele não é, exatamente, uma pessoa lidável. Pra falar a verdade, apenas nos damos bem porque temos o mesmo objetivo de vida: adoramos cantar e interpretar. Meu sonho é alcançar a Broadway, mesmo que o mundo não faça clara questão de me ajudar. Quer dizer, tudo bem. Eu apenas tenho 16 anos. Sou normal como qualquer outra menina dessa idade, exceto pelo fato de passar as noites dentro do meu quarto gravando vídeos de mim cantando. Eu sei, isso parece horrível. E Kurt, com certeza, já está muito cheio de me ver trancafiada em casa. E é por isso que estou aqui. Além do fato de o meio-irmão dele estar aqui também, e eu sempre tive uma queda por ele. Finn, o meio-irmão de Kurt, está no último ano na escola que eu começarei daqui a dois dias. Tive de mudar de ambiente escolar por causa de... Bem, algumas coisas esquisitas andaram acontecendo na minha antiga escola. Quer dizer, comigo. E eu convenci meus pais a me transferirem.

Apesar de muitos adolescentes odiarem recomeços, eu os acho aceitáveis. Quer dizer, pense só! Eu posso fazer uma mudança completa de imagem e de personalidade! E quem é que vai descobrir que não sou a menina super popular e super animada? Ninguém! Ou seja, é a oportunidade perfeita para eu oferecer aos meus colegas o meu lado mais legal – e, quem sabe, conquistar o Finn. Não que ligue para mim. Eu sou apenas a melhor amiga do meio-irmão dele. E ele me trata como se eu fosse uma total criança de 5 anos. Só que, bem, ele me conhece dentro da casa dele. Nunca me viu em outro ambiente. Então, estudar junto a ele pode ser o que preciso para que Finn entenda que eu sou, tipo assim, o amor da vida dele.

— Se espalha, ok? – Kurt me fala. E daí, se empertiga todo e coloca um super sorriso no rosto.

Quando ele sai de perto de mim, sinto vontade de me encolher. Não que o ambiente não seja legal. É, se você gosta de música alta e gente cheirando a álcool. Sem contar os casais grudados a cada cinco passos. Sinceramente, como alguém poderia gostar de algo assim? Eu sempre fui de me contentar com alguns musicais noite adentro... Mas isso daqui, é claro, é o mundo real. Os adolescentes preferem gastar suas noites em loucuras como essa. Não duvido que esse cheiro esquisito que eu estou sentindo seja maconha.

Mas certo. Eu tenho que me acalmar. É totalmente ridículo para uma menina de 16 anos sentir pavor de estar numa boate. Não é? E eu estou aqui justamente para enfrentar o mundo – e para fingir que sou alguém mais legal do que realmente sou para Finn. Mas cadê ele? Como encontrá-lo no meio de tanta gente? Ver-me sozinha quase me faz ter um ataque de pânico. Torço meus dedos e depois cruzo os braços. Isso me dá a falsa sensação de que estou protegida.

Olho ao redor, tentando achar Kurt. De jeito nenhum vou ficar sozinha! Onde ele estava com a cabeça quando me largou aqui, sabendo que eu sou totalmente inábil para esse tipo de socialização?!

Peço licença para as pessoas e avanço. Faço expressões aborrecidas sempre que um cara com uma cerveja na mão me olha de maneira duvidosa. E imagino que, por eu ser bastante baixa, seja muito fácil para que esses caras tentem se esfregar em mim. É o acontece, na verdade. Mas tento controlar o meu nojo, porque me sinto sufocada e preciso encontrar uma saída. Tenho certeza de que eu posso achar um banheiro por aqui.

Encontro um canto, perto da mesa do DJ. Está relativamente menos lotada. E aqui ninguém está enfiando a língua na boca de ninguém. Isso me acalma um pouco. Fico nesse canto por algum tempo, observando o movimento. Meus ouvidos doem por estar tão próximos assim de uma das caixas de som, que tocam "Take On Me", mas eu não me importo.

Alguém aparece, de repente.

Na verdade, são três garotas.

— Isso são os meus pés, Brittany! – uma delas grita, segurando um copo vermelho.

Estou relativamente próxima das três, então posso enxergar quase que com perfeição. A que acabou de falar com essa tal de Brittany tem o cabelo escuro e é do tipo bastante bonita. Brittany, que resmunga um “desculpe”, é alta também e bastante loira e magra. A última garota, entretanto, se destoa das duas primeiras, que estão enfiadas em vestidos curtos e colados. A garota esquisita, que parece que tem o cabelo rosa e está vestindo uma saia de couro, uma camiseta dos Ramones e uma jaqueta preta, estilo motoqueiro, olha para mim. Acho que é porque eu estou olhando curiosa para ela, tentando entender por que duas meninas tão femininas estariam andando com alguém que mais parece que acabou de sair de uma reunião com o Satã. A maquiagem dela é super pesada e intimidante.

Para o meu total desespero, ela pergunta de forma muito direta:

— Perdeu alguma coisa?

As amigas dela me olham. Em pânico, acabo perguntando:

— Você sabe onde é o banheiro? – é simplesmente a primeira coisa que escapula da minha mente aflita.

As três riem, mas a garota de cabelo colorido para primeiro. Ela se recupera e estende o braço em minha direção. Não entendo o que ela pretende.

— Vem logo! – ela enfatiza e, um segundo depois, sua mão alcança a minha. Estou muito surpresa. Eu não estou entendendo nada. Essa garota desconhecida está de mãos dadas comigo enquanto suas amigas continuam rindo. Aparentemente, eu sou sempre a pessoa que está por fora de tudo. – Vou te mostrar o banheiro – por algum motivo, sinto-a a centímetros de mim. Não sei por que ela precisa ficar tão próxima, já que esse cantinho está menos tumultuado.

— Ahn. Ok – é a única coisa que digo. Na verdade, é provável que ela nem tenha me escutado, pois tenho a impressão de que sussurrei essas palavras.

Enfiamo-nos no meio da galera. A mão dela ainda na minha. Não é algo tão ruim assim, na verdade. A pele dela não está suada ou melada.

A garota vira o rosto para mim.

— Você está sozinha? – ela quer saber. Olho-a, surpresa. Não somos tão díspares assim em termos de altura. Talvez ela seja apenas uns dez centímetros mais alta do que eu.

— Não. – e não digo mais nada. Por que ela quer saber se estou sozinha? Pego-a sorrindo para mim.

— Você parece um ratinho acuado, sabia? Completamente adorável. – seu sorriso se engrandece. Espere aí, “adorável”? O que ela está querendo dizer? E por que está dizendo isso? Em todo caso, não respondo. Não sei o que dizer. Eu deveria agradecer? – E aí, você é tímida mesmo?

O que está acontecendo?

E por que o Kurt não aparece?

— Acho que vou procurar meu amigo – eu digo, esperando que ela solte a minha mão. Mas ela não o faz. E seu sorriso reaparece. Isso está muito esquisito e está me dando medo.

— Puxa, você é mesmo tímida! – ela solta uma risada – Esquece o seu amigo. Se solta, garota. Não vou deixá-la sozinha, prometo.

Mas eu quero ficar sozinha! Será que ela não entende?!

Chegamos a uma porta pintada de preto, mas que tem o desenho de uma menina estampado.

Ah, certo. O banheiro. Só que, agora, eu apenas quero ficar bem longe dessa garota. Tomara que, se eu entrar na cabine, ela me largue e volte para as amigas. Ela abre a porta e noto que o banheiro está até mesmo um pouco vazio para a movimentação da boate. Uma cabine logo se desocupa e eu desapareço lá dentro. Tenho que ficar segurando a porta para que não abra. Não acredito que estou passando por isso. E mais: com uma garota que nunca vi na vida.

Demoro o suficiente para que ninguém fique reclamando. Quando saio, ela está lá escorada na parede de lajota com os braços cruzados. Ela me olha, sorri e me acompanha até a pia. Lavo as mãos e fico mirando de maneira displicente seu reflexo. Não que ela não seja bonita. Talvez alguns garotos gostem desse tipo: rebelde, intimidadora e esquisita.

Saímos do banheiro sem dizer nada.

— Vai ficar me seguindo? – reúno coragem e audácia para lhe inquirir no meu tom mais irritado.

— E se eu quiser?

— Bem, não pode! Eu já disse que não estou sozinha!

— Não agora – ela me lança uma piscadela e sua mão volta a envolver a minha. Olho-a ainda mais irritada. Afasto seu toque.

— Quer parar com isso? – eu pergunto – Nós nem nos conhecemos! O que você quer, afinal?

— Uma dança é o suficiente para a gente conhecer alguém. Você gosta de dançar?

Não consigo assimilar absolutamente nada. Seu tom, sua pergunta, seu olhar.

— Não! E saia de perto de mim! – eu revido. Tento me afastar dela, mas é meio impossível com tanta gente ao redor. Ouço-a rir logo atrás de mim.

— Não será tão fácil. – ela responde – Vamos lá, adoro essa!

De uma maneira muito esquisita, está tocando “Dancing Queen”. Adoro Mamma Mia e não faço ideia do porquê uma boate está tocando algo assim. O que aconteceu com as canções da Lady Gaga?

A garota me puxa. Mal tenho tempo de gritar alguma coisa. No meio de todo mundo, ela junta novamente nossas mãos. Agora, as duas. Estamos de frente uma para a outra. De alguma forma, ela parece menos assustadora com esse sorriso feliz no rosto.

— Se mexa! Você sabe dançar, não sabe?

 É claro que sei dançar. Danço todas as músicas de musicais no meu quarto. Talvez não seja aquele tipo de dança considerada normal, mas é uma dança.

Mas, aqui, com ela, não consigo me soltar.

“Dancing Queen” termina e mal parece que há entusiasmo em mim. Logo em seguida, começa “Sing”. Continuamos a dançar – quer dizer, ela continua. Eu apenas finjo que estou me balançando de uma forma que, com toda a certeza, me faz parecer uma idiota completa.

— Você não adora o Ed Sheeran? – ela pergunta no meu ouvido. Não sei quando é que isso aconteceu: ela estar absolutamente grudada em mim. Não gosto disso. Mas, quando tento afastá-la de um jeito não muito rude, ela apenas finge que não entende a minha intenção.

— É. Acho que sim – digo, aborrecida.

 – Então. Qual é o seu nome?

 Sinto a sua respiração em mim, e isso me deixa desesperada para sair correndo. Cadê o Kurt? Por que ele deixou que isso acontecesse? Se ele tivesse comigo, provavelmente, eu estaria num canto da boate apenas observando todo mundo. Se quer saber, seria bem melhor. Pelo menos, eu não estaria dançando praticamente obrigada com uma garota que, sei lá por quê, acha que é a minha babá.

— Rachel – respondo, contrariada.

Repentinamente, ela se solta de mim. Vejo seu rosto bem à minha frente. Está sorrindo.

— Olá, Rachel. Sou Quinn.

— Ahn, oi – resmungo.

Ela solta uma risada.

— Você não é mesmo boa nisso, né? – não faço ideia a que ela está se referindo. Olho-a inquiridora. – Tudo bem, você continua adorável. – e daí sorri pela décima vez, ou algo assim.

         Não sei por que alguém que nunca vi antes na vida está dizendo que sou adorável – não uma, mas duas vezes. Quer dizer, muita gente não acha isso. Então... Por que ela acha? Estranho. Muito.

Não sei o que lhe retrucar, pois tudo o que quero dizer é que não posso dizer o mesmo. Porque, apesar de seu sorriso suavizar a sua imagem de intimidadora, ela não é nada adorável.

— Tá bom. – estou cansada de me sentir confusa e acuada perto dessa garota. Quinn. Tanto faz. Então, planejo bem o que vou falar em seguida, tentando soar muito concisa – Olha, eu não sei por que está fazendo isso. Nem dizendo. Foi legal conhecer você, mas eu preciso ir.

Quinn me bloqueia antes mesmo que eu faça algum movimento.

— Espere aí, Rachel – ela diz.

— Você não pode sair abordando as pessoas como se fosse donas delas, ok? – explodo – Nem ficar dizendo coisas sem sentido! Eu nem ao menos sei por que você está se dando ao trabalho de...

Quinn me corta:

 – Gostei de você. Certo? Você ficou lá me olhando e eu pensei... – ela dá de ombros e deixa sua frase no ar – Sei lá. Achei que você também tivesse gostado de mim.

Como dizer que não dá pra gostar dela? Não quando fica agindo dessa maneira toda estranha? Mas pelo menos agora parece que ela está sendo sincera, não apenas bancando algum personagem. Porque, com essa roupa e essas atitudes, totalmente parece que é um personagem. Ela é alguém indecifrável. E não sei se devo confiar nela.

Fico sem palavras. Como eu posso gostar de alguém que só olhei por, sei lá, trinta segundos? Isso é loucura! Essa daí não sabe muito sobre a vida, coitada.

Como fico lá na sua frente, completamente calada, Lucy diz:

— Tá bom. Esquece. Às vezes, eu erro nessas coisas.

Franzo a testa.

— De que está falando?

— Tenho esse dom de gostar de pessoas que não retribuem. – Quinn explica com muita naturalidade, como se falar sobre esse tipo de coisa numa boate, com alguém que ela conheceu há quinze minutos, fosse algo que acontecesse toda hora.

Fico meio surpresa. É claro, não dá pra sentir pena dela, uma vez que, até agora, Quinn tem se mostrado uma pessoa muito estranha. Mas me compadeço, porque já me encontrei nessa situação diversas vezes. Essa coisa com o Finn, por exemplo. Gosto muito dele, mas será um milagre se, um dia, ele retribuir isso. Quer dizer, ele mal lembra da minha existência. E quando o faz, é só para me chamar de “pirralha” e me mandar preparar uma tigela de cereal para ele, quando passo o fim de semana na casa dele e de Kurt. Eu sei que ele é super brincalhão e que não devo realmente levar essas coisas à sério, mas sempre que sou tratada assim percebo que será muito difícil chamar sua atenção para a real garota que sou.

— É só... A gente acabou de se conhecer – argumento, sentindo-me sem graça.

— Você quer me conhecer, Rachel?

Fico ainda mais surpresa. Não sei o que dizer. Ela é totalmente doida, com certeza. Não bate mesmo bem.

Quinn fica me olhando e, de repente, um sorriso esquisito surge em seu rosto. Não consigo decifrá-lo. Não sei se é somente alegria, ou... Coragem? É isso mesmo? Não sei. Sei que é estranho e me vejo em pânico. Ela se aproxima de mim e, em seguida, acontece uma loucura. Porque, com os meus olhos abertos de choque, posso sentir a boca dela contra a minha. Mas isso só dura... O quê? Dois segundos? Provavelmente.

— Por favor, me conheça – ela fala, agora, na minha frente, depois que o que quer que tenha acontecido entre nós há um segundo fica para trás no tempo. Mas não na minha memória.


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Notas finais do capítulo

e aí, o que acharam? será que a rachel vai conseguir ficar longe da quinn?

reviews? ♥



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