POV Bella  

“E que comecem as Revelações...” 

Esperei que todos se ajeitassem, muitos olhares diferentes, olhos vermelhos, olhos dourados, olhos castanhos, mas em todos o brilho da curiosidade flamejava como uma chama. 

Edward ficou por último, para entrar junto comigo. 

Me aproximei com receio de que ele me rejeitasse, mas quando o toquei e o beijei, ele foi reciproco, apesar de temeroso. 

Depois que todos conseguiram um lugar na sala, Edward se encostou na parede, e sorriu. Era a deixa para que eu começasse. 

Respirei fundo e mordi os lábios (velhos hábitos), e comecei. 

— Bem, a maioria aqui não se conhece, por isso devo agradecer muito pela presença de todos, principalmente por atender ao pedido de uma desconhecida Hibrida ajudada por transfigurados, ou posso dizer transmorfos.  Edward, você não é o único nessa sala que ainda não sabe de tudo, por isso pediria a todos muita atenção. - Ele apenas assentiu, ansioso. 

Como eu disse, cada um aqui sabe um pouco da minha história, por isso acho justo que eu possa contar tudo do inicio, para que o que cada um sabe, se junte numa história só, isso dará o sentido a essa reunião.  Por fim vocês saberão porquê foram chamados aqui. 

Para que vocês acreditem no que eu vou contar, eu pedi que Alice contatasse Maggie, ela é uma vampira muito forte e tem um dom especialmente importante hoje, ela sabe quando alguém está mentindo. Tecnicamente ela é um detector de mentira de alta performance. 

Tenho certeza que a presença dela e o fato de que ela é a Suíça, nesta reunião, dará credibilidade ao que tenho a contar.” 

Maggie assentiu e disse: 

— Podemos fazer um teste se vocês quiserem, mas já adianto que meu modo de descobrir se o que foi dito é uma mentira, e bem dolorido. Quase letal. - Ela riu e concluiu - Alguém se habilita? - Disse ela estendendo a mão. 

— Conhecemos sua fama, Maggie! - Disse Carlisle – Uma demonstração é dispensável. - Carlisle sorriu. 

Todos de alguma forma já a conheciam, mesmo que fosse só de ouvir falar. 

— Podemos continuar então ? - Lá estava a impaciência de Rosalie. 

Respirei fundo e continuei. 

“Há cerca de oito anos, nós tivemos uma batalha contra recém criados, onde os Cullens se aliaram aos Lobos, que na verdade são transfigurados, não são Lobisomens. 

Os primeiros Guerreiros Quileutes escolheram a forma de lobos, e sua descendência manteve essa opção, embora essa geração aqui presente não possa mais optar, os filhos destes que aqui estão podem escolher se transformar em outro animal, ou em vários. Como águias, ursos, repteis, enfim, opcional. 

Os filhos de nossos aliados serão infinitamente mais forte do que seus pais. “ 

Vi o peito de Jacob inflar de orgulho!  

Afinal ele não era só um lobo, ele era um ser mágico, e Edja seria ainda mais espetacular que ele.  

Leah revirou os olhos, simpática como sempre. 

“Continuando: depois dessa batalha, Aro aproveitou que todos estavam ocupados, machucados e cansados da Batalha, para me procurar.  

A proposta dele era inegável, não pelo apelo imortal, mas porque ele pôs em jogo a vida das pessoas que eu mais amo.” 

Vi em Edward um olhar de carinho e culpa. 

“Aro ameaçou matar a todos, incluindo os Quileutes e Cullens, e se preciso fosse à cidade de Forks toda, apenas para me mostrar o que ele podia fazer. 

Pedi a ele um tempo para resolver e me despedir das pessoas, e ele aceitou. 

Terminei com Edward, alegando que ficaria com Jacob, e depois fiz o mesmo com Jake. 

Falei a Charlie, meu pai, que iria atrás de Edward, enfim, enganei a todos, e segui para Voltera, fiz um pacto com Aro, do qual ele deveria manter seguros aqueles que eu amava, manteria também os Cullens longe de Voltera, e por fim eu escolheria minha dieta. 

Aro aceitou, claro, afinal depois ele resolveria se cumpriria o acordo ou não. 

Exigi que o contrato fosse selado com sangue, mesmo assim Aro aceitou. 

Pensei que colocando a honra dele em jogo, ele cumpriria exatamente ou se negaria a aceitar, mas ele é um rei muito inteligente e aceitou o acordo tal qual eu propusera. 

Depois de transformada, ou quase, já que como podem ver ainda sou parte humana, me aliei a Jane, e mais tarde a Alec, desenvolvi meus dons, com ajuda deles, depois darei demonstração de como isso funciona. 

Porém para que tenham uma ideia, eu posso bloquear todos os poderes mentais dos que estão aqui  nesta sala, e ainda posso causar um blecaute em todos por dias. 

Isso explica, Edward, porque tudo apagou!  

E você só acordou hoje, cinco dias depois...” 

O olhar de susto e raiva de Edward me deixaram com medo, mas eu tinha que contar! 

Não me odeie Edward, eu precisava de tempo. Jasper ficou cuidando de você, caso você precisasse de algo. 

“Depois a gente conversa sobre isso, tá” – Liberei esse pensamento para ele. 

Ele assentiu. Por que ele era tão amável e compreensivo? Isso às vezes me dava medo e raiva! O olhar de Edward sempre me desconcerta... 

Corei e isso foi constrangedor. Todos olharam para ele. 

“Bem, continuando – pigarreei e continuei, voltando ao foco - tentei fugir, mas na primeira tentativa, Aro mandou buscar Rennee e Charlie, e os transformou, Phill não escapou, foi morto pelos guardas de Aro. 

Jane me avisou, mas antes de voltar fui até La Push, e avisei a Jacob que ficasse preparado, pois teríamos uma batalha muito mais pesada que a última.  

Pedi a ele que mandasse todos os anciãos para outra reserva e que os demais ficassem à espreita. Sabia que Jane tomaria conta dos meus pais por mim. 

Então voltei a Voltera, mas Aro não perdoou a nossa traição e tentou matá-la me levando a lutar com ele justamente no lugar onde eu encontraria os Cullens, ou parte deles.  

De alguma forma Aro sempre soube onde estavam e o que estavam fazendo. Sempre sob sua vigilância, afinal ele já deixara claro o desejo que Edward e Alice, se juntassem ao clã Volturi.  

Ele é persistente, não queria perder a chance, caso ela aparecesse. 

Ao me levar para uma batalha, onde certamente eu me descontrolaria, ele assumiu o risco de perder Jane, mas em contrapartida, ele tb acreditava que me daria uma lição. 

Só não contava com a ajuda de Alec, que ouviu uma conversa de Aro com Irina, a causadora das rebeliões e responsável por meus piores testes e pesadelos. Aro pediu a ela que causasse uma confusão, onde fossemos obrigados a deixar Voltera, para aplacar os ânimos.  

Logo Irina descobriu que Rosalie e Emmet estavam na Finlandia, sabia que seria o momento ideal. 

Clã Denali -  disse me virando para eles – eu sei que se sentem mto mal com isso, mas não podiam fazer nada a respeito. Era a decisão que a própria Irina havia tomado... 

Eles assentiram tristemente.  

Continuando: O encontro de Rosalie com Maurice foi proposital, na verdade Maurice é filho de Giana a secretária de Aro, em Voltera. Ela engravidou durante uma das festas de São Marcos de um dos visitantes da festa. 

Aro a matou assim que ela deu a luz, e deu seu filho para o casal Francês, até que ele servisse para “seus propósitos”, como ele mesmo dizia. Aro o visitava com frequência, e numa oportunidade colocou nele um rastreador. 

Aro sabia do desejo de Rosalie em ter um filho, e resolveu dar uma forcinha, pois sabia que onde Rosalie estivesse os Cullens estariam por perto. Por isso Maurice sabia de quase toda a história. 

Irina acompanhava os passos de Rosalie e Emmett, e deixou estrategicamente Maurice no seu caminho. 

Maurice também foi chantageado! Se contasse que conhecia Aro, os pais morreriam. Na verdade eles foram mortos no mesmo momento em que Maurice estava sendo salvo. 

O próprio Aro o atacou, deixando-o a beira da morte, e seguindo para o campo da batalha. 

Enquanto eu me desdobrava para manter os Volturis e sua guarda segura, Irina tratou de fazer com que eu visse Rosalie, mesmo de longe eu a reconheceria, porque ela é a vampira mais linda que eu já vi, e hoje eu posso dizer que vi muitas.  

Somente nesse momento eu tive coragem de olhar para Rosalie! 

Ela me olhava com um misto de ódio e surpresa. 

Suspirei. “Talvez um dia ela me perdoe!”  

Continuei: O meu descontrole de segundos fez com que eu perdesse o foco, e Jane saiu do escudo, porém Alec conseguiu protegê-la.  

Mesmo assim eles simularam sua morte, e Aro não tinha tempo de conferir. 

 Infelizmente os recém criados atacaram Irina quando ela ia até Aro para contar que Jane estava viva, e a mataram.  

O resto vocês já sabem, Carlisle e Rosalie salvou Maurice. 

Com Charlie e Rennee recém criados em Voltera, eu me desdobrava para mantê-los seguros.  

Aro ameaçava matá-los todos os dias.  

Ele queria um filho e se eu não cedesse por bem, ele faria de outra forma. 

Numa ocasião, Aro montou um jantar pateticamente romântico, com comidas afrodisíacas e musica! Se me conhecesse saberia que não ia adiantar.  

Ele ignorava o fato de que eu não tinha a menor intenção de ter esse filho com ele. 

Nesse jantar ele me agarrou a força e me beijou!  

Seus lábios eram frios e nojentos, mas eu não consegui me livrar dele, porque Chelsea, uma de seus soldados que tem o poder de fazer com que as pessoas desejem coisas que em sã consciência não desejariam, aproveitou que eu baixei meu escudo para tentar me livrar de Aro, e me impeliu a aceitar seu toque.  

 Só não conseguiu ir além porque consegui tomar minha consciência de volta.  

Aos prantos fugi para meu “quarto”. (senti os olhos de Edward escurecerem, mas não olhei para ele...) 

Aro ficou muito irritado.  

Nessa noite ele mandou seus soldados até La Push, Jane e Alec estavam na antiga casa dos Cullens, e sentiram o cheiro dos guardas. Conseguiram avisar Jacob a tempo para se prepararem. 

A chacina que o guia se referiu, não houve baixas nos Lobos apenas da guarda, mas Jacob e Sam aproveitaram para limpar de vez a reserva, deixando com que Aro achasse que tinha vencido.  

Mandaram apenas um soldado de volta com a missão de dizer a Aro que não precisaria mais se preocupar com os Lobos. 

Ele matou o soldado logo que ele contou o que aconteceu... 

“Embora eu soubesse a verdade, não podia salvar aquele homem, ele também não queria ser salvo.”  

Fingi tristeza e luto pela morte (falsa) dos meus amigos.  

As coisas estavam ficando cada vez mais difíceis, mas Aro não tinha a intenção de parar, então solicitei uma audiência com os Volturis.  

Marcus e Caius, jamais se dirigiram a mim, nos anos que estava em Voltera, desde que Aro proibiu que eu seguisse qualquer ordem deles. 

Eles me odiavam, mas me respeitavam, às vezes acho que me temiam.  Achavam que eu poderia influenciar Aro contra eles.  Por isso se mantiveram longe o bastante.  

Embora eu ache particularmente que sabiam de tudo que acontecia.  

Na ampla sala de audiências, me dirigi a Aro, estava com medo, mas era tudo ou nada, me enchi de coragem, e ataquei: 

— Aro, você não cumpriu a sua parte do trato! 

 Você não protegeu meus pais, e ainda por cima destruiu meus amigos lobos!  

Você desonrou sua palavra!  

Seu sangue!” 

Mas Aro nem estava aí para essas coisas e me respondeu a altura: 

— Ora, Bella você fugiu e me desobedeceu! Suas atitudes fizeram com que eu tomasse decisões amargas! Mas veja pelo lado bom, seus pais estão aqui com você! E juntos!! Veja só que família feliz... 

Atacar não estava adiantando, então usei o plano “b”. 

 -Ok, Aro! Mas tenho uma proposta para te fazer! 

— Mais um pacto — disse Caius ironicamente. 

— E por que não?! – Perguntei- Não tenho muito mais a perder, por isso pouco me prende aqui!  

— Isso é verdade! – concordou Marcus. — Ela tem razão, já que boa parte do seu primeiro pacto foi quebrada, nada mais a prende aqui. 

Assenti agradecida o apoio de Marcus, e continuei: 

— Bem, Aro, eu jamais terei um filho seu! Eu prefiro morrer a ter que deitar com você! Você sabe muito bem disso! 

— Que seja feita a sua vontade!!  — Jubilou Caius, ele me mataria com prazer de pudesse. 

— Cale a boca, Caius, sei que ela tem algo interessante para me dizer! – repreendeu Aro – Prossiga sem lenga lenga! – disse ele com aquele ar de superioridade. 

Respirei fundo, mais fundo e mandei a proposta: 

— Bom, eu não teria um filho seu, mas teria um com Edward!  Pense bem Aro, os meus dons e os dons de Edward juntos e amplificados numa nova geração! 

— É uma boa idéia!! Mas preciso pesar os contras e prós! – disse Aro, pensativo. 

Senti os olhos de Edward pesando sobre mim... Uma mistura lógica de pavor e nojo... 

Continuei, precisava convencê-lo: 

“Pense, Aro!  

Enquanto isso quero que liberte meus pais para viverem na antiga casa dos Cullens em Forks! Eles já estão seguros de seus dons, e a sede está controlada.  

É o mínimo que pode fazer, já que você me tirou todo o resto.  

Em troca darei a você todos os filhos que terei com Edward.” 

Era uma jogada complicada, poderia não ter dado certo, mas eu não tinha muitas opções, precisava sair de lá, e tirar meus pais de lá também. 

— Você tem seis meses! Seis meses para engravidar de Edward! Agora vá! Leve seus pais. Mas se em seis meses, você não estiver aqui e grávida, acaba qualquer possibilidade de novos tratos. Eu mesmo me encarregarei de matar um a um, começando com seus queridos pais, e concluindo com seu amado Edward. Ai matarei você! Lenta e dolorosamente! 

Os olhos de todos se voltaram para Edward... 

E os de Edward se voltaram para o chão, ele podia ler todos os pensamentos daquela sala, menos o meu. E acho que era esse o que ele mais queria. 

Senti uma dor no peito maior do que todas as vezes que Jane testou meu bloqueio, era a dor de ter magoado o homem que eu mais amo por toda eternidade.