Olimpus Family escrita por Mayssa Meirelles


Capítulo 6
05: Ela se chama Aline, não Roda!


Notas iniciais do capítulo

Tá na hora, tá na hora, tá na hora de OF.



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Tem algo de errado em mim.

Eu vejo as pessoas ao meu redor
E elas não se desesperam como eu
Acho que tem algo de errado em mim
Eu acho que o problema sou eu

Todo dia eu me vejo assim
Todo mundo olhando pra mim
Cada passo a caminho do fim
E nem lutei por um final feliz

Até parece que envolta do meu corpo
Existe alguma mensagem
Dizendo o que sou por dentro

A festa estava rendendo até demais. Já era meia noite e nada. Pelo menos, as pessoas já estavam cansadas demais para pedir algo além de um copo de água.

    Percy passava pelas pessoas com bandejas cheias que sempre voltavam meio cheias e, mesmo assim, ele continuava a levar. Finalmente Grover o mandou para a cozinha para preparar drinques e colocar nas bandejas, o que era chato, mas era menos cansativo. Era sempre assim, desde seus 14 anos, em vez de ir a festas e bailes, ele trabalhava neles. Com a pequena empresa da mãe do Grover — que vinha sendo seu ganha pão desde a morte de seu pai, Pan — Percy estava sempre ajudando Grover a manter o negócio e, de bônus, ainda ganhava uma grana.

     Percy pensava tristemente em sua história de vida e na de Grover. Dois lutadores e dois amigos, que se encontraram por acaso na escola. A vida dos dois não era fácil, Grover era bem mais velho que Percy e muita das vezes o via como um irmão mais novo, os dois sempre estavam juntos, se apoiando e vencendo juntos. Foi Grover que ajudou Percy a sair das garras de Gabe, foi Percy que sempre incentivou Grover a tentar entrar para a polícia, os dois se ajudavam, quando um não tinha comida o outro dava, um brinquedo, uma roupa, um dinheiro. Tudo era compartilhado, não havia nada que um fazia sem o outro. Não importa o que acontecesse, um apoiava o outro e assim iam vivendo cada dia, com mais um desafio.

     Ele se perdeu em seus pensamentos quando uma menina correu para a bancada empurrando o braço de um garoto pequeno.

    — Pronto! Agora, pare de drama — ela resmungou, ela era negra, de cabelos lisos e negros. Era bonita e sexy, de um jeito um pouco exagerado, mas escondido por sua aparência infantil, usava um vestido amarelo e tomara que caia. Tinha uma aparência que dava detalhes de sua personalidade forte. — Viu? O garoto gato aqui deve saber onde tem um danone, não é?

    — Acho que posso achar algum por aqui — Percy respondeu, ao ver o tom brincalhão da jovem. Ele correu para geladeira, tinha de tudo, mas nada de um danone infelizmente. Até que viu de relance um danone com um pequeno papel colado em cima escrito: "danone do Tyson". Pegou-o. — Seu nome é Tyson, certo?

    — Sim... Agora, o danone! — ele ordenou, Percy riu e o entregou. — Obrigada.

    — De nada, e você é? — questionou, dirigindo-se a menina de olhos marcantes e verdes.

   — Aline... — ela respondeu com um sorriso galanteador. — Se eu não viajasse amanhã, com certeza adoraria conhece-lo mais.

   — Obrigado, mas tenho namorada — ele anunciou com um sorriso tímido.

   — Deixe ele, Roda! Ele é maneiro, parece o papai — Tyson declarou, com a boca cheia de danone de morango.

   — O que eu disse para você, hein?! — corrigiu Aline.

    — Que não se deve chamar Roda de Roda. Ela se chama Aline, não Roda. Roda é feio! Aline não — ele corrigiu-se, de forma automática, como se tentasse memorizar essa frase há décadas.

    — Viu? Já está aprendendo — disse Roda, quer dizer, Aline. — Até agora não me disse seu nome.

    — Percy.

    — O garoto que sujou a mamãe? Interessante — ela sorriu falsa.

    — Você é filha dela? Que legal... — se embolou em falar, envergonhado.

    — Pode deixar, ela não é tão chata como a tia — Tyson sorriu com seus olhos verdes-mar e óculos verdes. Percy não sabia exatamente porque um menino daquela idade usava óculos.

    — Tem razão, não sou — ela afirmou. — Além disso, obrigada, minha mãe estava precisando de um "chega para lá". Está insuportável hoje! Sabe, tenho que dar os parabéns para sua namorada por achar alguém tão inteligente.

    — Inteligente? — riu Percy. — Acho que deveria ter pena mesmo, sou menos inteligente que um burro!

    — É isso que acha? — questionou Aline, ela parecia saber de algo, assim como todos daquela festa. — Por que se rebaixa tanto Percy? Você é inteligente, bonito e forte. Poderia ter tudo se acreditasse em si mesmo.

    — Não! Vocês podem, eu não — ele resmungou raivoso. — Já nasceram assim e tem tudo o que querem. Nem precisaram lutar por isso! Eu sou... — pausou antes de continuar — Eu não sou um Olimpus, não tenho essa bola toda.

    Percy não queria falar aquelas coisas, mas ficou irritado, irritado com sua própria limitação. Pessoas como aquelas das festas em que ele trabalhava tinham tudo o que queriam na vida. Ele? Era apenas o garçom, não havia futuro para o garçom, enquanto a maioria dos adolescentes se amontoavam nas festas tendo a certeza que amanhã de manhã iriam para as melhores escolas, os melhores cursos e ganhariam um lindo futuro. Ele era o pobre coitado que trabalhava desde muito jovem e além de tudo ainda era "doente", sem nenhuma chance de passar em uma maldita prova! Por não conseguir conseguir prestar a atenção devida por ter TDAH.

     Roda olhava atentamente para os seus olhos raivosos, que pareciam enfrentar uma grande luta interna, mal sabendo o que o esperava na manhã seguinte.

     — De onde acha que veio esse dinheiro, Percy? — Ela questionou, vindo em sua direção e suspirando em seu ouvido, antes de dar um beijo em sua bochecha. — De pessoas como você! Pobres, mas fortes. A única diferença de você e os irmãos Olimpus é que eles acreditaram em si mesmos, lutaram para fazer esse império. Pense bem, você tem tudo para fazer grandes coisas! Boas coisas.

    — Porque não faz você grandes coisas?

    — Já faço a diferença e eu não ganho nada com ela — murmurou Aline. — Vamos Tyson! Precisamos voltar.

   Então Percy lembrou. Alice Roda Olimpus, a "caridosa e baladeira", que viajava ao mundo em busca de festas e fazendo doações para vários orfanatos pequenos, a que cuida de todos os envolvimentos sociais e caridosos dos Olimpus, indo para vários lugares e fazendo doações a pequenas ONGs para ter certeza que não haveria dinheiro desviado como em grandes ONGs. Ela fazia a diferença! Do seu jeito, mas fazia.

     Percy ficou remoendo suas palavras por horas. Ela estava certa, assim como Quíron. Ele poderia fazer coisas grandes, mas também pequenas. Não importava! O que importava era fazer a diferença. Porque então todos ao seu redor pareciam ter pena dele? Porque as pessoas diziam que ele não poderia vencer? Afinal, é o que diziam, ele era um pobre doente. Como ele poderia se comparar a filha de Poseidon Olimpus que vivia em viagens pelo mundo ajudando pessoas em situações piores que ele? Teria ele poder para mudar sua própria situação?

     A festa acabou às 3 horas. Depois de arrumar o salão (ou pelo menos ajeitá-lo um pouco para amanhã ser limpo), Percy pegou carona com Grover. Chegou em casa por volta das 5 da manhã e apagou rapidamente com seus pensamentos ainda focados nas coisas que haviam acontecido naquele dia.

    Enquanto amanhecia, Percy ainda estava em seu sono quando uma carta foi colocada no correio endereçada a ele, com as iniciais claras "MS" ou, como era conhecida por muitos, Escola Meio-sangue.

*** 


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