Olimpus Family escrita por Mayssa Meirelles


Capítulo 4
3: Conversas, brigas e biscoitos.


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura pessoal, espero que apreciem.



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Secrets - OneRepublic

Não há razão
Não há vergonha
Não há família
A quem eu possa culpar
Não me deixe desaparecer
Eu vou lhe contar tudo

Diga-me o que quer ouvir
Algo que agradará os seus ouvidos
Cansado de toda esta insinceridade
Então abrirei mão de todos os meus segredos
Dessa vez
Não preciso de outra mentira perfeita
Não me preocupo se as críticas nunca aparecem de uma só vez
Eu estou me desfazendo de todos os meus segredos

Percy estava no quarto, como em qualquer fim de semana normal, passando os canais da televisão quando seu celular tocou. Ele então atendeu rapidamente vendo Grover na tela.


—  Alô! —  Sua voz era ainda sonolenta, viu o horário, eram 17:30. O que Grover iria querer naquela hora? Não havia nada planejado para aquele dia.

—  Cadê você, cara?

—  O que foi? Tô dormindo ainda —  reclamou o menino. 

—  A festa, cara! —  exclamou Grover. —  Estou falando disso a meses e você fura, tá loco?

—  É hoje? —  Perguntou Percy.

—  Sim! —  Gritou Grover fazendo o garoto suspirar.

—  Droga, desculpa, cara. Sério, eu esqueci, desculpa.

— O que tá fazendo ainda aí? Vai se arrumar —  reclamou Grover. Percy desligou na hora e abriu o armário. É melhor correr.

Percy correu para cozinha como um raio, usava um terno azul e uma gravata aberta, ele não sabia ajeita-la e não queria admitir isso para a mãe.

—  Perseu, Perseu... não sabe nem dar nó numa gravata —  brincou sua mãe ao ajeitá-lo.

—  Sei ... mas prefiro que você faça — mentiu da melhor forma que conseguiu

—  Vai trabalhar? — Perguntou, ele não havia avisado e parecia com pressa.

—  É —  ele começou. —  O bom é que vou a uma festa de rico, o ruim é que não se pode experimentar os petiscos. Viu? Rimou. Vou virar poeta agora. 

— Então pegue alguma coisa para comer lá, "poeta"  — falou ela fazendo aspas com as mãos. Ela ria do modo engraçado de Percy, ele realmente era uma comédia. 

Ele pegou alguns biscoitos azuis, doces, amostras da loja e algumas frutas (porque precisava equilibrar a balança) e saiu.

— Tchau, mãe! —  Gritou ao bater forte a porta. Tinha a eterna mania de quase derrubar a porta desde que teve a liberdade de fazê-la depois de Gabe.

***

Lá estava Percy ouvindo um grande sermão sobre comportamento e ornamentação. Estava quase dormindo de tanto ouvir o organizador da festa falar com os garçons e Grover estava ao seu lado dando ordens. Era quase engraçado para ele ver seu amigo sério.

—  Dá pra prestarem a atenção?! — gritou o organizador fazendo todos olharem para ele. —  Obrigada. Por último e mais importante: é terminantemente proibido incomodar os convidados. Nada de conversas, fotos ou autógrafo. Tentem ao máximo não chamar a atenção. Tivemos um problema... peculiar ano passado, não queremos que se repita, estamos entendidos?

Todos murmuraram um “sim”.

—  Se pedirem para sentar com eles, sentem! É uma ordem — era no mínimo cômico ver o quanto suas ordens se chocavam.

—  Você não disse que não era para falar com eles? —  questionou Percy, confuso.

— É diferente, se eles pedirem para que se sentem com eles é porque eles gostaram de você. Eles não gostam de ouvir um não. É simples. Se perguntarem algo, responda, se pedirem para sentar, sente.

Todos pegaram as comidas e correram para as mesas. Percy parou na porta, vendo o salão principal, quando ela chegou.

—  Linda! — Falou Grover com a bandeja na mão para entregá-la a Percy.

—  Com certeza —  ele disse ao olhá-la. 

Ela andava pelo salão e cumprimentava todos com um sorriso. Andava como uma guerreira pronta para a guerra, analisando, sorrindo falsamente às vezes, educada com todos. Percy sentiu seu olhar segui-la onde quer que ela fosse. Annabeth Chase poderia ser sua pior inimiga ou sua perdição, mas ele não iria pagar para ver.

Ele pegou a bandeja e começou a servir sorrindo e se divertindo com os convidados ricos e suas conversas extravagantes.

***

Annie estava sentada com Bianca, Piper, Silena, Drew e Thalia que sorriam e brincavam juntas. Quando o garçom chegou, Annabeth se assustou ao ver o garoto que havia conhecido na prova. Ótimo, que começo de festa legal pensou. Já não bastava a meia hora de falsidade...

— Gente! Que gatinho — falou Silena, olhando o menino que andava pelas mesas vizinhas.

—  Quem? — Perguntou Bianca, Silena apontou para a mesa vizinha na qual o garçom servia bebidas.

—  Silena, você tem namorado, deixa ele para a irmãzinha aqui — reclamou Drew, Annabeth olhou atentamente para a garota. Ela era bonita, tinha um cabelo curto, olhos chamativos e aparência exagerada. Annabeth não gostava dela, a achava vulgar e superficial, mas não reclamava, ela era irmã de Silena e Piper, não poderia excluí-la.

—  Ele é um idiota —  reclamou Annie, queria colocar bilhões de outros adjetivos ao garoto que mal conhecera, mas já não gostava. Se perguntava o que um garoto trombadinha e que aparentava nem ao menos gostar de estudar foi fazer numa prova daquele nível, mas conteve seu pensamento meio preconceituoso. 

—  Fala como se conhecesse ele —   murmurou Thalia. Depois de pensar um pouco, deu um gritinho. —  Oh meu Deus! Você o conhece?

—  Ele é só um idiota que fez a prova, nem deve ter passado —  reclamou ela, mas Thalia não deu ouvidos, ficou curiosa e chamou o garoto quando viu ele se afastar das mesas em direção a cozinha.

—  Ei garçom! Venha aqui —  berrou Thalia fazendo ele vir com a pequena bandeja. Ele se posicionou para servir as últimas 3 bebidas que sobraram. —  Senta aí.

Ele não se mexeu, pareceu pensar, depois estendeu a cadeira e sentou.

— Qual é seu nome? — Questionou Piper.

— Percy —  respondeu. Annabeth, que até agora só julgava o garoto, se ligou do erro que cometeu. Ela nunca esqueceu o nome alvo de tantas discussões na sala do diretor.

— Perseus Jackson? —  perguntou Annie alarmada. 

— Sim —  murmurou Percy, vermelho. Annabeth o analisou: era calmo, vergonhoso, deveria ter poucas namoradas, trabalhador, mas não fazia o tipo inteligente. Como um garoto daquele havia gabaritado a prova? Se sentiu um lixo por ser tão preconceituosa a ponto de julgá-lo sem o conhecer, ela nunca esteve tão errada em suas análises como tinha descoberto estar agora.

— Você tem namorada? — Perguntou Drew, deixando ele ainda mais vermelho. Piper a cutucou, fazendo Drew se irritar.— Que? É só uma pergunta!

—  Sim, eu tenho —  respondeu ele, mas Annabeth não tinha certeza. Ele era inocente demais. Apesar de que aquele garoto estava para lá de imprevisível. 

—  Que pena — murmurou Drew, ganhando um novo peteleco. Aquela garota estava irritando Annabeth ao máximo. 

— Bom, adorei a conversa, mas tenho que trabalhar —  ele afirmou, pegando a bandeja e saindo quase desesperado dali. Estava incomodado com a conversa.

As meninas continuaram a fofocar, mas Annie não prestava tanta atenção.

***

Percy estava uma pilha de nervos, passando pelas mesas como um turbilhão e levando pratos bonitos e arrumados, bebidas das mais estranhas as mais comuns. Aquele pessoal tinha manias estranhas.

Passou na mesa 12 com as bebidas. Era a mesa central, que ficava no meio do salão e nela estavam os olimpianos — “olimpianos” é um apelido famoso dado aos líderes daquela família — sentados juntos: Poseidon, Zeus, Hades, Hera e Atena.

Era de dar medo como se portavam, com tanta superioridade que, se os vissem na rua, os confundiram com deuses — não é a toa que receberam seus nomes. Atena foi a primeira a o olhar de cima em baixo, analisando-o. Se Annabeth era estranha, a mãe era bem pior. Só uma palavra e ela te destruiria, parecia um tipo de leoa que espera a presa estar distraída para atacar.

— Olha só como o garoto parece com você, Poseidon. Sua cara quando pequeno — brincou Hera, mas logo ganhou um olhar cortante de Poseidon.

— Quantos anos tem, garoto? — questionou Atena com seu olhar águia, sinceramente parecia que ela já sabia a resposta.

— 17.

— Viu? Agora parou com a brincadeira, nessa época eu estava com Anfitrite — declarou Poseidon, seu tom era brincalhão, mas seu rosto não mostrava reação alguma.

— Na verdade, se bem me lembro, você estava com aquela garota. Qual era o nome dela? — comentou Hades entrando na brincadeira que, com certeza, não estava sendo boa para Percy.

— Isso mesmo, eu lembro dela, a bolsista do colegial — exclamou Zeus. — Qual era mesmo seu nome?

— Que coisa mais boba, não tenho notícia dela há anos. Foi só um casinho — Poseidon tentou mudar de assunto.

— Tem pai, garoto? — perguntou Atena, ela não estava levando na brincadeira pelo jeito em que Poseidon se remexia no assento.

— Sim, infelizmente, ele morreu — disse Percy abaixando a cabeça. Não gostava quando as pessoas perguntavam isso.

— De quê? — Alfinetou Hera automaticamente, todos saíram dos trilhos e, olhando para a cara triste de Percy, notaram que o tinham magoado, o que fez Poseidon perder a cabeça.

— Já chega! — gritou Poseidon irritado. — Acho que já fomos longe demais na brincadeira, né? O garoto está claramente incomodado.

— Me perdoe, não queria ser intrometida — minimizou Atena. — Qual é seu nome?

— Percy, quer dizer, Perseu Jackson — disse Percy firmemente. — Com licença!

E assim Percy saiu claramente ofendido, por mais que não estivesse. Não queria entrar no assunto de seu pai, nem com estranhos, nem com ninguém, mas uma coisa chamou sua atenção: a voz de Atena que, já distante, murmurava curiosamente as seguintes palavras: "esse é o garoto da prova?".

Uma pergunta inocente que, com certeza, fez Percy perder as esperanças. Ótimo, eu devo ter errado tudo para ser chamado assim.

***

Percy não entendeu o porquê da brincadeira, mas não gostou. Estava tão aéreo que nem viu, quando na entrada da cozinha, esbarrou em uma moça com sua bandeja e a sujou toda. Ele deu um passo para trás com medo e examinou o estrago que estava feito. A mulher era linda, mas vulgar, seus cabelos eram volumosos e castanhos e tinha um olhar penetrante. O que deixava sua beleza falsa eram as roupas chamativas e abertas, agora sujas de bebidas.

— Ahh! Sua peste. Sujou meu vestido! — Ela brandiu analisando-o.

— Me desculpa, me desculpa! Eu não... — gaguejou Percy inutilmente, ela não iria perdoá-lo.

— Ora seu! Seu... — exaltou-se.

— Anfitrite, minha querida, o que houve? — O sarcasmo era notável na voz da outra mulher que acaba de chegar.

— Deméter, olha o que esse bastardo fez com meu vestido! — Ela acusou, com uma voz aveludada e dramática.

— Uma pena mesmo. Vamos garoto! Temos que pegar panos na cozinha — a mulher chamou, ele olhou para ela bastante nervoso e ansioso.. Será que ele tinha um ímã para confusão? A mulher tinha olhos verdes marcantes e chamativos e usava um vestido verde forte e brilhante, ele a reconheceu rapidamente: Deméter, uma famosa empresária do ramo alimentício.

Ele a seguiu para a cozinha. No momento em que ele cruzou a porta, a mulher caiu na gargalhada, fazendo os cozinheiros olharem para ela como se fosse louca, mas voltarem ao trabalho (eles eram estranhos, entravam e saíam, mas nunca falavam nada), até que finalmente os cozinheiros foram para a cozinha principal, deixando ela com Percy.

— Senhora, você está bem? — questionou Percy educadamente.

— Bem? Eu estou ótima, obrigada por aquilo. Genial! — Ela comemorou, então olhou para a pequena bandeja com doces azuis e pegou um. — Uhh! Biscoitos.

Percy notou que eram os seus doces a serem apreciados pela senhora, mas a pergunta que não queria calar era: como seus biscoitos haviam parado ali? Do nada, Atena entrou irradiada de ira.

— Quem que sujou aquela peste lá atrás? — ela perguntou e Percy humildemente levantou a mão, estava pronto para perder seu dinheiro, tinha feito burrada e agora tinha que arcar com as consequências. — Olha, garoto, você deveria ganhar um prêmio. Obrigada! Ninguém mais suportava essa mulher. Agora ela está lá fazendo drama com Poseidon. Meu Deus! Como quero matá-la!

— Falei isso para ele — falou Deméter, então pegou mais um biscoito. —Atena experimente isso. Está divino!

Ela tocou o biscoito em seus lábios e deu um sorriso.

— Isso não faz parte do menu — ela destacou, Percy tremeu. Será que ela odiou? Então porque sorriu?

— Na verdade, isso era o meu lanche...

— Você que fez? — perguntou Deméter, pegando outro.

— Minha mãe, ela que fez. Ela é uma ótima cozinheira.

— Vou querer seu número. Isso está divino! Ela aceita encomendas? — Atena perguntou, Percy suspirou de alívio. Sinceramente, não ficava muito receptivo com essas pessoas, talvez pela própria visão que tinha de pessoas poderosas, estava receoso e bastante nervoso. — Mas por que azul?

— É uma tradição nossa. Ela faz em cores normais, se é o que pergunta — ele abordou. — Mas acredito que fica bem mais gostoso azul, se me permite dizer.

— Tão educado, fale normal, garoto! Podemos ser ricos, mas isso às vezes irrita — Deméter retrucou e Percy deu um suspiro. — Bem, vamos, Atena?

— Sim, vamos, pegue logo o pano — lembrou Atena, Percy logo se prontificou a pegá-lo. Assim elas se foram. Percy foi a outra cozinha pegar mais uma bandeja de comida e, quando foi sair com a bandeja, viu Grover entrando.

— Eih! Tudo na boa? — perguntou Percy à Grover, ele o olhou e respirou fundo, depois correu para a geladeira a procurar algo.

— Cara, isso tá uma correria! Eu estou com fome e a cada hora tem um problema a mais. Acredita que algum idiota sujou uma das convidadas, que agora está fazendo um drama danado?

— Quem poderia ser, né?! — Percy desviou o olhar, mas a mentira caiu em cheio.

— Eu sei que foi você! Quem mais seria? Só o lerdo do Perseu — ele resmungou, bebendo um pouco de água.

— Ei! Essa doeu, vou até parar de falar contigo — ele fingiu estar magoado e fez um pequeno drama.

— Vai nada — Grover retrucou e depois olhou para a mesa. — Peguei seus biscoitos e coloquei na bandeja ali, tá? E comi alguns, nada sério.

— Ah! Isso eu já sei — ele respondeu. — E, por sua causa, as madames comeram também.

Eles riram alto.

— Você só se mete em encrenca — Grover brincou, saindo logo em seguida. — Quero você agora servindo mesas e cuidado para não esbarrar em ninguém, tá?

— Ha-ha-ha — fingiu rir. — Estou morrendo de rir.

— Que bom, porque eu estou mais — e assim Grover saiu. Percy pegou as bandejas de doces e seguiu novamente para o salão.


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Notas finais do capítulo

Percy só arruma problemas não é mesmo?
O que mais vai acontecer nesta festa?



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