Um amor de contrato escrita por Andye


Capítulo 31
O dia da família


Notas iniciais do capítulo

Bom dia, pessoal! Final de semana chegou e, com ele, a nossa história! Espero que gostem do que temos para o final de semana. Quero aproveitar e agradecer aos comentários, a todo carinho recebido em cada palavra escrita por cada um de vocês. Muito obrigada!



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Novembro havia chegado e, com ele, o frio do inverno e a aproximação do aniversário de Hugo. Naquele mês também seria o aniversário de um ano da separação dos dois.

Não estava sendo fácil manter-se firme diante do que decidiu quando tudo o que ela queria era voltar atrás e estar com o ruivo. A sensação de que estava sendo estúpida corroía suas entranhas com muito mais intensidade que nos meses anteriores. A cada novo dia, a sensação de que havia sido idiota só aumentava.

Hermione seguia cansada, confusa demais para pensar com tranquilidade. A cabeça parecia em ponto de explodir quando ela começava a pensar em todas as coisas que ouviu dos amigos dois meses atrás. Seguia sem saber como reagir, mas tinha certeza que precisava fazer algo.

 ***

 — Eu não quero saber se aquele ruivo idiota concorda ou não, mas eu não vou deixar a minha amiga tomar uma decisão que pode arruinar a vida de quatro pessoas por causa de um mal entendido! 

Gina praticamente gritava na sala do apartamento de Hermione. Harry, aparentemente nervoso, tentava conter a namorada. Hermione seguia sem entender nada.

— As crianças estão aí? — Harry perguntou para Hermione, preocupado.

— Não... Estão com a mãe do Rony.

— Menos mal — ele voltou-se para a namorada — Imagina o susto delas ouvindo seus gritos, criatura!

— Tudo bem! Desculpe, Hermione, pelo tom mais elevado, mas nem você — dirigiu-se para Harry e muito menos aquele burro, irá me impedir de fazer alguma coisa.

— Gina! 

— Não, Harry! Agora que sei de tudo, vou me meter, sim! E ninguém vai me impedir.

— Gina...

— Se não estiver de acordo, pode sair daqui e, depois, vamos rever o nosso relacionamento, porque não irei me relacionar com uma pessoa que prefere ver os amigos sofrendo a fazer alguma coisa.

Harry bufou, cansado, sentando-se no sofá e fazendo sinal de rendição. Sabia que não iriam se separar, mas sabia que a desavença continuaria por muitos dias se não concordasse. No fundo, bem no fundo, ele também queria fazer algo pelos dois.

— Hermione, o Rony não te traiu — Gina falou de uma vez.

— Gina, eu vi, realmente. Já te disse que a...

— Não fala o nome dela! — a outra falou com certa histeria — Não suporto mais ouvir o nome dessa mulher!

Os dois amigos, sentados de frente um para o outro, se olharam em silêncio e deixaram a outra, aparentemente estressada demais, continuar.

— O Harry também viu o tal beijo, mas de um ângulo diferente do seu.

— Como assim? — Hermione desviou de Gina para Harry.

— Bem — ele pigarreou, limpando a garganta — Você sabe que geralmente sou encarregado sobre algumas coisas relacionadas aos eventos da empresa e, por isto, na maioria das vezes, estou nesses eventos...

— Seja mais direto e breve, Harry — Gina irritou-se com os arrodeios normais do namorado advogado.

— Bom... — ele continuou depois de olhar com leve irritação para a mulher, que o ignorou — Naquela hora, eu havia ido procurar o Rony para falar sobre um novo investidor. Eu estava sozinho, Gina tinha ido ao banheiro.

"Fui pelo caminho oposto ao que, provavelmente, você fez, que foi pelo primeiro andar. Eu fui encontrá-lo pelo jardim e, ao me aproximar, ao ver que eu estava perto, a senhorita White...

— A imunda... — Gina interrompeu.

— Enfim... ela viu que eu me aproximava e fingiu machucar o tornozelo. Rony se aproximou para lhe dar suporte e ela o beijou.

— Eu sei disso, Harry... Eu também vi.

— Você não viu o resto, Hermione. Fique caladinha, por favor — Gina continuou, certa do seu posicionamento.

— Em seguida, Rony a empurrou — Harry continuou — E ele foi um pouco rude neste movimento. Ela quase caiu dessa vez, realmente. 

— Deveria ter quebrado aquele focinho arrebitado...

— Gina, eu posso continuar sem ser interrompido?

— Pode, querido! Por favor!

— Eu tencionei ajudá-la, porque Rony permaneceu imóvel, mesmo diante da moça quase no chão. Da posição que ele estava, ele não conseguia me ver, estava de costas pra mim.

"De toda a forma, não deu tempo de fazer nada por ela porque, logo em seguida, Rony começou a falar que, a partir daquele momento, todo investimento que a empresa dele havia colocado na senhorita White estava desfeito. 

"Ela tentou se aproximar, mas ele se esquivou. Disse que era casado e que... — Harry olhou fixamente para Hermione — que amava a esposa mais do que tudo o que pudesse imaginar e que ela, a senhorita White, jamais iria entender o que significava aquele sentimento.

“Disse ainda que falaria comigo para que eu entrasse em contato com ela para que a sociedade entre os dois pudesse ser desfeita e, antes de se virar e dar de frente comigo, falou para ela nunca mais o procurar ou tentar qualquer tipo de contato com a empresa."

— Mas... — Hermione parecia confusa.

— Ainda não acabou, Hermione... — Gina cutucou o namorado que, mais uma vez, soltou o ar, pesadamente, pelas narinas.

— Quando ele se virou e me viu — Harry continuou pesadamente — Ele parecia transtornado e me pediu para tomar a frente do evento daquela noite e que, depois daquele, nenhum outro tipo de contrato seria estabelecido com a senhorita White.

"Eu o acompanhei até o estacionamento e ele disse que precisava voltar pra casa, conversar com você e dizer que, mesmo que aquilo tivesse acontecido, nada iria mudar o relacionamento dos dois. Ele queria te deixar ciente de que, talvez, a senhorita White tentasse algo contra você...

— Mas... O Rony não disse nada, ele... 

— Ele não falou nada porque eu o convenci disso — Harry falou, os olhos baixos, tristes — Me desculpe, Hermione. É minha culpa.

— Como assim? — ela parecia confusa demais.

— Eu disse pra ele não te falar nada. Falei que, se você não havia visto nada, não precisava saber de nada. 

— Por que, Harry? — os olhos da mulher enchendo-se de lágrimas — Por que você disse isto?

— Porque eu tive medo de você não acreditar nele. Eu tive medo de que você sofresse achando que ele realmente te traiu. Eu tive medo de te ver sofrendo como dez anos atrás...

— Harry... — a primeira lágrima desceu pela bochecha de Hermione.

— Eu errei... — ele parecia arrependido — Aparentemente, dez anos convivendo com você não foram suficientes para te conhecer. De fato, Rony te conhece bem mais, ele sabia o que deveria fazer e eu não deixei.

— Mas... Por que ele não falou nada depois?

— Primeiro, porque você não deixou — Gina respondeu e Hermione secou a lágrima — Você não lhe deu a oportunidade de explicar.

— Segundo, porque ele começou a se sentir culpado por te fazer sofrer — Harry continuou — e por começar a acreditar que, se te deixasse livre dele, você seria mais feliz.

— E... por que você não me disse antes?

— Eu não sabia que o real motivo de terem se separado era este, embora desconfiasse. Tentei várias vezes, mas o Rony sempre foi evasivo. Eu realmente não sabia que você tinha ido até que a Gina me disse ontem, quando chegamos em casa depois do seu aniversário...

— E o que você vai fazer agora? — Gina perguntou, a mão, carinhosa, sobre a mão da amiga.

— Eu não sei...

— Hermione, me perdoe — Harry continuou — Eu jamais desejei algo do tipo para vocês...

— Eu sei, Harry. Eu te entendo... você só quis me proteger...

— Sim... Mas eu espero que você também possa entender o Rony. Ele não fez nada desde o início. A culpa dele não ter falado foi minha…

***

Depois daquele dia, Hermione, definitivamente, não sabia mais o que fazer. Sentia o desejo em seu coração de, imediatamente, correr em direção ao ruivo, mas, ao mesmo tempo, sentia que ele, talvez, não a aceitasse, depois de tudo o que havia acontecido entre os dois. O medo voltava a fazer parte dela.

Lembrou-se do que a filha tinha dito para ela, que o pai ainda a amava, e sentiu o coração se encher de alegria, todavia, decidiu não tomar atitudes precipitadas por enquanto. 

Resolveu, por fim, caso tivesse a oportunidade, mostrar para o ruivo que já não estava tão fechada como antes, que poderiam se aproximar, mesmo que como amigos.

Acreditava que, daquela forma, ele entenderia que ela não estava mais ressentida. Acreditava que, daquela forma, poderia existir a possibilidade de conversarem e, surgindo aquele assunto, talvez, se resolverem. E alí, naquela tarde, seria a sua primeira oportunidade.

— Mãe, por favor, tenta não ficar muito comovida com a apresentação. Você sempre chora com essas coisas.

Rose aconselhava a mãe, sentada com Hugo sobre o colo, nas cadeiras da frente, diante do palco improvisado para as apresentações daquele dia. A cadeira vazia ao seu lado, reservada pelas professoras de Rose para o seu pai, dizia que aquela noite seria complicada de superar.

Já se sentia emocionada. Rose estava a cada dia mais bonita, esperta e convicta de seus pensamentos. Não parecia ter a idade que tinha, mas, se a observasse atentamente, podia encontrar muito de si mesma naquela idade representada na filha.

— Boa tarde!

Rony chegou e sentou-se ao seu lado. Hugo, sonolento, foi despertado pelo timbre da voz do pai e jogou-se aos seus braços. Hermione sempre ficava sentida quando percebia que havia separado os filhos do convívio com o pai que tanto amavam.

— Tudo bem com você? — ela perguntou lembrando-se do plano de se reaproximar aos poucos.

— Tudo, sim! Você está bem? — ele virou-se para ela após beijar a barriga do filho, tirando-lhe gargalhadas.

— Estou... 

— Animada para hoje?

— Sim...

— Ano passado você não parava de chorar... — ele sorriu lembrando-se do pensamento.

— Não consigo não me emocionar com as apresentações da Rose...

— Eu te entendo...

— Mas sou eu a única que sempre chora...

— Isso porque eu tento controlar os meus sentimentos.

— Nem sempre é bom controlar o que se sente — ela arriscou o comentário e ele a olhou com interesse — Às vezes, o melhor é deixar que todos saibam como se sente...

— Pai! — Rose se aproximou e interrompeu a conversa dos dois. Ela o abraçou por cima de Hugo e os três, entre sorrisos, começaram a conversar sobre amenidades. Hugo, com sua fala ainda em desenvolvimento, tentava acompanhar os dois, Rony sempre o estimulando.

Rose sentou-se no colo da mãe e continuaram a falar sobre várias bobagens que haviam acontecido durante aquela semana. A menina, muito atenta a tudo ao seu redor, mas sem perder o foco da conversa, disse que, finalmente, havia conseguido um nove na prova de matemática.

— Ei! Por que não me disse? — Hermione ralhou.

— Quis falar pro papai primeiro — a resposta da menina fez as entranhas da mais velha gelarem. Nunca houve separação entre elas, mas, aparentemente, agora que a família havia se dividido, ela teria de se acostumar com aquele tipo de situação.

— Rose — um menino, aparentemente da mesma idade que dela, se aproximou — A senhora Bekins pediu pra te chamar. 

— Já vão começar? — ela perguntou animada.

— Sim. Estão reunindo todo mundo lá atrás.

— Então eu já vou! — ela se aproximou do amigo e, soltando um beijo para os pais, se distanciou deles, conversando animada com o outro.

— O que foi? — Hermione chamou a atenção de Rony que, com a cara fechada, acompanhava os dois com o olhar.

— Nada. Por quê? — ele falou sem virar-se para Hermione.

— Você está encarando os meninos com uma expressão assustadora.

— Estou? — foi quando o ruivo voltou-se para ela.

— Sim — ela sorriu e percebeu a expressão dele desanuviar.

— Você sabe quem é aquele rapazinho? — perguntou com o tom ansioso.

— Sei, sim. É o Scorpius. Por quê?

— Scorpius? Scorpius de quê e de onde? Quem dá um nome desse ao filho?

— Ele é amigo da Rose. Estudam juntos há alguns anos.

— E de onde ele veio? — Hermione sorriu com discrição.

— Ele é filho de Draco e Astória Malfoy. São ótimas pessoas. 

— Como não os conheço? — ele seguia com a testa franzida.

— Não sei. A Rose já foi a algumas festinhas dele, e ele idem.

— Por que ele não estava no aniversário dela? Como não conheço os pais dele? — Hermione achava a situação divertida.

— Ano passado ele havia viajado com os pais na época e, este ano, o avô materno havia falecido. Ele sempre foi o primeiro a ser colocado na lista de convidados dela.

— Jura?

— Sim.

— Mas eles não são...

— Rony, eles têm nove anos — ela sorria com animação.

— Você não sabe do que os jovens de hoje são capazes.

— Por favor, Ron…

— Com essa idade, eu já tinha muitos planos.

— Rony… — ela gargalhou.

— Vou ficar de olho a partir de agora…

— Você está com ciúmes da Rose? — Hermione tinha uma expressão divertida.

— Claro que não! — ele voltou-se para Hugo, brincando com o menino que, saudoso, ainda o abraçava.

— Claro que sim! — Hermione ria abertamente — Ele e a Rose são amigos desde o maternal. Eu conheço seus pais e são de excelente família. Não se preocupe, eles são apenas amigos.

~/~

— Família é tudo igual: cada uma é especial — Rose, ao lado de Draco, encenava o poema que haviam ensaiado para o dia da família.

— Tem pai, mãe, filho, tio, primo e avô... — Draco continuou o jogral, sorrindo em direção aos pais.

— Mais aqueles que surgiram pelo caminho e a família adotou  — a menina continuou olhando fixamente para o pai.

— Tem família com e sem animal de estimação, com e sem bebê...

— Tem família que não para de crescer...

— Tem família que briga no almoço e faz as pazes no jantar...

— Tem família que se espalha, mas se reúne para orar.

— Tem família de todo tipo e cada uma é especial...

— Porque família é tudo igual,

— Mas a minha é a mais legal — os dois falaram em uníssono e os aplausos surgiram assim que eles, unindo as mãos, se curvaram ao público em agradecimento.

Rose, assim que saíram do palco, correu em direção aos pais e os abraçou. Como ela já imaginava, a mãe tinha a face umedecida das lágrimas derramadas durante a apresentação. O que a menina não sabia, porém, era o quanto as palavras recitadas haviam preenchido o coração daquela mulher.

Horas depois, os quatro, Rose adormecida nos braços de Rony e Hugo nos de Hermione, seguiam para o elevador que os levaria para o apartamento da mulher. 

As conversas divertidas haviam dado espaço para o silêncio minutos após deixarem a lanchonete onde jantaram depois do encerramento do dia da família. 

Rose, demonstrando dureza e maturidade, dizia que não iria dormir, que já havia passado daquela fase e, cerca de 5 minutos depois, havia cochilado durante o caminho de volta para casa.

Ainda naquele silêncio estranho, Hermione direcionou Rony até o quarto da menina indo, após isto, em direção ao quarto de Hugo. Instantes depois, os dois se encontraram na sala da casa, estranhos entre si, cheios de palavras silenciosas a serem ditas. 

— Estou indo agora — Rony começou — Vou pedir para o motorista da empresa trazer o seu carro amanhã cedo.

— Não se preocupe tanto — ela falou controlando a ansiedade — Amanhã é sábado. Não vou a lugar nenhum tão cedo.

— Sim... Imagino que sim — ela sorriu e confirmou com a cabeça — Então... nos vemos outro dia. Foi muito bom passar esse dia com vocês... 

— Foi sim... — eles se encaminharam até a porta.

— Se souber alguma coisa sobre aquele rapazinho, o tal Draco, me avise, por favor.

— Sim, eu aviso — Hermione sorriu.

— Quem coloca um nome desse no filho?

— Não se preocupe. Ele é um bom menino...

— Não duvido, mas me preocupo — ele limpou a garganta — Vou indo, agora. Até mais.

— Rony — ele se virou, a mão sobre a maçaneta — Aceita um chá de canela com maçã? Estou um pouco indigesta. Gostaria de me fazer companhia?

— Sim — ele tentou conter a empolgação — Se não for te atrapalhar.

— Não vai. Rapidinho eu preparo. Fique à vontade. Já volto!

Dizendo isto, Hermione seguiu em direção à cozinha. Rony, tenso por toda novidade daquele dia, sentou-se no sofá, de frente para ela, visível devido à parede americana.

— Açúcar? — ela perguntou.

— Sim, por favor — instantes depois, os dois, sentados um de frente para o outro, tomavam o chá em silêncio, até que Rony decidiu quebrá-lo — Como vai o trabalho?

— Está muito bem, obrigada — respondeu após um breve gole — Aliás, obrigada pela indicação — preocupou-se com o engasgo repentino do ruivo — Está bem?

— Sim — ele tinha lágrimas nos olhos. Havia engasgado com o gole de chá.

— Descobri faz alguns meses que você havia me indicado ao trabalho...

— Hermione, me desculpe, mas...

— Tudo bem, Rony — ela sorria sinceramente — Eu não estou chateada. Provavelmente, não teria conseguido algo se não tivesse feito aquilo. Eu te agradeço, de verdade. Tudo mudou muito depois que comecei a trabalhar. Me sinto mais completa...

— Eu fico feliz. O Phill — referiu-se ao dono da editora — é um amigo de longas datas. Ele sempre teve o sonho de se enveredar pelas loucuras da educação. É um apaixonado por livros.

— Sim, ele é. Um encanto de pessoa.

— Tudo ficou um pouco complicado depois que a esposa dele faleceu, mas ele foi tão perseverante, tentou, tenho certeza, por ela também, que era uma amante de livros como nunca vi igual...

— Muito obrigada por ter me indicado.

— Mas... como descobriu.

— Isso foi interessante... Estava fazendo a revisão de um manuscrito e a versão final havia sido enviada pelo autor. O pacote estava na mesa do Phill, mas como ele estava em reunião com uma editora, pediu que eu mesma pegasse o material.

"Quando abri a gaveta e tirei o pacote, alguns papéis, presos na cola utilizada pelo autor ao lacrar seu material, grudou em alguns papéis que se espalharam pelo chão. Entre eles estava a sua carta de indicação grampeada ao meu currículo. Obrigada!"

— Desculpe por não ter te dito.

— Não tem problema. Às vezes a gente omite certas coisas por receio de como as palavras podem ser recebidas pelo outro — tentou mostrar a abertura novamente.

— Hermione — ele tomou o último gole do chá antes de continuar — Gostaria de, mais uma vez, te pedir desculpas por ter feito a nossa família chegar a este ponto...

— Rony, não precisa...

— Você sempre foi incrível em tudo o que fez e eu fui tão tolo ao ponto de estragar tudo...

— Ron... eu já sei de tudo sobre este dia também e... se há alguém que deve pedir desculpas, esse alguém sou eu.

— Mas...

— O Harry me contou...

— Eu pedi que ele não se envolvesse...

— Sim, eu sei. Mas ele se preocupou com a nossa felicidade ao ponto de, envergonhado, me contar tudo o que aconteceu.

"Te peço desculpas por, em nenhum momento, ter te dado a oportunidade de se explicar. Me deixei levar pelo que vi, me enganei e, enfurecida, te comparei a quem nunca deveria. Você não é como ele, sempre soube. Na verdade, no fundo, eu sempre soube que estava errada."

Rony estava sem palavras. Hermione sorria para ele, era um sorriso de rendição. Ela não mais parecia odiá-lo nem desprezá-lo. Ela parecia a mulher pela qual ele se apaixonou. A mulher que ele nunca deixou de amar.

— Eu... Já vou.

— Claro! — ela respondeu com um sorriso — Obrigada por me acompanhar no chá e... espero que, a partir de agora, possamos nos dar melhor, pelas crianças e por nós mesmos...

— Também espero. Você é uma mulher incrível Hermione. Obrigado por fazer parte da minha vida e por ter me proporcionado os melhores dias que vivi.

— Comigo também foi igual. Obrigada por tudo o que sempre fez por mim. Você é um homem incrível.

— Então... até depois — ele falou abrindo a porta e passando por ela, em direção ao corredor. 

Hermione o acompanhou, seguindo-o e o observando pelo corredor, até o momento que ele entrou no elevador.

Fechou a porta atrás de si e se recostou nela, escorregando até o chão. O ar, pesado, foi liberado calmamente enquanto sentava-se no chão. A mente fervilhava mil coisas. Sentia-se uma adolescente vivendo o primeiro amor.

"Acho que deu certo", pensou. "Pelo menos, agora, ele sabe que não tenho mais mágoas. Isto é bom. Então... vamos aos poucos. Aos poucos, talvez, com sorte, as coisas voltem a ser como era antes", sorriu e assustou-se ao ouvir a campainha àquela hora.

Abrindo a porta, deparou-se com os olhos azuis de Rony olhando-a com intensidade. Ele respirava levemente ofegante e apoiava as mãos nas paredes da porta.

— Algum problema? — ela perguntou preocupada.

— Apenas um... 

Dizendo isto, Rony colocou-se contra Hermione e, trazendo-a contra seu corpo, a beijou com intensidade, um beijo cheio de amor, saudade e perdão.


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Notas finais do capítulo

Até amanhã! Fiquem bem!



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