Um amor de contrato escrita por Andye


Capítulo 11
Pois bem, um casamento


Notas iniciais do capítulo

Oi gente! Pensei que não iria conseguir novamente, mas agora deu. Mais de 24h sem internet na minha casa graças a um cabo que se rompeu. Agora, voltamos à programação normal. Façam de contas que é domingo. Boa leitura e ótima semana!
PS: Esse é o maior cap escrito até agora!!!



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Hermione estava diante do espelho e se contemplava absorta em pensamentos confusos. Sentia-se numa espécie de transe, submersa numa sensação estranha que a deixava desnorteada. Sentia-se sem rumo. Que tipo de rumo a sua vida estava trilhando?

Deslizou os dedos com delicadeza sobre o rosto observando os traços ressaltados pela maquiagem. Há anos que ela não se via assim. Maquiagem, cabelo bem escovado, arrumado e contido num penteado jovial não eram prioridades para a jovem Granger há muito tempo e tudo parecia tão diferente do que se tornou ao longo dos anos em suas usuais tranças e coques feitos apressadamente. Sentiu-se bonita.

O vestido era claro, num tom de azul, delicado e discreto, como ela gostava. Ronald, dias atrás, havia dito para que ela comprasse algo que a deixasse confortável para esse dia, que não se preocupasse com valores… era um presente. Constrangeu-se naquele momento, mas sentia-se confortável com aquele vestido. Estava confortável com o seu reflexo diante do espelho, mas não se sentia confortável com a situação na qual estava se afundando.

Por um instante, se viu pensando em sua vida passada, não muitos anos atrás. Houve um tempo em que havia alimentado sonhos doces de um casamento de contos de fadas, com um homem que seria seu amante e companheiro por toda a vida. Nesses sonhos, ela tinha uma casa ampla, um jardim, filhos e uma vida feliz, bem diferente do que estava acontecendo agora. 

Enquanto tinha esses sonhos ditosos com um futuro próspero, nunca houve sequer a penumbra de uma experiência como a que vivia nesse momento. Mal se lembrava do pedido, mas lembrava que ele não provocou as sensações que ela esperou sentir neste momento. Nenhuma barriga revirada. Nenhum coração palpitando. Nenhuma mão gelada. Nenhuma emoção. Nenhum sentimento. 

Naquele momento, o coração estava cheio de tristeza e revolta por ouvir tantas mentiras e absurdos da sua própria mãe. Naquele momento, a única coisa que Hermione desejava era que algo acontecesse para que ela saísse daquele lugar, para que ela pudesse ter alguma esperança no futuro. Algo que lhe garantisse a possibilidade de seguir com sua filha. 

E foi assim, como uma resposta imediata às suas angústias, como uma benção recebida em meio a tanto opróbrio, que aquele rapaz, desconhecido, mas já tão presente e parte importante da sua vida, chegou diante dela, diante das suas lágrimas, diante da vergonha e humilhação que havia vivenciado instantes antes e propôs aquilo que parecia absurdo, mas que ela viu, naquele momento de desespero, como a sua salvação. 

A única coisa que ela lembrava com clareza eram as palavras de Ronald dizendo que ela era forte. Nunca se achou forte. Nunca imaginou que alguém pudesse crer que ela o fosse, mas, agora, diante de tudo aquilo, começava a pensar que, talvez, realmente fosse. Talvez fosse essa força que ainda a mantinha viva. Talvez foi essa força que a fez chegar até ali.

— Você está bem, Hermione? — Rony perguntou para a jovem enquanto desciam as escadas em encontro a Rose — Posso fazer algo por você?

— Não... — ela parou nos degraus, a cabeça zonza, o peito doendo — Obrigada por me tirar de lá.

— O que você tem? — Rony flexionou um pouco o corpo para encarar o rosto dela. Ela havia se curvado e… chorava.

Num rompante, a senhora que conhecera a pouco passou pelos dois descendo as escadas com prepotência. Não parou ou falou nada para eles; apenas fingiu desconhecê-los. 

Quando a senhora virou para alcançar o lance de degraus abaixo e desapareceu diante de seus olhos, Rony ouviu um suspiro contido da moça e observou que ela chorava ainda mais e, lhe apoiando, lhe conduziu de volta para seu apartamento.

 — Hermione, eu não sei o que posso te dizer para que se sinta melhor — ele começou abaixando-se diante dela que tinha o rosto coberto com as mãos, os ombros balançavam — Mas preciso dizer que você é uma mulher muito forte — ela o olhou com intensidade, os olhos vermelhos e banhados de lágrimas, uma sensação estranha se apoderando de Rony — Me desculpe, mas quando cheguei, ouvi a sua mãe e... Não pude deixar de me impressionar... Você é muito forte...

Rony suspirava profundamente. Estava perdido em seus pensamentos e tentava se concentrar enquanto dirigia. Seguia em direção à casa de Hermione e aquele frio no estômago insistia em permanecer e lhe constranger desde o momento em que estiveram a sós, desde o momento em que ele contemplou Hermione em seu mais profundo estado de vulnerabilidade. 

Como uma pessoa pode ser capaz de suportar tanto sozinha? O quão forte ela pode ser para passar por tudo isso, ouvir todas essas coisas, todos esses anos? 

Ele estava se fazendo aquelas, e outras, perguntas desde o dia em que se encontrou com a mãe de Hermione. Começava a pensar que, talvez, aquele casamento fosse uma boa alternativa para ela naquele momento. Por algum motivo desconhecido, ele se preocupou que aquela situação pudesse voltar a se repetir e sentia que era a sua obrigação proteger Rose e Hermione de qualquer tipo de contato que durasse mais de dez minutos com aquela mulher que, por mais que ele pensasse que tivesse seus próprios motivos para agir daquela forma, ele não conseguia entender.

Não entendia como uma mãe podia ser capaz de dizer tudo o que ela disse à filha. Não entendia como uma avó poderia desprezar a única neta. Não conseguia entender como uma avó e mãe poderia sugerir que sua filha fizesse um aborto. Sempre teve o melhor exemplo de dedicação e amor em sua mãe, e era assim que ela começava a ver a jovem que resolveu se enveredar naquela situação nada comum em prol de ele manter sua empresa em suas mãos. 

Ela abriu mão da sua vida e dos seus sonhos, ele sabia, mesmo que não tenham jamais comentado o assunto, para se dedicar a uma gestação, a um novo filho, por amor à sua filha. Era estranho para um desconhecido compreender aquela situação, mas Hermione Granger havia despertado a admiração de Rony quando trocou seu futuro pelo futuro da sua filha. E ele já havia decidido que, mesmo se a inseminação não ocorresse, ele não abandonaria as duas.

Estacionou diante do prédio residencial onde Hermione e Rose moraram até aquele dia. Eram quatro andares e ela estava no terceiro, em um quarto onde dividiu de forma graciosa os espaços necessários para um lar. Foi ali onde ele reconheceu móveis antigos, entregues a Harry a preço de banana na justificativa de ajudar uma amiga que havia perdido tudo. Preferiu não comentar, mas foi estranho perceber que estavam ligados antes daquela situação.

Tentava entender o que estava sentindo agora que viveria aquela situação que, por muitas vezes, desejou. Casar sempre foi parte dos planos de Ronald Billius Weasley e, em seus planos, teria uma esposa que, além de esposa, seria sua amiga e confidente. Viveriam em uma casa ampla, talvez uma chácara, e veria seus filhos, se pudesse seriam muitos, crescerem saudáveis e felizes. Todos os planos foram desfeitos a quase oito anos, quando a vida lhe mostrou que nem sempre é possível realizar o que se deseja.

Agora, sentia-se estranho e, ao mesmo tempo, tranquilo. Era estranho casar-se com uma pessoa desconhecida, mas estava tranquilo e feliz por saber que ambas estariam protegidas, mesmo que por um período de dois anos. Depois disso, ele organizaria um apartamento para que elas e seu filho pudessem viver tranquilamente. Aumentaria o valor da bolsa mensal, por mais que Hermione se opusesse, mas, enquanto fosse vivo e tivesse condições, não permitiria que elas chorassem com tanta tristeza.

— Eu nem sei mais quem eu sou… Às vezes acho que mamãe está certa, que eu perdi a direção.

— Não fale isso, Hermione. Me desculpe, mas a sua mãe pode ter muitas coisas, menos razão. Você escolheu a sua filha, e essa é a melhor coisa que você pode ter feito. Foi a decisão certa.

— Eu não me arrependo de ter tido a Rose. Não me arrependo de ter enfrentado tudo o que enfrentei por ela, mas eu estou cansada… Cansada de tudo, da minha vida, da minha mãe — estranhou estar desabafando com ele —  Eu entendo que ela queira só o meu bem, mesmo que eu não consiga entender, e sei que ela me ama do jeito louco dela, tenho certeza disso, mas custa pra ela entender que eu também quero o bem da minha filha? Custa ela entender que eu escolhi a Rose?

— Não… Não custa.

— Às vezes eu só queria ir embora e sumir da vida de todos, sabe? Começar de novo…

— Sei…

— Parece que estou no mundo só pra sofrer, pra ser machucada por todos ao meu redor. Sou tão grata e feliz pela minha filha, pelos bons amigos que conquistei durante minha vida, mas eu sou humana… Eu me canso, às vezes… Às vezes eu só quero um pouco de paz, olhar na geladeira e ver que o iogurte da minha filha está ali. Eu só quero ver o sorriso dela me mostrando a faixa nova do judô — uma nova onda de choro começou — Eu só queria ter o apoio da minha mãe… 

“Ela não faz ideia de tudo o que eu passei desde que ela me expulsou… Ela não imagina as noites de choro que enfrentei, o quanto precisei dela ao meu lado. Eu estava sozinha, com uma criança se desenvolvendo e nem mesmo podia tirar minhas dúvidas com a minha mãe… Eu tô cansada, Ronald. Vou ter essa criança pra você por minha filha. Vou ter um filho pra dar alguma dignidade a minha filha e a minha mãe vem aqui, como sete anos atrás, e fala as mesmas porcarias que me disse… 

“Não me importa a forma como esse bebê foi feito. Não me interessa se nós não nos amamos. Pouco me importa se o seu interesse era um herdeiro… Nada disso me importa porque o que eu tenho aqui — ela tocou a barriga e enxugou as lágrimas com a outra mão — o que eu tenho aqui é o meu filho. Meu, tão meu quanto a Rose. E eu sou capaz de fazer o que for por eles. Nunca… Nunca vou permitir que falta nada a nenhum deles, nem que, pra isso, falte pra mim… 

— Hermione, tente se acalmar, certo? — ele continuou — Por mais que a nossa situação seja estranha, você não está só a partir de agora. Mesmo que tudo o que a gente viva seja por base em um contrato, eu sou o pai dessa criança, e como pai e homem que sou, te dou a minha palavra que você nunca mais irá passar pelo que passou até agora. Te prometo que nem meu filho nem a Rose terão qualquer tipo de privação...

— Por que?

— Porque eu não seria eu mesmo se fosse diferente. A situação é estranha, mas você e a Rose já fazem parte da minha vida, e farão para sempre, não dá pra mudar isso…

— Eu agradeço… Agradeço pelo que fez hoje, aqui… 

— Não agradeça…

— Eu só queria ser capaz de sumir. 

— Não diga isso… Pense na Rose.

— Por ela… Eu gostaria de mudar, mudar de vida, mudar de endereço, ser outra. Gostaria de impedir que ela tivesse vivido o que viveu, que ela tenha ouvido o que ouviu…

— Eu... Infelizmente, não tenho como te ajudar nisso, afinal, palavras não voltam, mas eu tenho uma proposta que, talvez, te faça conseguir recomeçar — Rony começou assim que percebeu que ela estava mais tranquila. O choro havia cessado.

— E o que seria dessa vez? — ela perguntou constrangida. Já estava carregando a criança que ele queria. O que mais poderia propor?

— Vamos nos casar — a frase saiu de uma vez, rápida e cortante para ambos. Hermione hesitou por alguns instantes e Rony sentia o coração bater descompassadamente — Havia uma cláusula no acordo que o meu pai... Nela, eu deveria não apenas ter um filho, mas uma família — ele observou uma Hermione atenta. Esperou que ela tivesse mil questões, mas ela aguardava suas explicações antes de cogitar qualquer questionamento; ele admirava essa qualidade — Caso você esteja de acordo, podemos acrescentar uma cláusula ao nosso contrato falando sobre isso... Eu já consultei o Harry. Podemos nos comprometer pelo prazo de um ano após o nascimento do bebê e, a partir daí, podemos seguir nossas vidas. O que me diz?

— E onde fica a Rose nessa situação? — foi a única coisa que Hermione pronunciou depois daquele silêncio profundo.

— Ela vem conosco — ele respondeu convicto — Eu já te disse que ela faz parte de tudo, agora. Jamais iria te propor algo que não envolvesse a Rose. E… Por mais que não seja da minha conta, não gostei de ver a Rose chorando daquele jeito, ela é só uma criança e...

— Tudo bem — Hermione respondeu sem qualquer animação, apática, levantando-se em direção à porta, cortando todas as explicações que Rony poderia dar — Pode marcar a data. Irei me casar com você.

— Mamãe! — Rose, muito bem arrumada em um vestido florido e uma bela trança, chamou a mulher assim que abriu a porta e abraçou o rapaz — O tio Rony já chegou.

— Já vou! — Hermione respondeu e sua voz pareceu abafada. 

— Ela foi ao banheiro de novo — Rose cochichou — Ela disse que é normal uma mulher “gestonta” sentir vontade de vomitar e de fazer o número ‘um’ várias vezes por dia.

— A forma correta de dizer é “gestante”, Rose — Rony corrigiu carinhosamente.

— Isso... Gestante.

— Sua mãe está bem? — perguntou com certa angústia. Estranhava seu exagerado senso de proteção.

— Está sim... Sabia que eu estou muito feliz que você vai casar com a mamãe?

— É mesmo? — ele ficou curioso — Por que tanta felicidade?

— Porque você é bom com a gente e eu gosto de você — ela o abraçou novamente — E você protegeu a mamãe da vovó.

Ele se sentia muito confortável quando Rose o abraçava, estava começando a se acostumar com aquela demonstração sincera de carinho. Afastou-se do abraço apenas quando Hermione apareceu diante de seus olhos. Ela estava bonita e ele se impressionou.

O vestido rendado, na altura dos joelhos, reto e sem muitos detalhes, caiu bem em seu corpo que ainda não demonstrava as curvas da gravidez. O cabelo estava meio amarrado, com cachos grandes e bem definidos, uma tiara decorando. Usava saltos baixos e segurava um buquê de flores amarelas que havia acabado de pegar de sobre a cama.

— Gina disse que nunca viu uma noiva sem buquê — Hermione explicou se sentindo constrangida — Ela trouxe mais cedo, quando veio arrumar meu cabelo.

— Você está bonita — ele falou sem querer e se maldisse por não ter contido o pensamento.

— Obrigada! Você também está bonito — elegante, como sempre. Terno escuro, cabelo bem penteado e ainda mais vermelho que o normal, umedecido pelo fixador, sapato bem polido e brilhante.

— Vocês são muito bonitos, como eu — Rose falou e chamou a atenção dos dois, se colocando entre eles e segurando suas mãos.

— Não como você — Hermione falou tocando o dedo na ponta do nariz da menina — Você é muito mais linda que nós dois juntos...

— Isso é uma grande verdade — Rony concordou. Em seguida, em silêncio, apenas respondendo automaticamente às perguntas feitas por Rose durante o trajeto, seguiram para o cartório.

***

“Queremos dar as boas vindas a todos os escolhidos para testemunhar essa celebração do amor, onde tudo se torna diferente, pois tudo tem um toque de amor, amor que vem de Deus, de alguma força superior... independentemente de sua fonte, apenas amor.”

O juiz de paz começou a celebração do casamento e Jonathan Granger sentiu um aperto em seu coração. Por algum motivo, ele achava aquela situação estranha e absurda. Era tudo muito repentino.

Desejava que sua filha fosse feliz, que encontrasse alguém que dividisse com ela todos os seus momentos, os bons e os não tão bons, que aceitasse a Rose e a amasse como ela merecia, mas não via o brilho que esperava encontrar nos olhos de sua menina no dia do seu casamento, mesmo aquele rapaz parecendo uma boa pessoa. 

Começou, então, a pedir em seu íntimo que ela não se arrependesse daquele passo, que ela não sofresse com isso ainda mais do que sofria até agora. Queria poder fazer muito mais por ela e se arrependia por não se opor à esposa anos atrás. Havia sido um fraco e passaria o resto de seus dias se dedicando a fazer mais e o melhor por elas, por suas duas menininhas.

“Duas vidas... Dois caminhos que se cruzaram... Uma só carne, um só coração. Na vida, ninguém caminha, faz história e constrói um lar sozinho. É preciso ter amigos e família. Amigos são presentes conquistados a cada dia. Família? O alicerce na vida do ser humano, aquilo que vocês, Ronald e Hermione, iniciam aqui, deste dia. ”

— Não é possível que minha melhor amiga vá cometer essa loucura de verdade... — Gina pensava enquanto o juiz de paz continuava a fala. Olhava para Harry com ferocidade — Que família é essa que a minha amiga está construindo? Se a Hermione sofrer mais do que ela já tem sofrido até agora, Potter, pode ter certeza que você vai se ver comigo. 

Gina era a melhor amiga de Hermione e Harry, o de Rony. Não foi fácil para convencer a moça, mas depois de todo o estrago já ter sido feito, ela percebeu que não adiantaria de nada continuar se opondo àquela loucura. Ficaria ao lado da amiga em todo o tempo. Eram os padrinhos e testemunhas do casal.

“Para tudo há um tempo, mas quem ama faz a hora acontecer no momento certo, constrói a vida e faz dela uma escola para o aprendizado cotidiano do amor. Agora, Ronald e Hermione, diante de seus pais e amigos, celebram o amor através de sua união.”

Harry ouviu a última frase dita pelo juiz de paz com receio. Estava sentindo a tensão crescente e vibrante que emanava do olhar de Gina em direção a ele. Por vezes ela apertou o braço no qual estava apoiada, cravando as unhas vermelhas sem nenhuma cerimônia. Ela o ameaçava em silêncio e ele sabia disso.

Não poderia dizer que estava feliz com o rumo que as coisas estavam tomando, mas sentia, bem lá no fundo do seu ser, que os amigos estavam tomando as melhores decisões para aquele momento em suas vidas. Precisaria ficar atento a tudo porque sabia que seria o principal acusado caso nada daquilo desse certo. 

“Caros noivos, Ronald e Hermione, vocês estão aqui, diante de mim e de seus familiares e amigos, para demonstrar o seu amor com o desejo de que ele os mantenha firmes, unidos em comunhão, fortalecendo um ao outro nos momentos de lutas...” 

Que amor? Que comunhão? Molly Weasley se perguntou enquanto o juiz continuava a sua cerimônia. Como eu queria poder te ajudar, meu filho, e a você também, criança. Parece tão sofrida... Mas o que eu poderia fazer por vocês? Meu marido é um louco! Como pode ter sido capaz de cometer tal absurdo com vocês? Um casamento que se baseia em um contrato. Uma criança que irá nascer como moeda de troca. Quando eu poderia imaginar que a minha família chegaria a esse ponto?

“Ronald e Hermione — a voz do homem continuava a cerimônia — vocês vieram até aqui para se unirem em matrimônio e, por isso, eu pergunto: é de livre e espontânea vontade que vocês fazem isso?”

— Sim.

— Sim. 

— Livre e espontânea vontade? — Arthur se questionou, consciente de que aquela situação era consequência de seus atos — Meu filho, será que um dia você irá me perdoar por ter te obrigado a cometer tal situação? Não imaginei que você levaria minha proposta ao extremo, nem te queria com uma jovem desconhecida. Eu só tentei te fazer entender que a vida é muito mais do que apenas mágoas, que as pessoas, mesmo as que nos machuquem, nos deixam marcas que moldam o nosso caráter e nos torna quem somos.

“O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece. Não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal; Não folga com a injustiça, mas folga com a verdade; Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.”

Quando penso em tudo o que tenho suportado por culpa dessa garota tola… Isabel Granger olhava para o juiz de paz com mágoa por estar ouvindo tais palavras. Você sequer sabe o que é amor para falar dele dessa forma. 

O que eu fiz de mal? Só tentei de todas as formas dar o melhor futuro possível para a minha filha. Você sabe quantas vezes eu chorei em silêncio por saber que ela não estava bem? Sofre? Inveja? Leviandade? Ensoberbece? Eu passei por cima do meu orgulho e aceitei que o meu marido a ajudasse porque eu sim a amo… 

Estava ferida por vê-la jogar tudo para o alto por uma aventura. E… Eu gosto dessa criança. Apenas… Acredito que ela veio na pior hora. De toda a forma, ela está casando e espero, verdadeiramente, que ela entenda tudo o que fiz. Foi tudo por ela e para ela.

— Eu, Ronald Billius Weasley, prometo, diante de você e diante de todos — Rony olhou rapidamente para os representantes dos acionistas ali presentes. Tudo deveria parecer real, então focou os olhos da noiva e, calmamente, tentando conter o frio que lhe percorria, colocou a aliança em seu dedo — prometo ser fiel, companheiro e te apoiar em todos os momentos. Prometo que estarei ao seu lado pelo tempo que nos for permitido e que farei o meu melhor para que você se sinta sempre a melhor.

— Eu, Hermione Jean Granger, prometo, diante de você e diante de todos — Hermione sentia a garganta seca. Parecia impossível jurar aqueles votos olhando para Ronald e seus profundos olhos azuis, então, preferiu se concentrar na aliança — prometo ser uma esposa dedicada a você, ao nosso lar e a nossos filhos, sendo fiel e companheira nos momentos de lutas e de alegrias. Prometo que farei sempre o meu melhor para que você seja feliz por todos os dias que estivermos juntos.

Rose sorria abertamente para os dois. Estava se sentindo importante por ter sido responsabilizada em guardar as alianças. Hermione olhou para a pequena e, em seguida, para a aliança em seu dedo. Estava feito!

"Ronald e Hermione — o juiz continuou — ninguém além de vocês mesmos detém o poder de proclamá-los esposo e esposa. Porém, vocês me escolheram como anunciante desta boa nova e, assim sendo, tendo testemunhado sua troca de votos diante de todos que estão aqui hoje e também com base nesta certidão de casamento que vocês e suas testemunhas acabaram de assinar, é com grande alegria que eu os declaro casados. Noivo, pode beijar a noiva."

Rony sentiu o estômago gelar diante daquele pronunciamento. Não queria e não poderia beijar Hermione. Ela o olhava com semelhante desespero, os olhos arregalados demonstravam sua surpresa e contrariedade para aquela situação. Assim, vendo Harry gesticular discretamente para a sua testa, se aproximou da moça e a beijou com maior carinho do que poderia imaginar demonstrar.


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Notas finais do capítulo

E ai, o que acharam? Sugestões e críticas positivas são sempre bem-vindas. Beijus no coração.



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