Simply Love escrita por SpaceToCreat


Capítulo 2
prólogo


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoal... Aqui é a jullyane e eu vim hoje publicar um novo capítulo pra vcs e avisar que os capítulos sairão todas as quartas... bjsss e espero que gostem



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/786236/chapter/2

 


O progresso é impossível sem mudança; e aqueles que não conseguem mudar as suas mentes não conseguem mudar nada.

 

George Bernard Shaw

        


       Mudar não é fácil, ainda mais quando você está indo morar sozinha pela primeira vez. Claro que a mudança é algo natural e até mesmo esperado. Mas a verdade é que tudo que é novo assusta. 

Podemos perceber que ao longo do tempo mudanças foram necessárias para os nossos desenvolvimentos. Leis foram criadas, e de tal forma, mexeram com a realidade da época causando um pouco de medo do desconhecido. Mesmo assim, devemos enfrentar esse desconhecido, pois o ”novo“ é como a próxima página da sua vida, enquanto o ”novo“ um capítulo passado.

Foi oque eu fiz, quando saí do pacato interior de Oregon. 
Não me levem a mal, era um lugar calmo, sem violência e com uma vizinhança ótima.
Mas permanecendo lá, eu nunca conseguiria alcançar o sucesso profissional que eu almejava. Então me mudei para Salem, meu novo lar, meu passaporte para uma vida melhor para mim e toda minha família.

O som estridente do sinal me avisa sobre o início do meu exaustivo dia. Cumprimento Hilary, minha louca colega de apartamento; ela é linda, loura, alta e magra, tem um moderno cabelo curto que está sempre estranhamente bonito e bagunçado, dona de uma personalidade forte e explosiva.

Me levanto já pegando meus livros e saio em direção ao corredor, que como sempre está lotado, alguns alunos saem de suas respectivas salas. Ora outros conversam apoiados nas paredes, ora outros, até mesmo se pegam ali na frente de todos.
Vejo Harry vindo em minha direção, com um sorriso no rosto.

De novo não!

— Bom dia, gatinha. — Ele segura uma mecha do meu longo cabelo castanho e leva ao rosto. — Cheirosa como sempre! —  Tiro meu cabelo de sua mão e reviro os olhos, dando continuidade ao meu caminho, mas ele me cerca. — Onde vai com tanta pressa? 

— Será que o idiota poderia liberar meu caminho? — Desvio dele, mas assim que o amigo dele chega, sinto todos meus livros serem arrancados de meus braços.
Ouço a risada escandalosa dos dois.

— Ops! Caiu, mas cuidado da próxima vez, lesada.

Isso é ridículo!

Me agachei, pegando os meus livros e arrumo minha bolsa de lado, ajeitando os óculos no rosto e finalmente, respirando fundo e olho para os dois com um grande sorriso em meu rosto.

— Bom dia, para vocês! — Dou de costas e caminho para saída, mas isso não me impediu de perceber a expressão de espanto em seus rostos.

”Sempre pague maldade com gentileza, um dia ela se tornará bondade“

Espero firmemente que minha mãe esteja certa, porque minha cota de gentileza já está se esgotando.

•♡•

Sorrio para mim mesma quando vejo a fachada branca e vermelha. Finalmente chegou a parte favorita do meu dia, depois de uma pequena caminhada da escola até o abrigo onde presto serviço comunitário, irei enfim ver meus amores.
É momentos como esses que faz com que me sinta um pouco mais em casa e não sofra tanto com a ausência da minha família, principalmente da minha mãe.

Amo animais desde que me entendo por gente. 
Tive meu primeiro animal de estimação aos quatro anos de idade, ”Chad“, um gato siamês muito fofo, não me lembro dessa época, mas as fotos trazem bons sentimentos.

— Boa tarde, menina Sam. — Paro na recepção e me debruço sobre a mesa de Ian, beijando sua careca.

— Bom dia, querido. Nossos bebês estão agitados hoje?

— Sim, como em toda terça e quinta-feira. Parece até que eles sabem exatamente qual é o dia que você vem.

— Talvez eles saibam mesmo, eles são mais inteligentes do que muitos ”humanos“. — Ele ri e concorda.

— Bom, isso não posso negar.

— Deixe-me ir, meus bebês me esperam.

Caminho pelo longo corredor de paredes de um azul bem clarinho, coberto por quadros de fotografias de animais que já passaram por aqui, não me canso de olhar esses quadros, eles me trazem um sentimento tão bom de dever cumprido, de que estamos no caminho certo, afinal. Cumprimento os outros voluntários no percurso e entro na sala onde fica Cindy, e não posso acreditar no que vejo.

Sebastian Clark; o fodão da escola, o Capitão do time de futebol, o Bad Boy por quem todas as desmioladas babam, mesmo sabendo que ele tem uma namorada. Este mesmo, Sebastian está com Cindy em cima de si tentando lamber seu rosto.

Ridículo! Nem a cadela consegue ser imune ao seu charme.

Sebastian ri e tenta se proteger das investidas da cadela, a semelhança com suas fãs é inacreditável. Acabo rindo de minha infame comparação, o que logo chama a atenção de Cindy.

Merda! Isso não vai terminar bem.

— Cindy sen... — Era tarde demais, Cindy já estava em cima de mim lambendo meu rosto.

Cindy é um labrador, se lembra do cão Marley de ”Marley e eu“? Pois é, Cindy é sua versão feminina, com toda a estripulia que Marley tinha. Eu a teria levado comigo se não morasse em um minúsculo apartamento com mais duas pessoas, mesmo que uma delas nem sequer more lá. 

Vocês devem estar se perguntando o porquê de um cão tão bonito e dócil como esse está fazendo em um abrigo para animais abandonados. Cindy tem Esclerose Nuclear, sua visão fica danificada, mas não chegou a perder totalmente. Só que esse simples fato já causa um preconceito nas pessoas, por isso Cindy foi ficando aqui e hoje em dia é a mascote do “Pet's”

— Cindy, senta! — Ao ouvir o comando da voz forte e autoritária, Cindy se senta ao meu lado, esperando o próximo comando.

— Parece que você está um pouco enrolada aí. — Sebastian diz, abrindo seu costumeiro sorriso de lado e completamente zombeteiro.

— Pois é, ela é um tanto... Enérgica. — Me sento mais confortavelmente e faço um carinho em seu pescoço, rapidamente Cindy se deita com a cabeça em meu colo enquanto faço carinho na mesma.

— Não lembro de ter visto você por aqui antes, primeiro dia? — Sebastian se senta ao lado de Cindy e começa a passar a mão em seu corpo.

Por que ele está sendo legal? Onde está aquele garoto egocêntrico que vive com um olhar austríaco, como se fosse um deus e todo o ”resto“ apenas meros mortais?

Solto uma risada nasalada e sorrio minimamente.

Entendi tudo, ele não se lembra de mim.

Lógico que ele não lembra, é o popular que não tira os olhos do próprio umbigo.

Isso me faz pensar: o que seus ”amigos populares“ pensariam da cena que presenciei a segundos atrás? Não que tenha sido algo fantástico, mas digamos que aqueles idiotas com pouco cérebro e muito músculo não parecem ser o tipo que ”perderiam“ suas tardes num abrigo para animais abandonados e ”rejeitados“.

— Você me ouviu?

— Sim, claro, e não, não é meu primeiro dia aqui. — Tento ser o mais seca possível e acabar com essa estranha e constrangedora conversa.

— Já entendi. — Ele sorri com esses dentes ridiculamente brancos e alinhados — Eu é que sou o ”novato“, afinal, mudei os meus dias, geralmente vinha às segundas e quartas.

— Ah, tá. — Um vinco e um brilho estranho surge em seus olhos e ele sorri de lado — Legal! — Falo sem nenhum entusiasmo.

Ótimo, agora nos veremos mais vezes.

— Parece que ela gosta de você.
Porque ele não pode simplesmente virar as costas e fingir que não estou aqui?

— Sam? — Olho para trás e José está parado na porta. Sorrio para meu amigo, mas ele não devolve o sorriso como sempre costuma fazer, imediatamente sei que algo está errado. — É o Max. — Meu coração se aperta e eu sei que chegou a hora.

Max é um vira-lata que chegou há algumas semanas aqui, ele estava todo machucado e muito assustado. Tratamos dele e descobrimos algo terrível, algum ser desprezível colocou lâminas dentro de uma salsicha e deu para o cão. Ele estava com vários cortes na boca, e por ter chegado a engolir, o intestino estava dilacerado. Foram feitos vários procedimentos cirúrgicos, mas os cortes em sua boca inflamaram e acabou evoluindo para algo muito mais grave. Fizemos o máximo que podíamos, mas Max estava sofrendo demais então a difícil decisão de sacrificá-lo foi tomada.

— Eles não querem fazer sem você. — A dor em seus olhos por ser o portador dessa trágica notícias é notória.

— Eu não sei se eu... — Coloco as mãos sobre a boca e não consigo conter as lágrimas, sinto uma grande dor em meu peito e minha garganta se fecha tornando quase impossível a simples tarefa de respirar. 

Sinto uma mão em meu ombro e olho para o lado, havia me esquecido de Sebastian. O que ele ainda está fazendo aqui?

— O que está acontecendo? — Seus olhos sondam os meus procurando respostas. 

— Irão sacrificar Max. — Falo em um fio de voz, entre os soluços.

— Isso é terrível… — Ele me puxa para um abraço e é estranhamente acolhedor.

Quem é essa pessoa na minha frente?

— Você não precisa fazer senão que… — Ele não termina sua frase.
Olho para seus olhos azuis e a tristeza estampada neles chega a me assustar.
É tão confuso para mim, como esse garoto na minha frente pode ser o mesmo babaca egocêntrico da escola?

— Ele precisa de mim. — Me afasto de seu abraço e olho para Cindy que parece ter entendido tudo que falamos. Afago sua cabeça e a abraço fortemente. Olho para Sebastian e sussurro: — Fique com ela.

Saio dali e caminho por aquele corredor de paredes descascadas com lágrimas nos olhos. José segura minha mão e a aperta tentando passar o máximo de conforto. O caminho todo é silencioso, não há nada que possa ser dito nesses momentos para melhorar. 

Paro em frente a uma porta branca e azul bebê, respiro fundo secando as lágrimas, segurando meu pingente de patinha dourada, faço uma prece rogando forças.

Olho pelo visor circular na parte superior da porta e visualizo Max que está deitado em cima de uma mesa, alguns voluntários tentam o acalmar, mas seu olhar é o mesmo de quando chegou aqui.

Totalmente amedrontado.

Entro na sala, lavo as mãos e visto uma roupa especializada colocando uma touca, luvas e uma máscara logo depois. Ao me aproximar abaixo a máscara e sussurro perto de sua cabeça.

— Ei Max, querido, iremos fazer um passeio hoje. Confia na Sam, prometo que logo logo essa dor vai passar.

Coloco a máscara novamente e fico acariciando sua cabeça negra, aos poucos ele vai se acalmando com o cafuné que faço atrás de sua orelha, ele sempre amou isso.  Com um aceno dou o sinal para que o Doutor possa começar. Ele prepara um sedativo para ajudá-lo a relaxar, já que a solução da eutanásia deve ser dada na veia e geralmente é aplicada em uma das patas da frente. A solução é injetada lentamente e o coração de Max para alguns instantes depois. O veterinário verifica com o estetoscópio se o coração realmente parou antes de declará-lo morto. Seco as lágrimas e saio dali, os deixando para fazer a cremação.

Essa é a parte difícil da profissão que eu quero e sonho em exercer, mas o que me conforta é que salvamos muitos outros animais e fazemos o bem para todos.

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

espero que tenham gostado



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Simply Love" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.