Os segredos de Sakura escrita por NinjadePapel


Capítulo 4
O resgate


Notas iniciais do capítulo

Obrigado pelos comentários que recebi até aqui, pra você que favoritou também.
Eu particularmente não gosto muito de como esse capítulo ficou mas ele tem sua importancia. Temos um vislumbre de ação beeeeem pequeno aqui, mais pra frente melhora. Boa leitura!



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Ele correu por meio dia pelo território do país da água até chegar a parte mais ao sul deste. Feito somente possível devido sua assombrosa velocidade. Seu desejo era simplesmente usar os poderes de seu olho esquerdo e se teletransportar para Konoha em poucos segundos, mas sabia que a esta distância isso consumiria todo seu chakra, e não adiantaria chegar até a vila rapidamente e não ter forças para ir atrás dela.

 

Porque ele não acreditaria que Sakura estava morta enquanto não visse com seus próprios olhos amaldiçoados. Aquela informação simplesmente não lhe era absorvida. Ele não aceitava. Ele não queria acreditar.

 

Então assim que saiu daquele pequeno e infame restaurante ele traçou essa estratégia, seria tolice se teletransportar por todo o caminho, mas não perderia tempo navegando em um barco dependendo da força do vento. Assim que chegasse a costa mais próxima do continente ele usaria o Rinnegan e chegaria ao outro lado rapidamente. Sasuke sabia que isso iria consumir uma grande quantidade de chakra mas ele não se importava. 

 

Tudo o que importava era chegar lá, até ela.

 

E quando ele avistou o litoral e se aproximou de um grande rochedo ele parou por um segundo, contemplando a imensidão do mar. 

 

Do outro lado está a verdade, e ela pode ser aterradora.

 

Talvez, pensou covardemente, ficar aqui, na ignorância seja melhor.

 

Ele sabia que se a morte dela fosse um fato, jamais se recuperaria, e talvez ele se tornasse perigoso de uma forma nova e pior.

 

Mas esse pensamento foi levado para longe com o vento forte do mar. Ele era Sasuke Uchiha, impulsivo e inconseqüente, e que não aceitaria nada além da verdade.

 

Ele concentrou seu chakra enviando comandos ao seu doujutsu, sentiu-se ser sugado para dentro de um redemoinho e depois cuspido para fora, no segundo seguinte ele estava no litoral do país da floresta.

 

Sorriu presunçoso e ao tentar dar um paço foi ao chão. Seu corpo reclamando do esforço exigido pela técnica. A noite caía e protestando contra si mesmo ele decidiu que precisava parar para descansar por algumas horas.

 

Mas ele não dormiu.

 

Sempre que fechava os olhos uma imagem tenebrosa se formava atrás de suas pálpebras, um corpo inerte e ensanguentado, os olhos verdes sem brilho e vítreos, uma pergunta silenciosa: Por que você  me abandonou?

 

Então ele não dormiu.

 

Antes do raiar do sol ele seguiu viagem e não parou até chegar a Konoha, um borrão de tons de verde foi tudo o que ele registrou durante a jornada, ele focou em um ponto fixo, a vila, Sakura.

 

Passou pelos dois guardas do portão sem dar satisfação alguma, mas era madrugada e eles pareciam cansados então ao reconhecê-lo não se importaram em segui-lo.

 

Ele se dirigiu a passos rápidos e largos para o apartamento de Sakura. Ela morava sozinha a quase um ano, seu pai havia morrido na guerra e sua mãe partiu para o interior um tempo depois, para morar com familiares em uma vila civil, por um tempo ela até conservou a casa, mas não suportou ficar sozinha no lugar onde cresceu. Alugou a casa para um casal jovem que ainda não podia comprar ou construir sua própria, não podia simplesmente vender, e arrumou um pequeno e aconchegante apartamento no centro para ela, em um dos novos prédios construídos após a guerra. 

 

O prédio que ela morava era particularmente charmoso, eram poucos apartamentos, doze se ele se lembrava bem, e seis andares, Sakura morava no último apartamento do último andar, fato que ela adorou, pois construiu um pequeno jardim no terraço, com flores plantadas em vasos e canteiros artificiais para suas ervas e plantas medicinais. Na varanda pequena em seu quarto ela havia colocado, com a ajuda de Ino, vasos de flores repletos de cosmos de diferentes cores. Certa vez, em um momento singular e raro onde sua curiosidade falava mais alto que seu orgulho, ele perguntou por que o cosmos, qual o significado delas.

 

“Depende da cor” ela respondeu sorridente “ em geral o cosmos significa harmonia, também representa a sinceridade dos sentimentos de uma moça, a inocência. E além disso é chamado também de Sakura do outono, pois floresce até o outono. Eu fico pensando, como uma flor tão pequena pode ser tão forte e corajosa, é muito fácil pra uma flor desabrochar na primavera, mas é preciso coragem e sinceridade para florescer no outono. Ela é uma flor de esperança, pois quando ninguém espera mais ela nasce.”

 

Ela era a criatura mais perfeita que o mundo jamais conseguiu corromper. 

 

Assim que avistou as flores em sua varanda, vivas e saudáveis, seu coração se encheu de esperança. Ele pousou suavemente nas grades de ferro da varanda e em seguida no piso, respirou fundo e girou a maçaneta da porta de vidro, mas esta não abriu. Ele estranhou, por vezes ele havia brigado com ela por deixar a porta da varanda destrancada, e até aberta. Mas ela estava trancada.

 

Ele respirou fundo e colocou a testa no vidro da porta, tentou organizar seus pensamentos, sua mente girava, seu coração estava acelerado, um gosto amargo começava a se formar no fundo de sua garganta.

 

Não.

 

Ele se esforçou para se concentrar, e quando se acalmou, buscou pelo chakra dela no apartamento.

 

Não estava em lugar algum.

 

Não havia ninguém ali.

 

Imediatamente ele correu para a casa de Naruto, um apartamento um pouco maior também em um dos novos edifícios do centro não muito longe dali. Sem paciência e ciente de que ele estava no lugar, Sasuke esmurrou a porta do loiro.

 

—Naruto - chamou impaciente, em algum cômodo uma luz se acendeu, e instantes depois a porta se abriu.

 

—Sasuke - o loiro disse apenas. Para o desespero de Sasuke, a visão de Naruto era quase uma confirmação dos fatos.

 

O loiro havia perdido peso, seus cabelos estavam maiores e a barba rala por fazer, haviam profundas olheiras abaixo dos olhos dele, que Sasuke temia não serem consequência da falta de sono. E havia ainda aquilo em seus olhos, ou melhor, a falta daquilo. Algo tinha sido arrancado dele, e a falta de brilho nos olhos de Naruto foi como uma punhalada no Uchiha.

 

Não…

 

—Diga que é mentira - foi tudo que o moreno pediu

 

Naruto suspirou cansado, uma expressão de choro estava tatuada em seu rosto, mas parecia que não havia mais lágrimas a serem derramadas.

 

—Ela se foi Sasuke - ele sussurrou, lançando aquele olhar morto em sua direção. - A Sakura-chan se foi Teme.

 

O coração de Sasuke falhou uma batida.

 

Sua visão ficou vermelha, um buraco havia sido aberto em seu peito e ele se sentiu afundar

 

—É mentira! - ele gritou segurando o Uzumaki pela gola da camisa.

 

Outras luzes se acenderam e os vizinhos começaram a despertar, Hinata apareceu atrás de Naruto na sala.

 

—Ela está morta Sasuke - ele ecoou, sua voz era vazia e parecia que ele tentava convencer a si mesmo.

 

—Não! - sussurrou Sasuke - Me mostre! Eu quero ver, não vou acreditar!

 

E ele mostrou.

 

Alguns minutos depois Naruto guiou Sasuke por entre as placas que marcavam o último lugar de descanso dos ninjas da folha, ao longe ele podia reconhecer o memorial da terceira guerra, e o do terceiro Hokage, a chama brilhante que jamais se apaga. 

 

As esperanças de Sasuke iam ruindo aos poucos, havia um vazio crescendo em seu peito, e um peso monumental em seu coração o fazia perder o ar. Cada passo por entre as pequenas lápides levando ele para uma perdição agonizante, ele seguiu Naruto sem lhe dirigir uma palavra a garganta seca, como se espinhos estivessem lhe sufocando.

 

Ele não queria andar mais, rumo àquilo.

 

E quando Naruto parou ele fechou os olhos com muita força, o coração estava acelerado, batendo fortemente contra seu peito. Tudo o que ele queria era acordar desse pesadelo. 

 

Talvez, quando abrisse os olhos ele estaria naquele quarto que havia visitado antes, na cama dela, sentindo o aroma das pequenas flores, Sakura se mexeria e ele a abraçaria, ela riria e o dia seria perfeito como foram todos os que ele passara com ela.

 

Mas quando abriu os olhos não foi isso que enxergou.

 

Na placa, visivelmente nova, havia um nome escrito, e em seguida uma frase:

 

Sakura Haruno, efêmera como a flor.

 

Aos pés da elevação de pedra um pequeno arranjo de cosmos estava depositado.

 

De repente suas pernas não tinham mais força, ele não se importou com a dor quando seus joelhos se chocaram contra o chão e a grama, o mundo pareceu desaparecer ao seu redor. Imaginar Sakura ali, enterrada, sem ar, sem luz…

 

Uma flor não sobrevive sem a luz.

 

Ela estava morta, e enterrada.

 

E seu mundo ruiu. O que ele havia feito de tão horroroso em suas vidas passadas para pagar tão dolorosamente nesta? Perder sua família tão jovem, criar novos laços e ter que cortá-los em seguida, se vingar, descobrir que matou a pessoa que mais o amava, se entregar ao ódio e a insanidade, e perder seu único amor… 

 

Ele não se importou quando as lágrimas desceram, rolando sob sua pele, ele sentia seu coração sangrar, mais uma cicatriz, e dessa vez, não haveria alguém para amá-lo e lhe consolar, essa pessoa também havia sido levada dele agora. O mundo parecia um lugar inóspito e cinzento.

 

—Eu não fui capaz de proteger ela Sasuke, e eu jamais vou me perdoar por isso - sussurrou Naruto, sua voz denunciava seu desespero - eu nem mesmo pude trazer ela inteira para cá. - confessou

 

—Como assim? - perguntou Sasuke.

 

—Ela morreu de forma terrível, o vilarejo inteiro virou cinzas, buscamos por semanas até encontrarmos alguns de seus ossos. - sua voz estava carregada de remorso - não sobrou nem uma alma viva, o que aconteceu ao certo ainda é um mistério.

 

—Como sabe que é ela então? - Sasuke exigiu, um último fio de esperança - como podem ter certeza

 

—Exames foram feitos, a arcada dentária e resquícios do DNA comprovaram, era ela - suspirou cansado - a própria Tsunade os fez, três vezes.

 

Não havia esperança para ele então.

 

No horizonte o sol nascia, mas para Sasuke ele se pôs, trazendo consigo uma longa noite, escura e fria.

 

Ele viveria o resto de seus dias vagando pelo mundo, uma criatura com o peito vazio. 

 

Pois seu coração estava enterrado agora, e na lápide estava escrito

 “Sakura Haruno, efêmera como a flor”

 

&

 

Seguiram para sudeste como Karin havia instruído, por um dia e meio eles correram por entre árvores e vales, rios e lagos, e á medida que se aproximaram do País da Floresta a vegetação mudava de uma floresta cheia de clareiras e casas, árvores de médio porte para as grandiosas árvores da mata densa que denominava o país, uma floresta escura e fechada.

 

Na linha de frente iam Sasuke, Karin e Kiba, no meio da formação Ino e Shikamaru, a médica e o estrategista eram seu ouro, precisavam ser protegidos, e guardando as costas da equipe Kakashi, Suigetsu e Shino. O time montado era grande, uma formação normal teria em média quatro integrantes, porém como não sabiam ao certo a situação em que encontrariam Sakura, se a encontrariam, e a extensão exata da missão, o mais sensato era enviar um time preparado. 

 

Por volta do meio dia Karin pediu para pararem, segundo ela, o fio que unia os dois colares estava próximo do fim.

 

Pararam às margens de um regato para descansar e planejar seus próximos passos.

 

—Eu consigo sentir o chakra dela, fraco, não sei se é por ainda estarmos longe ou se de fato ele está fraco. - informou a ruiva

 

—Deve estar fraco, eu também já posso sentir o cheiro dela, você também Akamaru? - o cão gigante latiu ao seu lado confirmando - e também outros, muitos outros, no mínimo 20 ninjas, a menos de dois quilômetro.

 

—Shino, envie insetos para coletar algumas informações da área para nos prepararmos. - pediu Shikamaru

 

O Aburame apenas assentiu afastando-se dos demais para enviar seus pequenos espiões.

 

—Vamos descansar por enquanto, recuperar as forças, assim que tivermos informações suficientes traçaremos um plano. - falou o Naara aos resto do grupo.

 

Todos concordaram, e aos poucos se dispersaram. Sasuke encostou-se em uma árvore, tão grande quanto um elefante e alta como o monte dos Hokages em Konoha, haviam várias como essa espalhadas ao longo da imensidão verde que era aquele país. Não poderia imaginar um lugar mais propício para um esconderijo, ele mesmo sabia que em algum lugar daquela floresta havia um dos buracos do sannin das cobras. Em poucas horas eles invadirião o lugar e levariam Sakura com eles.

 

Ele não podia acreditar. Depois de anos de tortura, de alguma forma o universo conspirava para trazer ela de volta. Pra ele. Era seu destino reencontrar Sakura, e Sasuke estava extremamente inquieto e aborrecido, mesmo que soubesse que era o melhor a se fazer, tudo o que ele queria era chutar a porta da frente e tomar Sakura para si.

 

—Como ela é?. - disse Ino aproximando-se subitamente e arrancando o moreno dos devaneios- a filha de Sakura, qual é o seu nome mesmo? Sarada né?

 

—Sim - respondeu o moreno.

 

—Ela se parece com Sakura? Tem aqueles cabelos de flor? Ou os olhos de folha? - ela riu e sentou encostada em uma árvore próxima - eu venho de uma família de floristas, e Sakura apesar se ser minha eterna rival, era também minha melhor amiga, ou é, pelo que parece. Acho que pra mim ela sempre foi como uma pequena flor, que precisava de cuidados. 

 

Sasuke não disse nada, ele sabia que a loira o estava encarando, então apenas acenou em concordância.

 

—Eu sinceramente não entendo como um dia fui capaz de amar você - ela riu - ou melhor, querer você, acho que nunca te amei de verdade. Pelo menos não como Sakura, só ela pra te aguentar. Ninguém te amou como ela. E isso me fez te odiar profundamente desde a morte dela. Porque eu sei que se você tivesse ficado na vila, com ela, Sakura jamais teria ido naquela maldita missão, e talvez agora nós não estaríamos em uma missão para resgatar ela. - a Yamanaka cuspiu para ele as palavras que ele sempre enxergou nos olhos dela.

 

Depois da morte de Sakura ela jamais foi a mesma, mesmo casada e mãe, havia uma profunda mágoa nos olhos dela quando fitavam o Uchiha que o fez se afastar. Não somente dela, mas de todos. Ainda mais só. 

 

Talvez agora nunca mais só.

 

—Você não precisa me dizer algo que eu já sei. - ele replicou

 

—Preciso sim. - sua voz era determinada - porque agora você tem a chance de se redimir. Traga ela de volta, é obrigação sua devolver ela para a filha. A filha que você jamais vai merecer. - ela concluiu se levantando.

 

Ele lhe lançou um olhar de estranhamento, como ela sabia? Ele próprio demorou um tempo para chegar àquela conclusão.

 

—Eu a vi, perguntei apenas por perguntar - esclareceu - eu sempre suspeitei de vocês dois naquela época antes de você partir e ela morrer. É só olhar para a menina pra ter certeza de quem é o pai. - ela começou a se afastar, mas antes acrescentou - faça por onde merecê-las ou duvido que vá ter outra chance.

 

E então ele estava sozinho de novo.

 

Ele faria, ou morreria tentando, e sabia que nunca mereceria.




Uma hora depois voltaram a se agrupar para avaliar as informações trazidas pelos insetos de shino.

 

—O esconderijo fica a dois quilômetros daqui, tem três acessos, um na base de uma dessas árvores gigantescas, outro abaixo de um tronco caído, e um numa cabana abandonada, todos guardados por dois ninjas cada. Dentro da instalação há muitos túneis, salas, e espaços abertos, e cerca de 23 ninjas circulando por ela. Além disso há pelo menos três ninjas fazendo rondas a partir de um quilômetro daqui. - ninguém ali havia visto o Aburame falar tantas palavras antes.

 

—Certo, com base nessas informações podemos traçar um plano decente. - começou Shikamaru

 

—Shino, qual das entradas é mais difícil acesso? - perguntou Kakashi

 

—O sob a base da árvore, o da cabana é o mais fácil. - respondeu

 

—É pelo mais difícil que conseguiremos entrar mais silenciosamente, com certeza é o menos vigiado. - observou Kakashi

 

—Podemos criar uma distração no acesso da cabana, vamos nos dividir em duas equipes, uma para a distração e outra para entrar de fininho e focar no resgate. - idealizou o Naara.

 

—E não vamos pegar o sequestrador ou sei lá que é? - indagou Suigetsu

 

—Nosso foco é tirar Sakura daqui, nada mais importa - respondeu Kakashi - além do mais, dentre todos os ninjas que estão lá dentro não teremos como saber qual é o cabeça, quem esta no comando - ponderou - no entanto, caso haja necessidade de combate, pode ser válido levarmos alguns desses ninjas para interrogatório.

 

Embora Sasuke estivesse sedento para pôr as mãos no maldito sequestrador ele tinha que concordar, Sakura era a prioridade, e nada mais.

 

—Pois bem, eu irei com Shino, Kiba e Suigetsu para o acesso da cabana, criaremos uma distração enquanto Kakashi, Sasuke, Ino e Karin entrarão pelo acesso mais difícil. A primeira equipe vai se encarregar de tirar o máximo de ninjas inimigos de circulação enquanto os demais tiram Sakura daqui com o máximo de descrição. Precisamos de um sinal para quando estiverem longe e podermos seguir em frente. - expôs o Naara.

 

—Bobagem, antes mesmo de roubarem a princesa o castelo já vai estar tomado - debochou Suigetsu brincando com sua espada enorme.

 

— Não podemos subestimar nosso inimigo, se esse for o caso bom, caso não, temos que ter um elo de comunicação - Shikamaru pensou um pouco, e então se voltou para Kakashi - pode enviar Pakkun para nos avisar?

 

— Certo, assim que estivermos em segurança enviarei ele para avisa-los, nos encontraremos na pousada as margens da floresta, deve estar a uns 20 km daqui, é margem mais que suficiente para começarmos os primeiros socorros em Sakura e enviar um sinal para vocês. - todos concordaram com as palavras do grisalho.

 

—Ok, todos entenderam? -  Shikamaru se espreguiçou e olhou para todos sem quaisquer protestos - preparem-se, saímos em 5 minutos.

 

Todos concordaram e em poucos minutos se prepararam para partir, Ino encheu o cantil que trazia consigo, Kiba e Suigetsu estavam afoitos com a proximidade da batalha, Sasuke estava concentrado, compenetrado, o plano traçado pelo estrategista era simples e previsível, mas daria certo, tinham ótimos ninjas na equipe e era o melhor que podiam fazer com as informações que tinham. Em pouco tempo Sakura estaria com eles, e era isso que importava.

 

&

 

As equipes se dividiram e minutos depois se movimentavam sorrateiramente até seus objetivos. Foi quando faltavam apenas 200 metros para chegarem ao acesso de destino, seguindo as informações dadas por Shino, que a equipe de Sasuke enfrentou seu primeiro obstáculo. O ninja que os abordou não demorou a reconhecer o ex nukenin ou o ex Hokage, e um segundo depois de avistá-los correu, com uma velocidade impressionante Sasuke tinha que admitir, porém não demorou muito para o Uchiha lhe alcançar com um golpe em sua nuca e um forte chute na cabeça, aquele não acordaria por um bom tempo. Na entrada do acesso haviam dois ninjas na parte de fora, Kakashi cuidou de ambos silencioso como a morte, assim como Sasuke sem usar ninjutsu, o bom e velho taijutsu servindo de cobertor para sua aproximação sorrateira. As integrantes femininas da equipe iam atrás, não menos capazes, Karin guiava enquanto as habilidades médicas de Ino eram guardadas para atender o alvo do resgate.

 

 Ao alcançarem a entrada, que era quase um túnel aberto na madeira rígida e abundante da árvore que mais parecia uma montanha,  a ruiva conferiu se havia algum selo que os delatava ou impedisse sua entrada, identificando cada um em seguida estes eram cuidadosamente anulados pelo grisalho. E apesar de todo o cuidado assim que empurraram a porta, pesada e também de madeira, o ninja que vigiava a parte interna desta se sobressaltou, devido ao susto, perdeu seus primeiros segundos de reação, aproveitados pelos invasores, este logo caiu inconsciente. Outros três ninjas apareceram, Kakashi pôs-se a lutar com um, Sasuke com outro e Ino cuidou do terceiro, todos utilizando apenas taijutsu, sendo tão sorrateiros quanto possível e sem tirar nenhuma vida. Quando os três inimigos já estavam caídos o quarteto seguiu em frente.

 

—Karin, para onde? - perguntou Sasuke à ruiva

 

—Sinto o fio seguindo para o interior da instalação, bem profundamente - ela caminhou dois passos a frente ficando de frente a uma bifurcação, alisou o camafeus em suas mãos tentando sentir mais precisamente, visualizar o caminho que o fio de chakra percorria. Depois de alguns segundos ela se postou à direita - por aqui, ela está um nível abaixo - ela balançou a cabeça por um momento e voltou a falar - a distração está dando certo, quase todo o contingente de ninjas da base correu para o outro acesso.

 

—Então temos que ser rápidos. Sasuke vá  a frente com Karin e guiem o caminho! - Kakashi falou por fim.

 

O Moreno ia à frente com Karin ao seu lado, os passos rápidos e precisos. Nenhum ninja em seu caminho, como planejado, depois de virar alguns corredores seguindo as orientações da Uzumaki, encontraram uma escada estreita e íngreme que levava ao nível mais inferior. Assim que saíram da escada, Karin sentiu Sakura mais próxima e continuou seguindo, rápidos e silenciosos, até que parou de repente.

 

—É ali - ela apontou para uma porta grande e pesada de metal, embutida logo a frente no fim do corredor - ela, o camafeu gêmeo deste, está lá - sua voz era fantasmagórica, parecia assustada.

 

—O que foi? O que mais você está sentindo? - perguntou Ino

 

—Tem… alguma coisa lá dentro, junto com ela… um chakra assustador - ela engoliu em seco - tem uma atmosfera de dor e fúria e é tão grande e poderoso…. Como eu jamais vi.

 

Antes que ela terminasse as palavras Sasuke correu para a porta, que estava fortemente trancada. Finalmente sacou sua kusanagi e partiu as trancas ao meio, abriu a porta. Kakashi estava a seu lado, estava escuro lá dentro mas eles andaram com a precisão de assassinos até encontrarem um interruptor de luz que iluminou o local.

 

O cômodo era grande, enorme. Havia equipamentos médicos, macas, armários e afins. E no centro da sala, em uma mesa metálica, amarrada com tiras de couro nos braços, mãos, abdômen, pernas e pés, estava Sakura.

 

Ainda que comovido Kakashi saiu andando ao redor da sala procurando o indivíduo de chakra misterioso, os três restantes foram de encontro a Sakura. Sasuke foi na frente, aflito, desesperado. Ela vestia uma camisola de hospital branca, que ia até acima dos joelhos. Estava magra demais, haviam marcas de agulha em seus antebraços e pulsos. Uma agulha e um tubo de soro inseridos à seu pulso esquerdo. Seus cabelos rosados estavam tão curtos quanto os de um menino, com uma franja caindo sobre a testa, seu rosto estava pálido, olheiras profundas emolduravam seus olhos, um rastro de sangue seco estava ao redor de seu nariz, e seus lábios estavam rachados. Ela parecia seriamente doente. E aquilo arrasou o coração do moreno.

 

Talvez pela rapidez com a qual tudo se desenrolou, do aparecimento de Sarada ao resgate, ele não teve tempo de imaginar um reencontro. Não sabia o que esperar, como a encontraria, em que condições. Seu lado mais egoísta ficava contente com o fato de ela estar desacordada, assim não o rejeitaria logo que o visse, ele ainda poderia carregá-la em seus braços e senti-la mais uma vez, seu já não tão pequeno lado altruísta, entretanto, se partia ao vê-la naquela situação, tão frágil, tão indefesa. Era no entanto, libertador vê-la viva, um enorme peso caia dos ombros de Sasuke, ele podia respirar de novo, por que ele sabia que era ela, ele sentia em seu âmago que era Sakura ali na sua frente, ele sentia em seu coração.

 

Enquanto Sasuke, se aproximava dela, tocando seu rosto, a pele áspera, Ino teve que afastar o choque para dar assistência a Sakura, checando seus sinais vitais, para saber se ela teria condições de ser removida. Felizmente ela não estava entubada. Karin se afastou procurando o objeto que trouxe todos até ali. O camafeu estava guardado em uma gaveta dos armários metálicos, dentro de um saquinho vedado, ela pegou o colar e guardou consigo.

 

Kakashi voltou a se juntar aos outros após sua inspeção sem sucesso. Aproximou-se de sua discípula abalado. Tão frágil, tão maltratada…

 

—Não encontrei ninguém, quem quer que seja o dono do chakra sinistro já não está mais aqui. - revelou com a voz fraca.

 

—Eu o sinto ainda mais forte - declarou Karin com a mão no peito - Talvez não seja alguém, talvez seja essa sala, pode ser resquícios de chakra usado aqui - ponderou - de qualquer forma, encontrei nosso norte, e eu sinto o chakra de Sakura com toda certeza - ela indicou a rosada, também visivelmente abalada.

 

—Um momento e iremos embora - falou Ino - preciso checar se não há fraturas, para não piorarmos o quadro dela durante a remoção. - a ninja inspecionou e apalpou o corpo da colega, buscando possíveis fraturas, com todo cuidado de uma excelente médica e o carinho de uma amiga.

 

Karin se sobressaltou, virando imediatamente em direção à porta, um segundo depois dois ninjas adentraram o lugar. Kakashi e Sasuke se puseram em posição de batalha, de forma protetora em frente a Sakura.

 

—Acabem logo com eles, poderemos movê-la em instantes - ordenou Ino

 

— A adorada convidada nossa os tolos acham levar? - perguntou um dos ninjas, ele tinha os cabelos negros como os de Sasuke, porém ao invés de arrepiados, lisos e enormes, seus olhos eram da cor de mel e seu sorriso era viperino.

 

—Quem são vocês? - começou Kakashi, pondo o braço em frente ao corpo de Sasuke para impedir qualquer movimento impulsivo do moreno que já tinha o sharingan ativo - e o que querem com Sakura?

 

—Shiiii - respondeu o moreno de olhos cor de mel - segredo isso é … - ele riu 

 

—Isso não importa, ela é uma shinobi de Konoha e vai para a vila conosco, vocês não podem impedir - completou o grisalho

 

—Não podemos permitir não é mesmo, maninho - o outro ninja se manifestou, ele era de alguma forma, o oposto do outro, cabelos cor de mel e olhos como o ébano, o outro tinha uma forma mais ávida de falar enquanto este falava como sussurros -  os gritos dela são ótimos como canção de ninar - suas palavras sussurradas se enterraram bem fundo em Sasuke, o moreno não se importou com o braço de Kakashi e partiu para cima do homem.

 

—Como você ousa! - bradou o Uchiha 

 

—Droga! - exclamou Kakashi indo em direção ao outro oponente 

 

Estes ninjas eram com certeza diferentes dos demais , não fugiram perante os dois ninjas lendários, ou fraquejaram. Pelo contrário, eram ambos extremamente fortes e poderosos. Porém notava-se que eles parecia se conter, tal qual Sasuke e Kakashi, se por estarem em um ambiente fechado debaixo da terra ou por simples capricho não se sabia.

 

Sasuke e seu oponente trocavam golpes, de taijutsu, que estavam notadamente em um nível superior, a velocidade e  a força de ambos sentida a cada chute e soco, de alguma forma em pé de igualdade, seus golpes físicos eram devastadores. O Hatake e seu adversário também optaram por usar taijutsu, entretanto, as habilidades de luta do oponente do ex-hokage eram superiores, ainda que por pouco, sua velocidade se comparava, porém a técnica do ninja debochado era sublime, um misto de golpes suaves mais concentrados na precisão do ataque.

 

Ino e Karin ficaram em guarda de Sakura, a médica retirou cuidadosamente a agulha que injetava soro, e ela tinha certeza algum sedativo, na corrente sanguínea da Haruno. Felizmente ela não tinha fraturas aparentes, e seu estado, apesar da notória fragilidade, não era ruim o suficiente para que ela não pudesse ser movida para a vila. Ao redor da sala, os armários e utensílios em geral caiam e se espatifavam no chão devido a luta que se desenrolava.

 

O ritmo da luta se mantinha, e era fato que nenhuma das duplas se entregaria. O fator decisivo para que a luta tomasse um rumo final foi a chegada da equipe encarregada da distração. Shikamaru, Kiba, Shino e Suigetsu irromperam pela porta se dispersando ao redor da sala ao notarem o conflito. Imediatamente os ninjas estranhos recuaram, o moreno com um sorriso debochado, o outro sereno, se isolaram em um canto, rodeados de ninjas de Konoha.

 

—Acho melhor vocês desistirem, o que já tava foda antes acabou de piorar - murmurou Suigetsu

 

—Tolos não somos nós - cantarolou o moreno com seu jeito estranho de falar - a hora de adeus dizer chegou  - ele riu.

 

—Vou sentir falta, do desespero dela - o de cabelos cor de mel disse, antes que Sasuke pudesse atravessar a kusanagi nele ambos desapareceram em uma nuvem de fumaça.

 

—Inferno! - esbravejou o Uchiha, eles iriam pagar por causar tamanha dor nela.

 

—Sasuke, foco, você não é mais um vingador - chamou Kakashi - temos que levar Sakura daqui.

 

O moreno balançou a cabeça, seu sensei estava certo, Sakura, ela era tudo o que importava. Ele abriu caminho entre os demais que já se aglomeravam ao redor da mesa, todos visivelmente chocados.

 

—A princesa… ela… - Suigetsu ficou mudo.

 

—Karin, é a assinatura de chakra dela? Com certeza - perguntou Shikamaru sem tirar os olhos vidrados da kunoichi.

 

—Certeza - confirmou a ruiva

 

—Não pode ser um daqueles clones super difíceis de detectar? Como os Zetsus da guerra? - perguntou Kiba 

 

— Isso - Ino se intrometeu - está fora de cogitação. Depois da guerra e da surpresa que foi os Zetsu branco, nós, eu Sakura e Shizune, desenvolvemos um indicador de clone substituto, uma injeção que eu apliquei em Sakura assim que a alcancei, a essa altura, se ela fosse um clone substituto ele já estaria espumando e se contorcento - explicou.

 

—De qualquer forma, só vamos ter 100% de certeza quando chegarmos em Konoha - Kakashi concluiu - por enquanto vamos assumir que esta é Sakura, e que invadimos uma instalação para resgatá-la, logo isso aqui vai estar cheio de ninjas inimigos, é melhor irmos indo.

 

Todos concordaram, Sasuke se pôs na frente, e sem que ninguém dissesse nada, de algum modo todos esperavam que a levasse, ele tomou a rosada em seus braços delicadamente, conforme as orientações de Ino, e saíram da base inimiga.

 

Se afastaram do esconderijo a passos rápidos tomando todo o cuidado com o corpo frágil de Sakura. Eles haviam conseguido. Sakura estava voltando para Konoha e aquilo parecia um sonho. Ele a tinha em seus braços, podia sentir o pulsar de seu coração, ainda que fraco, e o calor de sua pele, ainda que fria. Mas era Sakura, sua Sakura.

 

—Eu estou no céu, ou no inferno? - a pergunta surgiu, sua voz saiu arranhada e muito fraca, se ele não fosse um exímio ninja não a teria escutado. Seu coração se apertou. Os olhos dela ainda estavam fechados, ela estava falando enquanto dormia...

 

—Você está viva - ele sussurrou.

 

—Então, é um sonho. - ela respondeu depois de um tempo, o sedativo parecia se enfraquecer em seu sangue, mas ela ainda estava meio inconsciente - ou um pesadelo…

 

Sasuke a segurou mais forte, ele queria se sentir injustiçado, mas sabia que a havia machucado o suficiente para que ela lhe associace com o inferno e com pesadelos. Mas não se importou, ele passaria o resto de sua vida tentando reconquistá-la se fosse preciso, só estar perto dela era um privilégio depois de passar oito anos pensando que ela estivesse morta. Não importava, eles tinham muito pela frente, ele tinha Sakura e ele tinha Sarada. E eles três teriam muito tempo para serem felizes, e dessa vez, ele não abandonaria sua felicidade. Ele não as abandonaria.

 

—Durma Sakura, descanse - as árvores se agitavam a seu redor - estamos indo pra casa.

 

—Casa…- ela ecoou e então caiu num sono profundo.

 

Ele sorriu e depositou um casto beijo em sua testa. Sim, agora mais do que nunca Konoha seria sua casa novamente.


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Notas finais do capítulo

Sakura está de volta. Comentem para que eu saiba o que estão achando!



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