Os segredos de Sakura escrita por NinjadePapel


Capítulo 5
Espertinha


Notas iniciais do capítulo

Obrigado a todos os que comentaram e tenham uma boa leitura, desculpe os eventuais erros.



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Saltou habilmente sobre os telhados das casas em Konoha desde o portão da vila. 

 

Era a primeira missão que ele realizara desde que voltou para a vila, volta essa que inicialmente era apenas uma passagem e acabou por se tornar uma longa estadia, havia momentos que ele nem mesmo considerava deixar a vila novamente, e outros em que tudo que queria era virar as costas e sair portão a fora.

 

Mas estranhamente, nas semanas que se seguiram ao casamento de Naruto, ele passava mais tempo contente com a vila do que o contrário. Talvez fosse por ter passado seus dias em treinamento com Naruto e Kakashi e até o branquelo do substituto, o Sai, ou talvez por passar suas noites com Sakura, em seus braços aconchegantes e quentes. Provavelmente o segundo. Agora Kakashi o havia pedido para sair em uma missão específica, por ele ter conhecimento relacionado ao submundo ou simplesmente em uma tentativa de reintegrar o Uchiha ao corpo de ninjas da vila. 

 

De qualquer forma ele não se importava, aquilo não o incomodava e agora mesmo os cidadãos mais desconfiados começavam a olha-lo menos mortalmente. Pela primeira vez em muito tempo Sasuke estava apenas levando um dia de cada vez.

 

Pousou na varanda florida com cosmos com um baque surdo, na maioria das vezes a porta não estava trancada, mas naquela noite ela estava escancarada, não importava quantas vezes ele brigasse com Sakura por aquele descuido, ela nunca mudava esse costume. Nesse momento ele estava ainda mais convencido da importância de fechar a porta, a visão da kunoichi sobre a cama era algo perigoso.

 

Esparramada sob a cama vestida apenas com um shorts curto, que deixava à mostra suas lindas pernas fortes e evidenciava a perfeição de seu bumbum, e uma camisa grande e larga de tecido fino que se repousou estrategicamente entre os seios pequenos dela marcando a ausência do sutiã. Os cabelos espalhados e a expressão relaxada dela completavam a visão absurdamente tentadora. Ainda que não fosse inimigo qualquer indivíduo que passasse por aquela varanda e enxergasse aquilo seria um perigo em potencial.

 

O moreno entrou e fechou as portas em seguida, mesmo sendo silencioso quando se virou ela estava sentada na cama esfregando os olhos inchados do sono. Olhou pra ele e sorriu sonolenta.

 

— Sasuke-kun bem vindo. Eu não esperava que voltasse hoje ainda. - a voz rouca dela era despropositadamente sensual - senti sua falta.

 

Sasuke sorriu internamente, deveria ter voltado pra sua própria casa pra descansar mas tudo o que ele queria era vê-la sorrir como agora, e tudo o que ele queria agora era matar a saudade que ele também sentia dela.

 

— Eu também - respondeu e ela sorriu ainda mais.

 

— Você deve estar faminto - disse já se levantando - vou te fazer um suco de tomates enquanto você se limpa.

 

Ele assentiu e se dirigiu ao pequeno banheiro dela lavando de si a sujeira da viagem. Pouco tempo depois já vestido ele se dirigiu a cozinha e observou enquanto ela despejava no copo o líquido vermelho. Ela o conhecia tão bem.

 

— Sasuke-kun seu suco já est…- ela foi interrompida pelo beijo afoito do moreno, sedento e faminto sim, mas dela.

 

Distraída e extasiada deixou o copo escorrer por sua mão e cair, e felizmente ser aparado por Sasuke com seu único braço antes de encontrar o chão. Ele separou seus lábios apenas para beber o suco deixando Sakura recuperar o fôlego somente para ser tomada novamente. A boca dele tinha sabor de tomates, ouviu o baque o copo sobre o balcão sentiu ele passar a mão por sua perna  e levantá-la, enlaçou suas pernas ao redor da cintura dele. O calor subia por seu corpo com o contato entre dois. Tudo o que o moreno sentia era o gosto doce e apimentado de Sakura. Explorou sua boca com a língua enquanto trazia ela mais pra perto com o braço em sua cintura, ela puxava seus cabelos agressivamente como costumava fazer. Sakura era inesperadamente bruta na cama, forte como era às vezes chegava a machucar Sasuke, que nunca reclamou, ele podia libertar toda sua impulsividade e selvageria com ela ali. 

 

O moreno levou ambos de volta ao quarto e sentou na cama ainda com ela em seu colo, e findou o beijo, apenas para olhar pra ela que ainda de olhos fechados suspirou e gemeu. Ela abriu os olhos libertando suas esmeraldas brilhantes e sedentas. Eles se olharam por um tempo, em um tipo de conversa silenciosa, íntima e particular, naqueles momentos em que nada precisa ser dito apenas sentido. Tudo o que ele sentia e não conseguia por em palavras procurava demonstrar pra ela naqueles momentos de longas conversas silenciosas.

 

Obrigado…

 

Ela sorriu entendendo tudo e lhe beijou ardentemente. 

 

&



—Eu não gosto disso - a moreninha resmungou irritada para Sasuke.

 

Ele segurava um embrulho pequeno contendo diferentes tipos de doces, que tinha intenção de dar a menina a sua frente, mas aparentemente ela era mais parecida com ele do que gostaria. Ele costumava ser assim tão petulante?

 

—O que você quer então? - perguntou. Afinal opções não faltavam. Era sábado de manhã e eles estavam no centro da vila, rodeados de barracas e lanchonetes, qualquer opção  seria válida, desde que ela cooperasse.

 

—Aquilo! - ela apontou para uma barraca onde um senhor vendia uma espécie de salgadinhos crocantes cujo aroma irritava o nariz de tão picante. Mas ao que parece isso não intimidava a pequena, que tinha os olhos brilhando.

 

—Você sabe que é apimentado não é? - o moreno quis confirmar.

 

—Claro que sim, se não qual graça teria? - ela disse cruzando os braços

 

—Tudo bem então - ele se encaminhou a barraca e comprou um saco dos salgadinhos apimentados, dando a Sarada em seguida, sentaram em um banco enquanto ela comia e ele ouvia o crack crack do alimento, o único som que ela fazia. 

 

Mas na verdade ele já tinha se acostumado com o silêncio dela, era confortável nestes momentos, da mesma forma que ele gostava de provocá-la e arrancar dela as mínimas informações que podia sobre sua vida com Sakura.

 

Já faziam cinco dias desde que haviam chegado a Konoha, cinco dias que Sakura estava internada desacordada no hospital, desde seu delírio pouco antes de adormecer ela não havia retornado à consciência. Tsunade estava observando de perto o estado da Haruno, ela chegou muito fraca, porém, exceto pelos furos de agulha em seus pulsos ela praticamente não tinha outros ferimentos. Segundo a godaime a essa altura ela já deveria ter despertado, mas como seus sinais vitais eram normais o que eles podiam fazer por hora era esperar.

 

Sarada felizmente ficou tão feliz com o regresso da mãe que perdoou o Uchiha pelo comportamento dele no escritório do Hokage, nem mesmo mencionara o episódio, apenas agradeceu, e assim como ele próprio, acampou no hospital nos primeiros três dias, no quarto dia Tsunade os expulsou permitindo apenas que vissem a rosada em horário de visita, alegando que não era bom pra eles aquela vigília. De fato concordava em afastar Sarada um pouco, ela era uma criança de qualquer forma, e passar tanto tempo dentro de um hospital não era bom. Ele por outro lado estava indignado com as ordens da ex Hokage.

 

O lado bom era que ela havia passado os últimos dois dias grudada no moreno, com exceção da hora do sono, ela ainda podia dormir no Hospital com Sakura, mas só podia entrar depois das nove horas da noite, e volta e meia Hinata aparecia com as duas crias do Naruto pra levar a menina para brincar, amizade que ele não encorajava, o filho do Hokage não parecia boa companhia. Mas no fim ela passava mais tempo com ele, andando pela vila, até treinando, o que possibilitou boas descobertas pra ele, já que nunca perdia a oportunidade de sondar a vida delas.

 

Num treinamento ele acabou por descobrir que Sarada tinha até mesmo um padrinho, fato que ele imaginou que magoaria Naruto quando este soubesse. Apesar de ser bem calada para a idade, ela às vezes simplesmente deixava escapar, como este fato. O tal padrinho junto com Sakura era o responsável pelo ótimo treinamento que ela recebia. Se por um lado ele não gostava que um estranho fosse tão próximo a sua filha e Sakura, por outro era grato por ele cuidar delas. Onde ele estava a essa altura ele não podia imaginar.

 

Acabou também descobrindo que elas viviam mais ao norte, e que tinham uma residência fixa mas que também viajavam muito, poucos eram os detalhes, sempre que percebia que estava falando demais a moreninha estreitava os olhos e se calava.

 

Mas era sempre pouco, queria saber mais, o que ela gostava, o que queria, qual a cor favorita, comida, ele já sabia que não era fã de doces e que gostava de pimenta, mas queria mais. Ela era sua filha afinal, e ele nem mesmo podia lhe dizer isso. Não antes de Sakura acordar, ela tinha que lhe explicar muita coisa, e não podia deixar a menina mais confusa.

 

Uma dúvida lhe corroeu, e ele não conseguiu afastar, iria provocar a menina mais uma vez, só esperava que ela estivesse distraída o suficiente com o lanche para deixar escapar alguma coisa.

 

—Eu sei que sua mãe gosta de doces, ela deve comprar sempre - iniciou o diálogo mexendo no saquinho recheado de guloseimas - Você puxou ao seu pai pra não gostar de doces?

 

Deixou a pergunta no ar, a algum tempo queria saber o que Sakura havia dito a ela sobre seu progenitor. Sasuke pensou que ela não ia responder, mas depois de alguns segundos ela finalmente falou.

 

—Minha mãe disse que ele não gostava de doces, e que isso em mim vinha dele - contou inocentemente.

 

—Sua mãe contou? Você nunca falou com ele? - instigou o moreno

 

—Não conheci ele. - ela respondeu e parou de comer, por um momento Sasuke pensou que ela havia percebido seu questionamento, mas ela voltou a falar - Mamãe nunca fala muito sobre ele, ela disse algumas vezes que ele era uma boa pessoa, mas que não podia ficar com ela, então me deu de presente para que ela não ficasse sozinha- disse por fim.

 

Aquilo doeu, mais do que pensava. No fundo ele esperava que Sakura tivesse falado muito mal dele pra menina, e sinceramente não a culparia, mas ela apenas disse a verdade, com palavras doces para uma criança. 

 

—E você não sente falta? De um pai - perguntou 

 

—Não - disse simplesmente - minha mãe sempre foi mais que o suficiente, e caso não fosse tem também o meu padrinho e todo mundo da taverna.

 

Taverna? Sakura criava sua filha em uma taverna?

 

Antes que pudesse perguntar mais, Sarada percebeu que havia aberto a boca, e como de costume estreitou os olhos e ignorou o moreno.

 

Pestinha!

 

Sasuke lutou contra a frustração, uma curiosidade que nunca fora comum a ele se remexia em seu corpo, ele queria saber mais, e ele não iria desistir tão facilmente.

 

—Onde está esse seu padrinho? - ele perguntou diretamente depois de um tempo de silêncio. Ele não costumava ser tão direto com ela, mas aquilo era algo que estava martelando desde que Sarada revelou a existência daquele desconhecido.

 

Ela olhou pra ele desconfiada, olhos estreitados, e aquela expressão que ele já tinha reconhecido como dela, e então a moreninha perguntou - Porque o interesse repentino?

 

—Pelo que você deu a entender ele parece uma pessoa importante na vida de vocês, eu imagino que na ausência de sua mãe ele deveria cuidar de você, e não deixá-la perambulando por aí. 

 

—Se está cansado de cuidar de mim, não precisa ficar, eu sei me virar bem sozinha. - ela respondeu emburrada.

 

—Não foi isso que eu quis dizer, e você sabe - ele lançou um olhar entediado para a pequena. Ela rolou os olhos e terminou de comer os salgados apimentados antes de finalmente responder.

 

—Mamãe tem suas, como ela gosta de chamar, medidas de segurança. - ela começou, e direcionou seu olhar para longe - desde sempre ela me preparou para o dia em que eu ficasse sozinha, situações como essa onde ela era levada ou… - ela parou de falar por um tempo - ou em que ela fosse morta. - um pesar se instalou nos ombros de Sarada, e Sasuke teve seu coração apertado - Eu nunca entendi o porque, mas nós sempre estivemos nos escondendo, ou fugindo de alguém em especial, e ela me preparou para que se algum dia ela fosse pega, eu saísse ilesa. Então ela tem essas medidas. - a pequena parou novamente para puxar a correntinha do camafeu que lhe tinha sido devolvido pelo próprio Sasuke - o colar é uma delas, ela dizia que sempre me encontraria desde que eu nunca o tirasse. E no caso de ela ser pega eu tinha duas formas de agir. - ela voltou seus olhos para Sasuke que a observava atentamente - a primeira era voltar para a taverna, eu sei as coordenadas de cor, em qualquer lugar do mundo, eu sempre vou encontrar, lá é onde está meu padrinho, eu deveria ir até ele e procurar a segurança, o resto ele saberia o que fazer. A segunda, e essa, ela sempre me desaconselhou, “apenas em casos muito extremos Sarada, se não houver mais ninguém” ela sempre disse “Se não houver mais ninguém, procure Naruto Uzumaki na vila da folha, diga meu nome, que eu era sua amiga e ele vai te ajudar”. - 

 

A decepção corroeu o Uchiha, ela não mandaria Sarada para ele, ela a mandaria para Naruto. Não que ele pudesse discordar, aquilo era o fruto de seus erros passados.

 

—Quando tudo aconteceu, e eu lembro pouco agora, foi tudo tão rápido e a mamãe deu um jeito de me esconder. - continuou - eu só vi ela ir - a voz saiu como um sussurro - eu obedeci a ela e fui pra taverna, mas quando eu cheguei lá o padrinho não estava, ele tinha saído em uma missão, as meninas disseram que ele não demoraria. Eu esperei por alguns dias mas ele não voltou. - a tristeza estava estampada no rosto infantil - e então eu fugi para encontrar Konoha. Eu não sei onde meu padrinho está, e eu estou com saudade dele, e da mamãe que não acorda. - ele podia ver as lágrimas se acumulando nos olhos dela - e da taverna, e das meninas… - sua voz morreu enquanto ela limpava as lágrimas que nem chegaram a cair.

 

Sasuke olhou para a figura de sua filha a sua frente, triste e sozinha, se sentindo abandonada. Ele queria poder dizer a ela que não estava sozinha, que ele estaria lá para ela. Em um reflexo quase que automático, ele levou os dois dedos a testinha dela, como seu irmão fazia com ele e observou os olhos dela se erguerem para encará-lo.

 

—Eu não estou cansado de cuidar de você. - ele disse apenas, ainda não era a hora - Vai ficar tudo bem.

 

Então inesperadamente a moreninha sorriu pra ele, e ele sorriu pra ela também.

 

—Eu quero treinar! - ela disparou já bem mais animada.

 

—Venha. - Sasuke se levantou do banco em que estavam sentados e começou a andar em direção aos campos de treinamento, com a menina em seu encalço.

 

&



Uma luz incômoda atravessava a membrana de suas pálpebras, ferindo seus olhos sensibilizados. Era tudo difuso e manchado. Uma secura dolorosa alcançou sua garganta quando ela abriu um pouco os lábios para respirar melhor.

 

O primeiro pensamento que teve foi de finalmente ter encontrado aquela velha conhecida que já lhe perseguia a um tempo, a dona morte finalmente havia lhe abraçado depois de ela se esquivar pelos últimos anos. Mas logo esse pensamento foi substituído por outro, ela sentia dor, e como alguns médicos gostavam de falar, dor é sinal de vida.

 

Seus sentidos estavam claramente comprometidos, ela devia ter sido dopada, sentia a superfície macia sobre a qual repousava e através das pálpebras podia ver a claridade e pela pele sentir o calor do sol, ao longe ouvia ruídos. Ela estava deitada. Fora isso, pouco percebia.

 

Ela se sentia estranha, um pouco fora de si. Nomes e lembranças pareciam embaralhados na sua cabeça, qual era seu nome mesmo? Uma flor… Sa … Sa … Sakura…

 

Mais importante que isso parecia haver outra coisa, cabelos escuros, olhos também, pequena, mal humorada .... salada? Não. Havia um nome, algo muito importante, algo sem o qual não suportava viver… algo que veio dela própria…

 

—Sarada! - ela chamou, a voz rouca e fraca, seca e cortada.

 

Um desespero lhe tomou o coração à medida que as peças iam se encaixando e ela ia se lembrando de tudo. Ela abriu os olhos e se incomodou pela claridade, depois de muito piscar para se acostumar ela conseguiu manter as pálpebras abertas, e então olhou ao redor. Estava em um quarto de hospital, deitada em uma maca, lençóis brancos lhe cobriam o corpo até a cintura, havia uma agulha espetada em seu pulso por onde o soro entrava em sua circulação. 

 

Havia também uma janela por onde entrava a claridade, com cortinas brancas e paredes igualmente brancas emoldurando, um sofá pequeno de um verde bebê e duas portas em lados opostos, uma ela deduziu, dava para um banheiro, a outra para fora. Tentou encontrar alguma coisa que denunciasse sua localização. Era óbvio que não estava mais na caverna, ela estava em um hospital, alguém havia lhe tirado de lá e obviamente Jung jamais lhe traria a um hospital. Mas uma pessoa com más intenções também não.

 

Fez um esforço sobrehumano para se apoiar nos cotovelos e aumentar seu campo de visão do quarto, e então notou, sob a mesinha ao lado do pequeno sofá uma pasta, com um nome que ela conhecia bem, gravado em letras verdes cujo símbolo era uma folha da mesma cor: Hospital Geral de Konoha. 

 

O susto foi tamanho que a força que ela tinha feito para se apoiar nos cotovelos fugiu e ela caiu para o travesseiro. Os olhos arregalados fitavam o teto, ela estava em Konoha, em sua vila natal. De repente uma memória muito recente que ela poderia jurar se tratar de um sonho lhe veio à mente…

 

“-Eu estou no céu, ou no inferno? 

 

—Você está viva - ele sussurrou. Era Sasuke...

 

—Então, é um sonho, ou um pesadelo…

 

—Durma Sakura, descanse estamos indo pra casa…”

 

Seu coração pareceu falhar uma batida, tudo que ela mais temia estava acontecendo, a reunião de todos os seus fantasmas. Sasuke havia lhe tirado da caverna. Ela não sabia onde estava Sarada.

 

 Ela estava em Konoha, e não podia ser pior.

 

&

 

Estavam em uma campo de treinamento para lançamento de lâminas, Sasuke havia montado alvos estratégicos para a pequena ninja, ele já tinha visto sua excelente agilidade e velocidade, e seu taijutsu que era muito desenvolvido. Ele suspeitava que isso era culpa de Sakura, visto que a moreninha tinha uma força superior ao normal e um controle de chakra muito bom.

 

Ele queria ver se ela havia herdado o apreço pelas shurikens que ele era particularmente fã.

 

Ela estava posicionada próximo a ele, os alvos, clássicos círculos concêntricos a frente deles, dois a 5 metros, dois a 10 metros um a 15 metros e um a 20 metros, ela alcançou uma bolsa contendo shurikens e ao olhar para os alvos moveu a cabeça e balançou negativamente.

 

—Tsc. Você acha que eu sou uma novata nisso? - ela lhe olhou cética, as mãozinhas na cintura e a expressão desapontada, pestinha fofa, pensou Sasuke contendo um sorriso.

 

—Quero ver o que sabe fazer primeiro. - ele esclareceu.

 

—Certo - ela concordou, e ele achou fácil demais - mas quero fazer uma jogo - ela revelou ao moreno que logo desconfiou - Você sempre arruma um jeito de fazer perguntas sobre minha vida e minha mãe, e eu quero saber mais sobre a vida dela aki. Você vai colocar os alvos, e se eu acertar você me responde uma pergunta, se eu errar eu te respondo. - ela terminou cruzando os braços.

 

Aquilo tinha ficado muito interessante para o moreno, ele chegou mais perto e estendeu a mão - fechado pirralha. - ela apertou e fez um biquinho de desapontamento com o apelido.

 

Ela se afastou e sacou duas shurikens, e ainda olhando nos olhos do Uchiha ela lançou as lâminas e elas correram diretamente para o centro do alvo. Sasuke olhou para ela estreitando os olhos para Sarada que lhe sorria marota.

 

—Fale - ele exigiu.

 

—Você conhecia minha mãe, antes. Como? Vocês estudaram juntos? Eu sei que são duas perguntas mas eram dois alvos também.

 

Sasuke observou a menina, e entendeu a curiosidade dela. Desde o ocorrido no escritório do Hokage ninguém havia esclarecido nada a ela, assim como ele ela deveria estar se roendo de curiosidade.

 

—Sim eu conhecia. - ele confirmou - Sua mãe é a discípula da Godaime, e ela frequentou a academia comigo e com Naruto, nós formávamos o time 7.

 

Os olhos grandes dela se arregalaram por trás dos óculos, e foi engraçado ver a expressão surpresa dela ao dizer - Minha mãe sempre foi muito forte mas, eu não imaginava o quanto.

 

—É, próxima - ele desconversou, queria logo que ela errasse para que ele pudesse interrogá-la.

 

—Ok - ela concordou e novamente, andou até estar na frente do alvo, e como se fosse brincadeira lançou e as pontas afiadas se cravaram no vermelho no centro dos dois alvos a 10 metro. Ela sorriu arrogante, ela não havia apostado em algo que não tinha conhecimento, sua filha, Sasuke pensou, era uma espertinha.

 

—Hn - ele resmungou.

 

—Você disse que minha mãe é a discípula da Godaime, e eu ouvi e vocês também disseram que ela estava morta, mas como vocês também sabem agora, ela está bem viva. Que história é essa?- ela indagou.

 

—Você está trapaceando, quer que eu te conte uma história ou responda uma pergunta? - o moreno questionou.

 

—Eu acertei dois alvos, o que me dá direito a duas perguntas, e eu só estou pedindo uma história. Você que é um mal perdedor. 

 

O Uchiha estreitou os olhos, espertinha demais.

 

—O que eu sei é que Sakura foi mandada para uma missão médica de rank A que se mostrou muito mais perigosa do que aparentava. Ela foi dada como morta no cumprimento da missão. - as palavras pareciam espinhos em sua garganta.

 

—Só isso? Como assim o que eu sei? - ela se indignou com a simplicidade da história.

 

—Eu não estava na vila na época.

 

Ela se empertigou e andou a passos pesados até a posição de lançar para o próximo alvo, mirou e como esperado acertou, de fato Sasuke havia feito um péssimo negócio.

 

—Isso perdeu a graça - ele reclamou.

 

—A culpa é sua por me subestimar - a pequena retrucou. Sua postura mudou, ela ficou receosa, e Sasuke soube o que era antes de ela perguntar. - Você sabe quem é o meu pai?

 

Gelo correu pelas veias do moreno, ele que não havia hesitado diante de inimigos muito maiores que aquela criança de sete anos, não sabia como agir a seguir. Ela suspeitava dele? Estava perguntando por que queria uma confirmação? Ela era inteligente o suficiente para suspeitar. Ele por fim suspirou e respondeu.

 

—Pergunte a sua mãe quando ela acordar. - ela já estava prestes a reclamar quando ele continuou - não é algo que cabe a mim dizer, negar ou confirmar. - Ele havia respondido, e não mentido no processo. Ela lhe encarou e suspirou assentindo.

 

Assim que ela se posicionou em frente ao último alvo, Sasuke resolveu trapacear. Quando ela lançou a shuriken, ele usou o poder do Rinnegan para mover o alvo um pouco apenas, o que ocasionou o erro de Sarada. Ela olhou incrédula para o alvo e ele não pode deixar de pensar o que o sábio dos seis caminhos acharia  daquele uso do doujutsu.

 

—Impossível - ela murmurou baixinho - aquele alvo se moveu - ela protestou apontando para o alvo em questão, sua shuriken cravada no tripé de sustentação.

 

—Não seja uma má perdedora - Sasuke lançou para ela.

 

—Trapaceiro - ela esbravejou - Faça logo a pergunta.

 

Ele parou por um momento, havia tanto que queria saber. Sobre sua infância, sobre sua mãe, sobre o lugar que ela chamava de Taverna e esperava profundamente que não fosse uma de fato, sobre o tal padrinho que havia sumido… Mas, depois da última pergunta que ela lhe lançara, uma dentre essas, despontou.

 

—Você gostaria de conhecer seu pai? - a voz do moreno era tão serena e quase um sussurro.

 

Mais cedo ela havia dito que não sentia falta de um pai, mas isso significava que ela não queria conhece-lo? A expressão dela era suave e serena também, mas não revelava muito, o coração dele se apertava a medida que ela lhe encarava e não respondia. E quando o fez…

 

—Sim - disse convicta - eu quero muito. - e sorriu, olhando diretamente para ele.

 

E pela segunda vez naquele dia ela sorriu pra ele, e ele também sorriu pra ela.



&

 

—Eu deixei ela sob seus cuidados - o homem de cabelos cor de neve proferiu, as palavras pronunciadas naquele tom sereno e baixo, como a calmaria antes da tempestade - e vocês a perderam. Depois de oito anos eu tive ela em minhas mãos, e vocês simplesmente, a perderam.

 

Ele estava de costas, desenhava algo com seu longo pincel, mergulhando-o no nankin e descendo sobre a folha, o kimono igualmente branco sem nenhuma marca da tinta, os longos cabelos alvos se misturando ao tecido. 

 

Os gêmeos se posicionava um ao lado do outro, queixo levantado apesar do fracasso. A sala ao redor era clara, iluminada pelas diversas janelas e portas do cômodo. Estavam no andar de cima do palacete particular do homem a frente deles, lá fora o sol estava quase se pondo, e o jardim estava lindo. 

 

—Haviam muitos - um deles respondeu - e eram muito poderosos, ouso dizer senhor, que mesmo com nossas habilidades apenas nós não seríamos o suficiente.

 

—Está me dizendo - falou enquanto parava de movimentar o pincel - que fugiram com medo? - a voz se tornou mais profunda e sombria.

 

—Estar nós com medo não por vidas nossas. - continuou o outro gêmeo - medo tinha capturado ser. Ladroes de mentes Konoha tem. 

 

—Hm, de fato - os ombros relaxaram mais - Ela voltou a sua vila e não há mais como se esconder de mim - ele pousou o pincel no aparador, se levantou com graciosidade, e por fim voltou seus olhos da cor do ouro para os gêmeos - vocês falharam uma vez, mas sei que isso não se repetirá - aquilo era tanto uma ameaça quanto um incentivo - levem seus irmãos, e tragam minha florzinha de volta para mim.

 

Ambos assentiram e se retiraram, o homem voltou seus olhos para o papel que antes dava atenção, admirando seu trabalho ao retratar a face de uma mulher. Mesmo que não houvesse cores, qualquer um que já tivesse visto a dona dos cabelos cor de rosa reconheceria seus traços no desenho. Ele caminhou até a janela, o jardim lindo repleto de cosmos e de cerejeiras.

 

—Dessa vez você não vai fugir de mim florzinha.


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Notas finais do capítulo

É isso, me contem nos comentários o que acharam e me incentivem a escrever o mais rápido possível! Até a próxima!



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